segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos: Nação x Estado

A abertura dos Jogos Olímpicos, a meu ver, foi muito além das expectativas. Foi uma cerimônia muito bonita e o público participou ativamente, contagiando a todos com aquela alegria tipicamente brasileira. Aí fica-se pensando: por que é que o Brasil não dá certo?

Se somos capazes de fazer uma festa como aquela, de organizar tudo tão perfeitamente como organizamos os desfiles de carnaval, de até cumprir prazos; se somos capazes de superar problemas estruturais e conjunturais e, no meio da maior crise econômica e política da nossa história (com o Estado, onde se realizam os Jogos, falido), realizar um evento como esse, é inevitável o espanto.

Deveríamos ser um país de primeira linha! Temos um povo inventivo, engenhoso, com uma excelente capacidade de adaptação e superação de problemas, com uma vocação para a alegria, para o convívio harmônico, como nenhum outro povo no mundo. E estamos nos esquecendo disso. Estamos perdendo um pouco dessas características por conta do estado de beligerância permanente que a insegurança urbana nos mantém.

Durante a cerimônia deu para nos esquecermos das balas perdidas, da pobreza crônica, do atraso educacional, do transporte público caótico, das endemias e epidemias perfeitamente evitáveis. E aí ressurgiu, em sua plenitude, o espírito do Brasil, do qual sinto saudade: o espírito de uma nação que se acostumou a ver, sentados à mesma mesa, árabes e judeus, italianos e japoneses, argentinos e portugueses, com muitas piadas, muita gozação, mas nenhum ódio, nenhuma intolerância.

Então, vem à mente a pergunta: o que é que deu errado? Como é que fomos nos perdendo de nós mesmos?

A resposta se resume em uma frase: tudo é consequência do nosso modelo de Estado. Nosso atraso,  nossas mazelas, são consequência desse Estado que criamos, ou que criaram por nós e nós aceitamos. É um Estado privatizado, para uso e abuso de uns poucos privilegiados, encastelados na classe política ou dela mantenedores e dependentes ao mesmo tempo. 
Assim é um Estado excludente, que trata a maioria dos cidadãos como cidadãos de segunda ou terceira classe. A esquerda no Brasil sabe disso, a esquerda sempre vociferou contra isso. O problema é que, quando chegou lá, em vez de mudar o Estado, mudou-se para dentro dele.

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