domingo, 16 de junho de 2013

Ocupemos as ruas do Brasil

Protestar é preciso.  Ao contrário de uma ditadura, onde impera a paz dos cemitérios, um dos sinais de vitalidade em uma democracia são os protestos que os cidadãos fazem nas ruas contra aquilo que os desagrada.
Não há democracia perfeita, que seria a democracia direta,  aquela em que todos os cidadãos seriam chamados a exercer os poderes diretamente. É impossível, por isso criou-se a democracia representativa. Essa tende a ser mais ou menos perfeita quanto maior ou menor for o grau de representatividade dos que exercem o poder em nome dos demais. O problema é que para isso elegem-se pessoas e fixam-se mandatos e quem era, ou parecia ser, bom em um momento pode se revelar um desastre alguns meses depois e a mudança não se faz de uma hora para a outra. Há portanto um período em que aqueles que elegemos já não nos representam mais tão perfeitamente. Por isso, a forma de governo parlamentarista, sem mandato fixo, e oscilando ao sabor da aprovação ou reprovação popular é, a meu ver, muito melhor que o sistema presidencialista.
Emfim, esse foi o sistema escolhido por plebiscito no Brasil e é com ele que temos que conviver. Mas os protestos são bem vindos. Nossa sociedade normalmente tão apática parece ter acordado. Não interessa se há ou não organizações políticas por trás. Nenhuma organização consegue fazer um estádio inteiro com 70.000 pessoas vaiar sonoramente um político, se a população já não estiver cansada de ser manipulada e enganada. Se não houvesse uma generalizada insatisfação, por mais que organizações políticas a insuflasse, a população não reagiria dessa forma.
À parte o vandalismo, condenável sob todos os pontos de vista, o povo que sai às ruas para protestar e os que apoiam esses movimentos pelas redes sociais, são somente uma pequena parcela dos insatisfeitos. Há muitos mais que não tem ânimo, tempo ou meios para fazer o mesmo, mas que nos seus lares ou locais de trabalho, mesmo sendo perturbados pelo caos urbano que se instala, ainda assim são simpáticos ao movimento.
Quanto ao vandalismo, é indesejável e condenável, mas também quase inevitável. Há algo de vândalo e selvagem no ser humano, submerso sob o verniz da civilização, e que vem à tona sempre que a massa prevalece sobre o indivíduo. Isso sabem de há muito os psicólogos. Além de tudo há um vandalismo programado, esse sim, comandado por alguma organização de cunho político e há ainda o vandalismo provocado pelas forças policiais de repressão. Muitas vezes a repressão policial violenta é que desperta, como reação, a violência contrária. As ditaduras sabem usar isso muito bem para depois desqualificar e criminalizar o protesto, sob o argumento da destruição do patrimônio público e privado.
Os grupos que protestam não deveriam se deixar levar pela provocação policial, mas para que isso ocorresse precisaríamos de um Gandhi liderando o movimento sob a bandeira da não-violência. Hoje, nesses movimentos anônimos, sem dono, sem líder (o que também é muito bom), não se pode esperar tanto. Por isso, o vandalismo praticado por uma minoria é um efeito colateral que tem que ser suportado pela sociedade que quer a mudança. E não será por isso que todo movimento tem que ser desqualificado. E, à polícia, em um regime democrático, caberia o papel de fiscalizar para que a ordem fosse mantida e até mesmo proteger os que estão exercendo seu livre direito de protestar, ao invés de provocar o caos com ações desmedidas e violentas.

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