quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A vanguarda do atraso

Pois é, Steve Jobs se foi e a Apple não chegou ao Brasil. Todos sabemos porque: o Brasil não é um país amigável aos negócios. 
A burocracia e a carga de impostos em cascata dificultam e emperram a instalação de empresas e a inovação. Jobs seria bem-vindo e benquisto em quase todos os países do mundo, menos aqui e em algumas republiquetas de quinta categoria.
Nosso destino é seguir pagando pelos produtos da Apple o dobro do preço que pagam os americanos e continuar com a internet mais cara do mundo e à velocidade de carroças do século XIX.
Não basta termos uma população iletrada maior que a de muitas nações do mundo, não basta termos as maiores taxas de juros, não basta termos, de novo, a maior inflação, não basta a violência e a corrupção desenfreadas, o crime organizado mais infiltrado no tecido social que as máfias italianas. Não basta. Temos que dificultar ainda mais o progresso do país não democratizando o acesso à tecnologia de ponta.
Dilma foi à China e o anúncio mais pomposo daquela viagem inútil foi que a Foxconn (de Taiwan, diga-se de passagem) iria trazer uma fábrica de iPads para cá e criar 6 mil empregos direto em Jundiaí. De imediato o presidente da Foxconn nos chamou de indolentes e pediu financiamento do BNDES, só 12 bilhões de dólares! Até agora nada aconteceu. E tudo indica que essa fábrica só virá para o Brasil no dia em que "o Sargento Garcia prender o Zorro" como disse a corregedora.
Se a "presidenta" está realmente preocupada com a manutenção dos empregos brasileiros ao ponto de aumentar o IPI dos carros importados, por quê não facilita a vida das empresas que estejam interessadas em criar empregos aqui? Por quê não inicia um programa sério de desburocratização (o que ajuda a combater a corrupção) e de desoneração das empresas, se não de todas, pelo menos das empresas de tecnologia e inovação?
A indústria automobilística, de tecnologia velha, não precisa de proteção uma vez que já recebeu seu investimento de volta várias vezes e não traz nenhum benefício tecnológico para o país. Essa mesma indústria automobilística está gerando cada vez  menos empregos por unidade produzida, porque pode substituir pessoas por robôs muito facilmente na linha de montagem.
Outro ramo econômico protegido no Brasil são os bancos. Esses não criam tecnologia alguma e também vão reduzindo o emprego de mão de obra, uma vez que agora somos nós, os usuários, que fazemos o grosso do trabalho de varejo.
Sendo assim só nos resta exportar commodities, que a natureza generosamente nos dotou, e esperar que o seu preço possa compensar todo o "custo Brasil" de burocracia e desperdício que inevitavelmente são exportados junto.
Exportamos nossas riquezas para sobreviver e como tem pouco valor agregado nossa mão de obra é parcamente remunerada e nada de novo em conhecimento e avanço tecnológico fica por aqui.
Enquanto isso, outros países, como Taiwan, Coréia, Singapura e mesmo a China, recebem fábricas de produtos de alto valor agregado e se desenvolvem. Para onde vai a riqueza?

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