sexta-feira, 3 de maio de 2013

País zumbi

No Brasil, a cultura da impunidade e de as pessoas não terem responsabilidade pelos seus atos está beirando a patologia. A continuar assim o país inteiro vai ter que se deitar no divã para descobrir os motivos dessa infantilidade coletiva. Aqui ninguém é responsável por nada. O indivíduo dirige embriagado e mata, mas nada lhe acontece a não ser um aborrecimentozinho de ter que responder a um inquérito. Há alguns anos, um irresponsável, dirigindo muito provavelmente bêbado, pois saia de uma boate pela manhã, em Belo Horizonte, veio dirigindo por uma avenida movimentada na contra-mão, atingiu o veículo de um pai que levava as criançãs pro colégio e matou esse pai de família. O que lhe aconteceu? Até agora, nada.
Estamos assistindo estarrecidos ao espetáculo macabro de "menores de idade" de quase dezoito anos assaltando, atirando, mesmo tendo obtido o objeto do desejo, ateando fogo às pessoas, estuprando, sabendo de antemão que nada vai lhes acontecer (aos "menores" é claro). Toda criança de sete anos sabe o que é certo e o que é errado. Sabe o que pode e o que não pode ser feito em sociedade. Entretando, aos adultos de 16/17 anos é concedido um indulto prévio.
A pobreza e a desigualdade são um crime constante que se comete neste país contra uma grande parcela do nosso povo, mas não explicam e não podem justificar essa violência. Até porque nada pode justificar a perda de uma vida. O que explica essa violência é a cultura da impunidade que anda solta e que propicia a corrupção, o tráfico de drogas, o contrabando de armas. A culpa da violência pode e deve ser debitada a essa classe política nojenta que só assume as funções públicas para se locupletar, que nada faz para propiciar uma educação de qualidade ao povo, que quer enganar a todos fingindo que sair da miséria é ganhar mais de 70 reais por mês, fingindo que que bolsa-disso e bolsa-daquilo vai resgatar alguém da desigualdade, fingindo que o incentivo ao endividamento e à  gastança descontrolada com bugigangas inúteis é meio de ascenção social.
É nesse caldo de cultura que proliferam os vírus e as bactérias da violência, do desrespeito à vida e aos outros seres humanos e animais. Uma nação não é um hino, uma bandeira colorida, um nome, um time de futebol. Uma nação é apenas a expansão de uma comunidade de famílias, de seres interligados por um parentesco de sangue, de língua e de cultura. Estamos deixando de ser tudo isso. Estamos nos desmanchando como nação. Estamos nos tornando um país zumbi, cheio de mortos-vivos andando por aí, sem sentido, sem coesão e sem objetivo.

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