branco o excelente texto do Pondé publicado hoje na Folha (leiam aqui).
Em toda essa argumentação falaciosa o que mais me indigna não é a demagogia
governamental, nem mesmo a campanha sórdida que o PT está fazendo contra
uma das classes mais brilhantes e sofridas desse país: a classe dos
médicos. Sim, porque se há médicos ruins, egoístas, insensíveis e
indiferentes ao sofrimento e os há, eles não são em maior número do que
engenheiros, professores, juristas, advogados, enfermeiros,
fisioterapeutas, administradores, sociólogos e economistas ruins, aéticos,
insensíveis e indiferentes ao sofrimento dos demais. Portanto, apresentar
os médicos à sociedade como bodes expiatórios, é uma atitude anti-ética,
mentirosa e fascista.
Mas como dizia não é isso o que mais me indigna, mas, sim, pessoas que
deveriam exercer uma função critica na sociedade, devido à sua formação
intelectual, passarem a ecoar esses slogans partidários como se fossem uma
verdade incontestável. E ainda tentam produzir argumentos como se fossem
alta pesquisa acadêmica. Me pergunto, qual é a motivação dessas pessoas?
Algumas dependem do serviço publico para si e para sua família, filhos,
etc. É compreensível que não queiram desagradar o seu empregador e como o
PT confunde-se com o Estado, esses empregados não querem se indispor contra
o PT. Outras se rendem à patrulha intelectual, ou seja, como vivemos há
ainda pouco tempo uma ditadura militares direita, os intelectuais
politicamente corretos tinham que ser de esquerda. E ser de esquerda, para
certos grupos, é sinônimo de ser petista, mesmo que o PT na prática tenha
demonstrado que há muito abandonou os ideais de esquerda, se é que já os
teve um dia.
De qualquer modo, só posso ver uma desonestidade intelectual nessas
atitudes. Torcer uma realidade para caber dentro de uma construção
ideológica já é um absurdo. Ainda mais quando esse contorcionismo
prejudica toda uma classe profissional e cria preconceitos, dos quais a
nossa sociedade já anda cheia nesses tempos obscuros, além de colaborar com a conversão das classes mais pobres em massa de manobra política. Ou seja, o mesmo e velho coronelismo de sempre.
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