sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Pra Quê Banco?

Tem gente que vai rir do que eu vou dizer, mas uma pergunta que ninguém faz é: para quê precisamos de bancos?
A respostas mais imediatas são: "para guardar dinheiro"; "para tomar empréstimos quando for preciso" e outras desse mesmo diapasão.

Mas na verdade, não precisamos de bancos para nada. Houve época em que o dinheiro era físico, o vil metal, por isso, por questão de segurança, guardá-lo em um banco poderia ser uma justificativa. E, nem assim, todas as pessoas faziam isso. Havia muita gente que guardava suas moedas, literalmente, debaixo do colchão.

Os bancos foram se introduzindo em nossas vidas, como agentes imprescindíveis quando, na verdade, são apenas intermediários entre nós e o nosso dinheiro e ainda cobram por isso! E vendem de tudo. Quero dizer, vendem o que lhes interessa vender, é claro, como os seguros que você não precisa e os tais títulos de capitalização onde só eles ganham.

Felizmente as coisas estão mudando. Aos poucos, o dinheiro foi se tornando cada vez mais virtual. De moeda em metal precioso, virou papel, depois virou cheque (uma outra forma de papel-moeda). Com a generalização do uso dos cartões de crédito e de débito, o cheque entrou definitivamente em vias de extinção e o dinheiro agora é apenas um registro eletrônico, guardado em um servidor...do banco. 

O banco então passou a ser apenas o administrador de um grande servidor de rede, que contabiliza os movimentos financeiros equivalentes aos bits que entram e os bits que saem das contas dos clientes.
O nosso dinheiro não está no banco. O dinheiro está na nuvem!

Aí vem a grande sacada! Se o dinheiro é expresso apenas por uma informação eletrônica, qualquer pessoa pode armazená-la onde quiser. O dono do dinheiro pode voltar a guardá-lo no colchão! Essa é a moeda virtual, a cripto-moeda, um valor codificado e criptografado que qualquer pessoa pode guardar onde quiser, para o qual não há fronteiras geográficas e nem bancos centrais controladores, nem taxas a serem pagas, nem custos administrativos, nem nada. Ou seja, os bancos estão com os dias contados.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Reforma política

O oligarca mineiro, Antônio Carlos de Andrada, produziu a seguinte frase lapidar: "Façamos a Revolução, antes que o povo a faça". Essa frase explica muito bem o espírito que move a política no Brasil: a dissociação completa entre o que fazem os supostos representantes e o que querem os representados. 

Ou seja, a democracia representativa é uma ficção entre nós. A classe política brasileira, com raríssimas e honrosas exceções, só olha para o próprio umbigo e defende apenas os próprios interesses, que nada tem a ver com os interesses da nação. Não é à toa que ninguém se lembra sequer em quem votou para deputado nas últimas eleições! Vota-se por obrigação, sabendo que o eleito, seja quem for, será mais um a usurpar o mandato popular em benefício próprio e de sua família e amigos.

Essa coisa chamada Reforma Pol´tica de agora é mais um exemplo dessa dissociação. Em primeiro lugar, POR QUÊ A PRESSA?  Diante de tantos problemas e de outras reformas muito mais importantes para a nação, como a reforma da Previdência e a reforma Tributária, os nobres deputados e senadores só falam e discutem sobre a reforma política! E que reforma! O espírito do velho oligarca deve estar feliz: vamos mudar para que fique tudo como está. É isso a síntese da presente reforma. Os nobres representantes do povo estão preocupadíssimos em garantir o financiamento para suas próprias campanhas e que o caciquismo continue vigente, garantido pelo tal distritão.

Agora, fale-se em voto distrital ou em parlamentarismo, com mandatos sem prazo fixo, disso ninguém quer saber. A burla à vontade popular começa obviamente na forma com que limitam a nossa escolha. O sistema atual já é uma porcaria tal, que só pôde gerar isso que está aí. Pois, os políticos querem porque querem piorar ainda mais esse sistema.

Essa dissociação entre os representantes e o povo um dia terá que acabar. É ela a razão dos espasmos políticos que temos a cada 20 anos, das 8 Constituições (*), e dos voos de galinha do desenvolvimento econômico.

Não há país, por mais rico que seja, que aguenta. O mais impressionante aqui é ver como o povo aceita tudo isso e se conforma.

(*) Constituições de 1823, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988.

domingo, 20 de agosto de 2017

Gilmar Mendes de novo!

O ministro Gilmar Mendes envergonha a classe jurídica desse país, há muito tempo. Porém no recente episódio em que concedeu "habeas corpus", em tempo récorde de 24 horas, ao chefe da máfia dos transportes do Rio, ele se superou. Foram dois habeas corpus à mesma pessoa, ambos em tempo récorde.

O chefe mafioso, Jacob Barata Filho, que foi solto pelo ministro, tinha tido prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas, porque se preparava para fugir do país com documentos sigilosos. Mas o grande Gilmar, que foi padrinho de casamento da filha do chefão (apenas uma coincidência), além de não se considerar impedido, foi rápido e rasteiro.

O Supremo fica todo em cheque, até porque seus colegas, mesmo que não concordem com as atitudes do ministro, permanecem em silêncio obsequioso. Essa falta de reação só pode ser explicada, ou pelo corporativismo, ou por conivência, ou por covardia. Nenhuma das explicações engrandece a instituição.

Aliás, historicamente, o Supremo Tribunal Federal sempre falhou com a população, quando mais precisávamos dele. Durante os 15 anos da ditadura de Vargas e, principalmente, durante o Estado Novo, o Supremo conviveu pacificamente com os maiores desmandos e  arbitrariedades do Executivo, sem dar um pio. O mesmo se repetiu durante a ditadura militar instaurada em 64. Pessoas foram arbitrariamente presas, torturadas e mortas e não se ouviu uma voz dos senhores ministros em protesto.

Conclui-se que os ministros do Supremo são muito valentes quando não se defrontam com um poder que os ameace.  Quando é preciso que a voz dos magistrados se levante, como se levantaram as vozes de Ulysses Guimarães, de Mário Covas, de Teotônio Vilela, nessa hora o Supremo Tribunal se esconde e passa de fininho pela história.

Mesmo assim, com essa história pusilânime, não faz bem ao país que qualquer ministro dessa Corte seja visto com suspeição pela população. Merecemos um Supremo tribunal melhor.

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa