terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Nação de mendigos

Não bastassem as cotas raciais, vem o governo com mais uma demagogia que não resolve o problema e apenas engana o povo. É a questão das cotas para estudantes egressos de escolas públicas. A justificativa disso é uma grande desfaçatez, ou melhor dizendo, um grande cinismo.
O governo abdica de sua função republicana e constitucional de proporcionar educação universal e de qualidade a todos os seus cidadãos indistintamente. Entrega essa função à iniciativa privada, criando um grande novo ramo de negócio, o que é demonstrado pela proliferação de escolas particulares em  todos os níveis e pelo seu faturamento anual.
No próprio site Portal Brasil temos a seguinte informação: são 31 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental e 8 milhões no ensino médio. Desses, 12,7% (4 milhões) no ensino fundamental e 11,67% (970 mil) no ensino médio, estão em escolas particulares.
No ensino superior, temos a situação inversa, são 6,7 milhões de alunos matriculados, sendo 5,7 milhões em escolas particulares e somente 1 milhão  na rede pública (Inep).
Isso demonstra, mais que cabalmente, a deficiência do sistema público de ensino que não gabarita seus alunos para o curso superior, os quais, por isso, não conseguem entrar na universidade pública tendo que contentar-se com a escola privada. 
Além disso, nos últimos 30 anos, as ofertas de vagas no ensino público superior tiveram uma expansão  bastante inferior à expansão ocorrida no ensino superior privado. Isso significa que houve demanda, só que não foi satisfeita pelo poder público.
Se olharmos pelo lado do investimento, aí então há um paradoxo absurdo. O investimento feito pelo Estado brasileiro em educação tem crescido a taxas muito maiores que o crescimento da rede de ensino e das ofertas de vagas. Ou seja, os governantes podem até se gabar de estarem investindo mais na educação. Só não vão contar a história direito, porque uma parte expressiva desses gastos são direcionados para as escolas... particulares! 
Como? Via subsídios (financiamentos para a educação), via renúncia fiscal (isenção de impostos). O governo desvia assim uma boa parcela do dinheiro público para as contas das empresas privadas de ensino sob a demagogia de estar estimulando e financiando o estudante carente. Dinheiro que poderia ser muito melhor aproveitado se fosse destinado ao ensino público.
Não é com esmolas e migalhas caídas da mesa do rei que se vai promover o desenvolvimento do país. Um povo que precisa de ajuda do governo para sobreviver é uma nação de mendigos; E uma nação de mendigos não escolhe o seu destino, apenas se submete ao que lhe é imposto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem vindo! Deixe aqui seu comentário:

Seguidores do Blog

No Twitter:

Wikipedia

Resultados da pesquisa