terça-feira, 8 de julho de 2014

O jogo que interessa

Impossível não comentar a fragorosa e humihante derrota da seleção brasileira diante de uma Alemanha impecável. Na seleção da Alemanha vimos organização, planejamento, disciplina, aplicação, treinamento, tudo aquilo que se constituem em virtudes do próprio povo alemão. Seu sucesso econômico, mesmo dentro de uma Europa estagnada, deriva dessas qualidades também. No caso brasileiro, infelizmente, o que vimos foi a improvisação, a crença que a habilidade pessoal ou o jeitinho iria superar os defeitos, a prepotência de um dirigente, Felipão, que acha que sabe tudo e não ouve ninguém, a falta de autocrítica e a incapacidade de analisar os erros e aprender com eles. Alguma coincidência com o estilo brasileiro? 
Coincidências não existem. É preciso que encaremos a realidade se quisermos mudá-la. Somos um país fracassado e admitir isso não é ter complexo de vira-latas. Só assim poderemos tentar aprender e dar a volta por cima. Precisamos rever nossas atitudes e nossos valores se quisermos crescer como nação. Precisamos aprender que o sucesso não se dá por acaso ou por sorte, mas deriva do esforço, do trabalho, da dedicação, da persistência, da disciplina.
Estamos sofrendo as consequências de nossa imprevidência e falta de responsabilidade todos os dias. A violência absurda, o desrespeito do Estado para com os direitos dos cidadãos, o caos urbano, a especulação imobiliária sem limites, a obsolescência da infraestrutura, a relação incestuosa de empresas com os governantes de todos os níveis, a roubalheira pura e simples, tudo isso é decorrência do que somos, dos valores que cultivamos, da nossa indolência política, da indiferença com o que acontece com o outro, da falta de noção de coletividade.
O resultado do jogo, por mais traumático que tenha sido, é apenas o resultado de uma partida de futebol. O jogo que importa mesmo e que estamos perdendo de balaiada, muito pior que essa contra a seleção da Alemanha, é o jogo do desenvolvimento, da educação, do bem estar social. Muitos países, com muito menos condições naturais, estão à nossa frente e continuarão se não fizermos nada para mudar a nossa pobre e triste realidade. Para ganharmos esse jogo, temos que formar uma equipe, uma nação que se sinta como tal, não só na hora de cantar o hino à capela. Temos que formar um povo que saiba o que quer e possa lutar pelo seu destino. Será que, passada a euforia, aprenderemos?

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