terça-feira, 10 de abril de 2012

Tsunami de besteiras

Bem xoxa essa viagem aos States, hein? Nada de declarações bombásticas, nem mesmo sobre Guantânamo, prisão de terroristas, que ela entretanto fez questão de criticar em sua recente passagem por Cuba, ao mesmo tempo em que ignorava as centenas de presos políticos que apodrecem nas masmorras cubanas sem uma palavra de solidariedade dessa ex-presa política.
De tudo o que colheu nessa visita ao "irmão do norte" parece que o mais importante foi a liberação da cachaça por lá. Agora os Estados Unidos reconhecem a cachaça como bebida brasileira e nós reconhecemos o bourbon como bebida americana. Que novidade! Ah, mas a cachaça agora vai ser importada sem tarifas por eles, ou seja, os bebuns de lá vão deitar e rolar. E viva a indústria nacional (da cachaça).
Ah, D. Dilma reclamou também do tsunami...de dólares que estão vindo para cá. Segundo ela, isso é que está desindustrializando o Brasil, não são os custos abusivos do país, a sua monstruosa carga tributária, o desperdício, a roubalheira, que fazem a indústria nacional perder competitividade no mercado internacional, não. A culpa é do Tio Sam que libera muitos dólares para reativar sua economia e esses dólares inundam o Brasil "estragando" a nossa. Coitado do Obama, tem que ouvir cada coisa e ainda fazer cara boa e dizer que é um sortudo.
Se não fosse pela diplomacia era para o Obama responder:
minha senhora, dólares sempre vão para onde são melhor remunerados. Como vocês no Brasil são ricos e podem pagar aos nossos investidores taxas de até 40% ao ano porque não migrar para lá? Se a senhora quisesse realmente ajudar a ecomomia de seu país deveria baixar os juros a quase zero de modo que os nossos dólares ficariam aqui e os seus reais é que iam querer vir para cá.
Fico sem saber se essa gente do governo faz essas coisas de caso pensado mesmo ou se realmente acreditam na seriedade disso que falam. Em qualquer dos casos é uma lástima porque, ou não conseguem enxergar a realidade, ou fingem que ela é outra coisa. Isso significa que a realidade ficará como está, com suas mazelas, seus problemas e nosso país ainda vai custar muito para sair da situação de pobreza e ignorância em que essa classe política o tem mantido.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Não me engana que eu não gosto

Agora o caso é sério. Joseph Blatter, presidente da Fifa, apesar de todos os diplomáticos dedos e todos os salamaleques que a liturgia do cargo requer, disse alto e bom som o que já deveria ter dito há muito tempo: queremos ação e não só palavras.
Caro Sr. Blatter, ou o senhor está sendo ingênuo ou está jogando pra torcida. Quem conhece - ou pelo menos deveria conhecer - a turma governante desse país de faz-de-conta, sabe, ou deveria saber, que não se trata de gente séria. Trata-se de gente acostumada a falar mentiras, de cima de um caminhão físico ou virtual, para um povo inerte e ignorante, que acredita ou finge que acredita. Trata-se de gente que quer usar a Copa como cabo eleitoral e como mais uma fonte de roubalheira e não está nem minimamente preocupada com o sucesso ou insucesso desse evento esportivo em si.
Obras em estádios, transportes, acomodações? Tudo isso vai ficar pra última hora para permitir contratos sem licitações ao quíntuplo do preço justo. Não adianta a Fifa gritar, nem espernear, nem xingar. Nada vai ser diferente, o script já está montado antes mesmo da escolha do Brasil como sede.
Sr. Blatter, sabe o que a Fifa deveria fazer enquanto é tempo? Cancele tudo e mude o evento com mala e cuia pra Inglaterra. Lá já estão preparados e a União Européia, em crise financeira, agradece.

quinta-feira, 29 de março de 2012

São Chico e São Millôr

Em uma semana lá se foram Chico Anísio e Millôr. E o Brasil ficou mais triste e mais burro. Talvez seja um (mau) sinal: dois humoristas partindo de uma só vez; isso deve nos levar a refletir em que nação estamos nos transformando.
O riso fácil, o bom humor, a gozação, a capacidade de achincalhar e expor as mazelas escondidas em pretensas coisas sérias, a carnavalização e o deboche (no bom sentido) sempre foram características essencialmente brasileiras, mais bem representadas pelo que se convencionou chamar de "alma carioca". Tudo isso foi muito bem sintetizado na arte desses dois monstros sagrados: o guru do Méier e o gênio dos caracteres.
Gênios de outro tempo, um tempo em que não éramos politicamente corretos, mas éramos mais sinceros em nossos sentimentos e palavras. Um tempo em que se podia rir de tudo e principalmente de si mesmo, sem culpa e sem precisar de explicações. Tempo em que dicionários não eram ameaçados de censura. Tempo em que os fundamentalismos e os fanatismos não encontravam terreno onde prosperar, pois éramos um povo que não acreditava fácil, que duvidava de tudo e que sempre conseguia perceber as intenções veladas por baixo das peles de cordeiro.
Estamos perdendo essa característica, estamos nos tornando um povo mal-humorado, correndo para lá e pra cá, esbaforidos no trânsito, estressados, com medo permanente de tudo e de todos, com medo do Outro. É por aí que proliferam os extremismos, o fanatismo e o fundamentalismo. Nessas áreas escuras da vida social, onde o riso é suprimido, é que vicejam os germes do totalitarismo e do fascismo. Que S.Francisco Anísio e S.Millôr orem por nós e nos protejam.

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