segunda-feira, 30 de julho de 2012

E se...

São muitas as causas do nosso atraso. Sim, porque apesar de sermos a sexta economia do mundo, ainda somos e seremos por muito tempo um país atrasado. Como dizia, são muitas as causas, mas me chama à atenção um fato ocorrido há duas centenas de anos.
Nas vésperas da Revolução Industrial na Inglaterra, em 30 de julho de 1766,   a coroa portuguesa edita uma carta régia em que se proibia no Brasil as indústrias de tecidos de algodão e seda. As consequências disso são claras e óbvias, o ouro abundante, descoberto em Minas Gerais, já tinha um destino certo: financiar e promover a tal Revolução Industrial inglesa, já que Portugal também não tinha indústria e simplesmente iria repassar as manufaturas inglesas pra cá, e o nosso ouro pra lá, para a Inglaterra, país do qual Portugal foi aliado inconteste, enfrentando até Napoleão. Engraçado que dessa parceria luso-britânica só um dos lados foi beneficiado. Adivinhe qual?
Portugal, como um novo-rico perdulário, prosseguia gastando às pamparras, despreocupadamente sem investir em seu próprio futuro. Deu no que deu. A Inglaterra, sabiamente, como não tinha as benesses naturais e ainda não era um império cheio de colônias, teve que investir em seus próprios recursos, ou seja, no seu povo, preparando-o para deixar a vida rural e qualificar-se para o trabalho na indústria. Nem tudo foram flores, como sabemos, mas o resultado foi o que se viu nos dois séculos seguintes.
Nós, no Brasil, tivesse a administração portuguesa sido mais inteligente, poderíamos ter sido o motor dessa Revolução Industrial. É claro que isso iria mudar o eixo da relação e a matriz do império português se deslocaria ainda mais cedo para cá. Mas isso era de qualquer modo inevitável, dadas as proporções dos recursos de cada país e, de fato, cinquenta anos depois, tornamo-nos parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves com a capital no Rio de Janeiro. Só que, agora, sem as benesses de uma industrialização que já havia começado na Inglaterra e aqui, nem sombra havia.
Nosso povo, mantido na ignorância, dela não se livrou até hoje. Infelizmente parece que não vai sair dela tão cedo, considerando as circunstâncias  políticas deterioradas em que vivemos. Somos um país rico em extensão territorial, com um clima abençoado, a maior área agricultável e a maior reserva de água doce do mundo, recursos minerais abundantes (embora não inesgotáveis) e até petróleo.  Vamos deixar essa riqueza se escoar sem que retornem para nós os recursos, via investimento em nosso próprio desenvolvimento social? Vamos perder essa segunda chance, por causa de uma classe política despreparada, inoperante e vendida?
Antes, eram os portugueses que decidiam por nós. Agora, não haverá desculpas, somos nós mesmos.

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