quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A careta do congresso

Democracias não são bens perenes. Não existem por si só. A democracia moderna, como o próprio nome indica, surgiu muito recentemente e nada nos garante que essa forma de governo prevalecerá no futuro. Ao contrário da democracia, todas as outras formas possíveis de governo e que são autoritárias, é que prevaleceram na história humana até os dias de hoje. 
A democracia é frágil e para existir e florescer tem que ser protegida e cultivada.
Aqui no Brasil então nem se fale. Nos 115 anos de república, os períodos que podemos chamar plenamente democráticos foram apenas dois, perfazendo um total de 50 anos, a maioria deles interrompidos por golpes e contragolpes a torto e à direita.
Pois essa mesma democracia é quem está cada vez mais correndo riscos no Brasil. Com a decisão de ontem, o Congresso mostrou ao país uma careta, mostrou que não tem respeito pelas próprias leis que promulga, mostrou que está de joelhos diante de um executivo que tudo compra e tudo paga. 
Para quê serve um Congresso desses? perguntam-se muitos brasileiros. E é aí que entra o risco. Se se conclui que o Congresso não serve para nada, a próxima conclusão será que basta o poder executivo, já que o legislativo não cumpre seu papel e o judiciário é o poder mais desconhecido e no qual a população menos confia.
Se é para o Congresso aceitar passivamente tudo o que o Executivo manda, realmente fica difícil justificar a sua existência e os enormes gastos que caem nas costas do contribuinte. E o que fez o Congresso mais uma vez?
Retirou o povo das galerias e votou o que o governo queria, ou seja, acabou de vez com a lei da responsabilidade fiscal. O recado que o Congresso nos deu é que a lei só vale para o executivo, enquanto o executivo quiser que valha.
Os senhores congressistas não sabem mas estão arriscando metaforicamente suas cabeças, como os nobres, dançando minueto nos salões de Versailles, enquanto a plebe já avançava sobre a Bastilha.




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