segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos: Nação x Estado

A abertura dos Jogos Olímpicos, a meu ver, foi muito além das expectativas. Foi uma cerimônia muito bonita e o público participou ativamente, contagiando a todos com aquela alegria tipicamente brasileira. Aí fica-se pensando: por que é que o Brasil não dá certo?

Se somos capazes de fazer uma festa como aquela, de organizar tudo tão perfeitamente como organizamos os desfiles de carnaval, de até cumprir prazos; se somos capazes de superar problemas estruturais e conjunturais e, no meio da maior crise econômica e política da nossa história (com o Estado, onde se realizam os Jogos, falido), realizar um evento como esse, é inevitável o espanto.

Deveríamos ser um país de primeira linha! Temos um povo inventivo, engenhoso, com uma excelente capacidade de adaptação e superação de problemas, com uma vocação para a alegria, para o convívio harmônico, como nenhum outro povo no mundo. E estamos nos esquecendo disso. Estamos perdendo um pouco dessas características por conta do estado de beligerância permanente que a insegurança urbana nos mantém.

Durante a cerimônia deu para nos esquecermos das balas perdidas, da pobreza crônica, do atraso educacional, do transporte público caótico, das endemias e epidemias perfeitamente evitáveis. E aí ressurgiu, em sua plenitude, o espírito do Brasil, do qual sinto saudade: o espírito de uma nação que se acostumou a ver, sentados à mesma mesa, árabes e judeus, italianos e japoneses, argentinos e portugueses, com muitas piadas, muita gozação, mas nenhum ódio, nenhuma intolerância.

Então, vem à mente a pergunta: o que é que deu errado? Como é que fomos nos perdendo de nós mesmos?

A resposta se resume em uma frase: tudo é consequência do nosso modelo de Estado. Nosso atraso,  nossas mazelas, são consequência desse Estado que criamos, ou que criaram por nós e nós aceitamos. É um Estado privatizado, para uso e abuso de uns poucos privilegiados, encastelados na classe política ou dela mantenedores e dependentes ao mesmo tempo. 
Assim é um Estado excludente, que trata a maioria dos cidadãos como cidadãos de segunda ou terceira classe. A esquerda no Brasil sabe disso, a esquerda sempre vociferou contra isso. O problema é que, quando chegou lá, em vez de mudar o Estado, mudou-se para dentro dele.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

A Gosto!

A rara conjunção de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno vai dominar o mês de agosto. O ápice do fenômeno será no dia 27. O Olimpo está em festa e, para quem acredita nos astros, dona Dilma está ferrada! 

Renan Calheiros já marcou a data do início do julgamento no plenário. Escolheu o dia 25! Uma data bem significativa. É o dia do Soldado, dia do Exército, dia de Caxias e a data em que Jânio renunciou ao trono, oops, à presidência; e um dia depois da data do suicídio de Getúlio Vargas! Haja simbolismo nisso!

Um astrólogo fake, desses que escrevem horóscopos nos jornais, disse:

" A poderosa conjunção de planetas em agosto promete muita agitação no mundo político, representado por Júpiter. 
Marte, o planeta vermelho,  ataca fortemente, mas seu ataque é contrabalançado e superado pela ação de Saturno. 
Mercúrio favorece  a negociação entre os aliados da nova base política e sua união será garantida pelos influxos positivos de Vênus."

Tradução: dona Dilma tá ferrada!


A responsabilidade dos partidos políticos

Pergunta de cidadão comum: um partido político pode fazer o que quiser que nada lhe acontece? Em outras palavras: os partidos políticos são pessoas jurídicas inimputáveis?
Essa pergunta vem a calhar sobre as atividades criminosas conduzidas e dirigidas durante anos pelo PT, com a participação e conivência de outros da sua "base aliada". O que vai acontecer com esse partido e seus coligados? Nada?
A gente vê as condenações (brandas a meu ver) dos agentes, pessoas físicas, que operaram o esquema criminoso, mas não é possível que as organizações se escondam atrás desses agentes e se livrem de qualquer sanção, para continuar suas atividades criminosas no futuro.

Esses partidos tinham que ser multados, devolver aos cofres públicos o que roubaram e, no caso específico do PT, por ser inegavelmente o líder da Orcrim, ter o registro cassado pelo Supremo Tribunal Eleitoral e todos os seus filiados serem destituídos dos cargos, uma vez que estarão representando um partido inexistente.

É óbvio que a gritaria vai ser enorme. Vão dizer que isso é ditadura etc., etc. Mas se a sociedade e as instituições ficarem inertes estarão dando um recado muito negativo ao país, qual seja: qualquer grupo de pessoas que quiser montar um organização criminosa, basta fundar um partido político. Já existe isso nas organizações chamadas religiosas, muitas delas criadas com o único objetivo de arrecadar dinheiro e se ver livre de impostos. Isso explica a proliferação dessas organizações depois da Constituição de 1988.
Com os partidos, o esquema é semelhante: não pagam impostos, recebem dinheiro público do Fundo Partidário (que é outra coisa que devia acabar) e ainda estão imunes às sanções por atividades ilegais (no mínimo pelo uso rotineiro do caixa 2). E todos no país fingindo que isso não existe e que, se existe, ninguém sabe de nada.
Está na hora de chamar os partidos, todos eles, à responsabilidade, senão cai a Dilma, cai o PT, mas nada muda.



segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Escola neutra

Um artigo de Carlos Alberto Di Franco, publicado hoje no Estadão, toca em um tema fundamental para a segurança e liberdade de toda a nação. Trata-se da discussão sobre a ideologia na escola.
O projeto de dominação marxista visa antes de tudo conquistar os corações e as mentes das pessoas. O Cristianismo sabe, há séculos antes de Marx, que, para essa conquista, nenhuma ferramenta é melhor que a catequese.

O processo de catequese se aproveita da imaturidade das mentes jovens e lhes incute uma série de dogmas e postulados que passam a atuar como um super-ego, dificultando ou mesmo impedido a crítica.
O marxismo, uma ideologia de perfil religioso, que se fundamenta em dogmas inquestionáveis, que não admite dissensão interna, adotou o mesmo método de "educação". Foi assim em Cuba, foi assim na China e está sendo assim no Brasil. A escola, no Brasil, está impregnada, contaminada, por essa ideologia. A formação das mentes, ao invés de incentivar a liberdade de pensamento, sufoca-a, sob a pregação, aberta ou insidiosa, de um único tema.

O texto em questão aborda a proposta do projeto "Escola sem partido" (www.escolasempartido.org.br) que é muito simples: a escola não deve ser lugar para doutrinação religiosa, política ou ideológica. A escola tem que ser neutra. Um projeto de lei nesse sentido já tramita no Congresso (PL 193). É de autoria do lúcido senador Magno Malta e está em tramitação naquela casa. Entretanto, esse projeto vem sofrendo oposição ferrenha, obviamente, de setores da esquerda que alegam que, ele, o projeto, é castrador e interfere na liberdade da cátedra. Como se a cátedra tivesse liberdade de interferir na liberdade de pensamento do aluno.
O que o projeto propõe é exatamente o contrário. Quer que o processo educacional seja neutro; que ofereça aos alunos todas as correntes de pensamento e a possibilidade de crítica, sejam no aspecto religioso, político ou ideológico.

É preciso que os pais se engajem nessa discussão. Não podemos deixar o Estado decidir como os nossos filhos serão educados. Ao fim e ao cabo, quem verdadeiramente tem a função e o dever de educar são os próprios pais.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

O vexame de Lula lá

Lula já pôs o Brasil em outras saias justas. Quando conseguiu trazer os Jogos Olímpicos para o Rio, sabendo de antemão que a preparação ia ser uma "zona", nos impôs a tremeda saia justa, cujo aperto só agora estamos sentindo.
É como aquela história do camarada que perde  emprego, já gastou o fundo de garantia, e vem o cunhado passar as férias em sua casa com a família toda. O camarada não tem dinheiro, mas tem que fazer as gracinhas para as visitas. O Brasil é hoje o cara que perdeu o emprego e as visitas são as delegações do mundo inteiro. E o responsável por isso, wstá é tentando se esconder do juiz Sérgio Moro.

O que nos leva a outro vexame. Apelar para ONU, denunciando todo o sistema judiciário do seu país, como se aqui fosse uma ditadura, como se não houvesse uma segunda instância, como se não houvesse uma Suprema Corte, é demais.
Lula, um ex-presidente, contra o qual nada aconteceu ainda de fato, embora todas as evidências denunciem que ele roubou e deixou roubar, recorre a um foro internacional e expõe seu país dessa maneira.
Isso seria impensável, até mesmo para os padrões do PT.  O Brasil não merece isso. Desfazer a imagem do país dessa maneira, nem os inimigos fariam, se o Brasil os tivesse.
Nem na época da ditadura militar, em que Lula foi preso e tinha todas as justificativas para se considerar um perseguido político, apelou para o Comitê de Direitos Humanos da ONU.

É vergonhoso o que esse sujeito é capaz de fazer para tentar escapar das garras da justiça comum. O medo dele é justificado, mas não porque vivamos em um país sem instituições, como ele quer fazer crer,. O medo é justificado porque ele sabe que é culpado, e sabe que as provas, mais cedo ou mais tarde, irão cair nas mãos da PF e do MP, se lá já não estiverem. A primeira tentativa de escapar foi a nomeação para ministro do agonizante governo Dilma, cujo documento o Bessias lhe levou para "usar em caso de necessidade".
Como perdeu não só o foro privilegiado, como também o comando do governo, não tinha mais a quem apelar dentro de seu país. Como sabe que terá que enfrentar a Justiça brasileira, usou, como última cartada, essa tentativa ridícula de tornar político um crime comum de roubalheira, expondo mais uma vez, o Brasil aos olhos internacionais.
Está difícil virar essa página. A justiça bem que poderia andar mais rápido para pôr um fim nisso. E Lula, lá, na cadeia.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

O que começa errado...

Há um ditado que diz: o que começa errado, não tem jeito de acabar certo. Os Jogos Olímpicos estão aí para confirmar mais uma vez o ditado.
Tudo começou com um ataque megalomaníaco de Lula e seus acólitos, que pensavam que podiam tudo, e, ao mesmo tempo, usariam os Jogos Olímpicos, assim como a Copa, para imitar os ditadores militares e insuflar um falso orgulho de "Brasil Grande" no rebanho votante.
Todos os ditadores e projetos de ditaduras, de esquerda ou de direita, sabem que uma excelente maneira de anestesiar o povo é criar uma atmosfera triunfalista, que una os súditos sob um pretexto de nação enfrentando adversários ou inimigos, o tal do "nós contra eles". A guerra é um bom mecanismo desse naipe. As grandes competições esportivas também. Esse foi um grande motivo para Lula pavimentar seu projeto de perpetuação no poder. E agora cá estamos nós, uma nação quebrada, que herdou a responsabilidade de fazer esses Jogos Olímpicos.
Vai ser um vexame! Aliás já está sendo! Essa semana o NY Times apresentou uma foto da baía de Guanabara com um cadáver flutuando (ver abaixo). vamos dizer o quê? Uma imagem vale mais que mil palavras.


 O fato de os alojamentos das delegações não estarem prontos não causa nenhuma surpresa. Aliás, surpresa seria se estivessem. 
Afinal, para os padrões brasileiros, tivemos muito pouco tempo para nos preparar. Foram só sete anos!
Nossa escala de tempo para implantar projetos é outra. Não podemos contar em anos, mas em décadas, quando conseguimos.



No fatídico dia 02/10/2009, em que o Rio foi a cidade escolhida para sediar os Jogos de 2016, Lula declarou, com lágrimas nos olhos, naquele seu estilo triunfalístico de então, deixando entrever no entanto o eterno complexo de vira-latas: "É dia de comemorar porque o Brasil deixou de ser País de segunda classe" "Hoje, o Brasil conquistou a cidadania internacional. Quebramos o último preconceito. Provamos que temos competência para fazer a Olimpíada" - como se realmente, gastar quase 15 bilhões de dólares na campanha, que, sabe-se lá como foi conduzida, fosse mesmo uma prova de competência para realizar os Jogos.

Repetindo: O Brasil gastou 14,4 BILHÕES de dólares só na campanha para trazer os Jogos para o Rio (mais que as outras finalistas, todas muito mais ricas que o Rio). Países como a Suécia se recusaram, dizendo que têm outras prioridades.
E deixamos de fazer escolas, hospitais, modernizar os portos, melhorar o transporte público, para satisfazer interesses particulares e de uma só cidade do país.  Tudo em nome da malfadada politicagem.

Agora, temos que fazê-la. Já gastamos mesmo. Os cínicos dirão que sem os Jogos esses hospitais, essas escolas, etc,. não seriam construidos do mesmo jeito. É bastante provável, mas não ficaria tão absurda e tão agressiva contra o povo brasileiro, essa falta de respeito com o nosso dinheiro. E não correríamos o risco de um grande vexame internacional, como estamos correndo. Esse risco é muito maior que o de um atentado terrorista.
Aliás, com corpos boiando na baía, não precisamos de outros atentados terroristas, o terrorismo interno, o terrorismo da casa já basta.


 

Contabilidade do Rombo

É preciso ir fazendo a contabilidade do que se roubou no Brasil durante os anos dos governos do PT, senão a gente perde a noção. Isso é um dado importante, inclusive sob o ponto de vista dos historiadores do futuro, quando tentarem analisar o que houve nos subterrâneos do poder nesses anos turvos e turbulentos.
Evidentemente, todos os números que forem citados agora, ainda serão provisórios. O buraco é sempre muito mais embaixo do que a gente imagina; e esqueletos não param de sair dos armários. Mas já dá pra fazer umas continhas:

1- Ferrovia Norte-Sul - superfaturamento de 236 milhões, segundo o Ministério Público Federal.
2- Petrobras - desvio estimado de 60 bilhões, fora o prejuízo provoado por má gestão.
3- Eletrobras - a ser apurado
4- BNDES - a ser apurado
5- CEF: ainda não avaliado.
6- Banco do Brasil - a ser apurado
7- Previdência Social: 200 bilhões é o rombo estimado atual.
8- Contas públicas (deficit fiscal) : 150 bilhões em 2016.
9- Fundos de pensão: 113 bilhões
10- Aposentados - superfaturamento nos empréstimos consignados. Valor total a ser apurado.

Disse o Pondé que levaremos 50 anos para nos recuperarmos desse "choque de gestão" do PT. É verdade. Isso, se nesses 50 anos, nosso povo não tiver esquecido tudo e dado a chance outra vez a essa corja.

O grande teste será ainda nesse ano, nas eleições municipais. Vamos ver se nós, o povo, aprendemos alguma coisa e se as instituições evoluíram para barrar os bandidos antes sequer que se apresentem como candidatos.

sábado, 23 de julho de 2016

O Brasil "fake"

Vivemos uma era no Brasil em que tudo era factóide. O país estava "dando certo", os pobres tinham ascendido à classe média, a economia estava sob controle, a inflação não existia, nem deficit público, o PIB, se não era ótimo, ia ficar. O goveno ia investir na construção de 800 aeroportos, o dinheiro do pré-sal ia financiar a educação, a  transposição do S.Francisco ia acabar com os problemas da seca no Nordeste, o trem-bala entre Rio e S.Paulo traria muito mais conforto e eficiência no maior corredor de transporte do país. Que mais? Devo estar me esquecendo de alguma coisa, afinal eram tantas as maravilhas!

O Brasil real, como era de se esperar, deu as caras, talvez um pouco mais cedo que os manipuladores de marionetes gostariam, e fez os mitos se desvanecerem como fumaça. A realidade dura e crua se impôs a todos, os que acreditavam e os que descriam da narrativa petista. Acabou-se o faz-de-conta. Chegou a hora de botar os pé no chão e trabalhar duro não só para avançarmos como sociedade, mas também para nos recuperarmos do prejuízo e do retrocesso.

Mesmo assim, alguns resquícios do mundo de fantasia ainda persistem. Um exemplo disso é o patético vídeo em que a empresária Luíza Trajano, do Magazine Luiza, tenta conduzir a tocha olímpica por algns metros, em Franca-SP. 
Demonstrando absoluto desconhecimento do que ia fazer, logo depois da "arrancada" é advertida por uma das atletas acompanhantes para levar a tocha apenas com uma mão. 
Aos 30 segundos de maratona, começa a se entusiasmar e chega até a acenar para o público. Com 1 minuto de corrida extenuante, começa a dar sinais de que vai falhar, passa do trote para um andar trôpego e logo desmorona no chão.
Uma metáfora perfeita do governo de sua amiga dileta, Dilma Rousseff. E, quem sabe, uma premonição do que vão ser os Jogos Olímpicos no Rio. Esperemos que não.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

Se o Brasil der certo

Lula disse, em sua mais recente (e melancólica) viagem a Pernambuco, que só não será candidato em 2018 "se o Brasil der certo". Ufa!
Dessa vez, acertou em cheio. Não será candidato, pois o Brasil vai dar certo, está dando certo! 

Bastou a retirada desses sanguessugas do poder e já começou a dar certo. Além do mais, temos pessoas na administração pública que falam a língua portuguesa, e cujo raciocínio a gente entende. Isso por si só já é um alívio, um fator desestressante, um rumo em direção ao "dar certo".

Além disso, se o Brasil estiver "dando certo", antes de 2018, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva e familiares serão chamados pela Justiça para responder por seus crimes. Portanto, será inelegível e sequer poderá ser candidato, conforme proibição constante na Lei da Ficha Limpa.

Lula tocou no ponto central. Se o Brasil der certo, ele jamais poderá ser candidato  a coisa alguma. Seu destino agora é outro. Tudo parece calmo na superfície, mas a Lava Jato continua se movendo. É uma questão de muito pouco tempo para o Brasil começar a dar certo de novo.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Espodumênio

Você sabe o que é espodumênio? Nem eu. Quero dizer, eu não sabia até ontem. Fiquei sabendo hoje que é um mineral, descoberto em 1800, na Suécia, por ninguém mais, ninguém menos, que o estadista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência.
Eu não sabia também que José Bonifácio era químico e mineralogista, além de tudo mais. Tinha ele um perfil eclético, muito parecido com o de Benjamim Franklin, que também era político e cientista!

A partir daí, as informações sobre Bonifácio não pararam de me surpreender: formou-se em Ciências Naturais na Universidade de Coimbra, foi professor de Geologia na mesma universidade, fez parte da Academia de Ciências de Lisboa, descobriu, descreveu e nomeou 4 novos minerais. Em 1797, foi eleito membro da Real Academia de Ciências da Suécia, aquela que confere o prêmio Nobel. Falava 12 idiomas! O homem era um gênio! E quase não se sabe nada dele em nosso país.

José Bonifácio foi ainda tutor de D. Pedro II e inspirou no imperador o gosto pela ciência. Era abolicionista e favorável ao ensino público gratuito em todos os níveis. Mas, suas ideias liberais não prevaleceram, pois foi exilado por D. Pedro I em 1923, só retornando ao país em 1929 e, sendo novamente preso em 1933 por causa de intrigas políticas, acabou por se retirar da vida pública. Assim perdemos um estadista.

Espodumênio pode ser um nome bem feio, mas esse e um outro mineral, a petalita, também descoberto por José Bonifácio, são grandes fontes de lítio, elemento químico com grande aplicação na cerâmica, na indústria eletro-eletrônica (baterias), na indústria nuclear e até na medicina. E a popularização dos carros elétricos tornará o lítio mais valioso que o petróleo, no decorrer desse século.

Espodumênio, José Bonifácio e carros elétricos, quem diria, estariam tão relacionados assim?

terça-feira, 19 de julho de 2016

O Golpe Turco

Erdogan é um candidato a ditador. Disso não há dúvida. À semelhança de Putin, passou de primeiro-ministro a presidente, mas manda tanto, ou mais, do que mandava antes. Seu partido é controlado com mão de ferro. E, além de tudo, traz um viés religioso. Política e religião juntos produzem um combustível de alta capacidade inflamável.

Esse golpe está muito mal explicado. Já são 6 mil pessoas presas, entre civis e militares, acusados de conspiração. É possível uma coisa dessas? Um golpe tramado por 6 mil pessoas já é uma coisa absolutamente fora do comum. E, um golpe tramado por 6 mil pessoas, e que ainda falha, é algo mais do que extraordinário!

É evidente que essas prisões são, na verdade, um expurgo que o Erdogan está promovendo com relação aos seus adversários políticos. E a Europa e os Estados Unidos não vão poder dizer nada, porque afinal têm que defender a "democracia" turca.

Para se ver livre desses adversários, Erdogan quer agora restaurar a pena de morte, que havia sido abolida em 2004. Tudo muito democraticamente, votado pelo parlamento, etc., etc.

Alguns países parece que tem uma sina da qual não se livram. A Rússia, por exemplo, não consegue sair de um regime autocrático. A China, idem. A Turquia está no mesmo grupo, junto com outros países do Oriente Médio, que não se livram dos chamados "homens-fortes". O México, Argentina e o Brasil não conseguem se livrar de políticos fisiológicos e venais. A Itália e o Japão não se livram das máfias. A África inteira não se livra da miséria, da doença, da fome, e da corrupção. 

É triste de se ver esse espetáculo de desperdício de recursos naturais e humanos. Houve um momento, na virada do séc. XIX para o séc. XX em que se acreditou que seria apenas uma questão de tempo e toda a humanidade partilharia o desenvolvimento tecnológico e cientifico. E, com isso, as abissais diferenças na qualidade de vida das pessoas, simplesmente desapareceriam.

Mas logo em seguida, vieram as duas grandes guerras e a guerra fria, a desfazer esse sonho e a colocar, em lugar dele, o pesadelo do Terror permanente. Hoje é mais fácil acreditarmos na autodestruição da espécie humana, do que na utopia de um desenvolvimento e progresso compartilhado. A Turquia é um bom exemplo. No início do século XX, conseguiu se desfazer das amarras do atraso religioso, quando Kemal Atatürk fundou a chamada Turquia moderna. Mudou o alfabeto e vários costumes à força e sua sombra política se projetou desde então até quase os nossos dias na vida do povo turco.

Tudo, porém, que a Turquia conseguiu avançar nas primeiras décadas do séc. XX parece estar retrocedendo com a recente ascensão dos partidos religiosos. Temos caminhado, no século XXI,  rapidamente em direção à barbárie. Resta saber se esse processo vai eventualmente estancar e reverter. Se depender dos líderes políticos do momento a esperança é escassa.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Cara de pau dos políticos

A cara-de-pau dos políticos brasileiros não tem limites. Com tantos problemas a resolver, com a nação em frangalhos, necessitando de ações firmes para sua recuperação, o que fazem os senhores senadores, liderados por Renan Calheiros? Resolvem votar em regime de urgência uma lei contra o "abuso de autoridade", ou seja, uma lei para domar a Lava Jato e demais operações presentes e futuras.

Quando se reclama do número absurdo de partidos, que impede o exercício pura e simples da representação democrática, todos reconhecem a situação esdrúxula, mas não movem uma palha para resolvê-la.
Quando se fala do cipoal de leis e decretos que impedem o funcionamento normal das instituições, quando as empresas se afogam em uma legislação fiscal kafkiana, espera-se que o Congresso vote, em regime de urgência, uma reforma tributária e uma reforma política. Mas há quantos anos se fala disso e o Congresso finge que não é com ele?

Mas na hora em que se sentem ameaçados pelo simples cumprimento da Lei, resolvem votar uma outra lei que lhes reforce a impunidade. Não basta o foro privilegiado. Não basta a leniência do Supremo. Não basta a chicana dos advogados pagos com o mesmo dinheiro que roubaram. Querem ainda mais. Querem estar imunes à lei. Querem continuar, como sempre, vivendo em um país de privilégios, bancados por nós, os idiotas.

No próximo dia 31, temos que ir de novo às ruas para fazer a nossa voz ser ouvida. Mais uma vez, vamos dizer a esses canalhas, que o poder não é deles. O poder é nosso. E nós o exerceremos, quer eles queiram ou não.
Eles insistem, mas nós insistiremos também. Não queremos Dilma, não queremos Lula, não queremos PT, mas não queremos também Renan Calheiros, nem Eduardo Cunha, nem Gleisi Hoffman, nem Waldir Maranhão, nem Romero Jucá, nem..., nem..., nem... A lista é grande, mas sabemos todos os nomes desses canalhas, que tentam se esconder sob o manto do mandato parlamentar.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Queda da Bastilha (2)

Falando ontem sobre a Bastilha, não podia prever o que aconteceria mais tarde, em plena celebração, em Nice. O mundo está ficando um lugar muito perigoso! A qualquer momento, uma pessoa, aparentemente sem motivo real, resolve dar cabo da própria vida levando consigo o maior número possível de outros seres humanos. Não interessa a identidade desses outros, nem o que eles fizeram ou deixaram de fazer. Nem o que sejam, velhos, adultos ou crianças, homens ou mulheres, a que grupo social ou etnia pertençam, que religião sigam, que partido político ou ideologia apoiem. Basta que estejam em um certo lugar, a uma certa hora, e estão condenados "a priori".

A falta de lógica, de racionalidade, a determinar esses atos terroristas deixa a todos atônitos. Não há a menor possibilidade de se prever e, consequentemente, de se prevenir. Essa aleatoriedade deixa-nos perplexos, a correr riscos em todo canto, e a identificar suspeitos em qualquer um que se aproxime. Cada desconhecido representa um risco. A máxima de Sartre se converte em realidade física palpável: o inferno são os outros.

É esse o objetivo do Terror? Deixar a "civilização ocidental" insegura, com medo? O que se consegue com isso? 
Há um perigo maior à espreita. Pessoas com medo procuram a segurança, e estão dispostas a pagar o preço, qualquer preço, para obtê-la. Esse é o terreno fértil onde vicejam ideias xenófobas e anti-libertárias como as de um Donald Trump. Se essa corrente vencer, aquilo que conhecemos como "civilização ocidental" fundada na liberdade e na democracia, terá desaparecido.

A extrema direita está cada vez mais confortável para expor seus programas e suas ideias, baseadas na exclusão e no ódio. A esquerda, ou o que resta dela, também não ajuda, ao defender outro tipo de ditadura e dar ensejo à corrupção desenfreada. O desencanto com a democracia representativa é geral e a frustração das pessoas dá lugar a todo tipo de atitude, até as mais extremas como essa que aconteceu em Nice. Esse rapaz, de origem tunisiana, não tinha vínculos com nenhuma organização terrorista, sequer era muçulmano praticante. Era apenas mais um frustrado, que saiu de seu país de nascimento em busca de um sonho, que não se concretizou e não se concretizará jamais para nenhum dos outros, que ainda não se mataram, mas que já estão à espreita.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Queda da Bastilha

O cabeleireiro de François Hollande ganha o equivalente a mais de 35 mil reais por mês! Um escândalo se escancara na França.
Hollande devia ter em conta que, no mesmo dia de hoje, há 300 anos, fez se uma Revolução em seu país, após a qual, o que se cortava não eram propriamente os cabelos, mas a cabeça inteira dos governantes.

Os tempos e os lugares mudam, mas a cupidez humana permanece intacta. Basta ter uma pequena chance, e o bicho homem está lá, aprontando das suas, puxando um vantagenzinha daqui, um privilegiozinho dali. Isso quando não roubam descaradamente como fez outro presidente francês, Giscard D"Estaigne, ao receber diamantes, em propina, de um ditador africano, o Bokassa.

Para nós, brasileiros, quase que é um pequeno alívio. Afinal se até eles, os desenvolvidos europeus, se envolvem em falcatruas! Por que não, nós, tupiniquins?

Na verdade, o salário do Kamura de lá, é um absurdo em termos éticos, mas não é ilegal, nem se compara ao que se fez e se faz por aqui, mas o problema é a mensagem. Estamos entrando em uma era em que a política tradicional está caindo no descrédito. É isso o que explica a ascensão de um Donald Trump, por exemplo. O Brexit pertence à mesma categoria de fenômeno: os eleitores não se sentem representados pelos políticos.

Quando isso acontece só há um modo de se resolver a situação: os representantes acabam por ter suas cabeças cortadas, fisica ou metaforicamente.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A ameaça de Lula

Na hora em que percebe que a tempestade amainou, Lula dá as caras de novo. Agora volta a ameaçar a nação com sua eventual candidatura em 2018. Disse ele: se existir um risco de retrocesso das nossas políticas sociais, vou me candidatar.

É uma mentira atrás da outra. Em primeiro lugar, Lula e seus cúmplices nunca estiveram preocupados com as "políticas sociais" a não ser naquilo em que elas serviam para lhes dar votos e eventualmente encher as burras do partido e deles próprios com dinheiro público.
O caso de Paulo Bernardo, maridão da Gleisi Hoffman, deixa isso muito claro. A "política social" do empréstimo consignado a aposentados serviu muito bem como um aparato que permitiu que ele embolsasse alguns milhões.

Quantos milhões a mais foram embolsados também em outros "programas sociais"? Ainda não sabemos, mas o Ministério Público já aponta fraudes de 2,5 bilhões no Bolsa Família. Entre beneficiários do programa encontram-se defuntos, pessoas sem CPF, pessoas com múltiplos CPF's, servidores públicos, doadores de campanhas, empresários e por aí vai.

E qualquer atitude no sentido de corrigir ou redimensionar o programa será chamada de "retrocesso". Só não acredito que Lula se candidate. Isso é só balela, que, ele pensa, irá nos aterrorizar. Em primeiro lugar, até 2018, essa múmia deverá estar é na cadeia pelos crimes que cometeu e coordenou, como grande capo da Orcrim. Em segundo lugar, se houvesse a possibilidade e ele se candidatasse, sofreria uma derrota fragorosa, para ficar na história, e ele sabe muito bem disso e não vai se arriscar a carregar isso na biografia.

Então, por quê ele faz isso? Porque não tem mais nada a fazer. Seu partido está no fundo do poço. Seu poste, desalojado do poder. Seus "aliados" querendo evitar a proximidade. Essa é portanto uma tentativa de se manter na mídia, de não ser enterrado politicamente. É o que lhe resta, pateticamente, a fazer.













quinta-feira, 7 de julho de 2016

O velho jogo não acabou (ainda)

Na última postagem, com meu otimismo renitente, escrevi que o velho jogo tinha acabado. 
Fui desmentido logo em seguida por ninguém menos que a figura jurídica do Supremo Tribunal. Eis que o Tribunal mandou a PF averiguar e, eventualmente punir, os autores dos bonecos infláveis que representam o ministro Lewandowski e o procurador Janot. Diz o despacho do Tribunal da Inquisição, oops, STF: 
"Tais condutas, no entender desta secretaria, que atua no estrito exercício de suas atribuições funcionais, representaram grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade de uma das principais instituições que dão suporte ao Estado Democrático de Direito, qual seja, o Poder Judiciário, com o potencial de colocar em risco –sobretudo se foram reiteradas– o seu regular funcionamento", diz o texto.
"Configuram, ademais, intolerável atentado à honra do Chefe desse Poder e, em consequência, à própria dignidade da Justiça Brasileira, extrapolando, em muito, a liberdade de expressão que o texto constitucional garante a todos os cidadãos, quando mais não seja, por consubstanciarem em tese, incitação à prática de crimes e à insubordinação em face de duas das mais altas autoridades do país."

Grave ameaça à ordem pública?  Inaceitável atentado à credibilidade do poder judiciário? Data venia, como gostam de ouvir os senhores ministros, inaceitável atentado à credibilidade desse Egrégio Tribunal são decisões estapafúrdias, como a que prolatou esta semana o ministro Celso de Melo, voltando atrás, monocraticamente, à decisão do colegiado que mandara cumprir mandado de prisão aos condenados em segunda instância. Isso, sim, é grave atentado à ordem, pois ninguém mais sabe se será preso ou não, após segunda condenação, o que vai depender do entendimento do juiz a quem for designado o caso. É a justiça imponderável. A justiça casual. O que mais poderia atentar à credibilidade desse poder?
Incitação à prática de crimes? Não é a impunidade, quase garantida pelas procrastinações que o Supremo apoia, a maior incitação à prática de crimes? Quando um ministro, como Tóffoli, manda soltar um alto suspeito de lesar aposentados, que mensagem está passando à sociedade? Com certeza não é uma mensagem de credibilidade. Com certeza não é uma mensagem de respeito à ordem pública.
Por último, a mensagem fala em insubordinação às altas autoridades? Aí está o foco do nosso problema: servidores úblicos são considerados autoridades, altas autoridades. Não estão lá para servir, mas para serem servidos.
Essas chamadas altas autoridades são servidores públicos!!! São pagas com o nosso dinheiro e devem satisfações a todos os brasileiros!!! Não é o contrário!

Quanto ao argumento de extrapolação da liberdade de expressão, não nem para discutir. Liberdade de expressão é como virgindade. Ou há ou não há. Só faltava agora o nosso Egrégio e Sacrossanto Tribunal querer restaurar a censura no país.

Finalmente: só dói quando é no calo deles? O sacripanta e seu poste foram mais do que caracterizados em pixulecos por mais de um ano e ninguém pensou em atentado, ameaça à ordem pública, ou extrapolação da liberdade de expressão. Quando agora, o alvo das críticas, são as figuras impolutas de toga preta, aí ocorre essa reação absolutamente desproporcional! Assim não dá, senhores ministros. A regra tem que ser a mesma e valer para todos.

terça-feira, 5 de julho de 2016

O velho jogo acabou

Apesar de todas as evidências de que vivemos hoje em um novo país,  que a sociedade internalizou as mudanças de paradigma, que as redes sociais deram voz e vez a quem só podia sussurrar nos breus das tocas, a classe política ainda não se convenceu disso e insiste em nos oferecer mais do mesmo.

Seja o Cunha, seja o Renan, sejam magistrados como esse desembargador Ivan Athiê, todos pretendem continuar jogando  o mesmo velho jogo que muito bem conhecem e muito bem manipulam, mas não dá mais. O jogo agora é outro e outras são as regras.

O jogo agora que vale é o que está sendo proposto pela força-tarefa de Curitiba, pelo juiz Sérgio Moro, pelos jovens membros do Ministério Público, pela Polícia Federal. Essas são as novas regras, não adianta espernear na tentativa de reverter à situação anterior. Isso só demonstra que a classe política tem dificuldade de entender o país, de entender o que querem os seus "representados", e que se afasta cada vez mais da população. As consequências podem ser desastrosas.

Quando a classe política tradicional perde contato com o povo que deveria representar,  abre-se um vácuo de representatividade. Como na natureza não existe vácuo permanente, essa função será logo preenchida por um grupo, ou mesmo uma pessoa, que se apresente ao povo como um novo e legítimo representante. Aventureiros com carisma se prestam logo a esse papel, especialmente aqueles que, por não fazerem parte de "tudo isso que aí está" chegam com um discurso "novo" e afinado com os medos, os anseios e as frustrações nacionais.
Medos, anseios e frustrações é o que não falta ao Brasil de hoje e a manipulação dessas emoções pode levar o país a embarcar em mais uma experiência totalitária. Os Jaires Bolsonaros por aí estão arrebanhando cada vez mais adeptos. Podem ainda ser poucos. Podem muitos não declararem envergonhadamente esse apoio, mas isso já ocorreu em outros países, não custa lembrar e uma vez presentes as condições, forma-se uma avalanche cujo efeito manada fica impossível de ser controlado.

Em outras palavras, a democracia é um sistema frágil, que exige muito compromisso e responsabilidade dos agentes políticos, o que, infelizmente, tem faltado reiteradas vezes no Brasil. O velho jogo acabou. É preciso que esses agentes políticos se convençam disso o mais rápido possível para que a sociedade possa ser ver representada na liderança deles. Caso contrário a sociedade vai procurar por outro tipo de liderança.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

O que vamos fazer com o Brasil?

O que vamos fazer com o Brasil? Essa pergunta reflete a nossa perplexidade diante de um país que pensávamos que tínhamos e que descobrimos que não temos mais, ou melhor, nunca tivemos.

O Brasil oficial sempre foi um país de mentira. Isso todos nós sabemos. Já sabíamos e aceitamos, fingindo e fazendo parte do jogo. Escondíamos de nós mesmos as mazelas, para torcer febrilmente por um Brasil Grande nas Copas do mundo, nas Olímpíadas, na Fórmula 1. Carregávamos um certo orgulho de sermos um país pacíifico e cordial, de sermos alegres, expansivos, informais, calorosos, amigáveis. As mazelas, que era impossível esconder, eram culpa dos outros, dos colonizadores, dos exploradores, dos imperialistas.

As máscaras agora foram brutalmente arrancadas. Não somos nada disso e temos que admitir a verdade porque não há como escondê-la mais. A começar pelo sistema político: um caos e uma vergonha! Ninguém se salva. Gente de todos os partidos, líderes políticos, pessoas que assumiram os cargos mais importantes, estão todos emaranhados na mesma teia de corrupção. Aí fica a pergunta: vamos trocar quem por quem? O Congresso nos dá nojo ou vergonha e, às vezes, as duas coisas juntas. Mas quem elegeu esse Congresso? Ele é a nossa cara! 

Todos os defeitos que se escancaram no Congresso são retrato do nosso povo. O Congresso nos reflete, como um espelho. Temos que admitir que somos um país de malandros, de mentirosos caras-de-pau, de espertinhos, de contraventores e criminosos em vários graus, de corruptos e corruptores, de oportunistas, de pessoas violentas, de gente ignorante, de gente que despreza a educação, que tem horror à cultura, que não gosta de trabalhar, que não gosta de pensar, de comodistas, acomodados, de ladrões,  de machistas, misóginos, homofóbicos, racistas, enfim, a escória da escória das gentes.

É preciso que desçamos ao fundo do poço para passar esse país a limpo, se é que tem jeito. É preciso que paremos de nos iludir e tenhamos a coragem de nos confrontar a nós mesmos e encarar toda a sujeira, para podermos limpá-la. O que está acontecendo hoje no Rio é uma imagem condensada do que está acontecendo em todo o país. O caos do Rio, a violência do Rio, o desarranjo do Rio, são males do Brasil. Chegamos ao fundo do poço, como povo e como nação. Teremos a capacidade de nos reconstruir?

A vida é muito curta para morar no Rio

Reproduzo abaixo o texto de Mariliz Pereira Jorge publicado hoje na Folha. A verdade pode doer, mas não deixa de ser verdade.

A vida é muito curta para morar no Rio

30/06/2016 

Eu era a paulista mais carioca que meus amigos conheciam. Tinha a tal alma, roupas coloridas, conta na barraca do Leandro, no Posto 12, mesa cativa no Jobi, chamava os garçons pelo nome, tomava cerveja na calçada, banho de mar à noite no verão. Estava com uma mala sempre pronta, e a poltrona 8F no avião religiosamente reservada para ver lá de cima a cidade chegando.

A vida é muito curta para não morar no Rio, diziam. Eu ria, mas voltava feliz para o meu caos organizado em São Paulo, às segundas pela manhã. Até que uma proposta de trabalho me trouxe de mala e mudança. Depois do primeiro mês, a lua de mel com a cidade acabou e eu me perguntava: como as pessoas moram aqui?

Demorou, mas não sou mais solitária nesse questionamento. Vejo amigos e conhecidos compartilhando em redes sociais uma pesquisa feita pela ONG Rio Como Vamos, que mostra que 56% da população tem vontade de ir embora da cidade. Em 2011 esse percentual era de 27%.

O que faz os moradores quererem fazer as malas é o aumento da violência. Roubos na rua assustam mais as classes mais altas, enquanto as balas perdidas são o terror na vida da população menos favorecida. Mas os problemas do Rio vão muito além disso, e é um espanto que apenas tiro, porrada e bomba tenham acendido o alerta de que a Cidade Maravilhosa é uma farsa. Uma paisagem espetacular, recheada de problemas escandalosos.

Essa visão de que o Rio é o melhor lugar do mundo para se viver é um tanto provinciana e romântica, além de cega, de uma maioria que mora e trabalha na zona sul –e parte da zona oeste– e só de vez em quando tem o doce cotidiano chacoalhado pela violência que atravessa o túnel Rebouças. Gente que vive numa bolha, que eventualmente estoura num assalto com morte.

Vida que segue. A gente se deslumbra com a belezura da geografia e aprende a conviver com malandragem generalizada, falta de pontualidade, incompetência disfarçada de informalidade, hostilidade travestida de espontaneidade, infâncias miseráveis, pobreza, falta de tudo.

O Rio é só uma cidade decadente que vive de um glamour passado, num presente melancólico. E parte da sua população sempre foi conivente com tudo que nos fez descambar para essa triste realidade. Como fechar os olhos para uma parte gigante da cidade que apenas sobrevive?

Praias, lagoas e baía não ficaram poluídas da noite para o dia. Ainda assim, as areias estão sempre cheias, mesmo nos dias em que o mar não está nem para peixe nem para gente. O negócio é mergulhar no cocô para se refrescar, tomar uma cervejinha e tirar foto do pôr do sol. Com sorte, daqui uns anos ainda reste o pôr do sol.

Chamar favela de comunidade não muda o fato de que centenas de milhares de pessoas continuam vivendo sem saneamento, sem saúde, sem educação, reféns ora do tráfico ora da milícia. Mas é bonito subir o morro, ir ao sambinha, postar foto na "comunidade" e fazer de conta que ela está integrada. Não está. Fica bonito na letra de música, na poesia, mas é apenas gente esquecida –e tolerada– em troca de status de cartão postal.

Mas tudo bem, a gente dá uma maquiada, ergue muros nas linhas Amarela e Vermelha para que os turistas não vejam o lado mais feio, miserável e perigoso da cidade –além de evitar que balas atravessem a pista e matem os desavisados. De quebra, nós mesmo esquecemos que existe o lado mais feio, miserável e perigoso por onde só passamos a caminho do aeroporto.

O coro de "nunca pensei que diria isso, mas penso em ir embora do Rio", tomou o lugar de posts babaovistas com legenda "Rio, eu amo eu cuido", "Eu moro onde as pessoas passam as férias". Férias é somente o que uma pessoa com juízo faria aqui. Vem, passa o dia na praia, torce para não ser vítima de um arrastão, passeia pelos pontos turísticos, toma um chopp aguado, come um bolinho no Braca, vai no ensaio da escola de samba, se o tráfico não estiver em pé de guerra, pega o avião a vai embora.

Para quem mora aqui, o jeito é torcer. O que nem sempre é suficiente. Para muita gente a vida tem sido muito curta para morar no Rio. Juan, um ano e dois meses. Giselle, 34. José Josenildo, 31. Foram mortos nas últimas semanas. Bala perdida. Tentativa de assalto. Emboscada. Não há paisagem que valha a pena morrer tão cedo.

Obviamente, criminalidade, pobreza, corrupção e falta de toda a sorte de serviços básicos são problemas em maior ou menor grau em todas as capitais brasileiras, mas nenhuma se vende como Cidade Maravilhosa. E antes que algum ofendido venha me mandar embora, só tenho uma coisa a dizer: é o que eu mais quero. Eu e os 56% dos moradores do Rio.

Debaixo da toga

A nação suspeita, há muito tempo, que vários ministros do Supremo usam a estrela do PT por baixo da toga. E, de vez em quando, essas suspeitas são corroboradas por atitudes, no mínimo, duvidosas desses ministros.

O ministro Lewandowski, não bastasse sua atuação francamente pró PT no julgamento do mensalão, ainda se prestou a manter encontro secreto com Dilma em Portugal, um despropósito total, para dizer pouco. O ministro Marco Aurélio, que até então só era um chato de galocha, depois que sua filha foi nomeada pela ex-presidente para um cargo vitalício com salário monumental, virou petista de carteirinha desde a infância. Foi ele quem inventou a figura do impeachment de vice.

O ministro Barroso não procura nem tentar disfarçar. Sua atuação no episódio da eleição da comissão do impeachment, que foi anulada, deixou de modo cabal e explicíto o viés ideológico, quando omitiu dolosamente a parte do texto que não lhe interessava, ao ler um trecho do Regimento Interno da Câmara. E o ministro Dias Tóffoli, ex-advogado do PT, continua a exercer essa função sob a toga negra, sempre que precisam dele.

Sua decisão de mandar soltar um sujeito que desviou e roubou dinheiro de aposentados, dando a esse bandido a possibilidade de atuar na ocultação dos valores roubados, foi uma decisão que ainda pertence ao país que está acabando e que queremos ver morto e enterrado. 

É preciso repudiar com veemência atitudes como essa que não cabem mais no Brasil de hoje. Ainda somos um país atrasado, ainda temos muito a fazer para merecermos o título de país civilizado, mas um passo importante foi dado nessa direção desde 2013. Não há como retroceder.


terça-feira, 28 de junho de 2016

BREXIT

Por que é que a saída do Reino Unido da União Européia será o caos? Não concordo com essa tese. A história britânica mostra que eles nunca se sentiram muito confortáveis com relação à Europa em geral. 

Sendo uma ilha, conseguiram manter-se sempre a certa distância do que acontecia no continente. Primeiro foi a Espanha que tentou de todas as maneiras dominar e comandar os britânicos, até que a famosa esquadra de Filipe II, a Invencivel Armada, composta de 130 embarcações,  não conseguiu superar as ações de Sir Francis Drake, um corsário, e naufragou em uma tempestade quando tentava invadir a Ilha.

Foi nesse momento, sob o reinado da outra Elizabeth, que a Inglaterra (e depois o Reino Unido) tomou as rédeas do próprio destino, o que a tornou, mais tarde, um império maior que a própria Espanha.

Desde a união das coroas sob James Stuart (I da Inglaterra e IV da Escócia) até 1973, os britânicos viveram "fora" da Europa. Após a II Guerra, o império, que se desmanchava, criou a Commonwealth, a primeira grande comunidade de nações, que passou a existir sem nenhum vínculo especial com a Europa.

O sonho de uma união europeia foi um sonho muito mais francês que britânico. Isso era, inclusive, o grande plano de Napoleão: unir a Europa, mas deixar os britânicos de fora, contra os quais decretou o Bloqueio Naval, causa indireta da independência do Brasil, como consequência da fuga da família real portuguesa para cá.

Em resumo: a Inglaterra sempre olhou para o Continente com muita desconfiança.  A União Europeía não conseguiu nesses 43 anos, mudar esse estado de espírito. A saída era natural nesse caso, em especial, quando, para os britânicos, o ônus de participar de uma união tão desigual estava se mostrando maior que os bônus. Um exemplo: o sistema de saúde britânico, público e universal e um motivo de orgulho para a nação, estava perdendo recursos para subsidiar o sistema de saúde europeu, leia-se, para subsidiar o sistema de saúde dos gregos. O mesmo se pode dizer das aposentadorias. O Welfare State foi simplesmente demolido. E a imigração, à qual os ingleses já estavam acostumados, dadas as suas relações com a Commomwealth, se tornaram, de repente, um fardo, pois uma coisa é aceitar imigrantes da India ou da Jamaica, que estão culturalmente adaptados aos padrões britânicos. Outra coisa é ter que receber, à força, imigrantes cuja cultura nada tem a ver com a cultura local e ainda podem ser uma ameaça, como ocorreu na França, Bélgica e Holanda. Isso pode parecer egoísta e anti-humanitário, mas essa questão da segurança afeta a todos. Ser humanitário pode ser bonito no papel, mas, quando seu filho pode ser explodido por uma bomba, a coisa muda de figura.

O fato é que a União Européia não conseguiu convencer os britânicos que era melhor ficar. E eles exerceram seu direito de escolha. Respeitemos!

PS- Para o Brasil isso pode ser uma vantagem. É o momento de procuramos acordos comerciais com o Reino Unido.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

País dos privilégios

O Brasil não é um país em que seus cidadãos tenham direitos, é um país onde alguns cidadãos tem privilégios! Portanto é um país onda há cidadãos de primeira, segunda e até de terceira classe.

Cada grupo, cada corporação, luta para abocanhar alguma vantagem para si, para seus membros, exclusivamente. E que se danem os outros.
É assim com a classe dos funcionários públicos, cujos privilégios de estabilidade e aposentadoria integral, são negados aos demais trabalhadores. É assim com as filhas adultas solteiras dos militares, que recebem pensão vitalícia. É assim com alguns setores econômicos bafejados por subsídios e renúncias fiscais, enquanto outros, se fossem somente deixados à própria sorte já se considerariam beneficiados. O pior, para eles,  é que o Estado vê nesses outros setores, tão somente a galinha dos ovos de ouro da qual querem sugar o máximo possível.

São castas e privilégios de tudo quanto é tipo. Tudo isso culmina com o foro especial concedido a certos políticos, uma excrescência imoral e ilegítima. Por mais argumentos que usem no sentido de nos querer demonstrar que o foro especial por prerrogativa de função é necessário e não se configura em um privilégio, não conseguem. A existência desse foro, para crimes comuns, configura uma aberração insuportável em uma república, onde os cidadãos, por definição, têm que ser iguais perante a Lei.
Por causa dessa excrescência, um senador, ou um presidente da República pode, por exemplo,  matar alguém; e só será julgado, se o for e quando o for, pelo Supremo Tribunal Federal. 

No Brasil calcula-se que existem 22 mil pessoas, no presente momento, que estão protegidas sob a capa dessa excrescência jurídica. Os que defendem o foro especial hão de argumentar que isso não é proteção. Não é uma ova! Por que então a Dilma mandou o Bessias levar a tal nomeação para o Lula assinar, "em caso de necessidade"? O outro nome disso é salvo-conduto. E é isso que o foro privilegiado é: um salvo-conduto para a impunidade.

Outros países que adotam esse tipo de privilégio são: Portugal, Espanha, Argentina e Colômbia. São paises que não configuram propriamente uma boa companhia, do ponto de vista institucional. E já que estamos passando o país a limpo, seria muito oportuno acabar de vez com essa anomalia, para dizer o mínimo. É preciso que os políticos tenham medo do povo. Só assim irão representá-lo bem.

domingo, 26 de junho de 2016

Eduardos e Josés

Uma estatística dos nomes  envolvidos na Lava Jato, vai mostrar que prevalecem os nomes Eduardo e José. Não se sabe por quê. 
José foi um nome muito comum no Brasil. Isso explica uma parte. Mas Eduardo não é tão comum assim, entretanto, sobram Eduardos nessa investigação.
Só pra lembrar uns poucos, Eduardo Cunha é o mais óbvio. Mas tem o Henrique Eduardo Alves, o Eduardo Campos, o José Eduardo Cardozo, que satisfaz aos dois critérios, o Eduardo Paes, prefeito do Rio, pego em gravação com Lula, confrontando a Lava Jato. Há também os quase desconhecidos Eduardo Braga, ex-governador do Amazonas e atualmente senador pelo mesmo Estado e Eduardo da Fonte que é deputado federal.
Os Josés encabeçam a lista, a partir do mais famoso deles, o Zé Dirceu. E aí vem José Carlos Bumlai, José Janene, José Afonso Hamm, José Olímpio Moraes, José Otávio  Germano, José Mentor, José Linhares Ponte, Alexandre José dos Santos, José Sergio Gabrielli e outros Zés.
O que quer dizer isso? Nada. Apenas uma curiosidade estatística. Fiquem tranquilos os demais Zés e os demais Eduardos. É preciso muito mais do que um nome para fazer parte dessa "ilustre" tropa. É preciso, antes de mais nada, de falta de caráter.

domingo, 19 de junho de 2016

Tomás Turbando

O advogado da Anta foi extremamente didático na semana passada. Ao invocar a autoridade  de um suposto jurista de renome, Tomás Turbando, como testemunha de defesa da dita cuja, fechou com chave de ouro um governo inepto, corrupto e, acima de tudo, ridículo.
Não há mais nada a dizer. Aliás, essa Anta nunca teve nada a dizer ao país. O que ela fez durante esses 6 malfadados anos pode ser descrito pelo nome do "famoso" jurista mencionado por seu amarra-cachorro.
E eles são especialistas em atos falhos. A toda hora, o verdadeiro pensamento de um petista, escondido sob a camada de uma tese altamente louvável e altruísta, se revela no ato falho. 
Tomás Turbando! É isso o que o José Eduardo Cardoso está fazendo na comissão do impeachment. Só isso!

segunda-feira, 13 de junho de 2016

País do Faz-de-conta

O foro privilegiado é uma excrescência jurídica. Não se justifica sob nenhum ângulo e é ainda um resquício do regime militar. Está na hora de se acabar com ele.

Em uma república democrática todos devem ser iguais perante a Lei, não importa quem seja, não importa que cargo ocupe. E, os partidos que se dizem de esquerda, que tanto pregam o igualitarismo, deveriam se voltar contra essa absurda manutenção da maior desigualdade de todas, aquela que nega igual distribuição de justiça.

O símbolo da Justiça é uma mulher de olhos vendados, justamente para demonstrar que, na hora de julgar, não deve haver distinção, nem discriminação, entre as pessoas. Portanto, senhores deputados, está na hora de pararmos de ser um país do faz-de-conta, infantil e  profundamente desigual, para sermos um país moderno e podermos usar toda essa riqueza potencial em recursos naturais e humanos, que temos, em benefício da nação.

Temos que abandonar de vez esse sistema de oligarquias e privilégios. É óbvio que as oligarquias vão resistir, mas não dá mais. O país não aguenta e isso está demonstrado por essa crise. Temos que nos livrar dessa gente. Colocar na cadeia os Lulas e os Sarneys. E colocá-los por muitos anos, até mofarem. Temos que retirar desses criminosos a possibilidade de se elegerem novamente. Assim evitaremos casos como o de Collor, com todo o custo que isso representa para a nação.

Atravessamos o ponto em que não há retorno. Só podemos andar para frente, ou então, será o caos.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Libera o processo do Lula, Teori!

Petroleiros estão em greve...contra o governo Temer! Quando a Petrobras estava sendo saqueada não se viu movimento algum de petroleiros em defesa dela.

Agora estão protestando contra um governo que mal começou, aliás, que ainda não começou, pois, para nossa infelicidade ainda há um ritual a ser cumprido e teremos que esperar até agosto para virar definitivamente essa "página infeliz da nossa história".

Nada foi feito ainda na Petrobras, exceto a troca de comando, mas os petroleiros acham que têm motivos suficientes para protestar.
É obvio que esses grevistas são a testa de ferro de Lula e Dilma! Não estão protestando a favor da Petrobras, estão protestando contra o encerramento da roubalheira.

Lula continua ativo. Continua insuflando nos subterrâneos a sua claque sindicalista. Se pudesse, poria fogo no país. É por isso, por atentar contra o funcionamento das instituições, além dos vários outros crimes que cometeu, que precisa ser preso! O que Teori está fazendo que não libera seu processo para o juiz Moro?
Não há justificativa nenhuma, para esse processo permanecer no Supremo! Enquanto não for submetido ao mesmo tratamento de seus comparsas, vai se sentir no direito de ainda tripudiar sobre as desgraças a que seu governo e a de seu poste nos submeteu.

Chega de firulas processuais. O homem é criminoso! As evidências são abundantes, além da lógica racional a apontá-lo como autor e beneficiários de todos esses crimes. Se os petroleiros em greve tivessem a mínima honestidade intelectual, estariam vociferando contra esse sujeito e essa sujeita, e não contra um governo que está tentando acertar.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Se é público é de ninguém

Lula, por incrível que pareça, ainda em liberdade, esteve ontem à frente do lançamento da campanha "Se é público, é de todos". Essa campanha visa resgatar o moral dos funcionários das estatais.

Nada mais falso e mais fora de hora. Aqui cabem algumas afirmações e perguntas, que, por óbvio, ficarão sem resposta.
Primeiro: Dane-se o moral dos funcionários! O que precisa ser resgatado é a moralidade no trato com a coisa pública.
Segundo: Quem é que está pagando essa campanha? São as próprias estatais? Com o meu, o seu, o nosso dinheiro?
Terceiro: Lula foi o mentor e o beneficiário de todo esse processo que culminou com a degradação as empresas públicas. Ele, portanto, deveria ser a última pessoa a tocar nesse assunto.
Quarto: No Brasil, todos sabem, o que é público não tem dono. Basta lembrar o vandalismo com os antigos orelhões, ou olhar para as latas de lixo amassadas, pichadas, despedaçadas, nas calçadas dos bairros mais nobres. É só ver a quantidade de veículos estacionados nas calçadas de Copacabana. Os bares que avançam pelo passeio como uma extensão da propriedade privada.

Só uma profunda mudança cultural, que levará gerações para ocorrer, pode alterar esse comportamento. Essa campanha, portanto, é apenas mais um factóide, já que não restam muitos outros à figura sorumbática do Exu de Garanhuns. E ele precisa, desesperadamente, de ter alguma "causa" nesse momento, para usar como escudo contra sua provável próxima prisão.

Para ele, é tudo uma questão de tempo: basta o ministro Teori devolver os autos de seu processo para Curitiba. Aliás, qual é o motivo desses autos ainda estarem no Supremo, na gaveta do ministro Zavaski, se o Lula não tem foro privilegiado? Essa é a pergunta que não quer calar nesse momento.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Vá assombrar outro

Mas essa mulher enche o saco, hein? Desculpem, mas não há outra forma de dizer isso. Êta, morrinha! Já está com uma mordomia danada, mas não satisfeita, quer ter um avião da FAB à sua disposição, para viajar quando quiser e para onde quiser.
Isso é mais um exemplo de desprezo petista pelo dinheiro público. Não há compromissos oficiais para quem está afastada do cargo. Ponto. Ela devia ficar quieta no Alvorada e já estaria de bom tamanho o "staff" de empregados e assessores à sua disposição.
Seu advogado (que, a propósito, está sendo pago por quem?) fez carta ao governo dizendo que ela viajaria em aviões de carreira e o risco daí decorrente seria de responsabilidade do governo. Balela!
Não viaja em aviões de carreira! Ou ela vai ser louca de se expor ao escárnio público? Pode até ser louca, mas não rasga dinheiro! Vai viajar, sim, com o dinheiro do PT, que aliás tem muito, considerando o tanto que roubou.

O pior de tudo é que Dima insiste em querer voltar. A pergunta é: para quê? Teve 6 anos ininterruptos para fazer todas as besteiras que fez, com toda prepotência e sem ouvir ninguém. Agora quer mais 2 anos, para quê exatamente? Para afundar ainda mais o país na recessão? Para encher os ministérios de gente incompetente e venal?
Alguém vai dizer que o ministério do Temer não é lá também grande coisa. Em grande parte pode até não ser uma maravilha, e de fato não é, mas há uma diferença fundamental, não só no ministério como nos demais escalões.
A primeira é: se alguém fala bobagem, cai. A segunda: não demora para cair. A terceira: é inegável o nível de seriedade e competência, por exemplo, das pessoas escolhidas para a presidir a Petrobras, o ministério da Fazenda e o Banco Central. Só para ficar entre esses três.
Ainda mais, Temer se mostra antenado e sensível às críticas, sendo capaz de voltar atrás e se corrigir, muito ao contrário daquela senhora, que deve ter algum problema psicológico grave, pois é incapaz de admitir que errou, apesar da evidência ululante dos fatos.

Ficamos livres dela e ela devia se dar por feliz por ter ficado livre de nós e por tão pouco.
Ou talvez, tudo isso seja apenas marola, jogo de aparências, para fugir à responsabilidade de ser chamada a explicar o inexplicável. Ela deve isso ao Brasil e o Brasil tem de lhe cobrar isso: sentadinha no banco do réus a explicar Pasadena, Belo Monte, Abreu e Lima, porto de Mariel em Cuba, dinheiro para Angola.

domingo, 5 de junho de 2016

Desimposto

A Suíça, ou Confederção Helvética,  sempre esteve à frente nas revoluções culturais e políticas. Enquanto a Europa inteira era quase toda dividida em reinos e impérios absolutistas, duas exceções se destacavam: a Inglaterra, com sua Carta Magna e  seu primeiro esboço de um Parlamento, e a Confederação Helvética, que já era uma república federativa e democrática em 1291.
A Suíça é um país neutro e, por causa disso, não faz parte da União Europeia, e tem um sistema de democracia direta que é unico no mundo.

Agora, dá mais um passo à frente. O povo vai decidir em plebiscito se quer adotar um programa de Renda Básica (que nada tem a ver com o que prega o Eduardo Suplicy) em que o Estado pagará, a cada cidadão, o equivalente a 9.000 reais por mês por adulto e 2.100 reais mensais para cada criança. Sem que tenha que fazer coisa alguma, em vez de o cidadão pagar, receberá um imposto do Estado.

A idéia por trás dessa proposta é sensacional. O ser humano, desde sempre, vem desenvolvendo a tecnologia para facilitar o seu trabalho. Da roda e  das ferramentas primitivas, até os robôs e a internet, passando pelos teares mecânicos e as máquinas a vapor da Revolução Industrial, tudo, enfim, visa aliviar a carga de trabalho das pessoas.

Entretanto, o que se viu foi que, ao produzir mais em menos tempo, a carga horária teve que diminuir, mas o conceito social não mudou. Explico melhor: a carga de trabalho, nas indústrias, no início do século XX, era de 16 horas por dia, mas foi nesse mesmo momento que vimos pela primeira vez o fenômeno do desemprego em massa. A sociedade aceitou uma redução até as atuais 8 horas por dia, ou 40/44 horas semanais, mas isso ainda é muito, pelo que se observa. 
Para diminuir o desemprego, alguns países, como a França, reduziram a carga horária ainda mais. Mas com a  continuidade da evolução tecnológica, as máquinas (antes dominarem o Homem, como crêem alguns cientistas e escritores de ficção) o substituirão no trabalho. 

Os suíços estão sainda na frente na mudança conceitual. Já que as máquinas podem fazer o trabalho humano, que se liberem as pessoas para fazer outras coisas: arte, lazer, cultura e "trabalho" intelectual para os que quiserem. 

Abolindo o trabalho humano, a sua subsistência será garantida pelo Estado, por meio dessa renda distribuída a partir da riqueza nacional gerada pelas máquinas, o que eles estão chamando de "riqueza digital". É claro que, nesse estágio, alguém ainda terá que tomar as decisões nas empresas e no governo, mas isso não vai requerer tempo integral das pessoas. Uma vez por ano vão para um referendo e decidem, como já estão fazedno há alguns séculos em sua democracia direta.

sábado, 4 de junho de 2016

Carta fora do baralho

Dilma já é carta fora do baralho, como ela mesma reconheceu em raro momento de lucidez e honestidade. Essa história toda de que alguns senadores podem mudar seu voto é tudo balela e manobra política para pressionar o Temer a fazer o que eles querem. Dane-se o Brasil, políticos só pensam nos próprios interesses.

Ninguém dá mais nem um tostão furado pelo futuro político da mais atroz figura que já passou pela política no Brasil. O problema, que temos que enfrentar, será essa barganha toda durante o período em que o Temer vai depender do Congresso e em especial do Senado.

Uma vez selado o impeachment e como ele pretende encerrar sua carreira política e não disputará reeleição, poderá fazer o que mais interessa ao país, sem que ninguém mais tenha poder de pressioná-lo. Ou seja, esse período de transição é um atraso de vida para o país. Esse é mais um motivo para adotarmos logo o parlamentarismo. 

O presidencialismo, já ficou demonstrado, é um sistema que não funciona no Brasil. Foi assim desde o primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, que acabou por renunciar. A República Velha foi apenas uma crise continuada: Afonso Pena morreu no exercício do mandato, em plena agitação política, que continuou no governo de seu sucessor Nilo Peçanha. Durante o governo de Hermes da Fonseca ocorreu a famosa Revolta da Chibata. Para controlá-la, o presidente teve que mandar bombardear os portos do Rio de Janeiro e governou sob estado de sítio. Venceslau Brás enfrentou a Revolta dos Sargentos. No governo de Epitácio Pessoa eclodiu o Movimento Tenentista (com a Revolta do Forte de Copacabana em 1922). Artur Bernardes, em seguida, continuou enfrentando o tenentismo e a Revolução de 1924, quando mandou bombardear S.Paulo. Governou sob estado de sítio. Depois veio a Revolução de 30 e  ditadura Vargas, entremeada de crises como a Revolução Constitucionalista de 32, a Intentona Comunista em 35, o golpe do Estado Novo em 37 e o Levante Integralista em 38. Depois o trauma do suicídio de Getúlio em 54, com golpes e contragolpes, a renúncia de Jânio, o parlamentarismo forçado, a deposição de Jango e a ditadura militar em 64, com um golpe interno em 68.

Depois da redemocratização a situação não melhorou. Dos 5 vice-presidentes, só 2 não assumiram: Marco Maciel (vice de FHC) e José Alencar (vice de Lula). É um índice muito alto: 60%!!!
Está na hora de escolhermos um regime melhor, que permita superação mais suave das crises e dê, ao país, mais estabilidade institucional. Mas não se vê ainda nenhum movimento político expressivo nessa direção.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Congresso inconsequente

Ninguém entendeu nada, ou melhor, entendemos perfeitamente! O governo apresenta à nação um deficit, nas contas públicas, de 170 bilhões (gerado pela incompetência e má-fé do governo antecessor, verdade, mas isso não diminui a responsabilidade do governo atual)  e que será saneado a duras penas, provavelmente com um aumento da carga tributária mais adiante, na semana seguinte, apoia aprovação de aumento de mais de 16% para os funcionários públicos!

Esse aumento causará despesas de quase 60 bilhões até 2019! O país não tem dinheiro para investir em nada, sequer para pagar os gastos correntes, a previdência está quebrada, o sistema de saúde abandonado, o desemprego atingindo mais de 11 milhões de pessoas, e o funcionalismo, que não corre o risco de perder o emprego, que terá aposentaria integral, ainda recebe essa benesse!? Em uma hora dessas?!

O funcionário público deve ser bem remunerado, sim. Funcionários públicos de alta qualidade são necessários à boa gestão do país. Mas as condições de trabalho tem que ser equivalentes, no serviço publico e no privado. A estabilidade, por exemplo, é necessária na função pública, para evitar retaliações politicas, por exemplo, mas nada justifica as outras benesses, a não ser o corporativismo classista. E tudo isso vindo na hora mais errada possível!

Como é que se vai falar em arrocho, como é que se vai pedir sacrifícios à nação, com mais essa conta nos sendo apresentada. Como é que se vai pedir a compreensão e a colaboração das pessoas, quando, ao invés de darem o exemplo de austeridade, acabam por confirmar aquilo que todos detestam e já estão cansados de saber: que os agentes públicos estão pouco se lixando para nós, os pagadores de impostos.

Assim não dá. O tempo dessas coisas ficou para trás. Não dá para ficarem insistindo na manutenção desses privilégios e "status quo". Será que  a classe política não vai compreender que não existe mais espaço para isso? Será que vai ter que correr sangue para que eles entendam? Será que teremos de nos transformar em uma Venezuela e tirar esse governo e esse congresso de lá a tapas? Espero que não, mas que eles estão se arriscando estão.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O futuro agora

Vamos ter que ir nos acostumando. O futuro finalmente chegou. Aquele futuro que, nós, que temos mais de 30, quando crianças, imaginávamos e assistíamos nos desenhos animados dos Jetsons está agora batendo às nossas portas.

Já temos a realidade aumentada e a Microsoft anuncia, para breve, a realidade misturada (Realidade Virtual Completamente Imersiva, FIVR), onde iremos interagir fisicamente com objetos (e até pessoas) virtuais.
É diferente dos óculos de realidade virtual já existentes e que, praticamente, só servem para jogos.

Pelo que a MS já divulgou será um aparelho de vestir que transformará a realidade ao nosso redor. Por exemplo, você pode escanear um objeto em 3D e enviar essa imagem para outra pessoa pela internet. Ao baixar a imagem, com esse aparelho (e software respectivo, o Windows Holográfico), o receptor poderá "manusear" esse objeto virtual com suas próprias suas mãos, sentir-lhe o peso, a textura, a temperatura, etc., tal qual o faria com o objeto real.
Muito doido? É cabuloso, como diriam uns "amigos".

Bom, a  partir daí é só deixar a imaginação correr solta, que tudo será possível. 
Outro exemplo: uma empresa tem um funcionário na China e outro no Canadá. 
Ela pode promover o encontro virtual-real desses dois funcionários de tal modo que possam trabalhar lado a lado, sentar-se à mesma mesa de reunião, etc. Ao se cumprimentarem, cada um sentirá o contato da mão do outro como em um cumprimento real.

Alguém já deve estar pensando besteira, mas será, sim, possível, o namoro virtual-real. Maridos em viagem, ou que trabalham em plataformas de petróleo, por exemplo, podem dormir com suas mulheres virtual-realmente todos os dias se quiserem. Isto é, se elas e eles quiserem. 
O melhor é que cada um dos parceiros pode dar um melhorada no outro. Seu marido pode ficar parecido com o Brad Pitt e sua mulher ficar igualzinha à Angelina Jolie (menos magra, claro!). Ou quem sabe, igual à Marcela Temer!

Temos que ter cuidado, porém. A coisa pode ser viciante. Se as pessoas já andam grudadas no celular, imagine-se na hora em que tiverem à disposição a tal vestimenta VR holográfica. Matrix vai ser brincadeira de crianças perto disso.

Simplesmente ridículos!

Meu Deus! Eu pensava que não iria mais falar da Anta do Planalto, mas não tem jeito. Ela insiste em fazer papel de tal modo ridículo, que não pode passar em brancas nuvens.

Agora são dois ridículos juntos, ela e o ex-senador Eduardo Suplicy. O pobre-coitado vinha há 3 anos pedindo uma audiência com Sua Majestade, a Anta. Escreveu mais de 20 cartas para ela! ...Cartas!

Em vão. Dilma negou a audiência a ele durante esses 3 anos. Somente agora, no ostracismo, resolveu conceder-lhe o benefício.
Como a principal característica das pessoas ridículas é jamais ter noção do ridículo, Eduardo Suplicy foi se entrevistar com ela, nessa altura do campeonato. O objetivo era pedir à Anta que implantasse a tal Renda Básica da Cidadania, mais uma estrovenga a se juntar às bolsas-isso, bolsas-aquilo, que não vai resolver os problemas do país. Ao contrário, nessa situação de deficit fiscal, adotar mais um penduricalho populista desses, só ajuda a aumentar o rombo.

Mas o Suplicy tem idéia fixa e só pensa nessa tal Renda Básica. É o seu projeto de vida e a coisa mais relevante que ele produziu em 40 anos de vida pública. Nem o PT o ouve. Agora só a Dilma.

Pois, ela o recebeu, finalmente, e ele ficou felicíssimo, porque ela lhe prometeu que vai implantar o projeto! Suplicy se deu por satisfeito por não ter desistido e disse à Dilma que está atuando no Senado para ajudá-la. Que ótimo!

Não sei qual dos dois está mais pirado, mas alguém tem que dizer a eles que o mundo em que eles vivem e sonham, já era! Acabou!
E é bom que os parentes da Anta tfiquem atentos. Seu distúrbio psicológico é grave e um final trágico-melodramático não é improvável.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Armagedon

Imaginemos um desastre total, o Armagedom, na política. Não estamos muito distante disso. A delação de Pedro Corrêa envolveu mais de 70 políticos, de Lula a Aécio, passando por Dilma, Renan Calheiros, Romero Jucá, Geddel Vieira, Edison Lobão, Sarney e Eduardo Cunha. O próprio delator confessou que está há 20 anos na política com o único e absoluto intuito de roubar.

A delação de Marcelo Odebrecht e da própria empresa em acordo de leniência, pode botar mais lenha nessa fogueira e queimar mais gente graúda. Diz-se que serão cerca de 300 políticos delatados. Devem ser os 300 picaretas do Lula, incluindo ele próprio.

Hoje o diretor-presidente do Bradesco, maior banco privado do Brasil, teve pedido de indiciamento pela PF pela mesma cartilha de crimes, junto com outros diretores. Ontem o ex-presidente do PSDB de Minas foi preso. São senadores, deputados, desembargadores, ministros do STJ, e olhe lá se nessas delações não vierem nomes graúdos até do Supremo. Nada mais parecido com o fim do mundo.

Vamos torcer para que seja o fim do mundo deles, o da roubalheira, do descaso como o povo que os elege, paga seus salários e ainda fornece impostos para que eles roubem mais. Chegamos a um ponto que agora, ou é o fim do mundo para eles, ou seráo fim do mundo para nós. É a nação contra essa corja. E a nação tem que prevalecer.

Entretanto, voltando ao Armagedom, sendo julgadas, condenadas e punidas essa enorme quadrilha, como é que fica? Se caem Temer, Renan e Cunha, assume quem for presidente do Supremo, que convoca novas eleições. Mas eleições de quê, de quem, em que situação? E a economia do país nesse interim, como fica? Vejam para onde nos levou essa classe política irresponsável; para um beco quase sem saída.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A cultura do corpo

Faço atividade física em uma academia. No vestiário masculino, ouço as conversas entre os demais frequentadores. Especialmente entre os chamados "pit-bulls" - aqueles fortões, que gostam de ficar olhando seus próprios músculos no espelho - o tema das conversas, assim como sua forma, é lastimável.

Para começar, a língua portuguesa é destroçada sem dó, nem piedade. O vocabulário é minimalista. O pronome eu é usado e abusado de um modo que chega à infantilidade. O pronome nós é substuído por "a galera". Os adjetivos quase sempre são "cabulosos", "sinistros" e "da hora". De advérbio, acho que só conhecem o "de boa", sem saber é claro, o que é advérbio.

Se fosse apenas a língua portuguesa a ser destroçada estava até bom. O pior é quando passam a se referir às "minas das baladas". É aí que a coisa pega. A atitude é tão agressiva que quase chega à misoginia (*). Freud ficaria deliciado com mais essa confirmação de suas teorias psicanalíticas. O medo reprimido que esses "machos" têm da mulher é algo impressionante.

A figura feminina os ameaça tanto que têm que ser dominada, domada, de certa maneira até destruída, reduzida a um objeto, para que eles consigam lidar com ela. Esse temor inconsciente é o motivo de brotar toda essa agressividade contra a mulher. Psicologicamente, são crianças com medo da bruxa, ou fada malvada, que os irá castrar. Isso, obviamente, não lhes diminui a culpa, nem a responsabilidade. São adultos, que deveriam se comportar como tal e, se não conseguem deveriam procurar tratamento.

Infelizmente, há também, por outro lado, um bando de mulheres tão doentes quanto. Aquelas que se escravizam a uma cultura do corpo e da beleza, que as reduz, mais uma vez, a objetos para o usufruto de outrem.

Nossa sociedade está doente e não se vê perspectiva de tratamento e cura a curto prazo.



(*) Misoginia - medo, pavor, aversão à figura feminina.

domingo, 29 de maio de 2016

A cultura da impunidade

Fomos deixando acontecer! Quando acordamos (será que acordamos?) vimos que uma parte do país, dentro das cidades,  está entregue a um Estado paralelo, o crime organizado do tráfico de  drogas. Outra parte, no topo da escala social, entregue a outro crime organizado, a conivência entre grandes empresas e agentes políticos.
Seja o crime organizado de baixo, seja o crime organizado de cima, os dois estão interligados e sufocam a população brasileira. E um existe por causa do outro.

Se os governos, em todas a esferas, não fossem antros de corrupção, haveria dinheiro e políticas públicas que não permitissem, ou melhor, que reduzissem a criminalidade urbana a patamares civilizadamente aceitáveis. A corrupção policial é apenas uma extensão da corrupção política em níveis mais elevados e, nem sempre, esses mundos estão tão distantes assim. Há políticos que se elegem com o apoio das "comunidades", ou seja, com o apoio dos traficantes. E deles dependem e a eles satisfazem.

E aí chegamos ao estupro coletivo dessa menina. Como ela, existem muitas outras, que frequentam os tais bailes funk, que se submetem aos desejos dos "chefes" locais, que, apesar de menores, bebem, usam drogas, se prostituem. Todo mundo sabe que esses "bailes" são promovidos pelo tráfico como um chamariz "comercial", para atrair mais consumidores.

E nao se vê os defensores dos direitos humanos gritarem diante desses absurdos que se cometem todos os dias nas favelas e nas periferias das grandes cidades, das médias e até das pequenas. A polícia, o ministério público, os órgãos de defesa da criança e do adolescente, os juizados de menores, todos fingem que esse universo não existe. Somente quando um caso, como esse, escandaliza a opinião pública, é que se finge tomar providências.

Quantos casos semelhantes acontecem e ninguém faz nada? Ou seremos ingênuos de pensar que esse estupro aconteceu só dessa vez? Na sexta-feira passada não houve baile funk na favela do Barão. Por quê? Porque a polícia estava, mesmo que a contragosto, procurando pelos estupradores. Isso deixa claro que, quando quer, a polícia assume o controle.

Não vai adiantar fazer passeatas contra a "cultura do estupro". Ela faz parte de uma cultura maior, a cultura da corrupção e da impunidade.

sábado, 28 de maio de 2016

Processos ocultos

Demorou, mas o Supremo, deu essa semana uma demonstração de avanço institucional ao eliminar os processos ocultos. Em um democracia, prevalece a regra da transparência nas atividades públicas. O sigilo só é justificado em questões de segurança, no interesse de facilitar investigações policiais (enquanto são investigações) e nas questões de âmbito estritamemte privado, como as questões de família.

Nos demais casos, prevalece a publicidade. Nós, cidadãos, temos o direito e até o dever de saber e acompanhar o que as autoridades constituídas estão fazendo em nosso nome e, supostamente, para nosso benefício.

É interessante notar que, coincidência ou não, essa atitude do Supremo, assim como a decisão de prender após condenação em segunda instância, só foram adotadas depois da Lava Jato.

A Suprema Corte do país, que deveria liderar os processos de saneamento das atividades públicas, vem a reboque de uma vara de primeira instância. Não é à toa que os bandidos, fantasiados de políticos, prezam tanto o foro privilegiado. Sabem que lá nas alturas do Poder terão muito mais possibilidade de escaparem ilesos dos rigores da Lei, quando menos pela demora na tramitação de processos, o que lhes facilita a prescrição (a meu ver outra excrescência jurídica).

O foro privilegiado tem de acabar, ao menos para os crimes comuns. Não se pode passar a mensagem ao povo de que quem tem poder pode tudo. Não há nenhuma razão republicana para dividir os cidadãos em duas ou mais classes. Se quisermos ser um país moderno temos que acabar de vez, com qualquer tipo de privilégio. O que os cidadãos precisam é de ter direitos. E que esses direitos sejam convertidos em realidade, ao invés de serem apenas letra morta.

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