quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Reforma política

O oligarca mineiro, Antônio Carlos de Andrada, produziu a seguinte frase lapidar: "Façamos a Revolução, antes que o povo a faça". Essa frase explica muito bem o espírito que move a política no Brasil: a dissociação completa entre o que fazem os supostos representantes e o que querem os representados. 

Ou seja, a democracia representativa é uma ficção entre nós. A classe política brasileira, com raríssimas e honrosas exceções, só olha para o próprio umbigo e defende apenas os próprios interesses, que nada tem a ver com os interesses da nação. Não é à toa que ninguém se lembra sequer em quem votou para deputado nas últimas eleições! Vota-se por obrigação, sabendo que o eleito, seja quem for, será mais um a usurpar o mandato popular em benefício próprio e de sua família e amigos.

Essa coisa chamada Reforma Pol´tica de agora é mais um exemplo dessa dissociação. Em primeiro lugar, POR QUÊ A PRESSA?  Diante de tantos problemas e de outras reformas muito mais importantes para a nação, como a reforma da Previdência e a reforma Tributária, os nobres deputados e senadores só falam e discutem sobre a reforma política! E que reforma! O espírito do velho oligarca deve estar feliz: vamos mudar para que fique tudo como está. É isso a síntese da presente reforma. Os nobres representantes do povo estão preocupadíssimos em garantir o financiamento para suas próprias campanhas e que o caciquismo continue vigente, garantido pelo tal distritão.

Agora, fale-se em voto distrital ou em parlamentarismo, com mandatos sem prazo fixo, disso ninguém quer saber. A burla à vontade popular começa obviamente na forma com que limitam a nossa escolha. O sistema atual já é uma porcaria tal, que só pôde gerar isso que está aí. Pois, os políticos querem porque querem piorar ainda mais esse sistema.

Essa dissociação entre os representantes e o povo um dia terá que acabar. É ela a razão dos espasmos políticos que temos a cada 20 anos, das 8 Constituições (*), e dos voos de galinha do desenvolvimento econômico.

Não há país, por mais rico que seja, que aguenta. O mais impressionante aqui é ver como o povo aceita tudo isso e se conforma.

(*) Constituições de 1823, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988.

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