segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Vestal viúva

Marina quer ser mais viúva que a viúva. Está vestida de preto, apresenta um ar compungido e comporta-se de tal modo que, dizem, chegou até a ser consolada por...Renata Campos! O que ela quer com isso? Não se pode ser tão cético e crer que tudo é 100% encenação política. Seria demais! Mas que há uma boa percentagem de encenação política aí, é inegável.
Todo o mundo político tirou uma casquinha na tragédia. Políticos de todos os naipes, feitios e posições compareceram ao velório e se disseram amigos de infância de Eduardo Campos. 
Isso era esperado, mas há um caso que nos chama a atenção: ainda há pouco, o PT desancava o seu ex-aliado, chamando-o de tolo e playboy mimado. Quem quiser conferir é só ver aqui (http://glo.bo/1mZCwnC).
Mas, imediatamente depois do trágico acidente, todos os textos desabonadores contra Eduardo Campos foram retirados às pressas. 
É óbvio que o PT, como qualquer outro partido, tem o direito de criticar desafetos e adversários, desde que não propale mentiras, nem calúnias. Mas fica feio fazer essa mudança súbita de opinião, especialmente diante do acontecido. Talvez esse seja um dos motivos da vaia em Lula e Dilma no velório do ex-governador.
Por outro lado, Marina, ex-petista - não nos esqueçamos - apresenta-se como "diferente" dos demais políticos. Ostenta uma aura, que seria uma mistura de santa com bicho-grilo, mas não traz nada de diferente na política. É apenas um Lula de saias, que veio do peleguismo sindical e quer fazer de sua origem humilde um salvoconduto contra críticas. Não se pode criticar Marina, como até há pouco não se podia criticar o Lula, sem se receber a pecha de reacionário, direitista e outros palavrões. 
A postura de vestal de negro no velório de Eduardo Campos me pareceu nada mais nada menos que cálculo político. E, se formar uma chapa, tendo como vice a verdadeira viúva, aí estará configurada a tentativa de estelionato eleitoral.

(*) Nota: As vestais eram sacerdotisas romanas. Vestiam-se de branco e faziam voto de se manterem virgens por toda  a vida. Eram altamente respeitadas até mesmo pelo Senado. O templo de Vesta, em Roma, guardava o tesouro do Estado, o Erário. Obviamente, como eram virgens, jamais poderiam ser viúvas.

Depois da apuração

Pois eu vou meter minha colher de pau nesse angu. Não sou especialista em pesquisas, até porque, como bom mineiro, desacredito em todas elas. Como se diz em Minas: mineração e eleição, só depois da apuração. E é isso: pesquisa não substitui voto.
Na hora "H", sozinho, no recôndito da cabine, o eleitor repensa: "A quem vou entregar meu futuro e o futuro dos meus filhos? E ali ele toma a decisão final. Um clique e pronto, nada mais pode ser alterado. É sair dali com a sensação de que talvez tenha feito uma besteira e, apesar disso, torcer para que sua escolha acabe por não ser tão ruim, pois no sistema presidencialista somos obrigados a dar um cheque em branco por 4 anos para alguém e, se no meio do mandato, descobrirmos que votamos em um pilantra ou incompetente, azar, teremos que aguentar até o fim.
Uma grande vantagem do parlamentarismo é a não existência de mandatos fixos. Só governa quem tem a maioria e enquanto a tem. Isso obriga os ungidos a ficarem de olho na opinião pública, pois, se perderem popularidade perdem apoio parlamentar e aí cai o governo. No sistema que adotamos, uma vez eleito, o político vira as costas pro povo e vai cuidar de outros peculiares interesses e, obviamente, da próxima eleição, quando voltará a precisar daquele ser incômodo, o eleitor.
Encerrada a digressão, volto ao assunto. Como dizia, não sou especialista em pesquisas, mas ouso contestar todas elas e penso que, agora, a eleição para presidente já está definida. A candidata Marina ficará com os seus tradicionais 23%, alcançando talvez 28% por conta de votos de eleitores ainda comovidos pela morte de Eduardo Campos. Aécio ainda tem muito para crescer, ainda não é um nome totalmente conhecido do eleitor de outras regiões além do sudeste, o horário eleitoral ainda não começou e debates entre os candidatos ainda nâo ocorreram. Com o aumento da exposição, calculo que Aécio poderá chegar com facilidade aos 35% ou até mais. Isso significa que dona Dilma pode dizer adeus. Se Dilma tiver 30% dos votos - o que acho muito - o segundo turno seria entre ela e Aécio, que ganharia de lambuja. Se Dilma cair mais, o que é bastante provável devido à rápida deterioração do ambiente econômico, aliado a uma participação vexaminosa nos debates, pode vir a ficar abaixo da Marina e aí, sim, o segundo turno terá um outro sabor, com resultado mais difícil de se prever. Pelo menos teríamos dois candidatos que sabem se comportar em nível civilizado e são capazes de debater e discutir ideias. Ou seja, finalmente teríamos chegado ao século XXI em termos eleitorais.

sábado, 16 de agosto de 2014

Agosto

Agosto, mais uma vez, marca sua passagem na política brasileira. Começou com a morte do rei D.Sebastião, de Portugal, na batalha de Alcácer-Quebir em 04 de agosto de 1578. Essa morte causou um trauma em Portugal e, por consequência, no Brasil, sua colônia, porque, pela falta de herdeiros, a coroa portuguesa acabou por ser anexada à da Espanha, no que ficou conhecido como União Ibérica que só se desfez em 1640.

Em 1954, o suicídio de Getúlio traumatiza o país. A transição se complica e o general Lott, ministro da Guerra, acaba por dar um contragolpe garantindo a pose do presidente eleito JK. No ano seguinte vem outro trauma com a morte súbita de Carmen Miranda. Em 1961 a renúncia de Jânio, provoca nova crise institucional que acabaria por levar à ditadura militar em 64. Em agosto de 69, o general ditador Costa e Silva sofre uma trombose cerebral levando a outra crise e, posteriormente, à sua substituição por uma Junta Militar que acirrou o fechamento do regime.

Em 1976, morre Juscelino Kubistcheck em circunstâncias suspeitas e ainda não explicadas.  E agora, em plena campanha, com a situação ainda indefinida, morre o candidato Eduardo Campos. De repente, tudo muda. Ou não? A sensação que fica, no momento, entretanto é que o Brasil é um país sem sorte na política. Quando as coisas vão caminhando em uma direção que pode rerpesentar uma melhora no nosso processo político, algo acontece e voltamos à estaca zero.


Às vezes, penso que Carlos Heitor Cony é quem tem razão: segundo ele, enquanto não se acharem os restos mortais de Dana de Teffé (milionária judia desaparecida em circunstâncias misteriosas) o Brasil não anda pra frente. Mãos à obra, gente! Procuremos!

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