domingo, 12 de fevereiro de 2017

Alá-lá-ô

Em ritmo de batucada, a classe política carnavalizou de vez! Debochadamente, como convém a foliões convictos, eles não estão nem aí para a opinião dos outros, ou seja, a nossa opinião. O que eles querem é simplesmente se safar dos crimes cometidos e aplainar o terreno para continuarem a cometê-los!

Aliás, se acontecer o que eles querem, nem crimes serão mais. São eles que fazem as leis, em consequência, pensam poder fazer e aprovar a leis que quiserem. O caixa 2 dos partidos deixa de ser crime, por exemplo. É essa a proposta daquele energúmeno, que hoje infecta a cadeira de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o canalha Edison Lobão!

Esse homem está na política há 150 anos e não se tem notícia de um projeto seu em favor da sociedade. Aliás, quando foi ministro das Minas e Energia no governo da Anta, o que ele fez foi dar continuidade às indicações "políticas" para a Petrobras e depois passou a dar cobertura aos acusados, nas primeiras fases da Lava Jato, ainda chamada de petrolão. Foi governador do segundo Estado mais pobre do país, o magnífico vice-reino da familia Sarney. E já ungiu seu filho, como suplente de Senador, para substituí-lo, quando for conduzido coercitivamente a abraçar o capeta!

Esse filho, já se mostrou à altura do pai. Desde 2002, o Banco do Nordeste tenta penhorar seus bens por conta de um empréstimo não pago de 5,5 milhões. E, mesmo sendo réu em um processo por sonegação de impostos de cerca de 28 milhões, conseguiu tomar posse em subsituição ao pai.

Lobão, o pai, é investigado pelo Supremo desde 2015. No episódio da cassação do mandato do Delcídio, ele se absteve de votar. Foi a única abstenção. Não teve a coragem de votar a favor, nem contra.
Para quê, - pergunta-se - o povo brasileiro precisa de uma figura dessa como seu representante? E agora, vai comandar a CCJ, que será quem vai sabatinar os futuros ministros indicados para o Supremo, incluindo o próximo, Alexandre de Moraes.

Não bastasse toda essa desfaçatez na nossa cara, a própria CCJ andou fazendo uma prévia, um ensaio de sabatina com o Alexandre de Moraes, em uma casa flutuante do lago Paranoá em Brasília, uma tal de Chalana Champagne, como nos informa Eliane Cantanhêde em sua coluna de hoje no Estadão. Desde quando, candidatos a ministro do Supremo fazem treino para serem sabatinados? Ainda mais nesse caso, quando a comissão já consta em sua maioria de investigados na Lava Jato!? O treino deve ter sido para os membros da comissão, para que não fizessem as perguntas erradas! Só pode ser.

Definitivamente, não há mais nem mesmo a tentativa de manter as aparências. A classe política jogou as etiquetas e os rapapés de lado e está disposta a continuar na folia, nem que a vaca tussa! Ainda mais que as vacas fardadas continuam cegas, surdas e mudas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Astrologia Política

Nesse fim de semana, os céus estarão convulsionados. Haverá um eclipse hoje e um cometa no sábado. Se isso for algum sinal para os políticos, podemos esperar chumbo grosso nos próximos dias.

De fato, o eclipse da ética já ocorreu há muito tempo e o cometa das lideranças políticas também eleva e derruba reputações uma atrás da outra. Para muita gente, o Armagedom já chegou. O desespero é tal que não se  tem mais pruridos, nem sequer se tenta manter as aparências, mas estão lutando, no tudo ou nada, para tão somente salvarem as próprias peles.

As entranhas estão escancaradas e não dá para despistar mais. O caos econômico e social vem mostrando sua face horrenda desde os episódios das carnificinas nos presídios e agora, com as greves das polícias, as carnificinas passam a acontecer nas ruas, à nossa vista.

Digo greve das polícias, porque vem mais. Policias militares de outros Estados, além do Espírito Santo, já se mobilizam. As "autoridades" protestam. Dizem que é chantagem, ameaçam os policiais com a Lei, etc., etc. A questão é que chegamos a essa situação, por culpa dessas mesmas "autoridades". Enquanto estavam roubando e dilapidando o patrimônio público, não achavam que deveriam ser confrontadas com a Lei. Dançavam com guardanapos nas cabeças, rindo de nós, os trouxas pagadores de impostos, e os serviços públicos foram simplesmente sucateados. Incluem-se, nesses serviços sucateados, as Polícias Militares, deixadas à míngua por anos a fio, assim como as escolas e os hospitais. 
A diferença entretanto é que ninguém se sente ameaçado com greves de professores. Com greves de agentes de saúde, já há um certo desconforto, mas como isso atinge principalmente os pobres, dá para aguentar sem maior desespero. Mas greve de polícia é diferente. Abrem-se os portões do inferno. A marginalidade, normalmente, já mal contida, avança em desabalada, como uma manada endoidecida, sobre tudo e todos. Aí, só quem é muito rico e possa ter segurança particular é que se sente a salvo. Mesmo assim, relativamente.
O campo de guerra das facções passa dos presídios para as ruas. É o Deus-nos-acuda em carne e osso.

Nada acontece por acaso. O caos que o Rio e o Espírito Santo estão vivendo é a consequência tardia do caos que a classe política estabeleceu nesse país. Seria bom se essa convulsão se desse em Brasília, se o povo ensandecido invadisse o Congresso Nacional e fizesse aqui uma Revolução à francesa que tanto nos faz falta. Cabeças já rolam por aí, mas são as cabeças erradas. As que deviam rolar mesmo estão naquele prédio duplo com duas abóbadas ao lado, uma delas premonitoriamente invertida.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O bonde errado

Gilmar Mendes está pegando o bonde errado. Em um país, cujo maior problema é a impunidade generalizada, onde máfias se estabeleceram para usurpar o poder do povo contando justamente com essa impunidade histórica, quando um grupo de jovens promotores e juizes, como Sérgio Moro e Marcelo Bretas, resolvem virar o jogo e fazer valer a Lei, vem um ministro do Supremo em público dizer que o problema são as prisões alongadas? Francamente!
Isso partindo da boca de um advogado de defesa é até compreensível. Ele está fazendo o seu papel! Mas um ministro de um Supremo Tribunal, já desmoralizado por seu papel canhestro na história recente, achar que as prisões são exageradas é simplesmente um absurdo! As prisões são ainda poucas. Precisamos é de mais prisões de bandidos de colarinho branco! Precisamos é de mais políticos (e também juízes) na cadeia!


O ministro Gilmar Mendes não engana ninguém. Estava dando todo apoio à Lava Jato quando parecia que era uma invetigação apenas do PT e de alguns peemedebistas. Desde o momento em que os nomes dos caciques tucanos começaram a aparecer nas delações, Gilmar Mendes mudou o discurso.  Começou a criticar a Lava Jato e chegou ao ponto de ir ao Congresso se contrapor ao relatório do deputado Lorenzoni sobre as Dez Medidas contra a Corrupção e combater o juiz Sérgio Moro.

É claro que para todo argumento há uma justificativa, uma razão publicável. O problema reside nas razões impublicáveis, que são essas as verdadeiras motivações dos agentes.

O ministro Gilmar faz o papel de testa de ferro do PSDB, mas ajuda por tabela o PMDB e o PT, acompanhado em silêncio por Lewandowski e Tóffoli, felizes por não terem de se expor. É um balé perfeitamente ensaiado. Gilmar Mendes esteve costurando e inclusive foi consultado por Temer sobre a indicação do novo ministro. Somente depois que ele "bateu o martelo" foi que Temer anunciou o nome de Alexandre de Moraes, um consenso entre seus futuros pares e um consenso no Senado, que o há de aprovar.

E, nós, a patuleia, vamos ficar assistindo a esses golpes atrás de golpes sem fazer nada? Onde está a força do povo que derrubou a Dilma e fez a Lava Jato avançar? Ela ainda precisa de nós, a fonte do poder legítimo, para fazer o bonde da história andar a nosso favor. Se não fizermos nada, seremos nós que teremos tomado o bonde errado.

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