quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Realidade nua e crua

O governo diz que a crise nos presídios estava fugindo ao controle. Que eufemismo! Desde quando o governo (qualquer governo) teve algum controle dessas facções nos presídios?

Não tem controle sobre as facções porque elas são apenas a ponta mais baixa de uma cadeia criminosa que começa no próprio governo. As facções são uma consequência do crime organizado que atua nas grandes esferas do poder.
É assim na Itália, é assim na Colômbia, é assim no Brasil. Crime organizado e política suja estão sempre de mãos dadas. Só não vê, quem não quer.

A única maneira de a sociedade brasileira se ver livre dos caos, ou melhor, fazer o crime retroceder aos níveis civilizadamente aceitáveis é radicalizando na escolhas políticas. É eliminando da vida pública, um a um, esses bandidos que a infestam e deturpam e impedem até mesmo as ações dos poucos bem intencionados, que, por incrível que pareça, ainda existem.

Sou particularmente favorável à reinstauração da pena de morte para crimes hediondos e, obviamente classificaria esses grandes crimes de corrupção nesse grupo. 

Não há nada mais hediondo do que roubar uma nação inteira e provocar a morte de crianças por falta de assistência e de saneamento básico, a morte intelectual de toda uma geração por falta de educação, a morte milhares de cidadãos aptos ao trabalho por causa de epidemias perfeitamente evitáveis e a condenação à penúria financeira de outros milhões pelo desemprego. Enfim, a condenação ao atraso permanente de uma nação que não é capaz de se desenvolver tecnologicamente, muito menos inovar e se tornar competitiva em um mundo globalizado e cada vez mais exigente, travada que tem sido por esses traidores da pátria.

É óbvio que no país cordial, jamais vai se instaurar a pena de morte oficialmente, embora ela já esteja instaurada nas ruas, a critério do assaltante de plantão. Mas, gostamos de negar a realidade. Somos também o país dos eufemismos. Gostamos de apresentar uma face oficial, bonitinha, asséptica e esconder a realidade brutal debaixo do tapete. A questão é que a realidade escondida cresce debaixo do tapete, sai do controle e invade, nua e crua, as vidas assépticas na hora em que menos se espera. O que estamos vendo nos presídios é a realidade brasileira pondo a cabeça para fora. Até quando permaneceremos assim?



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