segunda-feira, 20 de agosto de 2012

We, the people

As palavras são símbolos e tem uma força enorme. Conforme escolhemos as palavras, isso vai demonstrando o que somos e o que pensamos.
"Nós, o povo..." São essas as primeiras palavras da Constituição Americana, proclamada em 1787. 
Já a nossa primeira Constituição, de 1824, começa com a frase: " Em nome da Santíssima Trindade..." E a Constituição atual, de 1988, se inicia- com um "Nós, os representantes do povo,..."
Há uma diferença fundamental entre ser o povo e ser seu representante. Representar não é o mesmo que ser. Representar nos remete ao teatro, à ficção, à substituição da realidade por uma "representação" de si.
Nesses símbolos pode-se perceber toda uma diferença entre as culturas desses dois povos. Um, o do norte, não entrega seu destino nas mãos de ninguém. São eles que fazem e desfazem, para o bem ou para o mal.
Enquanto aqui, no sul, já começamos a falar em nome de uma Santíssima Trindade, que como não está aqui e ninguém vê, em nome dela pode se alegar qualquer coisa. Mesmo quando substituímos essa entidade espiritual por um agente mais concreto, ainda há alguém que fala e decide em nome do povo.
Por isso a apatia, a falta de identificação com os símbolos nacionais, o maior interesse na trama da novela. O povo, esse desconhecido em nome de quem tantas mentiras são ditas e em benefício de quem tantos crimes são cometidos, é o grande ausente da nossa história.


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