segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Duas notícias

Basta uma passagem de olhos pelas notícias dos jornais, para se perceber a  situação de penúria a que chegamos, abandonados, pelos governos, à nossa própria sorte e sem ter  a quem recorrer. A culpa é nossa mesmo. Fomos nós que os elegemos, somos nós que os sustentamos, somos nós que os mantemos lá, sem um pio. Só reclamamos aos sussurros, "falando de lado e olhando pro chão" como dizia um antigo poeta que, ao vender a alma, perdeu a inspiração:

Notícia 1:
O Juiz e Desembargador Fausto de Sanctis (aquele que mandou prender Daniel Dantas, o qual conseguiu depois um habeas corpus no Supremo) disse em entrevista à Folha:
Pergunta: O que ocorre hoje em São Paulo com a morte dos policiais e suspeitos, do que se trata?
Resposta: A certeza da impunidade. Acho que hoje o policial brasileiro está totalmente abandonado. O policial não tem nenhuma estrutura de apoio institucional. O policial é massacrado. O policial é malvisto. E o policial não é só um policial, ele representa a sociedade. O que está acontecendo é uma guerra civil. 

Juiz federal há 21 anos, o desembargador do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região (SP e MS) Fausto Martin De Sanctis, 48, saudou uma "mudança de viés" do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão.

Notícia 2: 

Os investigados na operação [Porto Seguro]  responderão pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de influência, violação de sigilo funcional, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, corrupção ativa e passiva. 

Essa segunda notícia refere-se aos investigados na operação Porto Seguro da PF, todos do mais alto escalão de governo: Secretaria da Presidência, ANAC, ANA e que tais.

Fica claro que uma notícia explica a outra. Enquanto o Estado brasileiro está sendo assaltado pelos ladrões de casaca e de colarinho branco,  a ausência desse mesmo Estado, naquilo que seria sua obrigação inalienável, deixa a porta aberta para que outras organizações usurpam o seu papel. 
Por quê preparar o sistema de segurança? Por quê remunerar o policial adequadamente? Por quê proteger esse mesmo policial (a pessoa física!) que é quem põe a sua vida em risco, dos achincalhes que uma certa academia leitora de Foulcault insiste em demonizar? Se tudo está muito bem para uma classe de aproveitadores do poder público, para quê se incomodar com isso? O Estado é uma vaca enorme, com tetas quilométricas, das quais os espertos se aproveitam e dane-se o resto. O resto, quando acha ruim, é rotulado de reacionário, direitista, enfim, "do mal". Eles é que são "do bem". Do bem bom.




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