sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Biografias manchadas

Censura é coisa de ditadura. Ponto. Não há como argumentar. Em democracia ou você tem liberdade de expressão, para dizer o que quiser (e depois responder pelos eventuais excessos), ou não é democracia.
Houve uma polêmica recente que ilustra essa questão. Trata-se da "Marcha da Maconha" como uma livre manifestação do pensamento. Aqueles que queriam a proibição da "Marcha" diziam que era incitação ao crime. Os que a defendiam diziam que era livre expressão do pensamento, o que acabou confirmado por decisão do Supremo.
Gostemos ou não do que as pessoas dizem, elas tem o direito de dizê-lo. Esse é um bem democrático absoluto e inegociável. Não há como relativizar! Não dá para argumentar com o direito à privacidade, até porque os direitos tem uma hierarquia entre si. Há direitos que tem precedência sobre os outros, como por exemplo, o direito à vida, à liberdade, que não podem estar no mesmo nível do direito ao sossego e à privacidade.
A censura restringe um dos direitos fundamentais do Homem, que é a liberdade de expressão. Os biografados que me desculpem, mas ao aceitarem os bônus decorrentes de uma vida pública, tem que aceitar também os ônus que vem junto. A moeda tem duas faces e não dá para querer ficar só com uma delas.
O mais estranho ainda é dizer que as biografias escritas por jornalistas não autorizados, contra as quais eles se insurgem, podem ser liberadas se o biografado (ou herdeiros) receber royalties por elas! Ou seja, a questão que está sendo conduzida como uma defesa da privacidade, muda completamente quando aparece o fator "grana".
Francamente, aí já fica muito parecido com uma espécide de prostituição. A intimidade de alguém pode ser acessada, desde que se pague por isso.
E ver exercendo desse papel de censor, pessoas como Chico Buarque de Holanda é penoso para quem o admira e que viveu todo aquele horror dos anos de chumbo. A posição do Caetano e do Gil não me espanta muito, até porque nos anos 60 e 70, a gente reclamava que eles eram muito "alienados", como se dizia na época. Não faziam música "engajada". Enquanto o pau comia nos DOPS, eles curtiam um auto-exílio dourado em Londres e preferiam fazer "um iê-iê-iê romântico" e procurar "flying saucers in the sky" (1971). Não mudaram nada. 
Mas, o Chico, apesar da incoerência de morar na ilha de S.Louis, um dos lugares mais exclusivos e caros de Paris e ainda assim defender o regime cubano (pros outros, é claro!), por ter sido um dos artistas mais censurados durante a ditadura militar não poderia, ou melhor, não deveria deixar seu nome associado a esse movimento retrógrado de censura. Isso sim é que mancha uma biografia.

Bagunça econômica

A presidenta está se superando na bagunça em que lançou a economia brasileira. O PIB, já sabemos, não cresce de modo algum. A inflação real (não a fictícia produzida pelo Mantega) já chega aos dois dígitos, assim como os juros básicos (taxa Selic) que já estão em 9,5%. A taxa de desemprego recomeça a subir e o dólar atinge os píncaros, obrigando a intervenções gigantescas do Banco Central. O rombo das contas externas bate recorde atrás de recorde, e a dívida pública alcança 60% do PIB, já colocando o Brasil em posição de risco.
Não é à toa que o Investimento Estrangeiro Direto (ED) também caiu. O IED é aquele dinheiro que vem de fora para ser aplicado na produção, portanto muito mais barato que o dinheiro de empréstimo, e que é usado para cobrir esses rombos. Pois bem, o investimento estrangeiro caiu cerca de 8% em relação ao mesmo período de 2012. E caiu porque os estrangeiros andam muito, mas muito, desconfiados com o intervencionismo da gerentona. Caiu porque o Brasil se torna, cada vez mais, um lugar hostil aos negócios. Caiu porque todos estão esperando um descontrole ainda maior na economia sendo 2014 um ano eleitoral. Todos sabemos que a reeleição do poste vai ser extremamente difícil e por consequência haverá uma derrama de dinheiro na praça e o descontrole econômico só tende a aumentar.
De todos os índices, o mais preocupante é a dívida pública, que, chegando aos 60% do PIB, toca em um ponto historicamente sensível. Quando a dívida ultrapassa os 60% do PIB o descontrole da economia assume proporções de catástrofe. Foi o que aconteceu com Portugal, Grécia e Espanha.
Nesse andar da carruagem, torrando dinheiro público em campanha eleitoral disfarçada de ações de governo, em 2014 as contas públicas brasileiras vão estourar. É óbvio que a gerenta vai tentar segurar as consequências do estouro até as eleições. Depois será o "Deus-nos-acuda".
Exemplo simples: ela está disposta a quebrar a Petrobrás para garantir a sua reeleição. Abertas as urnas e contados os votos, virá a ressaca. A primeira coisa que vai acontecer será um aumento brutal no preço dos combustíveis, de uma só vez, mas evidentemente só depois da eleição...
Ela é suficientemente burra e irresponsável para conduzir a economia desse jeito. Já deu mostras que não sabe onde pisa, nem onde põe o nariz, mas pensa que sabe tudo e que é a dona da verdade. Esse é o seu pior defeito!  Além disso tem uma capacidade enorme de inventar números fantasiosos para encobrir uma realidade ruim. Se não, onde estão as 6.000 creches? Onde estão os 800 novos aeroportos? As 5 refinarias? Onde está o resultado espetacular do leilão do pré-sal? A transposição do S.Francisco? E o trem-bala? E a fábrica chinesa de iPads, a Foxxcon que viria para o Brasil?
Na hora em que o ambiente esquenta ela vai à televisão e solta mais uns factóides: plebiscito, reforma política, "Mais Médicos", qualquer coisa que o marqueteiro lhe diga para enganar a patuléia. Com isso engabela o povo mais um pouco e o Brasil vai caminhando cada vez mais rapidamente para o brejo. Êta, caveira de burro!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Os aeroportos da Dilma

Um cidadão sai de casa de manhã cedo no Canindé, com o assum preto cantando na sua janela, arreia o jegue, monta nele e vai pro aeroporto. Não, não me enganei! Vai pro aeroporto do Canindé mesmo!  
Chegando lá, amarra o jegue no estacionamento e pega seu voo para Quixeramobim. Faz o que tinha de fazer, vai ao mercado, ao banco, pita um cigarro de palha na pracinha com os amigos e de tarde volta para o Canindé, desamarra o jegue no estacionamento do aeroporto (o vigia do estacionamento já deu água e capim pro jegue durante o dia) e ruma feliz para casa, com todos os seus negócios em ordem.
Esse é o cenário que deve ter povoado os devaneios da presidenta, nas horas mortas do Palácio da Alvorada, quando a titia e a mamãe estavam jogando canastra ao invés de conversar com ela e o assessor não estava lá para ajudá-la a matar o tédio com umas voltinhas de moto.
Sim, porque há um ano e meio ela, a presidenta, em viagem à França, nos prometeu, sem que pedíssemos, que até o final de seu governo (espero que seja o atual primeiro e único) iria construir 800 (oi-to-cen-tos!)  aeroportos pelo país. Acho bastante razoável que Canindé e Quixeramobim sejam dois dos municípios beneficiados com esse grande investimento, não? As respectivas economias municipais hão de avançar séculos em dias e milênios em anos.
Mas se não forem esses dois municípios hão de ser outros mais ou menos equivalentes (Nova Lima e Raposos; São Sepé e Formigueiro; ou Pedra Branca do Amapari e Pracuúba), trocando-se apenas os jegues por mulas, ou burros, que continuarão a servir de mote aos devaneios presidenciais.
Ah... e nunca-antes-na-história-deste-país uma presidenta ou um presidento, terá construído 800 aeroportos em um mandato, nem mesmo em 10 mandatos! Isso seria um fato extraordinário e único que nem a oposição mais empedernida poderia negar, caso ainda houvesse tempo, dinheiro e vontade para essa bravata se concretizar. 
Na hora da entrevista, na França, o executivo-chefe da IATA (*), Tony Tyler, perplexo e boquiaberto, perguntou: "Oitocentos aeroportos? Isso não é demais, não?" Jornalistas brasileiros, presentes, acostumados com as mentiras deslavadas, sequer se deram ao trabalho de responder.
A presidenta mente com uma irresponsabilidade e um descaramento total. Sabe que pode dizer qualquer coisa que depois o povo esquece. Isso mostra o seu total desprezo pelo povo de seu país, que lhe serve apenas de massa eleitoral.

(*) Associação Internacional de Transporte Aéreo

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