domingo, 8 de novembro de 2015

Tragédia

Não dá para não comentar sobre a tragédia que se abateu sobre Minas, cujas cenas por muito tempo ficarão gravadas na nossa memória. É uma tragédia humana e ambiental como poucas vezes vista no Brasil. Foi um mar de lama se arrastando pelo belíssimo cerrado mineiro, arrasando vilas, casas, igrejas antigas, fazendas e a própria natureza.
Uma pergunta que surge de imediato é: Qual foi a causa? Houve culpa ou negligência? Ou foi um fato inevitável, como um terremoto ou tsunami? Poderia ter sido previsto? Poderia ter sido evitado?
A todas essas perguntas ainda é cedo para responder. Entretando já se vê pelas redes sociais algumas pessoas responsabilizando "o lucro e a ganância" pelo que aconteceu. Isso é típico de uma mentalidade anti-capitalista, que vê no desenvolvimento econômico e na geração de riqueza um caráter intrínsecamente maléfico.
A responsabilidade pelo fato e pelas indenizações cabíveis, inegavelmente são e serão atribuidas á mineradora que, pelo que se sabe, não está se omitindo em dar assistência imediata às vítimas, nem procurando afastar essa responsabilidade no futuro. Exatamente por ter gerado riqueza é que essa mineradora terá condições de prestar socorro e indenizar a quem for necessário.
Se não tivesse tido lucro, apesar das dificulades de fazê-lo no Brasil, não teria agora de onde tirar os recursos para amenizar a tragédia. Não foi o capitalismo o problema. O capitalismo certamente será a solução.
Quanto às causas desse acidente ainda terá que se esperar pelas análises técnicas. 
Barragens de rejeito, nas minerações, são um investimento de alto custo, mas absolutamente necessários para que elas possam funcionar sem maiores danos ambientais. Como o nome está dizendo, são as barragens que seguram os rejeitos da atividade mineradora. O minério extraído tem uma quantidade relativamente grande de material não aproveitável, chamado estéril. Esse material está na natureza junto com o minério  e dele é separado no processo de beneficiamento. Depois disso, o minério segue beneficiado para outros processos e o estéril tem que ser descartado. Isso é feito na barragem de rejeitos, exatamente para não contaminar o meio ambiente.
Essas barragens estão por aí, espalhadas pelo Brasil afora onde quer que haja atividade mineradora. Daqui a pouco vamos ouvir gente dizendo que temos que parar com toda a atividade mineral no país por causa dos riscos para as demais comunidades. Não é razoável.
O que é razoável é, depois de estabelecidas as causas, tratarmos de criar mecanismos de prevenção de outros acidentes como esse. Devemos buscar a ajuda da tecnologia para verificarmos se há outra maneira de tratar esse estéril. Em algumas minerações já existe a possibilidade de devolver o estéril, depois de tratado e seco, para a cava da mina. O processo é denominado "paste fill" ou "back fill". As barragens ainda seriam necessárias, mas de tamanho bem mais reduzido, o suficiente para abrigar um volume muitíssimo menor de rejeito, pois guardariam apenas o estéril gerado, antes de ser reprocessado e reinserido de volta na mina.
Como eu disse, o capitalismo e o desenvolvimento técnico e econômico não são parte do problema, mas da solução; e a tragédia brasileira é uma parte de seu povo e seu sistema político não reconhecer isso e querer que o atraso seja o objetivo a ser alcançado.
Por pior que tenha sido esse rio de lama descendo pela mata, por mais vidas que ceife, por mais danos ambientais que tenha causado, com certeza o mar de lama da política corrupta tem causado danos muito maiores e produzido mais mortes e desesperança no país.
Não queremos e não merecemos nem um, nem outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário:

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa