A nomeação de Lula como ministro é um tapa na cara dos brasileiros e uma "banana" para a Justiça. A falta de compostura dessa senhora que ocupa indevidamente a presidência chegou a esse ponto, o de nomear um investigado, um denunciado, com pedido de prisão preventiva, para ocupar um ministério. A degradação chegou ao ponto de um ministério ser transformado em valhacouto de bandido e a presidente em cúmplice.
E os jornalistas comentam o assunto sem se escandalizar. Comentam, como se fosse a coisa mais natural do mundo, uma presidente usar um cargo público para homiziar bandido, para torná-lo menos alcançável pela Justiça.
Isso evidentemente não fala bem, nem do Brasil, nem do Supremo. Se algum cidadão, que cometeu crimes, deseja o foro privilegiado é porque teme mais a justiça de primeira instância que a Suprema Corte. Ou melhor, acredita que, no nível mais elevado da Justiça, as coisas se resolverão na base do compadrio de modo mais favorável para si.
O Supremo, que já não anda muito bem visto, devido ao aparelhamento ostensivo e que recentemente foi posto em mais suspeição pela fala gravada de um senador, líder do governo, que disse ter sob seu controle alguns ministros, não poderá ficar inerte a essa manobra.
E isso caracterizará mais um crime de responsabilidade da presidente. Não é a isso que se destina um ministério, mas para servir aos interesses da nação. Não interessa que ministério o Exu vá ocupar. Qualquer porcaria serve, pois o objetivo é se colocar fora do alcance do juiz Sérgio Moro.
Pobre país em que isso possa acontecer. E, se Lula for bem sucedido nessa empreitada, está na hora de mudar de país, porque aí estaremos perdidos, ninguém mais os segurará e em breve isso aqui será uma outra Venezuela.
(1) valhacouto; esconderijo,
(2) homiziado: escondido da justiça
segunda-feira, 14 de março de 2016
Vácuo político
Dilma não tem importância alguma. Politicamente não tem importância alguma. A gente ainda fala dela porque ainda está sentada lá. E o cargo de presidente não é pouca coisa em um país de tradição fisiológica e paternalista, em que "pudê" é a fonte e a razão de tudo. No dia em que deixar o cargo, será rapidamente esquecida, mais ainda que o gen. Figueiredo. Só não nos esqueceremos tão cedo do desastre a que ela nos levou.
Se vai ser presa ou não, se vai ser responsabilizada pelo desastre da Petrobras ou não, pouca importância terá para os brasileiros, que estarão empenhados em restabelecer as condições mínimas de prosperidade, que a nação precisa para as suas novas gerações.
Não é o caso de Lula. Ele tem, gostemos ou não, uma importância, no minimo simbólica, e seu indiciamento, julgamento e eventual prisão terá um efeito moral e político absolutamente necessário para o país. Diz o ditado que "quanto maior é o coqueiro, maior é o tombo". A finada estatura política de Lula prenuncia um tombo homérico, desses de abalar os alicerces. Prenuncia, junto, também o fim de um partido, que conseguiu alimentar algumas ilusões igualitárias em um país de extrema desigualdade social, mas que, por serem apenas ilusões e mentiras, - o que estava em jogo era só o poder - acabaram em grande decepção para milhares de pessoas.
O fiasco do PT jogou por terra a confiança geral das pessoas em qualquer partido. Estamos em um vácuo político perigoso. Nessas horas pode surgir um líder messiânico qualquer, que se aproveite do vácuo e da descrença e venha a seduzir o povo, conduzindo-nos a novo fiasco mais à frente. A história está cheia de casos assim.
Vamos ter que superar essas crises simultâneas (econômica, moral, política) com paciência e perseverança. Não podemos esperar milagres da noite pro dia, mas também não podemos desanimar. A maturidade do povo brasileiro está sendo testada em uma prova difícil, mas, pelo nosso histórico de superação de crises, tenho fé que chegaremos lá.
Se vai ser presa ou não, se vai ser responsabilizada pelo desastre da Petrobras ou não, pouca importância terá para os brasileiros, que estarão empenhados em restabelecer as condições mínimas de prosperidade, que a nação precisa para as suas novas gerações.
Não é o caso de Lula. Ele tem, gostemos ou não, uma importância, no minimo simbólica, e seu indiciamento, julgamento e eventual prisão terá um efeito moral e político absolutamente necessário para o país. Diz o ditado que "quanto maior é o coqueiro, maior é o tombo". A finada estatura política de Lula prenuncia um tombo homérico, desses de abalar os alicerces. Prenuncia, junto, também o fim de um partido, que conseguiu alimentar algumas ilusões igualitárias em um país de extrema desigualdade social, mas que, por serem apenas ilusões e mentiras, - o que estava em jogo era só o poder - acabaram em grande decepção para milhares de pessoas.
O fiasco do PT jogou por terra a confiança geral das pessoas em qualquer partido. Estamos em um vácuo político perigoso. Nessas horas pode surgir um líder messiânico qualquer, que se aproveite do vácuo e da descrença e venha a seduzir o povo, conduzindo-nos a novo fiasco mais à frente. A história está cheia de casos assim.
Vamos ter que superar essas crises simultâneas (econômica, moral, política) com paciência e perseverança. Não podemos esperar milagres da noite pro dia, mas também não podemos desanimar. A maturidade do povo brasileiro está sendo testada em uma prova difícil, mas, pelo nosso histórico de superação de crises, tenho fé que chegaremos lá.
sexta-feira, 11 de março de 2016
Não há deuses!
O historiador Marco Antônio Villa disse que Lula não é nada disso que se apregoa por aí, como líder político. Para ele, Lula é apenas um ladino líder sindical que foi se aproveitando das oportunidades que lhe passaram pela frente e deu no que deu.
Primeiro foi a construção do mito. Estávamos, o país, em luta contra a ditadura. Necessitávamos de símbolos; e os políticos tradicionais, na época, como agora, não encarnavam o processo de mudança pela qual ansiávamos. Lula foi um achado para vários agentes e grupos com atuação política. Para a Igreja Católica e suas Comunidades Eclesiais de Base, o operário pobre, imigrante, nordestino, simples, homem do povo, cabia perfeitamente na fábula marxista-cristã que ela acalentava então. Para a ditadura, na pessoa do gen. Golbery, já armando a estratégia da transição, Lula, segundo Villa, era um anteparo contra o ímpeto comunista e um anteparo contra Brizola. Para os intelectuais, que também lutavam contra a ditadura, Lula podia encarnar o Lech Walesa brasileiro. Lula era o cara que subia no caminhão e fazia o que os intelectuais não sabiam e não conseguiam fazer: conversar com a massa. Os intelectuais sabiam tomar champanhe, comer caviar e discutir Sartre e Lacan, mas nenhum deles tinha vocabulário para se dirigir ao povo. Até Fernando Henrique, um dos intelectuais que, no início, cortejou Lula, não tinha embocadura para falar com quem dava voto, o povão! FHC teve a sorte de ser convidado por Itamar para o ministério da Fazenda e se deu bem com o Plano Real. Se fosse depender de discurso para ganhar voto estava ferrado! Todos, portanto, queriam um mito, um mito popular.
Pois criaram o mito e depois acreditaram nele.
Villa diz que Lula era apenas mais um pelego, sem nenhuma ideologia, cujo objetivo era entrar para o sindicato para não ter que trabalhar mais. O negocio era ir enrolando a plebe ignorante e se manter vitaliciamente na diretoria sindical, atendendo e "comendo as viúvas dos cumpanhero" como o próprio Lula declarou à Playboy, até que se casou com uma delas; tomar cerveja nos butecos e jogar truco. O que foi acontecendo depois, todos já sabem. A greve do ABC. primeira greve na ditadura, catapultou o mito em formação dando lhe visibilidade nacional. Sua prisão por 30 dias, ajudou bem, começando a lhe conferir a auréola de mártir, de perseguido. Daí, com a fundação do PT, o caminho para o poder estava traçado. Era só uma questão de tempo. E Lula chegou lá. Chegou com a auréola de líder carismático, iluminado, com o destino manifesto de guiar a nação rumo ao futuro glorioso.
Até ele acreditou no próprio mito. Acreditou-se um gênio político. E começou por aí a derrocada. Acreditou-se invulnerável, acima do Bem e do Mal, acima das leis, intocável, pois afinal tinha a força do povo atrás de si, a sustentá-lo indefinidademente. Jamais pensou que perderia esse apoio. Era o chefe de um esquema de compra de apoio político. O seu partido tinha uma fonte aparentemente inesgotável de dinheiro (roubado da maior empresa do país). Não havia como dar errado. Até que... um fio puxado de uma investigação comezinha por um juiz íntegro, auxiliado por uma equipe jovem e idealista do ministério público, abriu as comportas e a verdade foi se derramando na cara de todos, uma enxurrada de lama moral, varreu o país de norte a sul. Alguns ainda se espantam. Mas cadê o mito? Cadê o povo carregando o mito? Não há mito e não há povo para carregá-lo. O que há é um homem desmoralizado, desacreditado, que se acabou definitivamente para a vida pública.
O povo, desfeita a ilusão, vai se vestir de verde e amarelo e sair às praças no domingo, para, mais uma vez, recomeçar a construção de um país digno. Dessa vez, com os pés bem no chão, sem falsas esperanças, sem delegar a ninguém a condução de seu destino e, sobretudo, sem acreditar em mitos. Melhor assim.
Primeiro foi a construção do mito. Estávamos, o país, em luta contra a ditadura. Necessitávamos de símbolos; e os políticos tradicionais, na época, como agora, não encarnavam o processo de mudança pela qual ansiávamos. Lula foi um achado para vários agentes e grupos com atuação política. Para a Igreja Católica e suas Comunidades Eclesiais de Base, o operário pobre, imigrante, nordestino, simples, homem do povo, cabia perfeitamente na fábula marxista-cristã que ela acalentava então. Para a ditadura, na pessoa do gen. Golbery, já armando a estratégia da transição, Lula, segundo Villa, era um anteparo contra o ímpeto comunista e um anteparo contra Brizola. Para os intelectuais, que também lutavam contra a ditadura, Lula podia encarnar o Lech Walesa brasileiro. Lula era o cara que subia no caminhão e fazia o que os intelectuais não sabiam e não conseguiam fazer: conversar com a massa. Os intelectuais sabiam tomar champanhe, comer caviar e discutir Sartre e Lacan, mas nenhum deles tinha vocabulário para se dirigir ao povo. Até Fernando Henrique, um dos intelectuais que, no início, cortejou Lula, não tinha embocadura para falar com quem dava voto, o povão! FHC teve a sorte de ser convidado por Itamar para o ministério da Fazenda e se deu bem com o Plano Real. Se fosse depender de discurso para ganhar voto estava ferrado! Todos, portanto, queriam um mito, um mito popular.
Pois criaram o mito e depois acreditaram nele.
Villa diz que Lula era apenas mais um pelego, sem nenhuma ideologia, cujo objetivo era entrar para o sindicato para não ter que trabalhar mais. O negocio era ir enrolando a plebe ignorante e se manter vitaliciamente na diretoria sindical, atendendo e "comendo as viúvas dos cumpanhero" como o próprio Lula declarou à Playboy, até que se casou com uma delas; tomar cerveja nos butecos e jogar truco. O que foi acontecendo depois, todos já sabem. A greve do ABC. primeira greve na ditadura, catapultou o mito em formação dando lhe visibilidade nacional. Sua prisão por 30 dias, ajudou bem, começando a lhe conferir a auréola de mártir, de perseguido. Daí, com a fundação do PT, o caminho para o poder estava traçado. Era só uma questão de tempo. E Lula chegou lá. Chegou com a auréola de líder carismático, iluminado, com o destino manifesto de guiar a nação rumo ao futuro glorioso.
Até ele acreditou no próprio mito. Acreditou-se um gênio político. E começou por aí a derrocada. Acreditou-se invulnerável, acima do Bem e do Mal, acima das leis, intocável, pois afinal tinha a força do povo atrás de si, a sustentá-lo indefinidademente. Jamais pensou que perderia esse apoio. Era o chefe de um esquema de compra de apoio político. O seu partido tinha uma fonte aparentemente inesgotável de dinheiro (roubado da maior empresa do país). Não havia como dar errado. Até que... um fio puxado de uma investigação comezinha por um juiz íntegro, auxiliado por uma equipe jovem e idealista do ministério público, abriu as comportas e a verdade foi se derramando na cara de todos, uma enxurrada de lama moral, varreu o país de norte a sul. Alguns ainda se espantam. Mas cadê o mito? Cadê o povo carregando o mito? Não há mito e não há povo para carregá-lo. O que há é um homem desmoralizado, desacreditado, que se acabou definitivamente para a vida pública.
O povo, desfeita a ilusão, vai se vestir de verde e amarelo e sair às praças no domingo, para, mais uma vez, recomeçar a construção de um país digno. Dessa vez, com os pés bem no chão, sem falsas esperanças, sem delegar a ninguém a condução de seu destino e, sobretudo, sem acreditar em mitos. Melhor assim.
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