Desconfio muito de quem vive pregando lições de moral aos outros. Geralmente é um puritano com taras irreveláveis. Aquilo contra o qual investe, furiosamente, representa seus demônios interiores, que o atormentam diuturnamente e cujas imagens ele enxerga em tudo e em todos.
O melhor exemplo disso são os padres envolvidos com pedofilia, que, do alto dos púlpitos, geralmente, são os mais veementes e ardentes pregadores da moralidade sexual e da castidade, até que sejam descobertos!
Quanto mais fanático for o pregador, mais atolado estará nos pecados que condena. Freud explica.
Faço esse paralelo a propósito dos bolsonaristas, que vivem apelando para Deus acima disso, Deus acima daquilo.
Autodenominam-se patriotas, excluindo dessa classificação todos os demais que não comungam da mesma cartilha aloprada. Supostamente só eles querem o bem do país e todos os seus adversários políticos representam o Mal encarnado.
Dos que atrelam religião, então, aos seus discursos, deve-se correr léguas de distância. Falam de perdão, mas se pudessem, o atirariam ao fogo do inferno. Falam de caridade, de amor, mas ai de quem resolver criticar seus dogmas! Se tivessem poder para isso, fariam como a Inquisição.
O que mais me impressiona, entretanto, é o seu dogmatismo messiânico. Seu líder é a encarnação da perfeição humana, infalível e inatacável. Não conseguem ver nele a realidade de um político do baixo clero, inexpressivo, até cair-lhe nas mãos a bandeira anti-petista. Isso não combina com o fervor religioso.
No Brasil temos predecessores desse fenômeno. Desde Antônio Conselheiro em Canudos, esperando a volta de el-rey D.Sebastião, até o Messias Bolsonaro de agora, incluindo, é claro, o deus Lula, cada qual com seu séquito de seguidores fanáticos.
Coitado do país que precisa de um Salvador!
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