terça-feira, 1 de julho de 2014

O dragão sorrateiro

O economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e um dos formuladores do Plano Real, deu uma entrevista à Folha, publicada ontem que é um primor de inteligência e bom-senso. 
Políticos sérios e formadores de opinião, professores e acadêmicos deveriam debruçar-se sobre ela sem paixão ideológica ou partidária. Analisem apenas do ponto de vista lógico, racional, o que diz Gustavo Franco.
O primeiro e inafastável ponto é a inflação. Há apenas 20 anos - digo "apenas", porque isso não é nada historicamente falando - estávamos mergulhados numa hiperinflação. Só quem viveu essa experiência sabe avaliar. A inflação estava por volta de 2400% (isso mesmo, jovens! Dois mil e quatrocentos por cento!) ao ano. E houve períodos em que a inflação chegou a inacreditáveis 12 mil por cento ao ano! Sabem o que isso significa? Significa que algo que custasse 1 real em primeiro de janeiro, estaria custando 1,49 no final do mês e 120 reais em 31 de dezembro do mesmo ano. 
Não é preciso ser economista para concluir o estrago que a hiperinflação causava no bolso das famílias, principalmente das mais pobres. O salário recebido no início do mês perdia 50% do seu valor no final desse mesmo mês. Um operário recebia o salário e dali ia correndo para o supermercado para comprar alimentos antes que tudo já tivesse sido remarcado. Havia até uma profissão nova, a do remarcador de preços que ficava percorrendo as gôndolas com a famigerada maquininha, diariamente, remarcando todos os preços. As donas de casa disputavam com o remarcador quem é que chegava primeiro ao produto. Sem brincadeira!... A nossa moeda não valia nada. Era uma ficção. Os preços dos bens de maior valor eram em dólares. Não se compravam imóveis ou carros com preços em reais. Quem não tinha condição de guardar dólares ou ter aplicações financeiras estava lascado.
Uma geração nasceu e cresceu sem esse terror. As outras pouco a pouco foram se esquecendo disso. Mas isso é que não pode acontecer! Não podemos nos esquecer dos dramas familiares, do estresse na administração do orçamento doméstico, das vidas sufocadas, da pobreza sem solução, da indignidade, da falta de perspectiva e de esperança. "Quem se esquece do passado está condenado a repetí-lo" (George Santayana).
E a grande causa da inflação, como demonstra Gustavo Franco, é a má administração pública. É o governo que gasta muito e gasta mal. E ele dá o exemplo da construção dos estádios milionários, superfaturados e, muitas vezes, com um dinheiro que não existe, ou seja, com o governo fazendo dívidas! 
É exatamente o crescimento da dívida pública a maior causa da inflação. O que está acontecendo no Brasil, com o preço dos alimentos aumentando mais de 10% ao ano, é simples e pura consequência da administração desastrosa da dona Dilma Rousseff com a figura caricata do Sr. Guido Mantega. 
Compete a nós dizer que não. Compete a nós, nas urnas, dizer que não vamos aceitar a volta do dragão. Que não vamos ser coniventes com um governo que seja conivente com a inflação. Não se pode dar a mínima trégua, senão ela volta com força total. Quem tem mais de 30 anos sentiu isso na pele. #AcordaBrasil!

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