Todo mundo começou o ano com um pé atrás. Ressabiados, não projetamos para 2012 as esperanças radiosas com que costumamos saudar a passagem de ano. Ainda nos desejamos "Feliz Ano Novo", mas sem aquele ímpeto, aquela vibração que se originava da quase certeza que tudo iria melhorar. Não bastassem as ameaças esotéricas, a situação da economia europeia e americana se projeta sobre 2012 como uma sombra ainda mais forte e mais ameaçadora do que o calendário maia.
Alguns economistas simplesmente estão "pirando" e prevendo realmente o caos, o fim do mundo. Será que sempre foi assim na história de humanidade? Sabemos que crises sempre existiram e elas coincidem com o esgotamento de um ciclo econômico e, antes que um novo modelo seja implantado, vive-se uma espécie de caos, de vale-tudo. Portanto em alguns micro-universos o fim de um ciclo pode representar realmente o fim de um mundo particular.
O que está sendo novidade agora talvez, o que ainda não tínhamos visto, é esse caos generalizado, globalizado, afetando a economia mundial como um todo e em velocidade muito maior do que os acontecimentos anteriores. O fim da hegemonia européia, da qual a americana era apenas uma continuação deslocada geograficamente, é o fim de um mundo particular. Um mundo cheio de defeitos como qualquer outro, mas que trouxe pela primeira vez na história da humanidade, para o palco central, valores como a democracia, direitos humanos, respeito ao indivíduo, limitação ao poder do Estado, e, como cereja do bolo, o conceito de bem-estar social. Não se pode negar que nesse mesmo caldo de cultura proliferaram cânceres como o nazismo, o racismo, a intolerância e a xenofobia, mas pode-se dizer que tudo isso foram desvios e o que prevaleceu foram valores humanistas acima de tudo.
O eixo econômico se desloca agora para a Ásia, onde a tradição democrática é restrita, circunscrevendo-se ao Japão e à Índia, mas todos os dois com democracias recentes, de pouco mais de 50 anos, o que em termos históricos é muito pouco.
Os demais países da Ásia, destaque principalmente para a China, nunca tiveram tradição de democracia, participação popular, oposição política e liberdade de opinião. Sem esses valores a questão do desenvolvimento econômico fica também comprometida, pois sem a liberdade criativa e sem a liberdade de empreender, a economia vai girar apenas do modo que os governos autocráticos decidirem, o que não significa que irão escolher o melhor, o mais eficaz, ou o mais produtivo.
Se o capitalismo ocidental que era visto como um sistema selvagem e desumano que só obedecia às leis de mercado e procurava o lucro acima de tudo, conseguiu produzir esse valores que tanto prezamos, o que devemos esperar desse novo "capitalismo" oriental, estatal, dirigido, autocrático, fechado e antilibertário? Teremos saudade da prepotência americana? Tomara que não, mas só o saberemos em futuro breve. Enquanto isso: Feliz Ano Novo pra todos.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Feliz Ano Velho?
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Onde é o fundo do poço?
Como se não bastassem todos os fatos desabonadores que vemos quase que diariamente envolvendo figuras públicas do nosso parlamento, tivemos que assistir ontem à posse do reencarnado Jader Barbalho no Senado. E com direito a caretas do filhinho, pimpolho "simpático", que pelo jeito, vai nos fazer caretas também quando crescer, de cima de uma tribuna pública qualquer. Afinal, a função pública nesse país é hereditária, não é? Mas, voltando ao assunto, a nação assiste abestalhada à posse de um político que já tinha sido banido da vida pública por corrupção.
O pior é que o Senado chegou a cogitar fazer o pagamento de 30 mil reais relativos ao mês de dezembro ao senador que "trabalhou" do dia 27 ao dia 28. Voltou atrás, mas ainda assim vamos ter de lhe pagar 4 dias de "trabalho".
É muita desfaçatez, é muita cara-de-pau! Isso só acontece porque vivemos num país sem povo. Aqui os 3 poderes da República parece que se mancomunaram contra a nação e uma nação sem povo não reage, não faz nada!
Sempre quando pensamos que já chegamos ao fundo do poço, as nossas instituições dão um jeito de nos desmentir. Afinal onde será que fica o fundo desse imenso poço de lama chamado Brasil?
O pior é que o Senado chegou a cogitar fazer o pagamento de 30 mil reais relativos ao mês de dezembro ao senador que "trabalhou" do dia 27 ao dia 28. Voltou atrás, mas ainda assim vamos ter de lhe pagar 4 dias de "trabalho".
É muita desfaçatez, é muita cara-de-pau! Isso só acontece porque vivemos num país sem povo. Aqui os 3 poderes da República parece que se mancomunaram contra a nação e uma nação sem povo não reage, não faz nada!
Sempre quando pensamos que já chegamos ao fundo do poço, as nossas instituições dão um jeito de nos desmentir. Afinal onde será que fica o fundo desse imenso poço de lama chamado Brasil?
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
A pancada no Conselho Nacional de Justiça
O ministro Marco Aurélio de Mello deu liminarmente razão à Associação dos Magistrados retirando atribuições do Conselho Nacional de Justiça, aquele cuja presidente há pouco tempo disse que há no Brasil "bandidos de toga".
É triste pois já temos no país pouquíssimas instituições que cumprem o seu papel e o CNJ é uma dessas poucas, mercê principalmente do trabalho individual, corajoso e ético de sua atual presidente. Assim, depois de tanta luta para se implantar um Conselho tutelar da magistratura, quando esse Conselho começa realmente a funcionar é frustrado em suas atribuições.
O plenário ainda voltará ao tema, mas pelo andar da carruagem, e já dada a primeira pancada, não há muita esperança que a decisão coletiva seja diferente.
Infelizmente essa decisão monocrática não nos espanta. Já podíamos esperar por ela, pois estava se tornando quase escandalosa a grita geral contra o Conselho. A preocupação dos magistrados não é com a corrupção galopante que vai engolfando todos os escalões de todos os poderes da República. Haja vista o caso do mensalão que, depois de 7 anos, ainda não foi a julgamento e possivelmente não irá antes que as penas prescrevam. Longe disso, a grande preocupação que os magistrados indicam ter é com as suas próprias sinecuras e privilégios e quase que só se manifestam para pleitear mais privilégios ou defender a manutenção dos já existentes.
O ministro Mello acrescenta mais um triste capítulo à história do poder judiciário, esse mesmo poder que prima pela ausência e omissão nas horas difíceis e delicadas do país quando a democracia periga e precisa de instituições que a defendam.
Na última vez, na história ainda recente, em que a própria presidente foi participante ativa, o país foi mergulhado em 21 anos de ditadura e onde esteve o Supremo nesse tempo todo? Calou-se diante das prisões arbitrárias, dos assassinatos e da tortura dos cidadãos.
Ainda hoje, depois de décadas de restabelecimento da democracia, o poder judiciário continua distante da nação. Para a massa ignara a imagem que fica é que a Justiça é uma instituição de ricos e poderosos para defender ricos e poderosos. Para a grande parcela do povo é uma isntituição cara e desnecessária. E isso é muito, muito ruim, pois sem esse poder a República e a democracia são coisas impossíveis. E de caudilhos a nossa história anda repleta.
É triste pois já temos no país pouquíssimas instituições que cumprem o seu papel e o CNJ é uma dessas poucas, mercê principalmente do trabalho individual, corajoso e ético de sua atual presidente. Assim, depois de tanta luta para se implantar um Conselho tutelar da magistratura, quando esse Conselho começa realmente a funcionar é frustrado em suas atribuições.
O plenário ainda voltará ao tema, mas pelo andar da carruagem, e já dada a primeira pancada, não há muita esperança que a decisão coletiva seja diferente.
Infelizmente essa decisão monocrática não nos espanta. Já podíamos esperar por ela, pois estava se tornando quase escandalosa a grita geral contra o Conselho. A preocupação dos magistrados não é com a corrupção galopante que vai engolfando todos os escalões de todos os poderes da República. Haja vista o caso do mensalão que, depois de 7 anos, ainda não foi a julgamento e possivelmente não irá antes que as penas prescrevam. Longe disso, a grande preocupação que os magistrados indicam ter é com as suas próprias sinecuras e privilégios e quase que só se manifestam para pleitear mais privilégios ou defender a manutenção dos já existentes.
O ministro Mello acrescenta mais um triste capítulo à história do poder judiciário, esse mesmo poder que prima pela ausência e omissão nas horas difíceis e delicadas do país quando a democracia periga e precisa de instituições que a defendam.
Na última vez, na história ainda recente, em que a própria presidente foi participante ativa, o país foi mergulhado em 21 anos de ditadura e onde esteve o Supremo nesse tempo todo? Calou-se diante das prisões arbitrárias, dos assassinatos e da tortura dos cidadãos.
Ainda hoje, depois de décadas de restabelecimento da democracia, o poder judiciário continua distante da nação. Para a massa ignara a imagem que fica é que a Justiça é uma instituição de ricos e poderosos para defender ricos e poderosos. Para a grande parcela do povo é uma isntituição cara e desnecessária. E isso é muito, muito ruim, pois sem esse poder a República e a democracia são coisas impossíveis. E de caudilhos a nossa história anda repleta.
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