domingo, 5 de junho de 2016

Desimposto

A Suíça, ou Confederção Helvética,  sempre esteve à frente nas revoluções culturais e políticas. Enquanto a Europa inteira era quase toda dividida em reinos e impérios absolutistas, duas exceções se destacavam: a Inglaterra, com sua Carta Magna e  seu primeiro esboço de um Parlamento, e a Confederação Helvética, que já era uma república federativa e democrática em 1291.
A Suíça é um país neutro e, por causa disso, não faz parte da União Europeia, e tem um sistema de democracia direta que é unico no mundo.

Agora, dá mais um passo à frente. O povo vai decidir em plebiscito se quer adotar um programa de Renda Básica (que nada tem a ver com o que prega o Eduardo Suplicy) em que o Estado pagará, a cada cidadão, o equivalente a 9.000 reais por mês por adulto e 2.100 reais mensais para cada criança. Sem que tenha que fazer coisa alguma, em vez de o cidadão pagar, receberá um imposto do Estado.

A idéia por trás dessa proposta é sensacional. O ser humano, desde sempre, vem desenvolvendo a tecnologia para facilitar o seu trabalho. Da roda e  das ferramentas primitivas, até os robôs e a internet, passando pelos teares mecânicos e as máquinas a vapor da Revolução Industrial, tudo, enfim, visa aliviar a carga de trabalho das pessoas.

Entretanto, o que se viu foi que, ao produzir mais em menos tempo, a carga horária teve que diminuir, mas o conceito social não mudou. Explico melhor: a carga de trabalho, nas indústrias, no início do século XX, era de 16 horas por dia, mas foi nesse mesmo momento que vimos pela primeira vez o fenômeno do desemprego em massa. A sociedade aceitou uma redução até as atuais 8 horas por dia, ou 40/44 horas semanais, mas isso ainda é muito, pelo que se observa. 
Para diminuir o desemprego, alguns países, como a França, reduziram a carga horária ainda mais. Mas com a  continuidade da evolução tecnológica, as máquinas (antes dominarem o Homem, como crêem alguns cientistas e escritores de ficção) o substituirão no trabalho. 

Os suíços estão sainda na frente na mudança conceitual. Já que as máquinas podem fazer o trabalho humano, que se liberem as pessoas para fazer outras coisas: arte, lazer, cultura e "trabalho" intelectual para os que quiserem. 

Abolindo o trabalho humano, a sua subsistência será garantida pelo Estado, por meio dessa renda distribuída a partir da riqueza nacional gerada pelas máquinas, o que eles estão chamando de "riqueza digital". É claro que, nesse estágio, alguém ainda terá que tomar as decisões nas empresas e no governo, mas isso não vai requerer tempo integral das pessoas. Uma vez por ano vão para um referendo e decidem, como já estão fazedno há alguns séculos em sua democracia direta.

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