segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Turismo na favela

O Rio é uma região conflagrada. Visitar certos sítios lá é como ir a Aleppo durante a ocupação do Estado islâmico. É uma atitude de risco! Tem gente que vai. Jornalistas vão. Mas, de vez em quando, um acaba sendo morto.
No caso dos jornalistas, isso é um risco da profissão. No caso dos turistas é simplesmente uma escolha, mal feita e mal assessorada por "agências" de turismo, só interessadas no ganho e que estão pouco se lixando para o seu cliente.
Nada justifica o que aconteceu a essa turista espanhola, mas, sinceramente, favela é lugar de fazer turismo? Ainda mais favela dominada pelo tráfico, como quase todas são!?

Favela é o símbolo do descaso do Estado pelos deserdados. É um local de degradação urbana. Não é lugar para se tirar fotinha e postar no Instagram pros amigos. "Vejam, que legal! Eu estive numa favela no Rio de Janeiro! Vejam como é que os miseráveis brasileiros vivem!"

A miséria representada por uma favela é uma condição que não deveria existir, se o estado, em países como o Brasil, cumprisse minimamente a sua função. Os seres humanos, que ali são confinados para sobreviver sob o domínio de traficantes de drogas,  tem os seus direitos diuturnamente desrespeitados. Não há nada de bonito ali. Tudo ali é uma denúncia. 

E esses pobres coitados ainda tem que expor a sua miséria, a sua pobreza e a sua degradação, como animais exóticos, para as fotografias dos gringos, que chegam do primeiro mundo a passeio pelos becos sujos e vielas, como se visitassem um grande jardim zoológico! Para quê? 

Acaba acontecendo uma tragédia como essa, desnecessária, mas previsível. É mais um caso de distorção e inversão de valores. Com isso, talvez, por um tempo, os turistas prefiram mesmo ir ao jardim zoológico, ou ao Pão-de-açúcar. Mas só por um tempo. Depois tudo volta ao "normal".


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Empurrão para o abismo

A mídia a toda hora reafirma que "as instituições estão funcionando". Funcionando como, cara-pálida? Alguém pode me explicar como é que um poder Judiciário, diante de todas as aberrações vistas e ouvidas, fitas gravadas, mochilas de dinheiro, resolve abrir mão de suas prerrogativas e ainda se diz que "as instituições estão funcionando"?

Onde é que fica o tal sistema de freios e contrapesos? Qual é o freio que o STF exerceu? Qual é o contrapeso ao poder absoluto que conferiu ao Senado? O Senado hoje pode tudo. Podem roubar à vontade, podem criar e manter, como tem criado e mantido, organizações criminosas em permanente ação contra o país inteiro.

Hoje quem está no poder é Renan Calheiros, Fernando Collor, Jáder Barbalho, Romero Jucá e, obviamente, Michel Temer e sua turma.
Já, por sua vez, a Câmara consegue ser ainda pior que o Senado. Tem um quarto de seus membros sendo investigados. E o restante que, ainda não está, não é muito diferente, como raras e notórias exceções.

E o executivo?? Dá até medo de falar! O executivo é apenas uma extensão da Câmara, ou vice-versa. Michel Temer pontifica sobre os dois e sabe fazer muito bem esse jogo, principalmente agora que tem a chave do cofre.

E isso significa que as instituições estão funcionando? Na verdade, estão, mas estão funcionando como organizações mafiosas, tomando conta de tudo, controlando territórios tal como traficantes de drogas. Não tem nada funcionando para o benefício do país.

Cada vez mais toda essa classe política, incluindo-se aí o Supremo, está nos demonstrando que não há saída institucional. Ninguém vai cortar na própria carne. E se não há saída institucional, o que vai acontecer? Outra saída possível está fora das instituições, mas essa pode nos salvar ou nos levar para a beira do abismo. O problema é que estamos sendo empurrados nessa direção pela irresponsabilidade dos membros dessas famigeradas "instituições".

Senado de merda

Ninguém se surpreendeu com o resultado de ontem, no Senado. Aliás, surpresa seria se o resultado tivesse sido diferente. O que se pode esperar de nossas casas legislativas? Legislar em causa própria é só o que eles fazem.
Com mais de 40 senadores suspeitos de envolvimento em crimes, o que espanta é que não haja na República nenhum mecanismo para impedir que esses suspeitos participem de decisões que interessam diretamente a eles.
Quem poderia e deveria ter feito esse papel é o Supremo, que vergonhosamente abriu mão de sua responsabilidade e transferiu para as raposas a decisão sobre o galinheiro.
Para quem teve estômago para assistir à sessão de ontem, o discurso inflamado e pseudo-indignado de Romero Jucá, senador por Roraima, ficou como um símbolo da desfaçatez, da falta de vergonha e de decoro público. Do mesmo modo, o discurso moralista de Humberto Costa do PT, ficou ridículo. Deviam ter votado a favor do afastamento e Aécio, mas sem discurso, porque tudo o que acusam Aécio de ter feito, foi também feito pelo seu líder e demiurgo. Portanto, a indignação seletiva não "cola".
Isso mostra que o PSDB é um partido muito mais "maneiro" que o PT. O PSDB não briga com ninguém, age nos bastidores, tal como o PMDB do qual é um filhote. É por isso que está sempre em cima do muro e é por isso que o desencanto da população com a política atingiu níveis récordes.
Não há partidos, nem ideologia, na política brasileira. O que há são grupos de pessoas, em alguns casos, verdadeiras quadrilhas, que se ajuntam para defender interesses próprios que nada tem a  ver com o povo que deveriam representar.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Justiça de merda

O que é Abdel Massih? Médico ele não é. Nunca foi. Médicos são seres humanos, sujeitos a erros como todos nós, mas médicos são o oposto desse cafajeste de jaleco branco, esse charlatão e criminoso que conseguiu enganar a tanta gente.
Abdel Massih é uma aberração da natureza, um psicopata que deveria estar afastado do convívio com a sociedade há muito tempo.
Mas Abdel Massih é rico. Ficou rico às custas de uma grande fraude profissional e agora, como outros criminosos, usa o dinheiro espúrio para pagar grandes advogados, que conseguem, para ele, o que centenas de milhares de brasileiros pobres jamais conseguirão.
Abdel Massih pôde fugir do Brasil porque foi libertado por um "habeas corpus" concedido pelo ministro Gilmar Mendes. E agora, o Supremo Tribunal Federal, aquele mesmo tribunalzinho que se curvou aos interesses do Aécio, lhe concedeu o direito à prisão domiciliar, ou seja, um simulacro de cadeia. Em casa, poderá gozar de todo o conforto que lhe proporcionar a riqueza conquistada em cima do sofrimento de meia centena de mulheres.
É tudo uma grande palhaçada. Como é que um condenado a 181 anos de prisão, cumpre 4 ou 5 e depois vai pra casa, livre, leve e solto?
Os doutos juristas podem vir com os argumentos que quiserem, mas não convencem ninguém.
O fato é que, nem que esse monstro vivesse até apodrecer atrás das grades, nem assim, o sofrimento que causou e ainda causa às suas 48 vítimas, seria reparado. Não há reparação para isso.
Mas a justiça brasileira mostra, mais uma vez, que é uma justiça de merda. 

domingo, 15 de outubro de 2017

República em frangalhos

Como Alice no País das Maravilhas, estamos em queda permanente, sem chegarmos nunca ao fundo do poço.  Quando pensamos que o pior já passou, algo nos mostra que ainda não, ainda há mais descida pela frente e ninguém sabe onde vamos parar.

Os analistas políticos estão sem ter mais o que dizer. A República chegou a um estado de baixeza inimaginável, inconcebível. Os 3 poderes estão podres, como qualquer um pode perceber. Não há em quem se possa confiar.

Líderes, nem pensar. Os que poderiam exercer esse papel estão enlameados até os cabelos e a única coisa que pensam e fazem é como irão se livrar de uma cobrança da justiça. E das altas cortes nãose pode esperar também nada de bom. A única justiça que está funcionando nesse momento no Brasil é a da primeira instância em Curitiba, no Rio e no Distrito Federal. São 3 juízes que estão mudando o Brasil!

Imaginemos então se as demais instâncias do Judiciário fossem tão íntegras e sérias como esses 3 juízes. O Brasil estaria salvo da quadrilha que se aboletou no poder. Infelizmente, o que se vê e o que se constatou na semana passada, foi o contrário. O que se viu foi um Supremo Tribunal dobrar-se aos interesses da quadrilha. O que se viu foi a presidente da Corte gaguejar, titubear, enunciar uma sentença que nem ela mesma entendeu.

A República brasileira está acabada. É preciso um corte e uma refundação, sem a presença deletéria de todos esses que a destruíram. Como que isso será feito é, por enquanto, a grande incógnita.

sábado, 14 de outubro de 2017

Horário de verão (2)

Tem gente que adora o horário de verão. Deve ter. Eu não conheço ninguém, mas deve ter. Em compensação, há muito mais gente que detesta essa mudança estúpida no ritmo biológico das pessoas.

O horário comercial, com intervalo de almoço, ao qual nos adaptamos, já é por si só uma violência contra a natureza. Foi implantado, por interesse das empresas, na era da Revolução Industrial, para as quais era importante uniformizar os horários de trabalho, e daí por diante fomos obrigados a ter fome e sono nos horários predeterminados. O horário escolar, como consequência, seguiu o mesmo padrão, para obviamente coincidir com o horário dos pais das crianças.
Antes disso, as pessoas paravam o trabalho para comer quando sentiam cansaço ou fome, não o contrário.

O horário de verão é ainda uma agressão maior ao ciclo circadiano, que é o relógio biológico de todos os seres vivos. De repente, temos que fazer tudo uma hora mais cedo. Deitar-se sem ter sono, acordar capengando, almoçar sem estar com fome, etc., etc. Não há dúvida alguma que isso faz um estrago no organismo, aumenta a secreção de cortisol e, consequentemente, a pressão sanguínea, a irritabilidade, o número de acidentes no trânsito e o número de acidentes de trabalho.
O custo disso ninguém computa e mesmo a propalada economia de energia já se verificou que praticamente inexiste.

Esse horário esdrúxulo, portanto, não traz benefício algum. Então, no balanço geral o que há é prejuízo certo. Tanto é assim, que o governo Temer disse que vai fazer uma enquete sobre a continuidade desse famigerado horário de verão. Esperemos que o bom senso prevaleça a partir do próximo ano.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Os bancos recebem o troco

Durante décadas, os bancos, especialmente no Brasil, ignoraram seus clientes. Como sempre mamaram nas tetas dos juros da dívida pública, os clientes do chamado "varejo" eram apenas tolerados por causa da obrigação legal.

Se não fosse isso, não passariam da porta. As empresas privadas de médio e pequeno porte  também nunca receberam tratamento melhor.
E tome juros estratosféricos por um cheque especial e por um empréstimo pessoal ou corporativo. Enquanto isso, os aplicadores (chamados investidores) sempre foram pessimamente remunerados, recebendo por seu dinheiro parado na instituição, taxas 7 a 10 vezes menores que os juros cobrados dos tomadores de empréstimo.

Com o plano real, que interrompeu um ciclo hiperinflacionário, os bancos, até então acostumados a ganhar 40, 50% ao ano de juros reais, para não terem seus lucros diminuídos, passaram a cobrar as taxas de manutenção que incidem sobre qualquer espirro que o cliente dê na agência.

E os famosos consultores de investimento, cuja função é direcionar o dinheiro dos depositantes para as aplicações mais rentáveis...para o banco, também assumiram o papel de vendedores ambulantes de quinquilharias, pegando os incautos com os títulos de capitalização, apólices de seguro, etc.

Pois, finalmente, chegou a hora da verdade. As corretoras independentes e as moedas digitais vieram para ficar e isso decreta o fim da instituição medieval chamada banco. É apenas uma questão de tempo. Quem não respeita o cliente, mais cedo ou mais tarde, fecha as portas. Essa é uma lei tão inexorável como a da oferta e da procura, ou a lei da gravidade.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A Cesare o que é de Cesare

Cesare Battisti não é um problema nosso. É um problema da República Italiana, que o julgou e condenou à prisão perpétua por assassinato e terrorismo.
Cesare Battisti só se tornou um problema brasileiro por causa de Lula e seu falso esquerdismo, jogando para a platéia de intelectualóides e militantes. Fazendo uma gracinha a esse público com a mão esquerda, enquanto, escondido, enfiava dólares do grande capital no próprio bolso com a direita.
Pois, Cesare não deixou de ser Cesare e aprontou mais uma: tentou fugir para a Bolívia evadindo divisas. Por que Bolívia? Porque ele se sente mais seguro no eterno governo de Evo Morales, do que num governo que já não é mais do PT.
Agora, preso, aguarda uma decisão do Temer, pois a do STF já foi dada, apesar de ter sido uma nas exdrúxulas decisões da nossa vergonhosa Suprema Corte: para os que não se lembram, o STF decidiu que Battisti deveria ser extraditado, mas... a última palavra seria a do presidente da República, que no último dia do mandato, decidiu a extradição não ocorreria.
Isso foi, no mínimo, uma ofensa ao estado italiano. Vamos ver agora o que Temer vai fazer.
Deveria, até por esperteza, entregar logo esse bandido ao governo de seu país natal. Cesare não é um problema do Brasil.
A Cesare o que é de Cesare e a Roma o que é de Roma.

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