sábado, 16 de setembro de 2017

Balanço das flechadas

Janot foi o Procurador-Geral da República que mais incomodou a turma do andar de cima. Por isso, foi também o Procurador mais criticado de toda a história da PGR.
O costume, antes dele, era o engavetamento. Os processos contra os poderosos não andavam e o que se viu foi chegarmos a esse ponto.

Se cometeu erros - e deve tê-los cometido, pois é um ser humano - isso é de menor importância diante do fato que fez estremecer todos os poderes da República que até então se julgavam blindados e imunes a investigações. A medida da eficiência de sua gestão se dá pela repulsa que gerou em quase todas as agremiações políticas, em outras palavras, pela inimizade que criou com as organizações criminosas. Até mesmo a grande imprensa, acabou por se deixar levar por essa "narrativa" de que Janot estaria errando demais, sendo apressado, etc, blá, blá, blá...

A petista Folha, por exemplo, hoje estampa a manchete dizendo que
"Denúncia de Janot contra Temer tem como base fatos ainda em apuração". Ora, a denúncia demorou foi demais para ser feita, ou existe alguma sã consciência nesse país que acredita na inocência de Michel Temer? Nem Temer, nem Dilma, nem Lula, nem Jucá, nem Geddel, nem Moreira Franco, nem Padilha, nem Renan, nem Collor, nem Aécio, nem Serra, nem vários outros personagens deletérios da nossa política são inocentes. 

O difícil no caso da classe política brasileira não é propriamente encontrar culpados dos mais variados crimes envolvendo dinheiro público.

Ao invés de criticar Janot, uma manobra diversionista que visa apenas desviar a atenção do que realmente importa, que é a culpabilidade desse povo todo, deveríamos estar prestando homenagens a ele, da mesma maneira que deveremos sempre prestar homenagens ao juiz Sérgio Moro, outro que também é criticado por "açodamento" quando se trata de fazer a Justiça funcionar.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Tá ruim, Gilmar Mendes?

O ministro Gilmar Mendes sempre se mostrou destemperado, porém recentemente esse destempero tem chegado às raias da inconveniência. Definitivamente, não é o que se espera de um componente do mais alto Tribunal do país, ficar atacando, sem nenhum respeito, e de maneira bastante grosseira o Procurador-Geral da República.

O Procurador-Geral pode até ter cometidos erros, mas não é assim que se devam corrigí-los, não mediante ataques públicos pela mídia. E, se porventura, o Procurador exorbitou, prevaricou, ou cometeu algum crime por ação ou omissão, há canais institucionais para se fazer a correção de rumo e a devida cobrança.

Não consta que o ministro do STF seja o corregedor da Procuradoria. Então, o que transparece aí é que Janot tenha pisado no calo do ministro e este, infantilmente, tem reagido dessa forma destemperada.

Cabe a nós, da planície, perguntar: o que fez Janot que tanto irritou o ministro Gilmar Mendes? Terá sido a denúncia contra Temer? Gilmar Mendes está com raivinha porque o Procurador cumpriu seu dever? Teria sido mais conveniente ao ministro, que Janot simplesmente tivesse protelado esse assunto, deixando-o mofar na gaveta, como era hábito no Brasil quando se tratava de processos contra os poderosos?

As flechas de Janot podem ainda não ter atingido Temer, mas já atingiram, em cheio, algumas partes extremamente sensíveis do ministro do Supremo. O que não sabemos ainda é que partes são essas? Por quê essa sensibilidade toda? Será que, com a divulgação das fitas faltantes de Joesley, ficaremos sabendo?

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A Orcrim está perdendo a guerra

A guerra está dura, mas ontem a República venceu uma batalha importante. O Supremo Tribunal em peso, com a notória e esperada exceção de Gilmar Mendes, se posicionou em defesa das instituições do Estado Brasileiro. Como disse a ministra Cármen Lúcia: as pessoas passam, mas as instituições ficam. 

Por mais óbvio que isso deva ser, no Brasil é preciso que se enfatize que as instituições são maiores e mais importantes que as pessoas, que os cargos não pertencem aos seus ocupantes, que o Estado é propriedade de toda a nação e não apenas de uns poucos, que a coisa pública não é coisa sem dono. Em outras palavras, a República ainda precisa ser proclamada todos os dias.

Mas, ontem foi um dia especial. Ontem, vimos um ex-presidente sentado no banco dos réus, morrendo de medo do que lhe vai acontecer. Esse ex-presidente já foi um intocável na nação. Podia tudo e nada o atingia, julgava-se acima da Lei, mas agora está tomando consciência que as coisas aqui mudaram, devagar e às vezes sem a gente perceber claramente, mas mudaram. O maior avanço, sem dúvida, é ficar estabelecido que em uma República não pode haver intocáveis. Todos, sem exceção, tem de estar submetidos à Lei.

Ver a cara do Exu, sôfrego, bebendo água como um camelo desidratado, bufando e quase perdendo a compostura diante de um sereno juiz Sérgio Moro, nos mostrou que a guerra contra a Organização Criminosa que se aboletou no poder, pode ser uma guerra difícil, dura e demorada, mas quem a está vencendo somos nós, os cidadãos.

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