sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Revolucionário sou eu!

Lula tem o direito de se defender e defender seus filhos, como todo mundo. Exercendo essa defesa ele pode falar o que quiser, o que lhe der na telha, até mesmo as mentiras mais deslavadas, como lhe garante a Constituição. Isso não quer dizer, entretanto, que a sociedade brasileira tenha que engolir as lorotas.
Lula foi muito eficaz em inventar o mito de si mesmo. Isso será assunto para futuros sociólogos, despidos da paixão ideológica, destrincharem. Até gente que se considera inteligente "comprou" essa narrativa como se fosse verdade. O petismo, a militância religiosa do PT, se encarregou de reafirmar esse mito e combater os que dele descriam ou criticavam, caracterizando-os como burgueses preconceituosos que não admitiriam uma pessoa vinda "de baixo" chegar ao poder. Como se o fato de "vir de baixo" conferisse uma aura de santidade ao indivíduo. Assim, deixamos a narrativa mitológica transformar um reles sindicalista, pelegão dos mais espertos, nesse santo político que até pouco tempo muita pouca gente ousava criticar.
Isso só pode ser explicado pela nossa má consciência. Somos um país de excluídos, temos uma enorme população que vive à  margem: à margem da saúde, à margem da educação, e, consequentemente, à margem do mercado de trabalho. Os nossos intelectuais sentem esse peso. Reconhecem a realidade e sentem culpa. Especialmente por desfrutarem das benesses que o dinheiro e a cultura proporcionam e não fazerem muito para mudar as coisas. Mas fazem tudo para mudar o peso de suas consciências. Isso significa apoiar incondicionalmente um partido que promete resgatar essa população excluída. Mesmo que esse partido esteja mentido e só queira usar essa massa para se perpetuar no poder. Fingem que ignoram essa parte. Fingem que acreditam.
Caso contrário seria exigido deles, os intelectuais, que arregaçassem as mangas e assumissem uma luta política real para que as coisas mudem nesse país. Isso os tiraria do conforto da revolta teórica, dos discursos acadêmicos regados a Foulcault e vinhos franceses.
Revolucionários são aqueles que lutam contra uma burocracia infernal e corrupta para tentar produzir alguma coisa que sustente famílias, que gere prosperidade e proporcione meios às pessoas para realmente mudarem de vida. Esses anônimos revolucionários estão por aí em toda parte. Com micro, pequenas e médias pequenas empresas enfrentando o diabo para sustentar uma carga tributária escorchante e injusta e ainda conseguir manter a empresa de pé. Revolucionários são os que pagam ISS, IR, Contribuição Social, PIS, COFINS, FGTS, ICMS, IPI, abono de férias, multa por rescisão de contrato de trabalho, e outras gracinhas institucionais. Revolucionários são os professores das escolas publicas enfrentando, sem reconhecimento, o descaso absoluto das autoridades e os traficantes de droga dos bairros. São os profissionais da saúde cuja remuneração aviltante não os impede de tratar o ser humano que os procura com respeito e dignidade.
Esses, que vestem a camisa vermelha e batem no peito cantando glórias às suas supostas "virtudes" e chamando os demais de burgues, não tem nada de revolucionário. Ao contrário, hoje sabemos qual era o verdadeiro interesse desses esquerdistas. Mesmo que Lula insista em tentar preservar o que ainda resta do mito, o país inteiro já sabe qual era o seu verdadeiro interesse quando atravessou as portas do sindicato, do partido e depois do Planalto.
Revolucionário, Lula, sou eu que nunca mamei nas tetas do Estado. O resto é conversa fiada.

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