quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Perplexidade

Desde Freud sabemos que nem sempre o comportamento humanho obedece a uma lógica racional. Mesmo assim, fica difícil aceitar toda essa história do assassinato de uma família, seguida de suicídio, por um menino de 13 anos, que nunca havia demonstrado um comportamento anormal ou estranho, ou sequer agressivo.
Se isso é possível, ou seja, se, do nada, uma pessoa pode sair matando as outras, mesmo as mais queridas e mais próximas, como o pai, a mâe, a avó e tia, então não dá mesmo para confiar na espécie humana. 
Ou então, mesmo nós, os céticos mais emperdenidos, temos que admitir a possibilidade de ver ali uma manifestação do Mal em si, do Mal em estado puro. Pode ser.
Pode ser também que apelar para qualquer explicação metafísica seja apenas uma solução inventada para suprir a nossa deficiência de entendimento.
Precisamos entender a razão e a causa de tudo isso. Não pode ser apenas um ...aconteceu e pronto! 
Casos de pessoas que saem atirando a esmo não são incomuns, especialmente nas terras do grande irmão do norte, mas em todos esses casos, como até mesmo o da Noruega, há uma explicação: ou é doença mental, ou é paranóia político-religiosa, ou os dois ao mesmo tempo. Em todos esses casos o perpetrador da violência tem um histórico, algo na sua vida não ia bem, mesmo que pudesse ser disfarçado, mesmo que não fosse publico e notório.
Não parece ser o caso desse menino, Marcelo. Era um garoto aparentemente normal, convivia bem com os pais, não manifestava nenhum comportamento aberrante ou violento, a família parece que era bem estruturada. O que houve então? Onde está a falha? Sim, porque houve uma falha comportamental, houve uma falha biológica. Na natureza, filhos podem até matar os pais, por fome, por disputas de território, fora isso não é o que se vê. No caso da espécie humana, com sua inteligência, consciência e autoconhecimento, isso fica ainda mais difícil de ser aceito.
O que levou esse garoto a fazer isso? Precisamos entender não só para nos aceitarmos como uma espécie viável, mas também para sabermos como corrigir a falha, como prevenir ações aparentemente absurdas como essa. Senão, ficaremos como os gregos, inteiramente à mercê da loucura e do capricho dos deuses.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Jecas Tatus

Luis Felipe Pondé publica hoje um artigo excelente para a reflexão. Começa pela afirmação de que "todo mundo sabe que riqueza material não é apenas riqueza material". 
Essa proposição, tão pouco falada, é uma verdade incontestável; a riqueza material por si só pode não produzir riqueza moral ou cultural, mas é condição necessária e suficiente para que essas outras riquezas sejam produzidas. Como esperar altos padrões morais ou culturais onde se tem que lutar contra a fome, a doença e a desesperança? Não há sofisma que mude esse fato, por mais argumentos que estrebuche a esquerda "chic" da Academia.
Pondé nos lembra que o capitalismo, com seus valores liberais de igualdade perante a lei, democracia e liberdade econômica de empreender (em outras palavras, uma sociedade de mercado) é  a organização social e política que permite essa prosperidade, que não tem nada de egoísta ou individualista como querem fazer crer os seus detratores.
O Capitalismo na teoria é egoísta, mas na prática distribui riqueza; o Comunismo, na teoria é altruísta, mas na prática distribui miséria. Foi o que se viu até hoje na "realpolitik". O resto é bla-blá-blá.
A questão é puramente lógica. Onde não há riqueza não há o que distribuir. A sociedade brasileira tem que crescer, tem que se tornar adulta e assumir as rédeas de seu destino. Tem que parar de choramingar feito criança querendo milagres de cima para baixo, querendo que o Estado lhe dê uma teta para mamar. 
Ou trabalhamos para construir uma sociedade rica ou ficaremos, como Jecas-Tatus, sentados à beira do caminho e vendo desfilar diante de nós o progresso e a riqueza dos outros. Não há milagre. É só uma questão de decisão e trabalho.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dois (bilhões) pra lá, dois pra cá.

São tantos bilhões pra lá, bilhões pra cá, que fica até difícil concluir: afinal há ou não há dinheiro? 
Num dia, Dilma libera 2 bilhões para os gastos eleitoreiros das emendas parlamentares, prometendo liberar mais 4 em setembro, mas há poucos dias tinha mandado cortar 10 bilhões no orçamento da União. Uma hora diz que a eliminação dos ministérios inúteis não vai trazer nenhuma economia, na outra obriga as forças armadas a reduzir um dia de trabalho por semana nas suas atividades, para economizar no café, no transporte e em outras miudezas. Será que as forças armadas gastam, só nesses itens, mais que os 25 ministérios inúteis gastam com pessoal e instalações, além, claro, do café, do transporte e outras miudezas? É uma pergunta que Eliane Cantanhêde faz hoje, na Folha e que fica no ar. 
Afinal, existe algum órgão na administração pública capaz de fazer essas contas e responder a essa pergunta? Se fosse em uma empresa privada, obviamente, as contas já teriam sido feitas. Mas, como se trata da coisa pública e, no Brasil, coisa pública significa coisa sem dono, a pergunta continuará sem resposta, como tantas outras.
É assim que o país vem sendo administrado. Sem método, sem avaliações, sem prestação de contas, sem critérios, aliás, o critério é um só, a lógica da reeleição. 
Tudo, absolutamente tudo, inclusive, o futuro da nação é sacrificado em nome da manutenção de um partido, uma facção, no poder.

Torra-se o nosso dinheiro em projetos mirabolantes que acabam em nada, como a transposição do S. Francisco, a ferrovia de integração oeste-leste (FIOL), do centro-oeste ao litoral da Bahia, que não avança porque uma estatal não consegue assentar os trilhos, parques eólicos no Nordeste, que não funcionam por falta de linhas de transmissão! E o governo ainda insiste em querer implantar o trem-bala (*), que melhor seria chamado de trem-"bola", pois é isso o que se procura: uma "bola", ou "bolada", para os políticos, especialmente em ano eleitoral.


(*) O trem-bala terá um custo de 33 bilhões, estimado pelo governo; ou 55 bilhões estimado pelos interessados)

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