sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Carma ruim

 Às vezes, fico pensando: se Kardec estiver certo, o que será que nós, brasileiros, fizemos em outras vidas para merecer isso? Devemos ter feito parte das hordas de Gêngis Khan, das tropas SS nazistas nos campos de concentração, ou qualquer coisa semelhante. Pois não é possível termos nascido em um país como esse, com as maravilhas que tem, mas com a classe de políticos e governantes que surgem, uns atrás dos outros, assim, sem termos feito nada para merecer isso.

Vivemos uma geração inteira sob as cavalgaduras militares, depois vem Sarney!!!! E depois vem Collor!!! 

Quando temos um governante de aspecto melhorzinho, inteligente, de fala elegante e macia, é o bosta do FHC. 

Em seguida, saímos de Lula, caímos na Dilma, da Dilma pro Temer, do Temer para o Bolsonaro. É demais! 

Sem falarmos no Congresso, cujas bancadas conseguem ser piores a cada legislatura; e do Supremo não precisamos falar. A casa que já hospedou Evandro Lins e Silva, Nélson Hungria, Aliomar Baleeiro, Temístocles Cavalcanti e Pedro Lessa, agora abriga um Lewandowski, um Dias Tóffoli, um Nunes Marques!

Será que somos assim mesmo? Esse carma está difícil de aguentar!

sábado, 5 de dezembro de 2020

Suprema Excrescência

Encolhidinho e minúsculo no tempo da ditadura militar, há muito, o Supremo passou a ser um poder que paira acima dos demais. Legisla, investiga, acusa, julga e executa. Fomos cedendo aqui e acolá e agora percebemos em que abismo estamos prestes a cair.

Para começar, a maneira como seus membros são escolhidos já é uma excrescência: o presidente escolhe quem quer e o Senado aprova o escolhido. A tal exigência de notório saber jurídico e reputação ilibada, tornaram-se cláusulas ridículas, a ponto de um plagiador ter sido o último ministro ungido e um outro ter sido reprovado duas vezes em concurso para juiz. Não pode ser juiz, mas pode julgar os juízes.

Com esse sistema, não deveria nos espantar a decadência e avacalhação com que essa Corte se apresenta à nação. O respeito do povo, esse tribunal já perdeu há muito tempo. Chegamos ao ponto em que um ex-presidiário grava um vídeo achincalhando alguns membros do Supremo, equiparando-os a michês e travestis e fica por isso mesmo. Diz Roberto Jefferson, no vídeo que está aqui, disponível para quem quiser ver que "alguns ministros tem rabo preso e dois tem rabo solto. Conhecidos, um como Cármen Miranda e outro como Lulu Boca de Veludo."

Esse mesmo Supremo que tanto se indignou com as "fake news" a ponto de abrir investigação, agora calou-se por completo. Nem um pio. E o vídeo está circulando desde 21/06/20.

Pois bem, essa mesma instituição está prestes a rasgar pura e simplesmente a Constituição. Já são quatro e meio votos permitindo a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado, ao arrepio do artigo 57, parágrafo 4º da Carta Magna. Digo quatro e meio, porque votaram pela excrescência, Gilmar Mendes, óbvio, Lewandowski, idem, Tófolli, ibidem e Alexandre de Moraes. O Kássio Kopia e Kola, deu meio voto a favor e meio contra.

Se essa monstruosidade passar, o Supremo estará decretando a sua ditadura. Não haverá mais Constituição. O Supremo poderá tudo, bastando para isso decidir por maioria de 6 pessoas dentre 11. Decisões serão tomadas ao bel prazer e a favor do interesse da maioria desses urubus de capa preta. E ninguém poderá falar nada. Ninguém? Bom, se Roberto Jefferson pode falar aquilo, que mais ele poderá nos dizer?

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Fascismo Nu

Contardo Calligaris, a propósito da biografia de Mussolini de Antônio Scurati  lançada no Brasil pela editora Intrínseca, faz um questionamento importante sobre o que devemos analisar em nós mesmos que contenha os germes, as sementes do fascismo.

Essa autoanálise é importante porque, como dizia Jung, o homem dito civilizado é apenas um bárbaro com um leve verniz de cultura. E o fascismo nada mais é que essa barbárie aflorada à pele e usada como método de conquista e manutenção do Poder. Henry Kissinger ainda completou: "o poder é o mais forte afrodisíaco". Que o confirmem todos os tarados sexuais.

Essa fórmula, portanto, não é nova e significa que o fascismo estará sempre à espreita dentro de nós. Quando pensamos que está acabado e derrotado, ao menor sinal de fraqueza das instituições civilizatórias, ei-lo de volta com suas garras entranhadas no coração das massas populares.

No pós-guerra, ficou muito claro ao mundo que o fascismo tinha ido longe demais: o racismo como política de Estado, a falta total de escrúpulos dos agentes públicos, o terror como mecanismo de controle, a industrialização da morte, tudo isso foi escancarado a um público estupefato, que horrorizado passou a considerá-lo como um desvio, quase uma doença, eliminando-o do espectro  político.

E passamos a acreditar que o fascismo estava erradicado. Ledo engano!

Reapareceu nos anos 80 e 90, na pele dos skinheads, mas foi considerado (erroneamente como sempre) uma aberração ridícula, uma palhaçada própria de guetos culturais. O problema então foi que os governos de esquerda, elevados ao poder, por conta do anti-fascismo, deram com os burros n'água e se mostraram corruptos e incompetentes, além de também sanguinários e inescrupulosos.

A descrença no sistema político, a desesperança das pessoas, está formando de novo o caldo de cultura no qual germinam novamente as sementes do fascismo. Essas sementes estão dentro de cada um de nós, mas quando as condições de vida se tornam precárias, os controles civilizatórios perdem força e emergem as condições primitivas que nos garantiram a sobrevivência em tempos bárbaros. Essas condições são as do eu contra você e, melhor, do nós contra eles.

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