quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A lição do Rabino

A grandeza de um homem só pode ser efetivamente medida a partir do ponto de vista de suas fraquezas. Se considerarmos isso, não há heróis! Todos nós temos defeitos, todos nós, humanos, estamos sujeitos ao erro.
O rabino Henry Sobel é um exemplo público disso. A nação brasileira pôde assistir nos anos 70 à atuação corajosa desse homem, junto com D.Paulo Evaristo Arns, pela defesa dos direitos humanos contra a ditadura militar. Seu trabalho trouxe respeito e admiração não só para si, mas para toda a comunidade judaica que ele representava.
No entanto, o homem, um dia, caiu. E pagou um preço por isso, um preço alto em virtude da grandeza que já tinha exibido. Fosse ele um ilustre desconhecido, um rabino sem expressão, o tal furto das gravatas seria mais uma nota de jornal e já a teríamos esquecido, junto com o homem. Mas, não. Quis o destino (ou Deus, na crença dos que crêem) que fosse o rabino Henry Sobel. Aquele homem de tanta grandeza moral, sucumbindo a uma tentação boba, ridícula, foi um fato inusitado e quase inacreditável. 
Esse fato, com toda a tristeza e perplexidade que traz, poderia ter um lado positivo. Poderia servir-nos de alerta de que qualquer um de nós pode também cair, basta um descuido, basta uma piscadela da consciência.

É preciso estar atento contra a soberba, contra o orgulho de pensarmos que podemos ser o juiz do nosso vizinho, ou do nosso colega. Apontar o dedo acusador é fácil, o difícil é agir corretamente quando se nos apresentam as ocasiões, quando não estamos sendo observados, quando podemos agir às escondidas sem medo da punição. Aí é que as pessoas se revelam a si mesmas. E, muitas vezes o que vêem não é bom.

A pior característica do Mal, segundo Hanna Arendt, é quando ele se mostra banal. O Mal tonitroante, ensurdecedor, é raro e, talvez, levante resistência. O Mal é mais eficaz quando se processa em silêncio, como se fosse uma coisa corriqueira, comum.
Se eu fosse religioso diria que o diabo foi criado por Deus para mostrar ao Homem que ele é uma obra incompleta e imperfeita. O diabo foi feito para diminuir a soberba humana.

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