A grandeza de um homem só pode ser efetivamente medida a partir do ponto de vista de suas fraquezas. Se considerarmos isso, não há heróis! Todos nós temos defeitos, todos nós, humanos, estamos sujeitos ao erro.
O rabino Henry Sobel é um exemplo público disso. A nação brasileira pôde assistir nos anos 70 à atuação corajosa desse homem, junto com D.Paulo Evaristo Arns, pela defesa dos direitos humanos contra a ditadura militar. Seu trabalho trouxe respeito e admiração não só para si, mas para toda a comunidade judaica que ele representava.
No entanto, o homem, um dia, caiu. E pagou um preço por isso, um preço alto em virtude da grandeza que já tinha exibido. Fosse ele um ilustre desconhecido, um rabino sem expressão, o tal furto das gravatas seria mais uma nota de jornal e já a teríamos esquecido, junto com o homem. Mas, não. Quis o destino (ou Deus, na crença dos que crêem) que fosse o rabino Henry Sobel. Aquele homem de tanta grandeza moral, sucumbindo a uma tentação boba, ridícula, foi um fato inusitado e quase inacreditável.
Esse fato, com toda a tristeza e perplexidade que traz, poderia ter um lado positivo. Poderia servir-nos de alerta de que qualquer um de nós pode também cair, basta um descuido, basta uma piscadela da consciência.
É preciso estar atento contra a soberba, contra o orgulho de pensarmos que podemos ser o juiz do nosso vizinho, ou do nosso colega. Apontar o dedo acusador é fácil, o difícil é agir corretamente quando se nos apresentam as ocasiões, quando não estamos sendo observados, quando podemos agir às escondidas sem medo da punição. Aí é que as pessoas se revelam a si mesmas. E, muitas vezes o que vêem não é bom.
A pior característica do Mal, segundo Hanna Arendt, é quando ele se mostra banal. O Mal tonitroante, ensurdecedor, é raro e, talvez, levante resistência. O Mal é mais eficaz quando se processa em silêncio, como se fosse uma coisa corriqueira, comum.
Se eu fosse religioso diria que o diabo foi criado por Deus para mostrar ao Homem que ele é uma obra incompleta e imperfeita. O diabo foi feito para diminuir a soberba humana.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Lorotas
Dirceu é um grande contador de lorotas. Provavelmente foi treinado na clandestinidade quando até se casou com uma identidade fictícia. Quando Dirceu diz alguma coisa, ou dá uma informação, tem-se que averiguar qual interesse está por trás, que verdade aquela informação, ou melhor, desinformação, esconde.
Agora brinda-nos com mais uma lorota das boas. A do trabalho que teria conseguido como gerente administrativo de um hotel em Brasília uma semana depois de ter sido preso e com o invejável salário de vinte mil reais!
Sinceramente, isso é chamar a todos de tolos, idiotas, crédulos, lesados. Esse hotel deve andar bastante ruim das pernas para ter que contratar um presidiário, sem experiência em hotelaria, por esse salário. Garanto que haveriam muitos candidatos com experiência na área, formados em curso superior e com disponibilidade de trabalho sem empecilhos legais, que aceitariam essa função até por um salário menor.
Que habilidades especiais terá José Dirceu para o ramo hoteleiro? Vai atrair mais clientes? Será então uma espécie de curiosidade enjaulada a atrair visitantes? "Venham! Hospedem-se no hotel X, lá tem Dirceu trabalhando como gerente! Vejam um presidiário de perto!" esse seria um tipo de anúncio possível.
Ou então: "Eis a oportunidade que você tanto esperava: ver de perto um ex-político que agora está preso! Isso é uma chance rara. Acontece muito pouco nesse país. Não percam!"
E, agora, o que fará o Supremo? Está diante de uma desfaçatez, mas como país burocrático que somos, mais valem o papel e os carimbos do que a realidade em si. São os tais atos de ofício. Ou então, como dizem os próprios juízes: "o que não está nos autos, não está no mundo". Supõe-se que basta então estar nos autos para entrar no mundo objetivo da existência. Quero ver como o ministro Joaquim Barbosa vai se livrar dessa armadilha.
Agora brinda-nos com mais uma lorota das boas. A do trabalho que teria conseguido como gerente administrativo de um hotel em Brasília uma semana depois de ter sido preso e com o invejável salário de vinte mil reais!
Sinceramente, isso é chamar a todos de tolos, idiotas, crédulos, lesados. Esse hotel deve andar bastante ruim das pernas para ter que contratar um presidiário, sem experiência em hotelaria, por esse salário. Garanto que haveriam muitos candidatos com experiência na área, formados em curso superior e com disponibilidade de trabalho sem empecilhos legais, que aceitariam essa função até por um salário menor.
Que habilidades especiais terá José Dirceu para o ramo hoteleiro? Vai atrair mais clientes? Será então uma espécie de curiosidade enjaulada a atrair visitantes? "Venham! Hospedem-se no hotel X, lá tem Dirceu trabalhando como gerente! Vejam um presidiário de perto!" esse seria um tipo de anúncio possível.
Ou então: "Eis a oportunidade que você tanto esperava: ver de perto um ex-político que agora está preso! Isso é uma chance rara. Acontece muito pouco nesse país. Não percam!"
E, agora, o que fará o Supremo? Está diante de uma desfaçatez, mas como país burocrático que somos, mais valem o papel e os carimbos do que a realidade em si. São os tais atos de ofício. Ou então, como dizem os próprios juízes: "o que não está nos autos, não está no mundo". Supõe-se que basta então estar nos autos para entrar no mundo objetivo da existência. Quero ver como o ministro Joaquim Barbosa vai se livrar dessa armadilha.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Chilique vergonhoso
É uma vergonha esse chilique todo do Genoíno. Não se discute que, estando doente, tenha que ser medicado e receber a assistência correta, como qualquer outro do meio milhão de presidiários do país. O que não pode é ter um tratamento que os demais nem sonham em ter.
Ficar em prisão domiciliar por causa de hipertensão, uma condição crônica e que pode ser perfeita e corretamente tratada na prisão, a meu ver já se configura um privilégio. Vá lá que seja aceitável, considerando que somos o pais dos coitadinhos e adoramos sentir pena de alguém.
No entanto, dar entrevistas fazendo pose de guerrilheiro, como se estivesse sendo preso por exercer essa atividade, já passa da conta, aí já é não é nem privilégio é desrespeito à Justiça e escândalo. Receber visitas fora do horário também.
E ficar dando chilique a toda hora, mendigando aposentadoria da Câmara, com cara de bebê chorão não condiz com a biografia de alguém que participou de uma guerrilha contra uma ditadura militar e que supostamente enfrentou o exército brasileiro no Araguaia. Genoíno não devia queimar ainda mais a sua biografia, já bem chamuscada pela sua participação no mensalão, choramingando desse jeito como uma criança mimada. Nesse ponto, há que se reconhecer, o José Dirceu demonstra muito mais altivez e dignidade. Estrebuchou contra a condenação, mas isso é um direito de todo réu, mas não abaixou a cabeça, nem se pôs na posição de coitadinho.
As pessoas adultas têm que saber que todas as atitudes e opções tem consequências. Genoíno, ao assinar aqueles contratos fictícios feitos para encobertar os crimes que seu partido estava cometendo, assumiu os riscos. Agora não adianta chorar. Nem dizer que "foi condenado por corrupção sem nunca ter mexido com dinheiro", como está estampado nessa semana na capa de uma publicação.
Não se pode crer que um homem com a vivência dele possa ser ingênuo a esse ponto. Discutiu-se tanto a questão do ato de ofício, mas querem mais ato de ofício que a assinatura do presidente do partido em um documento falso?
Genoíno podia ter entrado para a história sem essa, mas optou pela lealdade a um partido e a uma ideologia, ao invés de optar pela lealdade à nação e aos seus eleitores. Dar chilique agora é só adicionar mais um episódio vergonhoso a essa triste história.
Ficar em prisão domiciliar por causa de hipertensão, uma condição crônica e que pode ser perfeita e corretamente tratada na prisão, a meu ver já se configura um privilégio. Vá lá que seja aceitável, considerando que somos o pais dos coitadinhos e adoramos sentir pena de alguém.
No entanto, dar entrevistas fazendo pose de guerrilheiro, como se estivesse sendo preso por exercer essa atividade, já passa da conta, aí já é não é nem privilégio é desrespeito à Justiça e escândalo. Receber visitas fora do horário também.
E ficar dando chilique a toda hora, mendigando aposentadoria da Câmara, com cara de bebê chorão não condiz com a biografia de alguém que participou de uma guerrilha contra uma ditadura militar e que supostamente enfrentou o exército brasileiro no Araguaia. Genoíno não devia queimar ainda mais a sua biografia, já bem chamuscada pela sua participação no mensalão, choramingando desse jeito como uma criança mimada. Nesse ponto, há que se reconhecer, o José Dirceu demonstra muito mais altivez e dignidade. Estrebuchou contra a condenação, mas isso é um direito de todo réu, mas não abaixou a cabeça, nem se pôs na posição de coitadinho.
As pessoas adultas têm que saber que todas as atitudes e opções tem consequências. Genoíno, ao assinar aqueles contratos fictícios feitos para encobertar os crimes que seu partido estava cometendo, assumiu os riscos. Agora não adianta chorar. Nem dizer que "foi condenado por corrupção sem nunca ter mexido com dinheiro", como está estampado nessa semana na capa de uma publicação.
Não se pode crer que um homem com a vivência dele possa ser ingênuo a esse ponto. Discutiu-se tanto a questão do ato de ofício, mas querem mais ato de ofício que a assinatura do presidente do partido em um documento falso?
Genoíno podia ter entrado para a história sem essa, mas optou pela lealdade a um partido e a uma ideologia, ao invés de optar pela lealdade à nação e aos seus eleitores. Dar chilique agora é só adicionar mais um episódio vergonhoso a essa triste história.
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