terça-feira, 18 de junho de 2013

Esse movimento não tem dono!

O mundo político ainda não entendeu o movimento de protesto que se espalha pelo Brasil. Os petistas ora dizem que o movimento é contra as administrações estaduais e municipais (leia-se: contra o PSDB), ora dizem que a vaia à presidAnta foi comprada e é comandanda por "organizações políticas". Alguns falam até em terrorismo! O ridículo líder do governo, senador Eduardo Braga do PMBD disse que são "movimentos organizados" que querem desestabilizar o governo.
Analistas políticos, pegos de surpresa, custaram a entender também. Uns disseram que é a classe média quem está protestando. Outros, que é a elite! Uns ainda xingam o movimento, chamando de vândalos e baderneiros todos os que saem à ruas, apesar de a violência ter sido praticada (ou o vandalismo incitado) mais pela polícia que pela maioria das pessoas, que protestou pacificamente.

O PSDB, despertado do seu sono, quer, tardiamente, pegar carona nos protestos, mas soa falso e fica também ridículo. Já que se abstiveram por tanto tempo de fazer oposição, de traduzir o sentimento das ruas em vias políticas usuais, que agora fiquem quietos e aguardem o desenrolar dos acontecimentos. Agora está na mão do povo, a verdadeira e legítima fonte  do poder!
Esse movimento não tem dono. Não tem partido, nem organização alguma dirigindo-o. As organizações, como o Anonymous, ou o PSOL, estão participando do movimento como é seu direito, mas não o estão dirigindo. Para isso seria preciso a existência uma extensa rede, espalhada por todo o país, organizada em todas as capitais com lideranças locais, mais forte que qualquer partido político hoje e capaz de mobilizar tanta gente ao mesmo tempo. 
Isso não existe. O que existe é que, de repente, o povo descobriu sua força! Acordou! Até demorou demais. Eu sempre pensava, como é que esse povo suporta tanto descaso, tanto esbulho, tanta violência, tanta frustação, tanta mentira e não reclama?!
E tinha esperado tanto que havia até desistido. Achava que jamais isso iria acontecer no Brasil. Mas aconteceu, estou de alma lavada! Os políticos que se cuidem, que entendam a mensagem e arrumem logo a casa para fazer face a essa nova realidade, porque de agora em diante será assim, sairemos ás ruas, sempre que for necessário. 
E, se ainda assim, não mudarem o país para melhor, para aquilo que nós queremos que seja e merecemos,  um dia, os arrancaremos de dentro dos palácios. 
Já houve uma tomada da Bastilha. Já houve um assalto ao palácio de Inverno do Czar. Não será a primeira vez. 





domingo, 16 de junho de 2013

Ocupemos as ruas do Brasil

Protestar é preciso.  Ao contrário de uma ditadura, onde impera a paz dos cemitérios, um dos sinais de vitalidade em uma democracia são os protestos que os cidadãos fazem nas ruas contra aquilo que os desagrada.
Não há democracia perfeita, que seria a democracia direta,  aquela em que todos os cidadãos seriam chamados a exercer os poderes diretamente. É impossível, por isso criou-se a democracia representativa. Essa tende a ser mais ou menos perfeita quanto maior ou menor for o grau de representatividade dos que exercem o poder em nome dos demais. O problema é que para isso elegem-se pessoas e fixam-se mandatos e quem era, ou parecia ser, bom em um momento pode se revelar um desastre alguns meses depois e a mudança não se faz de uma hora para a outra. Há portanto um período em que aqueles que elegemos já não nos representam mais tão perfeitamente. Por isso, a forma de governo parlamentarista, sem mandato fixo, e oscilando ao sabor da aprovação ou reprovação popular é, a meu ver, muito melhor que o sistema presidencialista.
Emfim, esse foi o sistema escolhido por plebiscito no Brasil e é com ele que temos que conviver. Mas os protestos são bem vindos. Nossa sociedade normalmente tão apática parece ter acordado. Não interessa se há ou não organizações políticas por trás. Nenhuma organização consegue fazer um estádio inteiro com 70.000 pessoas vaiar sonoramente um político, se a população já não estiver cansada de ser manipulada e enganada. Se não houvesse uma generalizada insatisfação, por mais que organizações políticas a insuflasse, a população não reagiria dessa forma.
À parte o vandalismo, condenável sob todos os pontos de vista, o povo que sai às ruas para protestar e os que apoiam esses movimentos pelas redes sociais, são somente uma pequena parcela dos insatisfeitos. Há muitos mais que não tem ânimo, tempo ou meios para fazer o mesmo, mas que nos seus lares ou locais de trabalho, mesmo sendo perturbados pelo caos urbano que se instala, ainda assim são simpáticos ao movimento.
Quanto ao vandalismo, é indesejável e condenável, mas também quase inevitável. Há algo de vândalo e selvagem no ser humano, submerso sob o verniz da civilização, e que vem à tona sempre que a massa prevalece sobre o indivíduo. Isso sabem de há muito os psicólogos. Além de tudo há um vandalismo programado, esse sim, comandado por alguma organização de cunho político e há ainda o vandalismo provocado pelas forças policiais de repressão. Muitas vezes a repressão policial violenta é que desperta, como reação, a violência contrária. As ditaduras sabem usar isso muito bem para depois desqualificar e criminalizar o protesto, sob o argumento da destruição do patrimônio público e privado.
Os grupos que protestam não deveriam se deixar levar pela provocação policial, mas para que isso ocorresse precisaríamos de um Gandhi liderando o movimento sob a bandeira da não-violência. Hoje, nesses movimentos anônimos, sem dono, sem líder (o que também é muito bom), não se pode esperar tanto. Por isso, o vandalismo praticado por uma minoria é um efeito colateral que tem que ser suportado pela sociedade que quer a mudança. E não será por isso que todo movimento tem que ser desqualificado. E, à polícia, em um regime democrático, caberia o papel de fiscalizar para que a ordem fosse mantida e até mesmo proteger os que estão exercendo seu livre direito de protestar, ao invés de provocar o caos com ações desmedidas e violentas.

sábado, 15 de junho de 2013

De vaias e caxirolas

O presidente da Fifa, aquela entidade que prima pela ética e pelo "caráter impoluto" de seus dirigentes, (não é, Havelange?) pediu respeito aos brasileiros que, exercendo seu legítimo direito de expressão, vaiaram a ele e à presidenta no estádio. Se eu fosse mal educado mandaria o Sr. Blatter para a puta-que-o-pariu, mas como não sou, vou dizer só o seguinte:
1) Em primeiro lugar, Sr. Blatter, não se meta em nossos assuntos internos. Vaiamos e aplaudimos quem nós quisermos, ou a Fifa vai também baixar uma lei proibindo a vaia no estádios? É capaz de o governo aceitar, como já aceitou todas as demais imposições, até mesmo contrárias à nossa legislação.

2) O Sr. é um estrangeiro nessas terras e está aqui como convidado e não fica bem o convidado querer ditar as normas da casa. Portanto cale a boca!


3) O Sr. teria a petulância ou a coragem de pedir respeito a alemães, franceses, ou ingleses, se vaiassem alguém nos estádios europeus? Pensa que aqui é o quintal da casa da Mãe Joana? Pode até parecer, mas não é!


Portanto quem perdeu boa oportunidade de ficar calado foi o Sr. e não o povo que foi ao estádio e pagou por isso e que , por vivermos (ainda) numa democracia, tem o direito garantido pela Constituição de se manifestar livremente e a vaia é uma das mais espontâneas e naturais manifestações de desapreço e desagrado. Pior seria se tivessem jogado caxirolas nas suas cabeças.

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa