São muitas as causas do nosso atraso. Sim, porque apesar de sermos a sexta economia do mundo, ainda somos e seremos por muito tempo um país atrasado. Como dizia, são muitas as causas, mas me chama à atenção um fato ocorrido há duas centenas de anos.
Nas vésperas da Revolução Industrial na Inglaterra, em 30 de julho de 1766, a coroa portuguesa edita uma carta régia em que se proibia no Brasil as indústrias de tecidos de algodão e seda. As consequências disso são claras e óbvias, o ouro abundante, descoberto em Minas Gerais, já tinha um destino certo: financiar e promover a tal Revolução Industrial inglesa, já que Portugal também não tinha indústria e simplesmente iria repassar as manufaturas inglesas pra cá, e o nosso ouro pra lá, para a Inglaterra, país do qual Portugal foi aliado inconteste, enfrentando até Napoleão. Engraçado que dessa parceria luso-britânica só um dos lados foi beneficiado. Adivinhe qual?
Portugal, como um novo-rico perdulário, prosseguia gastando às pamparras, despreocupadamente sem investir em seu próprio futuro. Deu no que deu. A Inglaterra, sabiamente, como não tinha as benesses naturais e ainda não era um império cheio de colônias, teve que investir em seus próprios recursos, ou seja, no seu povo, preparando-o para deixar a vida rural e qualificar-se para o trabalho na indústria. Nem tudo foram flores, como sabemos, mas o resultado foi o que se viu nos dois séculos seguintes.
Nós, no Brasil, tivesse a administração portuguesa sido mais inteligente, poderíamos ter sido o motor dessa Revolução Industrial. É claro que isso iria mudar o eixo da relação e a matriz do império português se deslocaria ainda mais cedo para cá. Mas isso era de qualquer modo inevitável, dadas as proporções dos recursos de cada país e, de fato, cinquenta anos depois, tornamo-nos parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves com a capital no Rio de Janeiro. Só que, agora, sem as benesses de uma industrialização que já havia começado na Inglaterra e aqui, nem sombra havia.
Nosso povo, mantido na ignorância, dela não se livrou até hoje. Infelizmente parece que não vai sair dela tão cedo, considerando as circunstâncias políticas deterioradas em que vivemos. Somos um país rico em extensão territorial, com um clima abençoado, a maior área agricultável e a maior reserva de água doce do mundo, recursos minerais abundantes (embora não inesgotáveis) e até petróleo. Vamos deixar essa riqueza se escoar sem que retornem para nós os recursos, via investimento em nosso próprio desenvolvimento social? Vamos perder essa segunda chance, por causa de uma classe política despreparada, inoperante e vendida?
Antes, eram os portugueses que decidiam por nós. Agora, não haverá desculpas, somos nós mesmos.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 29 de julho de 2012
Jogos Olímpicos de Londres
Eu esperava mais. Achei a abertura dos jogos de Londres bem xoxa. O tom esteve sempre um pouco baixo. Faltou aquela vibração que nos acostumamos a associar ao esporte, faltou entusiasmo. Os pontos altos, em que houve vibração do público, foram a entrada da Rainha e da delegação britãnica, mas também se, nem assim, o publico se empolgasse seria de se desistir.
Entregar o espetáculo de abertura a um cineasta não acredito que tenha sido uma boa idéia. Talvez tivesse sido melhor tê-la entregue a um diretor de ópera, a um regente de ballet, ou a um carnavalesco. É gente que entende de espetáculo ao vivo. Como seria difícil encontrar um carnavalesco em Londres (não digo impossível pois isso não é), que tivessem convidado um diretor de óperas como Andrew Lloyd Weber, por exemplo.
Na abertura de ontem, aquelas camas de hospital foram totalmente dispensáveis. Não sei que relação pode ter o sistema de saúde britânico com os jogos olímpicos, que pretendem celebrar o vigor , a saúde, a plenitude física do ser humano.
Os temas se sucediam sem continuidade, parecia uma colagem de idéias.
A rainha saltando de pára-quedas também, vamos e venhamos, foi um exagero. Enfim, tudo parecia uma montagem colegial de final de ano para exibir os talentos dos pimpolhos aos pais, tios, avós e demais sofredores parentes.
Se foi assim em Londres, o que será aqui em 2012? Espero que os cariocas, que sabem fazer uma boa festa, não se inspirem nesse mau exemplo inglês. Pelo menos, bons carnavalescos nós temos, pra dar e vender.
Entregar o espetáculo de abertura a um cineasta não acredito que tenha sido uma boa idéia. Talvez tivesse sido melhor tê-la entregue a um diretor de ópera, a um regente de ballet, ou a um carnavalesco. É gente que entende de espetáculo ao vivo. Como seria difícil encontrar um carnavalesco em Londres (não digo impossível pois isso não é), que tivessem convidado um diretor de óperas como Andrew Lloyd Weber, por exemplo.
Na abertura de ontem, aquelas camas de hospital foram totalmente dispensáveis. Não sei que relação pode ter o sistema de saúde britânico com os jogos olímpicos, que pretendem celebrar o vigor , a saúde, a plenitude física do ser humano.
Os temas se sucediam sem continuidade, parecia uma colagem de idéias.
A rainha saltando de pára-quedas também, vamos e venhamos, foi um exagero. Enfim, tudo parecia uma montagem colegial de final de ano para exibir os talentos dos pimpolhos aos pais, tios, avós e demais sofredores parentes.
Se foi assim em Londres, o que será aqui em 2012? Espero que os cariocas, que sabem fazer uma boa festa, não se inspirem nesse mau exemplo inglês. Pelo menos, bons carnavalescos nós temos, pra dar e vender.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Decoro Conceitual (Com licença, Reinaldo Azevedo!)
Na próxima semana começará julgamento da Ação Penal 470, mais conhecida como Mensalão. A movimentação nos bastidores do PT demonstra que os réus estão com medo do resultado. Agora, além da tentativa de chantagem feita pelo ex-presidente contra um ministro do Supremo, alguns advogados do PT se movimentam enviando ao TSE uma petição de adiamento do julgamento para não haver a "judicialização da política", nem a "politização da justiça".
É apenas um jogo de palavras, mas que pode confundir muita gente.
Que seria a politização da justiça? Como diz Reinaldo Azevedo em seu blog: É exatamente o oposto daquilo que os rábulas estão querendo nos fazer crer. Adiar o julgamento por causa das eleições é que seria a politização da justiça, que não pode se mover ou ficar estática por conta do calendário eleitoral. A justiça (por ser cega) tem que andar por sua conta, respeitando seu rito e ignorando tudo o mais a seu redor.
Que seria a politização da justiça? Como diz Reinaldo Azevedo em seu blog: É exatamente o oposto daquilo que os rábulas estão querendo nos fazer crer. Adiar o julgamento por causa das eleições é que seria a politização da justiça, que não pode se mover ou ficar estática por conta do calendário eleitoral. A justiça (por ser cega) tem que andar por sua conta, respeitando seu rito e ignorando tudo o mais a seu redor.
E a judicialização da política? Bom, isso compete aos políticos decidir. Se misturarem suas ações políticas com bandidagem será inevitável a judicialização da política, mas não será a justiça que vai dar jeito nisso, senão os próprios políticos.
O povo brasileiro já está esperando por sete anos. Está claro que o que os réus e seus advogados (remunerados a peso de ouro) querem é a prescrição pois não acreditam na absolvição sabendo muito bem, como sabem, o que é que está nos autos.
Não quero acreditar que o STF (ou mesmo o TSE) vá se comover com essa argumentação espúria. São pessoas suficientemente ilustradas para se deixarem levar por silogismos de quinta categoria. Isso apenas demonstra o estado vergonhoso a que chegamos: profissionais do Direito não tem vergonha de por no papel um texto que desafia a lógica mais comezinha. Defender um cliente é obrigação profissional, mas não se pode desafiar a lógica, nem apelar para qualquer tipo de argumento. Como diz o jornalista Reinaldo Azevedo: É preciso manter um certo decoro conceitual.
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