sábado, 27 de maio de 2017

País insano

De repente, me vi perguntando? Pode um país perder a sanidade? A resposta, assustadora, é: pode! 

Sabe-se que, grupos de pessoas podem começar a agir como se fossem um único indivíduo, tendo reações comuns e até mesmo sentindo as mesmas emoções, ao mesmo tempo. Freud chamava isso de "contágio psíquico". Jung alargou o conceito, considerando o fenômeno uma manifestação do inconsciente coletivo.

Esse "contágio" nos afeta a todos, por exemplo, quando se chega em um grupo em que as pessoas estão rindo. Mesmo sem saber a causa do riso, acabamos por rir também. O mesmo acontece no conhecido caso do bocejo. Basta alguém bocejar na nossa frente, que somos assaltados por uma vontade incontrolável de fazer o mesmo.

Esse fenômeno está presente nas manifestações de torcidas de futebol, nas histerias coletivas de fundo religioso ou politico; enfim, nós, seres humanos, nem sempre agimos como indivíduos livres e independentes uns dos outros. Em outras palavras, todos somos, em maior ou menor grau, afetados pela psique coletiva.
Assim sendo, podemos ser contaminados pela sanidade ou pela insanidade dos outros.

Historicamente, sabemos de casos em que grupos populacionais enormes, até mesmo países inteiros perderam a sanidade mental. A Alemanha (e, em menor grau, a Itália) dos anos 30 e 40 são exemplos clássicos; os pogroms contra judeus e ciganos no leste europeu e as caças às bruxas dos puritanos norte-americanos no século XIX, são outros exemplos.

Agora parece que vivemos no Brasil uma situação de insanidade coletiva. As manifestações dessa insanidade são as depredações de patrimônio publico e privado por qualquer motivo, ou melhor, sem motivo algum. O que se viu em Brasília na semana passada ficou claro. Mas, ao mesmo tempo, em que vândalos quebravam vidraças em Brasília, ocorria uma manifestação em S.Paulo "a favor" da cracolândia! Dá para acreditar em uma coisa como essa?

Em um país, que não dá conta de tratar seus doentes que morrem nas portas dos hospitais públicos, que não dá conta de pagar seus aposentados, querem que o governo gaste dinheiro público para manter uma cracolândia! Segundo os manifestantes, o governo deveria instalar banheiros públicos para os viciados (o nome politicamente correto é "usuário"), oferecer psicólogos, psiquiatras, médicos de várias especialidades, assistentes sociais, etc., etc, etc. Isso é defendido por alguns advogados, juristas e promotores! É ou não é um exemplo de loucura coletiva?

É óbvio que em uma situação ideal, em um país com recursos, como uma Suécia, por exemplo, a abordagem dos viciados deveria ser conduzida de um modo mais, digamos, holístico, mas, em um país que não consegue oferecer educação básica às suas crianças, sinto muito, mas a prioridade não é tratar de "usuários" de crack!


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