segunda-feira, 10 de julho de 2017

Para quê eleições?

Sou uma pessoa otimista e já fui chamado até de ufanista, por acreditar desde sempre que o Brasil ia dar certo.
Há coisas no Brasil incomparáveis com o resto do mundo, a começar pelo calor humano, simpatia e facilidade de convívio entre as pessoas. E aqui começa um ponto negativo: já fomos melhores nesse departamento! Estamos perdendo a jovialidade, a leveza, o trato fácil. Estamos nos tornando um povo abrutalhado, impaciente, agressivo e desrespeitador.

Alguns dirão que isso é fruto da urbanização; que à medida que fomos deixando de ser uma população rural e interiorana, tornando-nos urbanóides habitantes de megalópolis, os vinculos sociais foram se afrouxando e se perdendo. Isso deu lugar ao individualismo exacerbado e suas consequências, como a solidão, o egoísmo, a indiferença com o outro, que acaba se traduzindo em agressividade.

Com certeza essa é uma explicação, embora parcial porque não explica tudo. Outros povos passaram pelo mesmo processo, até mesmo por guerras devastadoras, e nem por isso se desagregaram como sociedade.
E é isso o que estamos vivendo no Brasil de hoje, nossa sociedade está se desagregando. A violência atingiu picos impensáveis e se tornou uma calamidade pública. Somos um dos países mais violentos do mundo! Como é que isso pode coexistir com uma sociedade dita jovial, fraterna?

Somos um país de injustiças. Um país em que a lei não é igual para todos, ao contrário, é aplicada diferentemente conforme o estrato social, a conta bancária e o poder político. E aqui chegamos ao ponto principal: a sociedade brasileira sabe, há muito tempo, que estava sendo roubada, expoliada, extorquida. Sabe que a classe política, homiziada com alguns ditos empresários (na verdade compadres do poder, que de empresários não tem nada), sempre reservou para si os privilégios, enquanto o resto que se danasse.

A questão é que esse arranjo foi possível até certo ponto. Com a própria urbanização, com o acesso cada vez maior à informação, e com a deterioração cada vez maior do Estado, chegamos ao ponto de ruptura. O descaso ou mesmo ausência do Estado, causa da miséria urbana,  nos levou a essa situação de escalada da violência, de domínio do crime organizado em extensas áreas, e, para tornar a coisas ainda mais insuportáveis, nos vimos, de repente, confrontados com a exposição clara, insofismável, de tudo o que já pressentiamos. Só que agora são gravações, testemunhos, documentos, provas. E o volume de dinheiro roubado é um valor inimaginável para a maioria da população carente. Completando o quadro, não há referências morais a quem se possa apelar, não há liderança política. Todos, ou são suspeitos, ou estão comprovadamente envolvidos no esquema criminoso.

Assim chegaremos a 2018. Mas a pergunta que nos fazemos perplexos é: para quê eleições, se não temos em quem votar?


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