sábado, 30 de novembro de 2013

Ataque cerrado

O ministro Joaquim Barbosa tem sido permanentemente atacado pela mídia petista e simpatizantes. Se houvesse mesmo um pequeno senão, em sua biografia, ele já teria sido exposto à execração publica. O ódio que desperta está diretamente relacionado com a ética e a coragem com que executa o seu trabalho.
Num país onde a atividade jurídica esteve sempre relacionada com maneirismos corteses, punhos de renda e rapapés de salão, a franqueza e os modos pouco diplomáticos do ministro causam irritação e estranheza.
Somos o país das aparências. Somos o país do elevador social e do elevador de serviço. Somos o país dos eufemismos. E ainda somos o país onde os brancos mandam e os negros obedecem. Nada mudou, mesmo que um partido, que se diz de esquerda, esteja no poder há mais de 10 anos. Esse mesmo partido, contrariado em sua pretensão de agir acima da lei, é quem faz essa campanha sórdida contra um ministro que não se curva à ideologia, nem a interesses mesquinhos e, muito menos, não tem medo do PT.
Quando não podem dizer mais nada de Joaquim Barbosa, quando não basta chamá-lo de tirânico, autoritário, apenas porque cumpre a lei e não se deixa enganar pelas "mentirinhas", esse partido levanta a "suspeita" de que o ministro será candidato à presidência!
Obviamente o ministro tem o direito de se candidatar, se quiser, respeitando os prazos e as desincompatibilizações legais.
Mas o que o PT quer dizer com isso é que as atitudes do presidente do Supremo seriam ditadas por interesses menores, pessoais, eleitoreiros. O PT realmente é um caso de estudo psicanalítico.  Sempre atribui aos seus adversários os seus próprios defeitos. Isso, em psicanálise, se chama projeção.
Quem, o tempo todo, faz ou deixa de fazer qualquer coisa em função de eleição ou reeleição é presidenta-candidata Dilma ou o seu guru, Lula da Silva. A bagunça econômica do país é uma clara demonstração disso.
Não acredito que Joaquim Barbosa queira largar um vespeiro, como o que carrega hoje, para assumir outro, mas tudo é possível e se o fizesse seria imbatível na próxima eleição. 
Quem ganharia com isso seria o país, seríamos todos nós.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A lição do Rabino

A grandeza de um homem só pode ser efetivamente medida a partir do ponto de vista de suas fraquezas. Se considerarmos isso, não há heróis! Todos nós temos defeitos, todos nós, humanos, estamos sujeitos ao erro.
O rabino Henry Sobel é um exemplo público disso. A nação brasileira pôde assistir nos anos 70 à atuação corajosa desse homem, junto com D.Paulo Evaristo Arns, pela defesa dos direitos humanos contra a ditadura militar. Seu trabalho trouxe respeito e admiração não só para si, mas para toda a comunidade judaica que ele representava.
No entanto, o homem, um dia, caiu. E pagou um preço por isso, um preço alto em virtude da grandeza que já tinha exibido. Fosse ele um ilustre desconhecido, um rabino sem expressão, o tal furto das gravatas seria mais uma nota de jornal e já a teríamos esquecido, junto com o homem. Mas, não. Quis o destino (ou Deus, na crença dos que crêem) que fosse o rabino Henry Sobel. Aquele homem de tanta grandeza moral, sucumbindo a uma tentação boba, ridícula, foi um fato inusitado e quase inacreditável. 
Esse fato, com toda a tristeza e perplexidade que traz, poderia ter um lado positivo. Poderia servir-nos de alerta de que qualquer um de nós pode também cair, basta um descuido, basta uma piscadela da consciência.

É preciso estar atento contra a soberba, contra o orgulho de pensarmos que podemos ser o juiz do nosso vizinho, ou do nosso colega. Apontar o dedo acusador é fácil, o difícil é agir corretamente quando se nos apresentam as ocasiões, quando não estamos sendo observados, quando podemos agir às escondidas sem medo da punição. Aí é que as pessoas se revelam a si mesmas. E, muitas vezes o que vêem não é bom.

A pior característica do Mal, segundo Hanna Arendt, é quando ele se mostra banal. O Mal tonitroante, ensurdecedor, é raro e, talvez, levante resistência. O Mal é mais eficaz quando se processa em silêncio, como se fosse uma coisa corriqueira, comum.
Se eu fosse religioso diria que o diabo foi criado por Deus para mostrar ao Homem que ele é uma obra incompleta e imperfeita. O diabo foi feito para diminuir a soberba humana.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lorotas

Dirceu é um grande contador de lorotas. Provavelmente foi treinado na clandestinidade quando até se casou com uma identidade fictícia. Quando Dirceu diz alguma coisa, ou dá uma informação, tem-se que averiguar qual interesse está por trás, que verdade aquela informação, ou melhor, desinformação, esconde.
Agora brinda-nos com mais uma lorota das boas. A do trabalho que teria conseguido como gerente administrativo de um hotel em Brasília uma semana depois de ter sido preso e com o invejável salário de vinte mil reais! 

Sinceramente, isso é chamar a todos de tolos, idiotas, crédulos, lesados. Esse hotel deve andar bastante ruim das pernas para ter que contratar um presidiário, sem experiência em hotelaria, por esse salário. Garanto que haveriam muitos candidatos com experiência na área, formados em curso superior e com disponibilidade de trabalho sem empecilhos legais, que aceitariam essa função até por um salário menor.
Que habilidades especiais terá José Dirceu para o ramo hoteleiro? Vai atrair mais clientes? Será então uma espécie de curiosidade enjaulada a  atrair visitantes? "Venham! Hospedem-se no hotel X, lá tem Dirceu trabalhando como gerente! Vejam um presidiário de perto!" esse seria um tipo de anúncio possível.
Ou então: "Eis a oportunidade que você tanto esperava: ver de perto um ex-político que agora está preso! Isso é uma chance rara. Acontece muito pouco nesse país. Não percam!"

E, agora, o que fará o Supremo? Está diante de uma desfaçatez, mas como país burocrático que somos, mais valem o papel e os carimbos do que a realidade em si. São os tais atos de ofício. Ou então, como dizem os próprios juízes: "o que não está nos autos, não está no mundo". Supõe-se que basta então estar nos autos para entrar no mundo objetivo da existência. Quero ver como o ministro Joaquim Barbosa vai se livrar dessa armadilha.


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