sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cabezas Cortadas

"Cabezas cortadas" é o título de um daqueles filmes delirantes de Glauber, que trata das alucinações de um ex-ditador de um país imaginário chamado Eldorado, mas podia bem ser o título de uma história macabra sobre o Maranhão da família Sarney.
A situação dos presídios naquela terra não deveria nos espantar. Já sendo uma catástrofe vergonhosa no país inteiro as condições carcerárias, não se poderia esperar nada melhor no vice-reino dessa famigerada família, dona do pior Estado do país em IDH.
Como esperar que essa gente, que abocanhou o poder público para se servir dele, vá se preocupar com a situação dos presídios? Não há tolo que possa acreditar que um membro do clã Sarney vá dedicar um segundo de seu tempo a essa preocupação.
Eles tem outras preocupações, sendo a principal delas: como fazer para não largar jamais o osso, como fazer para manter aberto o sistema de drenagem de recursos públicos para o patrimônio privado da família. Se para isso tem que se aliar ao seu antigo pior adversário, aliam-se, não há problema. Apesar de terem sido chamados, por Lula, de ladrões e coisa pior, são capazes de magnanimamente recebê-lo aos beijos e abraços nos palanques, porque já dominam o seu feudo muito antes de Lula aparecer na política e provavelmente continuarão a dominar até muito depois de Lula ter desaparecido.
O que essa família fez e faz ao Maranhão e à política nacional há mais de meio século é um crime hediondo que ficará sem punição, pois eles são blindados.
Roseana conseguiu até retornar ao governo no "tapetão" e agora, depois de todas as mortes (62 mortos e algumas cabeças cortadas), a governadora, ao lado do ministro da Justiça, que ficou mudo e saiu calado, diz que a culpa é do relatório, que, segundo ela, difunde "inverdades". 
E o governo Dilma pisa em ovos para não criar problemas com a todo-poderosa família Sarney. Quando qualquer rebelião acontece nos presídios de S.Paulo e a polícia reprime, o governo federal é o primeiro a gritar que "isso é uma barbárie...", etc.
Agora que se trata de uma carnificina produzida por facções atuando dentro de presídios sob a gestão de um governo aliado, ninguém diz nada, não há uma manifestação oficial. O procurador geral da República chegou a pedir a intervenção federal do Estado, mas o governo, obviamente, pôs os panos quentes habituais.
Como disse antes, a situação dos presídios maranhenses não deveria nos espantar, mesmo assim espanta quando vemos os vídeos da barbárie a correr solta, quando percebemos que o Estado brasileiro não tem capacidade sequer de enfrentar esses PCC's e facções similares. Mesmo dentro das prisões são eles que ainda ameaçam, subornam e mandam. São verdadeiramente um Estado dentro do Estado e crescem cada vez mais devido à nossa incompetência como povo. Viva o Eldorado!







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