quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Carta na manga

A Carta de Temer já entrou para a história política como a jogada de mestre de quem, querendo sair do governo, sem poder sair (afinal o cargo de vice-presidente é um cargo eletivo e com mandato definido e não fica bem um vice-presidente oposicionista), acabou ficando e saindo.

Ficou porque a elegância e a conveniência política mandam que se preservem as aparências. O vice não pode demonstrar publicamente que está coçando de vontade de sentar-se na cadeira da Presidência. Portanto, tem que manter o ar de distanciamento, de fleugma, mesmo que esteja fervendo por dentro.

Por outro lado, Temer não fez e nem fará um gesto para ajudar Dilma a vencer essa batalha. Por várias, razões. Uma delas é que o PMDB não se esquece que o PT e a Anta quiseram engolí-lo logo no início do primeiro mandato. O objetivo do PT era desidratar o PMDB e usá-lo como massa de manobra apenas para ter os votos que necessitava no Congresso e, ao mesmo tempo, enfraquecer o "aliado" para fortalecer a si mesmo, na sua tentativa de buscar uma hegemonia que lhe garantisse a perpetuação no poder. Em outras palavras, que lhe garantisse a implantação de uma ditadura disfarçada, nos moldes da Bolívia ou da Venezuela. O PMBD não se esquece disso e sabe que o PT não é um aliado confiável.
A segunda razão, pela qual Temer não ajudará Dilma, é que Temer é o vice-presidente. E a única razão de existir o vice-presidente é que ele é quem assume a presidência em caso de vacância por qualquer motivo.

E olha que os vices, no Brasil, tem assumido com muita regularidade, a começar do primeiro. Floriano Peixoto era vice de Deodoro, a quem sucedeu por causa de sua renúncia. Delfim Moreira era vice de Rodrigues Alves, que faleceu antes de tomar posse, de gripe espanhola. Nilo Peçanha era vice de Afonso Pena, a quem sucedeu em virtude da morte do presidente. Café Filho assumiu, por poucos meses, após o suicídio de Getúlio. João Goulart assumiu a presidência com a renúncia de Jânio. Sarney assumiu com a doença e morte de Tancredo. Itamar Franco assumiu com o impeachment de Collor. A lista é grande e tudo indica que vai aumentar.
Portanto essa Carta foi uma bela maneira de dizer adeus à aliança com o PT.  O desgaste não é apenas pessoal. O desgaste político é de todo o partido, que não vai querer, nas eleições de 2016, carregar nas costas o peso da prximidade com o PT. Uma proximidade que já não oferece vantagem alguma ao PMDB, ao contrário, hoje lhe proporciona só desvantagens.
Doravante, Temer vai ficar quieto. O que queria fazer já fez. A carta já provocou as reações desejadas. Seu trabalho agora continua nos bastidores, nas conversas e quem vai atuar no front serão os seus amigos fiéis. Prestemos atenção a eles para entendermos o pensamento e a estratégia de Michel Temer. Dona Dilma agora vai ver como é que um profissional faz política. E os ingênuos não pensem que não há mais cartas na manga, porque ainda existem muitas. Cada uma delas, vai ser jogada a seu tempo.


 







 

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