Além da corrupção pura e simples, simbolizada por mochilas de dinheiro vivo sendo entregues e recebidas sorrateiramente, há no comportamento dos agentes públicos desse país, uma frouxidão moral inquietante.
Juízes da Suprema Corte, por exemplo, não se avexam de pegar carona em jatinhos de terceiros, ou de receber, mediante sociedades das quais participam, polpudas doações ou "patrocínios" de empresas de duvidosa reputação.
Um presidente da República é visitado à noite, clandestinamente, por um investigado da Lava Jato e tem com ele um diálogo pra lá de suspeito.
Já se foi o tempo em que se dizia que um agente público teria que ser como a mulher de César: ser e parecer honesto! Isso é a tal da reputação ilibada exigida pela Constituição para que se preencham determinados cargos da administração pública.
Hoje, basta não haver provas cabais contra o citado agente, ou mesmo, havendo abundância de provas, se por acaso, alguma tecnicalidade legal não for satisfeita, os homens públicos são considerados honestos para todos os efeitos. E a vida continua. É por isso que se chega ao ponto em que chegamos. É por isso que um Eduardo Cunha e um Sérgio Cabral são possíveis.
A tal da reputação ilibada virou letra morta e a atividade pública transformou-se em uma atividade de delinquentes, de todos os estratos, de todos os partidos e de todos os poderes.
A delinquência começa com pequenos gestos, pequenas violações, que, sendo aceitas, abrem a porta para comportamentos cada vez mais ousados. É assim na vida urbana e é assim na vida política. Assim como se faz nas megalópolis, temos que fazer na vida pública, para extirpar a bandidagem: tolerância zero! Alguns vão dizer que isso é fundamentalismo, ou histeria moralista. Que seja! Talvez seja necessário esse "excesso" de virtude para enfrentar a avalanche de vícios sob os quais a nação está sendo soterrada.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
domingo, 11 de junho de 2017
Estado Islâmico no TSE
Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo, a morte, o destino,tudo
Estava fora de lugar, eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi, mas um dia me montei
Não por um motivo meu,
ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse,
porém por necessidade
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu
Boiadeiro muito tempo, laço firme, braço forte
Muito gado, muita gente pela vida segurei
Seguia como num sonho
em que o boiadeiro era um rei
Disparada - Geraldo Vandré
Dentre todas as coisas esquisitas, suspeitas, maliciosas, ridículas, hilárias, cômicas e vergonhosas, desse julgamento do TSE, destaca-se uma pela bizarrice: o gesto do ministro Napoleão pedindo que a ira do Profeta caia sobre seus desafetos e lhes corte as cabeças!
Citou, supostamente, um trecho do Alcorão e formulou o desejo que as cabeças, dos que considera inimigos, sejam cortadas. Parecia um aiatolá em fúria!
Eu me perguntei se, acaso vivêssemos em um regime que desse tal poder a esse homem, não haveriam mesmo cabeças rolando. Haveriam! Podem ter certeza!
Pois em plena democracia, em um país majoritariamente cristão, esse homem, um juiz de um Tribunal Superior (que até parece ser evangélico), não um cangaceiro de Limoeiro, pedia de público a ira do Profeta (e ainda esclareceu, para quem tivesse dúvida, que se tratava do Profeta Maomé) e a degola, pura e simples, dos seus "inimigos", o que se poderia esperar se tivesse à sua disposição a Sharia e o fanatismo dos seguidores?
A que ponto chegamos? Esse gesto do Napoleão de Limoeiro sequer causa impressão. Foi mencionado "en passant" na mídia e pronto. Seus colegas ouviram em silêncio. Mesmo quem não concordasse não teve coragem de levantar a voz em protesto.
Isso demonstra que essa gente saiu das grotas, passou um verniz, vestiu uma toga, mas não deixou para trás os cacoetes de senhores de engenho. Pensam que ainda são coronéis, oligarcas, cuja vontade é absoluta, que tem poder de vida e de morte sobre seus súditos e não podem jamais ser contrariados, menos ainda contestados.
O Brasil está assim porque essa mentalidade de país agrário atrasado ainda está entranhada na cabeça e no comportamento da classe política dirigente. Estamos no século XXI, mas na cabeça deles ainda não saímos do XIX. Sejam esses políticos de aparência moderninha, como um Aécio, ou antiquada mesmo, como um Napoleão e um Gilmar Mendes, a mentalidade que os guia é a do "dono de gado e gente".
E, infelizmente, até mesmo quem fazia parte do gado, quando "um dia se montou", resolveu também virar senhor de engenho. Como o poder é inebriante!
sábado, 10 de junho de 2017
Pra quê Justiça Eleitoral?
Ontem, ficou claro que a Justiça Eleitoral é de mentirinha, é uma brincadeira sem graça. Não serve para nada.
Pois ainda que diante de "provas oceânicas", como disse o ministro Herman Benjamim, quatro de seus integrantes as desconsideraram, tornando nulo um trabalho de mais de um ano, tornando nulo tudo o que se fez nessa investigação, jogando na lata do lixo tudo o que se provou ali, a pergunta que se segue é: para quê precisamos de uma Justiça Eleitoral?
O bufão-ministro Gilmar Mendes, em sua espalhafatosa fanfarronice, deveria ter dificuldade em explicar porque lutou tanto para instaurar esse processo, para, agora, ficar contra a consequência mais lógica dele, que seria reconhecer que a campanha foi tocada com propinas da Petrobras.
Mas o ministro aparentemente não teve essa dificuldade. Não há nada difícil para quem tem cara de pau. Ele quis nos convencer que, para ele, a montagem dessa farsa toda era só para nos intruir sobre como se fazem as campanhas eleitorais no Brasil. Da minha parte, eu agradeço, ministro, mas já sabia de tudo isso. Não precisava ter se dado ao trabalho.
Como eu, outras pessoas também concluiram isso, por exemplo:
SERGIO SPINOLA - No Estadão.Aproveitando o momento em que estamos tentando colocar nos eixos as contas públicas, seria importante a sociedade decidir se quer continuar a bancar esse custo de 5,4 milhões por mês, apenas para o TSE, sem contar todas as demais instâncias, até aquelas que chegam ao interior de Limoeiro, terra do ministro Napoleão.
Pelo que entendi do portentoso Ministro Gilmar Mendes, o objetivo deste julgamento burlesco seria promover uma didática acerca da corrupção. Pelo que entendi, a lição ensinada às nossas crianças é a de que O Crime Compensa e que um resultado de julgamento pode ser previamente contratado, quando o acusado pode nomear seus julgadores. Para aplicar este tipo de lição, a este custo, melhor mesmo seria extinguir este tribunal e direcionar estes recursos para a saúde e educação básicas.
Grandes democracias, como os Estados Unidos e o Reino Unido, jamais tiveram ou cogitaram em ter uma Justiça Eleitoral. O que há é Justiça e pronto. E que funciona.
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