sábado, 16 de janeiro de 2016

Terceira Guerra?

Só precisamos agora de uma guerra, em escala global, entre os sunitas e os xiitas. Não bastam os salafistas, wahabitas, alauitas, Estado Islâmico, Irmandade Muçulmana brigarem todos entre si e todos contra Israel e os Estados Unidos. O Oriente Médio, para variar, está novamente pegando fogo.

Desta vez o estopim foi a conturbada relação entre sunitas e xiitas, que, recentemente, já vinha se deteriorando e assumiu agora um caráter de franco confronto entre a Arábia Saudita, país que exerce a liderança entre os sunitas e é considerado o guardião dos lugares sagrados do Islã, e o Irã, que, por sua vez, exerce a mesma função entre os xiitas.

A situação é pra lá de confusa: por exemplo, a monarquia saudita é wahabita, que é um ramo fundamentalista do Islã. Entretanto, essa monarquia é inimiga dos xiitas e aliada dos Estados Unidos, inimigo número 1 dos fundamentalistas de qualquer tipo. Para complicar mais, a Arábia Saudita vê com bons olhos as atividades do Estado Islâmico, que também é inimigo dos xiitas. Mas os aliados ocidentais dos Sauditas (França, Reino Unido e EUA) são inimigos declarados do Estado Islâmico.

Nessa confusão, que papel cabe a Israel? Acho que nem eles sabem e não querem saber. Ficam quietos esperando para ver quem é que vai sobrar e permanentemente preparados para enfrentar qualquer um. A grande guerra não acabou no século XX e se prolonga no século atual. O Papa falou em terceira guerra e talvez já estejamos mesmo nela, ou melhor, é tudo consequência e continuação da primeira. Pois foi ao final da Primeira Guerra que o Oriente foi fatiado, por interesse das potências ocidentais, nos Estados atuais de Síria, Jordânia, Arábia Saudita, Iraque, etc.  Antiquíssimos grupos tribais rivais se viram, de repente, pertencendo a um mesmo Estado, enquanto um mesmo grupo étnico acabou por se ver repartido entre 2 Estados diferentes, como aconteceu com os curdos.
A lealdade dos indivíduos desses grupos não é jamais a uma entidade abstrata como o Estado moderno. A lealdade é ao grupo, ao clã. Não há essa  noção ocidental de pátria; e nação, para eles, é o seu grupo étnico.

A divisão arbitrária, produzida pela França e Reino Unido, não podia dar certo, como não deu. Nesse ambiente tenso e conturbado, a criação do Estado de Israel (necessidade legítima, a meu ver, do povo judeu) em 1948, só serviu para acrescentar mais lenha à fogueira, pois a introdução de mais um elemento de tensão na geopolítica local, se deu sem a negociação adequada, uma vez que os interlocutores (os Estados árabes artificiais) não tinham legitimidade para negociar. Por outro lado, após o Holocausto, o povo judeu adquiriu moralmente o direito a um Estado próprio que os defendesse de genocídios futuros. O imbróglio estava formado e sem possibilidade de solução a curto ou a médio prazo.

Depois da recente primavera árabe, a situação se degringolou rapidamente. As potências ocidentais vacilaram e na indecisão entre apoiar ou não o regime ditatorial do Assad, deixaram o Estado Islâmico florescer. Ainda não é tarde para agirem, mas a cada dia o custo vai se tornando maior e as consequências mais imprevisíveis. 





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