Mal se começou a computar os votos e já temos um panorama completo dos porões onde atuavam os ratos da República. A situação é pior do que se poderia imaginar. Empresas pretensamente sérias emitindo notas fiscais frias aos borbotões, documentos sendo fraudados e destruídos às pamparras, contabilidade bancária mais parecida com contabilidade de jogo do bicho (aliás, todos os dois ramos de "negócio" são comandados por banqueiros), empréstimos fictícios, dinheiro vivo sendo distribuido na boca dos caixas e enfiados nos bolsos, nas bolsas, nas cuecas e sabe-se-lá onde mais.
Tudo isso patrocinado por um banco privado de razoável credibilidade, por um banco estatal vetusto e grave como o Banco do Brasil, por uma empresa de publicidade considerada importante e ... por várias, muitas, Excelências! Toda essa farra criminosa aconteceu sob as barbas do presidente, que nada viu e de nada soube. Crimes continuados foram articulados entre as quatro paredes do palácio do Planalto, como disse o Procurador-Geral. O palácio de governo se tornou um covil.
As teses da defesa agora vão se desmontando uma a uma. A explicação endossada pelo ex-presidente e seu partido era baseada em três premissas: a) não houve mensalão; b) não era dinheiro público; c) o dinheiro era para pagar despesas de campanha.
Essa explicação justificava inclusive a leniência com os mensaleiros. Afinal, teriam participado de um crime "menor" e para benefício do Partido, em nome do qual tudo se desculpa. Essa era pelo menos a justificativa usada pela militância mais envergonhada.
Agora, com as primeiras condenações já se pode dizer oficialmente que o dinheiro foi usado para corrupção, sim; e era, sim, dinheiro público; houve sim o pagamento regular de aliados; enfim, houve o mensalâo. E foi o maior escândalo como "nunca-antes-neste-paíz" já se tinha visto!
Armar uma quadrilha desse porte, envolvendo banqueiros, altos funcionários públicos, dirigentes de empresa, marqueteiros, vários partidos políticos e uma quantidade enorme de políticos da esfera federal, todos arriscando suas carreiras, suas empresas, suas reputações, não é obra para peixe pequeno. Só poderia ser idealizada e executada por alguém que, além de ter intimidade com o poder (ou ter nas mãos o próprio poder), pudesse avalizar e dar garantia de impunidade.
Portanto não é crível que um peixe miúdo como Delúbio Soares, sozinho, pudesse engendrar um plano criminoso tão complexo e com tantas pontas a amarrar como esse.
Pode ser que se condene, pode ser que não, mas um dia a história será contada com todas as letras e saberemos quais foram os mentores, os gênios por trás dos panos do mensalão.
sábado, 1 de setembro de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
É bobo ou espertalhão?
Lula, mais uma vez, faz o papel de ignorante (ou espertalhão). Disse que está decepcionado com o voto dos ministros indicados por Dilma, (Fux e Rosa Weber) que votaram pela condenação de João Paulo Cunha.
Ora, o que Lula esperava? Que os indicados por ele e sua sucessora tivessem o compromisso de votar conforme a vontade e interesse de quem os indicou?
Isso mostra que Lula, ou não entende como funcionam as instituições da República, ou propositalmente finge não entender. Desconhece, apesar de ter sido presidente, que o poder Judiciário é ser um poder independente do Executivo.
Ao dizer o que disse, quer equiparar a nomeação de um ministro da Suprema Corte à nomeação de apaniguados para os demais cargos públicos, loteados entre os "companheros".
Em qualquer dos casos é vergonhoso que um ex-presidente se manifeste assim, desprezando completamente a ética e ofendendo os ministros indicados por ele e por sua sucessora, ao atribuir-lhes uma obrigação tácita de subserviência que eles evidentemente não podem ter.
Mas estamos acostumados a essas manifestações de Lula de desprezo e desconsideração pela lei e pelas instituições democráticas e republicanas.
Ora, o que Lula esperava? Que os indicados por ele e sua sucessora tivessem o compromisso de votar conforme a vontade e interesse de quem os indicou?
Isso mostra que Lula, ou não entende como funcionam as instituições da República, ou propositalmente finge não entender. Desconhece, apesar de ter sido presidente, que o poder Judiciário é ser um poder independente do Executivo.
Ao dizer o que disse, quer equiparar a nomeação de um ministro da Suprema Corte à nomeação de apaniguados para os demais cargos públicos, loteados entre os "companheros".
Em qualquer dos casos é vergonhoso que um ex-presidente se manifeste assim, desprezando completamente a ética e ofendendo os ministros indicados por ele e por sua sucessora, ao atribuir-lhes uma obrigação tácita de subserviência que eles evidentemente não podem ter.
Mas estamos acostumados a essas manifestações de Lula de desprezo e desconsideração pela lei e pelas instituições democráticas e republicanas.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
O (mau) exemplo do ministro
Dias Toffoli votou como Dias Toffoli. Não poderia nem ter votado, uma vez que, tendo sido advogado do Partido, deveria, por imposição ética, ter se declarado impedido. Seu voto constrange o Supremo e coloca em suspeição o resultado.
Não dá para entender seu afã em participar de um julgamento que só pode ser uma verdadeira "saia justa". Para se livrar da desconfiança teria que condenar todos os mensaleiros, especialmente os petistas, mesmo que não tenha plena convicção de sua culpa. Quando os absolve (como fez com João Paulo Cunha) passa imediatamente a impressão de que o fez por fidelidade aos seus antigos companheiros.
Até parece que as instituições brasileiras já não estariam suficientemente desacreditadas, que o povo confiaria nas autoridades, no Congresso, na polícia, na Justiça.
O que menos a República precisa agora é de uma suspeita pairando sobre o voto de um ministro da Suprema Corte do país.
Como somos um país cordial ninguém com capacidade de argüir o ministro o fez. A "urbanidade" fala acima de tudo. Ninguém quer ser o chato da vez, o cri-cri, o picuinha. Preferimos passar por cima de tudo, varrer tudo para debaixo do tapete e continuarmos a vidinha de mentira como se tudo estivesse resolvido.
Desse jeito jamais sairemos da mediocridade. Se não formos capazes de ver com os olhos bem abertos nossos defeitos e nossos problemas, não seremos capazes de corrigí-los e nosso destino será o de continuar a ser eternamente o país de um futuro que nunca chega.
O exemplo vem de cima, ministro Dias Toffoli!
Não dá para entender seu afã em participar de um julgamento que só pode ser uma verdadeira "saia justa". Para se livrar da desconfiança teria que condenar todos os mensaleiros, especialmente os petistas, mesmo que não tenha plena convicção de sua culpa. Quando os absolve (como fez com João Paulo Cunha) passa imediatamente a impressão de que o fez por fidelidade aos seus antigos companheiros.
Até parece que as instituições brasileiras já não estariam suficientemente desacreditadas, que o povo confiaria nas autoridades, no Congresso, na polícia, na Justiça.
O que menos a República precisa agora é de uma suspeita pairando sobre o voto de um ministro da Suprema Corte do país.
Como somos um país cordial ninguém com capacidade de argüir o ministro o fez. A "urbanidade" fala acima de tudo. Ninguém quer ser o chato da vez, o cri-cri, o picuinha. Preferimos passar por cima de tudo, varrer tudo para debaixo do tapete e continuarmos a vidinha de mentira como se tudo estivesse resolvido.
Desse jeito jamais sairemos da mediocridade. Se não formos capazes de ver com os olhos bem abertos nossos defeitos e nossos problemas, não seremos capazes de corrigí-los e nosso destino será o de continuar a ser eternamente o país de um futuro que nunca chega.
O exemplo vem de cima, ministro Dias Toffoli!
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