segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eike e a teoria dos jogos

Não deve ser fácil um camarada ser bilionário, o mais rico do país, estar entre os mais ricos do mundo e, de repente, ver o mundo desabar a seus pés e ir parar em Bangu!
Eike Batista exibia, entretanto, tranquilidade ao embarcar em NY rumo à prisão no Brasil. Tranquilidade ou frieza, não se sabe. O fato é que disse enigmaticamente que "está na hora de passar as coisas a limpo". E está mesmo! Aliás, já passou da hora.

O país não quer mais, o país não aguenta mais, o país não aceita mais, como natural ou inevitável, essa roubalheira dos cofres públicos. Cansamo-nos. Mas parece que a classe política ainda não assimilou muito bem essa nova realidade. Eike, no entanto, como empresário e como apostador que é, já sabe que perdeu e que não adianta espernear. Faz parte. Uma hora se ganha, outra hora se perde. O que ele vai tentar agora é minimizar o prejuízo. Aplicar um programa de redução de danos. E isso passa pela delação, que não será uma delação renitente como a de Marcelo Odebrecht. Marcelo sempre foi rico, já nasceu bilionário, acostumou-se a mandar e ser obedecido. Por isso, cedeu com relutância, fazendo cara feia. Entregou o que tinha que entregar a conta-gotas e a contragosto.

Eike é diferente. Nunca foi pobre, mas também não era bilionário. Seu pai foi um grande executivo, diretor da Vale, mas, ainda assim, um empregado corporativo e,  mineiro de Nova Era, sempre teve um perfil matreiro, cauteloso e discreto. Da mãe, alemã, Eike deve ter herdado a disciplina e, talvez, a frieza (ou fleugma) com que joga as cartas que recebe. Para Eike tudo é um jogo, inclusive a delação. A PF mexe as peças de lá e ele mexe as peças de cá. Avalia os riscos, os prós e os contras e entrega, sem pestanejar, o que tiver que entregar para salvar a si e o que puder salvar de suas organizações. 

Portanto, podemos esperar lances emocionantes nessa fase da partida em que já se sabe que o Ministério Público  (e o povo brasileiro) sairão ganhando. É impossível ganhar da banca! Resta a cada um dos jogadores tentar diminuir seus próprios prejuízos, aumentando os dos demais, seus colegas (ou comparsas).


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Trumpalhão

Uma coisa é certa, Donald Trump vai dar trabalho. A sua eleição à presidência dos Estados Unidos foi, mas ou menos, como a do rinoceronte Cacareco que, em 59, foi o "candidato" a vereador mais votado do Rio de Janeiro. A única diferença é que a "eleição" do Cacareco não foi reconhecida pelo TRE.
Obviamente, quem votou no Cacareco não estava imaginando que o carismático rinoceronte iria sentar-se em uma das cadeiras da Câmara na subsequente legislatura.
Acho que, do mesmo modo, muitos eleitores americanos votaram no Trump, meio que de raiva e de provocação, imaginando que uma "coisa" daquelas jamais seria eleito. Mas foi!
Aí é que está o problema com o qual todos teremos que conviver durante pelo menos 4 anos.

Trump é um menino mimadinho que não gosta de ser contrariado. E faz biquinho! Mas tem ao alcance da mão os "botões" que podem disparar armas nucleares contra qualquer um que, em sua infantil e fértil imaginação, possa significar uma contestação aos seus desejos. O poder para Trump é um substituto do pênis!

Do outro lado do muro, há uma outra "criança" mimada e poderosa: trata-se do ditador King-Kong II (não sei e nem quero aprender como se escreve o seu nome) da Coréia do Norte. Nessa brincadeirinha de guerra entre eles, tudo pode acontecer, desde nada, até umas bombinhas estourando aqui e ali.

Agora, Trump confirma que vai construir o muro separando os dois Estados Unidos, os Estados Unidos da América e os Estados Unidos do México (são os nomes oficiais). E diz que vai fazer os mexicanos pagarem por ele, via "confisco" das rendas que os imigrantes, que vivem nos Estados Unidos do Norte enviam para suas famílias do Sul! Se isso será realmente implementado não se sabe, mas não custa levar em consideração que tudo é possível em se tratando de Donald Trump.

O que mais nos espera? O governo ainda nem começou. Se fosse no Brasil o presidente ainda estaria se degladiando com os partidos para formar o primeiro escalão. Claro, que ser ministro por aqui é muito melhor negócio do que ser secretário por lá. Até o nome que damos ao cargo é mais pomposo. Afinal, um secretário apenas auxilia o presidente. Um ministro, ministra (*)! É muito diferente! Um médico ministra um medicamento ao doente. Um professor ministra aulas. Um sacerdote ministra os sacramentos. Em nenhum desses exemplos o verbo pode ser substituído por secretariar. 

Mas, voltando ao Trump, o governo começou há uma semana e já está em pleno vapor. Ele demonstra que chegou com força e com vontade! Vai dar um trabalhão!

(*) Ministrar é sinônimo de: prestar, aplicar, fornecer, dar, administrar, servir e (vejam que interessante!) propinar!




quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Brasil de Mentira e Brasil de Fato

Tá difícil!A escolha do novo ministro do Supremo vai ser uma daquelas coisas que será criticada de qualquer maneira, não importa qual seja. Nessa hora todos ficam compungidos e querem que o Brasil finja ser um país de primeiro mundo e que se escolha um magistrado com idéias modernas, que seja inclusivista, a favor das minorias, que aprove o casamento gay, o aborto em quaisquer circunstâncias dependendo apenas da vontade da mulher, seja contra a superlotação dos presídios, contra o rebaixamento da maioridade penal, etc., etc.

Do outro lado do espectro fica a situação real, em que as mulheres, os gays e os héteros são vítimas da violência todos os dias, abortos são feitos na clandestinidade, escola para os pobres é apenas uma ficção, o esgoto percorre a céu aberto a periferia de grandes metrópoles, o tráfico de drogas domina uma parte do território nacional, as unidades de suposta ressocialização de menores infratores são apenas depósitos temporários de adolescentes que jamais sairão da carreira criminosa até porque não tem alternativa.

O ministro do Supremo terá duas férias por ano e um salário, bonificações, benesses, privilégios, auxiliares, auxílio-moradia, auxílio-terno, abonos, indenização e antecipação de férias, gratificação natalina (13.º salário) e pagamentos por serviços extraordinários, por exemplo. Enquanto isso o sistema prisional é essa outra ficção que o Estado, através do poder judiciário, finge que controla e os prisioneiros nem sequer fingem que obedecem.

Como conciliar a ação desse ministro atualizado com o que há de mais politicamente correto, com o estado medieval em que sobrevivem as criaturas sob a tutela do judiciário e mesmo as outras que vivem por aí ao deus-dará sem a tutela, mas também sem a proteção de ninguém? Esse novo ministro será apenas mais um que, tal como monges bizantinos, se deleitará na Corte a discutir o sexo dos anjos, enquanto a sujeira e o esgoto passam pela sua porta.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Era da Insegurança

A era da insegurança! Esse poderia ser o nome da era em que vivemos. Estamos em permanente sobressalto, sem saber o que vai acontecer nos próximos 20 minutos. E, nos próximos 20 minutos tudo pode mudar.
No Brasil, cada semana é uma maratona. O ano de 2017 já começou com a crise dos presídios, as lutas de facções, logo depois vem a bomba da morte de Teori Zavascki, desmanchando todas as certezas que tínhamos sobre o andamento da Lava Jato.

Nos Estados Unidos, a posse do pato Donald, oops, Donald Trump, traz um grande imponderável para o centro das grandes questões mundiais. O que vai acontecer ninguém sabe e nem se arrisca a especular. Uns pensam que Trump desencadeará a 3ª Guerra Mundial, o Apocalipse nuclear. Outros, que as atitudes dele são inconsequentes e que acabará para fazer um papel apenas ridículo no comando da nação mais poderosa do planeta. Talvez não seja nem uma coisa, nem outra, mas o certo é que sua assunção ao cargo de presidente dos Estados Unidos acaba por trazer mais incerteza e insegurança ao mundo.

Uma grande questão é: por que o Putin teria interesse na eleição de Trump? Por conhecê-lo bem e saber que não passa de um fanfarrão que pode ser manipulado? Talvez! O certo é que, se Putin, mexeu os pauzinhos para influenciar o resultado da eleição americana a favor de Trump, boa coisa não deve surgir daí.

Outro ponto: Trump quer enfraquecer a China, mas ao se retirar do cenário mundial e, especialmente, ao retirar seu país do Tratado de Comércio Transpacífico, o que ele faz é fortalecer a China, que não faz parte desse tratado e agora passa a ter domínio sobre o comércio na Ásia.

Talvez a insegurança que se espalha pelo globo seja apenas uma decorrência do fato de não termos mais as certezas do passado. O homem acha que pode prever o futuro, deduzindo-o das condições presentes. É um engano, mas esse engano nos dá uma sensação de segurança. Quando nos vemos na situação de imprevisibilidade, como agora, a insegurança fatalmente se instala, mas não há, objetivamente, nenhuma piora na nossa capacidade de prever o que vai acontecer. O futuro sempre foi e será uma incógnita. Nesse aspecto, nada mudou.

A bosta do Estado

Não há outra expressão - ou melhor, há mas as outras expressões cabíveis são ainda mais chulas, de calão ainda mais baixo - para descrever o Estado brasileiro. Esse Estado é uma porcaria: basta olhar para as rodovias, os postos de saúde, as escolas públicas!
Percorrer um trecho, por exemplo, da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade é se submeter a uma aventura de risco e assistir a um espetáculo de terror. Já em 2014 o jornal Estado de Minas trazia uma reportagem com a manchete: BR-381: trecho entre BH e Monlevade é o mais perigoso em Minas Gerais. De lá para cá, a situação piorou!

A rodovia tem a  mesma estrutura de 40 anos atrás. São súbitos estreitamentos de pista, de uma pista já estreita, ultrapassada e obsoleta. São pontes, ou melhor, pinguelas de 40 anos, que surgem na frente do motorista afunilando a via. No trechos próximos a Belo Horizonte, as favelas e animais invadem a pista.
Casebres estão a 2 metros da rodovia, ou até menos. Não se sabe como ainda não ocorreu um acidente grave, destruindo essas "casas" e provocando uma carnificina. É uma rodovia federal e o Dnit fecha os olhos a esse absurdo!

Para onde vai e foi toda a arrecadação anual dos IPVA's? E para onde etá indo o dinheiro dos pedágios dos trechos "concedidos" a empresas particulares? Cadê as duplicações prometidas? Aliás, duplicação dessas rodovias é até um luxo diante da situação atual. Uma simples manutenção do asfalto não é feita.
Não há sinalização horizontal, nem vertical em vários trechos. Em dias de chuva torna-se uma questão de sorte trafegar e chegar em segurança ao destino.

Tudo isso sem falar no aumento desnecessário do tempo das viagens (aumentando o cansaço dos motoristas e o risco) e do consumo de combustível. Para quê serve um Estado que não faz nada pela população? Temos que questionar isso. Estamos dispostos a abrir mão de parte da nosa renda pagando impostos (que já chegam a mais de 40% da produção nacional de riqueza) para qual objetivo? Para manter um pantagruélico monstro que suga tudo o que pode e jamais se satisfaz e não nos devolve nada?

Não nos devolve nada, pois temos que pagar tudo em dobro. Pagamos IPVA, mas se quisermos andar em uma estrada mais ou menos satisfatória, temos que pagar o pedágio.
Se quisermos dar uma educação melhorzinha para os filhos, temos que pagar para eles uma escola particular. Se quisermos ter uma assistência médica quebra-galho, temos que ter um plano de saúde privado.

Não dá. Não dá mais. O povo tem que dizer que, definitivamente, basta! Fizemos o papel de trouxas até agora, mas não está dando mais para continuarmos sob uma situação como esta.  Temos que zerar tudo e começar de novo, construindo um Estado que nos sirva, não o contrário. Em 2018 deveríamos eleger uma Constituinte e, na qual, ninguém que já tenha exercido qualquer cargo público de nível federal ou estadual poderia ser eleito. Se quisermor renovar o país temos que começar renovando os nossos representantes.

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa