Por mais que a imprensa publique, por mais que as pesquisas revelem que Dilma já estaria antecipadamente reeleita, eu não acredito. Não acredito nas pesquisas porque, em primeiro lugar, são encomendadas e ninguém desagrada ao cliente. Não estou dizendo que as pequisas são falsas ou fraudadas, mas sabe-se que as estatísticas prestam-se todo tipo de interpretação. Há até um dito jocoso que diz que "Estatística é a arte de mentir com os números".
Em segundo lugar, porque, se estivessem certas, não precisaríamos de eleição; bastava fazer uma pesquisa no dia e pronto. Por mais caro que os "vox populi" da vida cobrem, isso ainda ficaria bem mais barato que montar por todos os rincões do país a parafernália das urnas eletrônicas, supostamente indevassáveis e à prova de fraudes. Quem conhece um pouquinho da área de TI sabe como são "indevassáveis" os segredos eletrônicos, a NSA que o diga, mas vá lá, aceitemos a lisura das urnas.
De qualquer modo o raciocínio continua válido: se pesquisa fosse eleição, pra quê eleição?
Entre o momento atual e a eleição propriamente dita muita água passará embaixo da ponte. As manifestações de junho do já saudoso 2013 não pegaram a todos de surpresa?! Coisas podem acontecer ainda em 2014 que não estão nos algoritmos das tais pesquisas. Portanto aqui aplica-se o velho ditado mineiro: "eleição e mineração, só depois da apuração".
É muito cedo para se cantar a vitória da Dilma, tanto que as hostes petistas estão em pé de guerra, acusando a todos os que deles discordam de serem simplesmente... golpistas! É isso mesmo, quem não quer a reeleição da Dilma está querendo é dar um golpe, pois, afinal, o "pudê" está garantido a eles para sempre, né?
O PT tem uma característica psicopatológica que mereceria um estudo acadêmico: gosta de acusar os outros de fazerem exatamente o que eles estão querendo ou prestes a fazer. Quando vão roubar o Erário, acusam os outros de ladrões. Quando vão se aboletar nas mordomias e nos privilégios acusam os outros de serem parte da elite insensível. E quando querem golpear a democracia acusam os outros de golpistas.
Até parece que Sartre, aquele velho gagá da filosofia, já sabia dessa estratégia quando escreveu em sua peça "Porta Fechada" (¹): "O inferno são os outros!" (²).
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Notas: (¹) No original: "Huis Clos"
(²) "L'enfer c'est les autres"
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
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