segunda-feira, 29 de junho de 2015

Berreiro geral

Interessante perceber como que, depois da prisão do presidente da Odebrecht, levantaram-se várias vozes argumentando que a prisão é ilegal, que é pre-julgamento, que isso, que aquilo...
Essas mesmas vozes, algumas se pretendem liberais e até anti-petistas, nunca foram levantadas em defesa das centenas, milhares, de pobres coitados que são atirados às grades todos os dias nesse país, muitos sem culpa formada e que ficam anos aguardando julgamento.
Vão dizer que um erro não justifica o outro, mas o fato é que os erros contra os pobres são continuados e persistentes. No caso dos poderosos, nem precisa ser um erro, basta alguém ameaçar tocar nos seus privilégios que vem a grita. E isso é uma constatação, não se trata de ódio contra a elite branca, até porque penso que todo povo que se preze deve ter uma elite, sim, que lhe sirva de exemplo, que seja constituída pelo que houver de mais culto, inteligente e valioso entre os bens desse povo.
Até as pedras sabem o que fizeram e fazem essas empreiteiras no país. Ao invés de elite, elas são perfeitos exemplos do atraso, tal qual as velhas oligarquias, são patrimonialistas, julgam-se donas do Estado, agarram-se a privilégios, estão cheias de vícios e, incapazes de inovar e driar valor, sobrevivem só às custas de sua simbiose com o poder público. Aliás a palavra certa não é simbiose, é parasitismo.
Com o poder de que dispõem e com a riqueza que acumularam, mandam e desmandam no Estado brasileiro e isso não é de hoje. Promovem cartéis, fecham o mercado à concorrência, determinam preços para as obras públicas, ou seja, fazem o que querem com o dinheiro dos impostos dos cidadãos. E alguém será ingênuo a ponto de crer que nas relações com a Petrobras, desvendadas pela Operação Lava Jato, foram todos uns santos. 
A Odebrecht e a Andrade Gutierrez, como dizem seus advogados, sempre se portaram com lisura total e pleno respeito às leis! Vamos crer.

Essas vozes indignadas fazem um discurso muito bonito e que seria impecável em um país onde as instituições funcionassem. Aqui, infelizmente, o que decide é o poder do dinheiro. Esse mesmo poder é o que escreve as leis. Portanto, ater-se à letra da lei, não significa nada a não ser aceitar passivamente que a justiça só funcione "contra" os pobres. Aos ricos nada afeta. Temos inúmeros exemplos da impunidade dos poderosos e esse caso é, finalmente, uma quebra de paradigma. 

As vozes indignadas reclamam também do que chamam "a espetacularização das prisões" e dizem que isso é uma característica das ditaduras. No entanto basta lembrar o caso do todo-poderoso ex-presidente do FMI, preso em NY e
 levado algemado pra cadeia por ter tentando estuprar uma imigrante. Seriam os EUA o exmplo de uma ditadura? 
No Brasil tudo é invertido. Aqui até a frase cínica que justifica o tratamento privilegiado dos oligarcas deve aplicada ao inverso de tão branda que é a lei. A regra aqui é "Para os inimigos, tudo; para os amigos, a lei". 
Mas isso está acabando, felizmente, e graças a um grupo dedicado como esse da Polícia Federal, Ministério Público e um juiz como Sérgio Moro. Sinto orgulho de meu país quando a justiça começa a funcionar para todos (erga omnes). 

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