quinta-feira, 14 de novembro de 2013

República?

A história oficial nos diz que a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A monarquia foi abolida é certo, porém há dúvidas se a República foi realmente estabelecida nessas terras. República, desde Platão, quer dizer um sistema político em que o bem publico, a coisa pública, seja o regente da organização social.
Para começar, o maior ausente nesse processo foi justamente o povo, aquele que as Constituições dizem que detém o poder soberano. O povo assistiu entre perplexo e assustado àquela movimentação de tropas no campo de Santana sem entender direito o que estava acontecendo. Aliás, segundo alguns historiadores, nem mesmo Deodoro tinha consciência e intenção de proclamar uma república naquele momento. Tudo o que queria era derrubar o Conselho de Ministros. Mas parece que o fato de D.Pedro pretender nomear primeiro-ministro, em substituição ao visconde de Ouro Preto, um inimigo de Deodoro, o qual deveria assumir o governo em 20 de novembro, foi o que o fez converter um golpe em outro. Ou seja, motivos pessoais é que foram determinantes para que a República passasse a ser o nosso regime político. E o jornalista Aristides Lobo escreveu à época, o "povo assistiu bestializado" à proclamação. E continua assistindo bestializado até hoje aos desmandos dos governantes.
Quem assumiu o controle da situação foi a mesma classe que já governava o país antes, a elite rural. Essa Republica de uns poucos perdurou até a revolução de 30, quando foi substituída por uma outra república, até pior, porque autoritária,  populista, sindicalista e fascista, liderada pelo caudilho Getúlio e que, no fim, deu no que deu, ou seja, no golpe militar de 64. Pois foi Jango, um herdeiro direto de Getúlio,  quem resolvera retomar o populismo varguista e restabelecer uma república sindicalista e autoritária, agora com tintas esquerdistas. Calculou errado, buscou suporte nos sargentos do exército, nos marinheiros e nos sindicalistas e depositou fé no apoio popular das massas, o que não aconteceu. Ao contrário, as massas eram conservadoras e foram para as ruas no movimento reacionário "Marcha da Família com Deus pela Liberdade". O exército, uma instituição de classe média, fez o que a classe média queria, deu o golpe. E Jango, com todo o suporte que parecia ter, com o apoio militar de seu cunhado Brizola, governador do Rio Grande do Sul, nem mesmo esboçou uma reação. Fugiu e deixou seus correligionários ao deus-dará.
Aí vieram 21 anos de ditadura. Mais uma vez uma república sem participação popular.
Então, depois da Constituição de 88, depois do impeachment do Collor, quando se pensava que as coisas tinham começado a mudar nesse pais temos que chegar à conclusaõ de que o povo só participa nessa república como agente passivo, aquele que trabalha, paga impostos e sustenta a mesma cambada que não larga o osso do poder. Todo o nosso arcabouço jurídico, político e social é feito para a eternização dessa gente que explora, rouba e suga os recursos dos país em benefício próprio. São os donos dos bancos Rurais; são os Eikes Batistas, useiros e vezeiros de pegar empréstimo do BNDES; são os capitães-donatários como a família Sarney; os arrivistas políticos filhinhos-de-papai como Fernando Collor, que deu a  volta por cima; são os Maluf que são julgados e condenados e continuam com a mesma cara-de-pau e nada lhes acontece; e recentemente essa turma viu chegar novos amigos, uma gente que chegou com fome, comendo o que via pela frente, falando de boca cheia e arrotando à mesa, mas que tinha votos e um canal de comunicação com o povo, aquele ser místico do qual todos dependem de 4 em 4 anos. Como as tetas são grandes e elásticas dá para todo mundo mamar. Foram todos acomodados e convivem em harmonia Genoínos, Sarneys, Collors, Malufs, Lulas, Delúbios e Renans. Nem dá mais para distinguir uns dos outros. Quem fica de fora, bestializado como sempre, é aquele que deveria ser o autor e ator principal, a razão de ser da coisa pública. Não há coisa pública, ela foi sempre tomada, usurpada e transformada em coisa privada por alguns espertalhões.

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