segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Estado Palestino

Aquilo que começa errado, fica difícil de consertar depois. Em primeiro lugar as nações colonialistas, ao fazerem a partilha do Oriente Médio, depois da Primeira Guerra, não levaram em consideração as relações sócio-políticas existentes na região. Começou tudo errado. França e Inglaterra dividiram a região considerando unicamente seus próprios interesses geopolíticos e que se danassem as etnias, a história, as divisões tribais e religiosas (sim, a região não é um monólito muçulmano).
Nesse pano de fundo, já conflituoso por natureza e definição, ocorre a Segunda Guerra e, ao final dela, emerge a consciência culpada do "ocidente" ao se defrontar com a monstruosidade inenarrável do Holocausto.
O povo judeu merecia uma reparação e, na minha opinião, essa consciência culpada precipitou uma pseudo-solução, que, como vimos, não solucionou nada, ao contrário, criou um beco quase sem saída.
Faltou visão de longo prazo aos dois lados e, para mim, o radicalismo palestino,  muito pior que qualquer radicalismo judeu, só prejudicou...os palestinos!

No filme "O Gladiador"há uma cena em que os romanos mandam um emissário parlamentar com os bárbaros germânicos. Esses decapitam o negociador e devolvem seu corpo sem cabeça sobre seu próprio cavalo. Nesse momento o general romano diz: "os povos deveriam saber quando já estão derrotados". É isso. A história tem seu próprios mecanismos que não são tão auto-evidentes no momento em que operam, mas há coisas que antes de ocorrerem no tempo físico, já pre-existem num tempo supra-físico e vão se materializar inevitavelmente, queiramos ou não.
No caso retratado pelo filme, os germânicos já haviam perdido antes mesmo de ser travada a batalha. Os romanos eram mais fortes, mais poderosos, mais avançados em civilização, tinham maiores exércitos e melhores armas e táticas e queriam (na verdade, precisavam) se expandir para o noroeste europeu. Por que lutar então? Por que sacrificar vidas se o resultado já deveria ser evidente? Por que não fazer um acordo?

Com os palestinos aconteceu mais ou menos o mesmo. O Estado de Israel era historicamente inevitável. O povo judeu necessitava de um Estado! Um povo sem estado é um pária onde quer que esteja. Os judeus cultivam uma tradição milenar de aplicação ao aprendizado, ao aprimoramento do ser humano pelo estudo, pela reflexão filosófica, talvez mais que qualquer outro povo ou outra cultura sobre a terra. Com isso acumulou um cabedal de cultura e sabedoria que transborda os limites do judaísmo  Em virtude disso, aqueles judeus que fizeram a diáspora para o ocidente encontraram as condições ideais de se tornarem  a nata da nata. Tornaram-se ricos e poderosos, destacaram-se nas artes, na filosofia e na ciência. Pois esse povo, com esse cabedal, após o martírio sob Hitler decidiu que bastava, decidiu que era passada a hora de formar um estado, o Estado, que o sionismo já pregava havia um século. 
No conflito de culturas, a história nos demonstra que sempre a mais avançada ou destrói ou incorpora a menos avançada no seu "corpus". Isso é da natureza, é darwiniano e não há o que se possa fazer.

Naquela situação de pós-guerra o que tinham a favor de si os palestinos? Esquecendo as bobagens do politicamente correto, há que se dizer a verdade e,  sem juízo de valor, apenas como constatação de fatos. Se não houvesse sido criado o estado judeu, teriam os palestinos criado um estado próprio naquele momento? Tudo indica que não. Não havia, como não há nenhuma unidade política a congregar os palestinos. O que havia, como ainda hoje, eram e são facções cuja legitimidade é imposta pela força e que digladiam entre si em busca do poder e da supremacia. Hoje essas forças estão representadas pelo Hamas em Gaza e pelo Fatah na Cisjordânia.
O  que tinham de comum para apresentar como base cultural de um estado nacional, além de um amontoado de casebres onde vivia uma gente iletrada e sem instrução, sem qualquer tradição democrática, submetida a uma religião medieval e sem organização política na época para constituir nem mesmo um partido político quanto mais um estado?
Os palestinos, pela prevalência da religião em sua história, constituíam (como ainda constituem) uma sociedade autoritária, sem qualquer perspectiva de evolução para  a democracia. Ao contrário, acostumados a viver sob tirania e a considerá-la um fato da natureza, esse povo tem como "liga" apenas uma tradição religiosa arcaica, fanática e autoritária. Esse povo, por conta do atraso comandado pela religião, abriu mão da contribuição da metade de sua população, as mulheres, e as condenou ao nada! 
Esse povo foi quem decidiu que Israel não iria existir! E os fatos de 1948 comprovam a solução que adotaram. Não queriam um acordo, queriam a vitória, que nunca chegou, nem chegará.
Rejeitaram a proposta de partilha da ONU porque não queriam aceitar uma solução conciliatória e provavelmente porque, com a partilha, iriam ver o Estado de Israel florescer (como floresceu) ao lado da sua estagnação. Sem o Estado palestino podem jogar a culpa de seu atraso sempre em Israel e nos Estados Unidos.  Eu, particularmente, não acredito que a existência de um estado palestino tivesse proporcionado melhores condições a esse povo.  Só se o estado palestino tivesse tido o condão de evitar a guerra entre eles, coisa que também duvido.
Bangladesh e Paquistão estão aí a demonstrar a tese. No mesmo ano de 1948, quando o Paquistão se recusou a fazer parte do estado indiano, decretou sua futura cisão em dois estados, o que veio de fato a acontecer depois. A India, democrática, como Israel, floresceu e o Paquistão que se cindiu em dois estados miseráveis, permaneceu vítima da corrupção e do autoritarismo, sem futuro a curto e médio prazo para seu povo.
O mesmo, penso, irá acontecer com o estado palestino, quando for criado. Acabará por cindir-se em Cisjordânia e Gaza; continuarão, ambos, reféns dos grupos religiosos fanáticos e sem futuro a médio e a longo prazo.

A partir daí, não é necessário repisar os fatos. Sabemos o que houve. Sabemos que Israel também muitas vezes se excedeu, sabemos que os fanáticos dos dois lados querem é a perpetuação do conflito. Esse é o combustível que lhes dá razão de ser. É isso que Arafat queria, até se converter em líder da Autoridade Palestina, e é isso que o Hamas quer, é isso que os salafitas querem. Pouco importa ao Hamas que morram mulheres e crianças palestinas, que são usadas como escudo humano para impedir Israel de atacar e quando Israel, mesmo assim, ataca, servem para fazer a "propaganda" mundo afora a favor da "causa palestina". O que me incomoda é ver tanta gente inteligente engolir isso tudo. O que me incomoda é ver a opinião pre-fabricada de gente que odeia o bem estar, a prosperidade, a cultura e a educação (dos outros) e gosta de louvar a pobreza e o atraso (também dos outros), como se fossem virtudes. Essa gente, são os intelectuais de que falava Joãosinho Trinta.

A solução, se existir, não há de ser outra que a secularização do futuro estado palestino e a melhoria do nível de sua população através da educação, coisa que Israel pode até contribuir para que aconteça, além evidentemente da participação da ONU e de organismos internacionais de ajuda.
Já que Israel presta ajuda financeira à Cisjordânia, que a preste exigindo investimento em educação. A ONU deveria destituir a Autoridade Palestina, assentar tropas de paz nos dois territórios (Gaza e Cisjordânia), criar um governo pacificador internacional por 20 anos na região e promover o desenvolvimento sócio-econômico da Palestina até que eles possam andar com suas próprias pernas.
Isso não agradaria a nenhum dos grupos radicais dos dois lados, nem seria uma solução fácil de implementar, mas não há outra possibilidade. O contrário disso é a guerra, a morte e a carnifica dos dois lados.



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