quarta-feira, 26 de abril de 2017

Bandidos made in Brazil

Pois é! Chegamos lá! Chegamos ao estado da arte em matéria de bandidagem. Agora, sim, somos exportadores de bandidos. Podemos dizer que agora temos o Bandido MADE IN BRAZIL.
E não é qualquer bandido que exportamos. São bandidos com certificado de origem, D.O.C. (denominação de origem controlada), safra especificada, terroir, etc. e tal.
É um orgulho nacional o que o PCC fez no Paraguai! Assalto a uma empresa transportadora de valores para ninguém botar defeito! Planejamento exemplar, logística correta, efetivo bem treinado, inteligência e contra-inteligência funcionando, coordenação rápida e eficaz, comando inquestionável. Tudo se desenrolou com um profissionalismo impecável!

As polícias brasileira e paraguaia estão anos-luz atrás desses bandidos. O comando e a coordenação se fazem dos presídios. Mas, com toda a dificuldade que essa contingência possa lhes oferecer, o planejamento estratégico segue os manuais das maiores empresas. Identificam o mercado-alvo, os concorrentes, seus pontos fortes e fracos, traçam o plano de expansão dos negócios e o executam conforme o figurino. Há muita empresa por aí que nem chega perto disso.

E aqui, continuamos a enfiar a cabeça na areia, para não ver o que está acontecendo à nossa volta. Há um crime organizado, que vem de cima, se encontrando com um crime organizado que vem de baixo. Os dois se misturam em muitos pontos. Por exemplo: quando aquele helicóptero de propriedade do filho do senador Zezé Perrella foi flagrado pela PF,  com 445 quilos de cocaína, o que foi isso senão a junção das duas bandas da criminalidade? A de Brasília e a dos traficantes. 
Bem juntada, nesse caso, pois o assunto foi completamente esquecido e nada aconteceu, nem mesmo com o piloto, que era "funcionário" da Assembleia Legislativa de Minas e foi obrigado a assumir a responsabilidade pela "carga".

Entre essas duas máfias, ficamos nós, classe média sem poder e sem representação política, órfãos de pai e mãe.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Lula e Eduardo Cunha

Afinal, por muito menos, Eduardo Cunha foi preso. Obviamente, por sua postura arrogante, cheio de si, encarnou o inimigo preferencial da nação. E também tinha contra si, toda a turma do PT , ressentida e com sede de vingança, por ter ele conduzido o processo que deu no impeachment.
Nesse caso, seja por quais razões tenha sido, Eduardo Cunha fez um benefício ao país. Tal qual, Roberto Jefferson.
Cunha se esmerava em tentar obstruir a Justiça, usando de seu poder e seu cargo, ameaçando ex-cúmplices, destruindo provas, etc. Foi isso que levou à sua prisão preventiva. Foi preso e está bem preso. De lá não sairá tão cedo.

Outro caso, porém, causa espanto. É o caso do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Tentou por todos os meios obstruir a Justiça, inclusive quase sendo beneficiado por uma jogada entabulada com a Anta, sendo nomeado ministro de qualquer coisa. Agora, conforme delatou o Léo Pinheiro, com a Lava Jato em pleno andamento, Lula lhe pediu que destruísse provas. Alguém, em sã consciência, acredita que Léo Pinheiro ficou doido e começou a inventar coisas?

É claro que Lula está trabalhando 24 horas por dia para tentar impedir a Lava jato de atingí-lo. Meios ele teve e tem, mais que Eduardo Cunha. Afinal, Cunha não tinha um partido para chamar de seu. E o que Lula quer, o PT obedece e lhe faz a vontade. Por isso, Lula vai afundar o partido completamente, usando de todos os seus recursos para salvar a pele. Não importa a ele, que o partido se esfrangalhe, descambe em popularidade, consuma recursos, tempo e energia em tentar protegê-lo. Mesmo que o PT acabe, ou se transforme em um partido nanico, enquanto houver algum recurso à disposição Lula o usará para tentar se livrar da prisão.

É característica do sociopata, essa falta de culpa, e a capacidade de enganar. Lula não se livrará do destino que traçou para si, ao roubar do povo que o elegeu, mas ao destruir o PT no processo, acabará também involuntariamente, como Eduardo Cunha,  fazendo um bem ao país.






domingo, 16 de abril de 2017

Prisão do Lula

O país está se perguntando: afinal, a lei vale para todos, ou não? Há algum tempo, sabíamos que não. A lei que valia para o Zé da esquina, não valia para um Eike Batista, um Sérgio Cabral ou um Odebrecht. Agora sabemos que passou a valer também para eles.

Mas, e pro Lula? Entra denúncia, sai denúncia, casos e mais casos são contados, envolvendo não só o Exu, mas seus parentes, filhos, irmão, mulher, nora, até o cachorro e o papagaio; e o dito cujo continua livre e solto, ainda usando o microfone para nos ameaçar a todos com uma possível candidatura.

Sim, porque uma eventual candidatura do Lula, a essa altura, será um tapa na cara do povo brasileiro honesto e pagador de impostos. Deixar esse chefe mafioso ter o direito de disputar qualquer eleição é uma confissão de incompetência nossa, como povo, como democracia e como civilização. Quanto mais se demora para prendê-lo, menos as pessoas acreditam que a Lava Jato represente uma verdadeira mudança no país. É portanto uma questão didática, educativa. Prender o Lula é dizer a todos que realmente não há intocáveis no Brasil e que aqui a lei está valendo para todos indiscriminadamente.

Que os sindicatos e demais pelegos saiam às ruas e berrem à vontade. A Justiça não pode temer manifestações de capangas. Se fizerem arruaça que sejam presos e responsabilizados pelos danos cometidos. A lei, para eles também!

Já passa de hora de botar esse chefe da Orcrim na cadeia. Bem trancado e que de lá não saia tão cedo. Se sair.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Espantoso país!

Não sobrou pedra sobre pedra. A gente já suspeitava, ou melhor, já sabia que a corrupção rolava solta no mundo político e nas esferas do poder. Mas, por mais que imaginássemos, uma coisa é acreditar, outra coisa é ver.

Agora que os vídeos estão aí aos borbotões falando sobre tudo e sobre todos, chega a ser chocante a naturalidade com que esses crimes eram concebidos, combinados, e agora são revelados. Emílio e Marcelo Odebrecht contam os casos mais escabrosos como se estivessem narrando um acontecimento fortuito, uma viagem prosaica, uma piada de salão. Contam, até com sorriso nos lábios, a traição à pátria que estavam cometendo junto com seus parceiros políticos.

O que merece essa gente? Qual pena seria suficiente para ressarcir a sociedade do dano continuado que nos fizeram? Em primeiro lugar, o confisco de bens ganhos ilegitimamente, tanto da parte das empreiteiras, quanto da parte dos corrompidos. E devolução só não basta. Tem que ser devolução com ágio, para que o equilíbrio seja minimamente restabelecido entre a sociedade expoliada e a ORCRIM.
Além disso, pena de morte para os líderes das organizações, prisão perpétua para os do segundo escalão e para os que fizerem delação (grande benefício em relação à pena de morte) e depois, penas variáveis conforme o código penal, segundo a participação e o dano público produzido por cada agente. Nada menos que isso.

Hão de dizer: mas no Brasil não há pena de morte, nem prisão perpétua! Talvez essa seja a razão de nossas mazelas. Somos um país oficialmente "bonzinho", embora massacremos nossas crianças e adolescentes todos os dias. Desde que seja extra-oficial, o massacre é permitido.
Pois está na hora de revermos essa hipocrisia e admitir em nossas leis, em casos extremos como esse, a pena de prisão perpétua e a pena capital.

Para problemas extremos, soluções extremas. Foi assim em Nuremberg. Diante de um crime hediondo sem precedentes, um tribunal sem precedentes julgou segundo leis sem precedentes. É disso que precisamos agora no Brasil. Diante de um crime dessa natureza, dessa magnitude, não há código civil ou penal que sirva de referência.

É preciso que se mude tudo. A república de 1988 acabou. Precisamos refundar o país em outras bases, com outra Constituição e sem essa organização criminosa que se apoderou do Estado. A solução começa por varrê-los do mapa. É preciso uma ruptura. Não há outra hipótese. Ou vamos acreditar que os bandidos vão comandar seu próprio julgamento e sua própria condenação? Eles ainda estão no poder. Eles ainda fazem as leis. É preciso tirá-los de lá. Rapidamente.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Fim do mundo para as ratazanas

O mundo acabou! Para eles, os políticos, o mundo acabou de acabar. Aquele mundo maravilhoso, em que tudo era possível, no qual o dinheiro nunca faltava, nem para as campanhas mentirosas, nem para o enriquecimento pessoal; mundo em que jamais teriam que enfrentar cobranças e muito menos punição, para felicidade geral da nação, acabou!

Há muito tempo o Brasil devia a si mesmo o enfrentamento dessa realidade. Uma realidade que solapou o desenvolvimento do país, que impedia a realização do potencial dessa nação continental e rica, que foi responsável por muitas vidas fisica, intelectual e socialmente perdidas. Essa traição continuada à pátria é um crime sem precedentes talvez na história da humanidade, considerados o volume e o tempo.

As consequências estão aí, visíveis, nos hospitais carentes, nas doenças endêmicas, no sistema educacional público em frangalhos, na previdência cujas contas não fecham, na infra-estrutura destruída e abandonada, nas decisões propositalmente equivocadas, como, por exemplo, a construção megalomaníaca e desnecessária dos estádios de futebol para a Copa, na falta de segurança, na bandidagem policial, na leniência e morosidade da justiça, no predomínio do tráfico sobre as estruturas do Estado, na situação calamitosa e degradante dos presídios.  A lista pode se estender por muito mais aspectos da vida nacional.

E, nós, o povo, abestalhados, a ver tudo isso acontecendo sob os nossos narizes, mas sem reação, sem acreditar que pudéssemos reagir e dar um basta.

Pois uma conjunção de fatores benignos e até certo ponto inesperados, fizeram uma investigação local de lavagem de dinheiro dar nessa magnífica operação Lava Jato. Naquele momento, havia um ministério público jovem, idealista e competente, e um juiz impoluto e corajoso, em Curitiba, que iriam mudar o rumo da história desse país.

As ratazanas ainda não se deram por vencidas. Seria ingenuidade esperar o contrário, mas aqui dá-se o fenômeno da massa crítica. Depois que um determinado número de pessoas, chamado massa crítica, adota uma nova posição ou assume determinado comportamento, esse fenômeno passa a ser dominante e autossustentável. É por isso que uma pessoa acostumada a jogar lixo na rua, deixa de fazê-lo quando viaja ou se muda para um lugar onde esse mau hábito seja condenado. A massa crítica funciona socialmente, tanto no sentido negativo, quanto no positivo.

Parece que atingimos no Brasil essa massa crítica de pessoas que não mais admitem a corrupção dos agentes públicos como um fato da natureza. É por isso que, apesar da resistência, o mundo desses políticos acabou. Não há mais tolerância.

A lista de Facchin não deixa dúvidas sobre a extensão e a profundidade desse problema. Estamos vivendo um momento histórico de virada. Não será um processo linear, haverá idas e vindas, golpes e contragolpes, mas a virada é inevitável. As entranhas estão expostas, os métodos revelados à luz do dia. O ambiente não é mais propício para as ratazanas. É o fim do mundo delas.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

De atores e goleiros

Tem gente que vai dizer que é um exagero comparar o ator José Mayer com o goleiro Bruno. Realmente, um assassinato não pode ser colocado em pé de igualdade com um assédio físico. Mas o que separa as duas atitudes é só uma questão de grau.

No pano de fundo dos dois casos reside uma causa comum: o sentimento, ou a pretensão de domínio do outro. Seja um assédio verbal, seja uma agressão física, seja um estupro, seja um homicídio, tudo isso representa apenas fases subsequentes em uma mesma escalada de violência. Obviamente, nem todo mundo que assedia verbalmente, vai partir para a agressão física, mas, se não o faz, não é por falta de motivação,  e sim por medo da represália.

No caso dos que são, ou se sentem poderosos, o medo da represália, ou das consequências, é menor, especialmente em um país desigual como o Brasil. Já desde a colônia, as escravas (e também os escravos) eram assediados pelos seus donos (e donas) sem contemplação, e até mesmo sem culpa. Naqueles casos, simplesmente, o assediador era, literalmente dono do corpo do outro, portando o assédio, natural.

A escravidão acabou, mas a mentalidade no Brasil, não. As pessoas que tem mais poder, ainda se julgam, em maior ou menor grau, donas das que não tem esse poder. Nas residências de classe média, sabe-se como são tratadas muitas das empregadas domésticas. O abuso continua, inclusive o abuso sexual mesmo. Só que nada disso vem à tona, porque as vítimas não tem voz na sociedade.

Nas empresas, (está aí o exemplo da Rede Globo) o padrão se repete. Quem tem poder se julga no direito de invadir o espaço alheio, de exigir do outro um comportamento que satisfaça-lhes os instintos e as vontades. No caso da Globo, isso já era público e notório. As pessoas, atores e atrizes, se referiam ao famoso "teste do sofá" para serem admitidos e/ou escalados, para essa ou aquela novela.
Daniel Filho e Dennis Carvalho foram nomes apontados no passado como grandes assediadores e nunca se viu nenhuma atitude da empresa no sentido de coibir esse comportamento.

Será que a Globo mudou? Ou foi a sociedade que passou a exigir mais respeito? Tenho certeza que foi o segundo caso. A nossa sociedade está cansada. Cansada de não ter voz, de não ser ouvida, de ser abusada de todas as maneiras e sempre tudo ficar por isso mesmo. A sociedade está dizendo NÃO a todas as formas de abuso, a começar pelo abuso que essa classe política comete contra nós todos os dias, mas passando também por esse comportamento até então tolerado no nosso dia-a-dia. Chega! Quem quer respeito, tem que respeitar. O direito do outro é o limite para a liberdade de cada um de nós.

sexta-feira, 31 de março de 2017

País tropical abandonado por Deus

A exemplar condenação de Eduardo Cunha deveria ser um alívio para nós cidadãos submetidos a esse horror que se chama gestão pública. Só não é porque, ao mesmo tempo, 5 Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio foram presos em mais uma operação da Lava Jato. Na verdade e prisão deles também nos alivia. O que não alivia é saber, constatar, que estamos entregues às baratas, ou melhor, às raposas espertas, como diz hoje o editorial do Estadão ("De raposas e galinheiros").
Chega-se à conclusão de que não adianta criar órgãos de controle. Esse modelo de Estado que temos é incontrolável. O que devemos fazer é reduzir o Estado ao mínimo para que possa funcionar com eficiência e até seja mais fácil de ser fiscalizado. Mas isso é uma utopia longe de se ver realizada. Quem faria isso? Como? Com que meios? Da classe política, sabemos que não se pode esperar nada. Isso seria uma revolução nos padrões brasileiros, talvez a primeira verdadeira revolução da nossa história. Mas revoluções se fazem pela força e com a força.
Ninguém, que esteja no poder ou usufruindo dele, cede de graça e de mão beijada seus privilégios e seu lugar. Tem que ser retirado à força, como aconteceu na Revolução Francesa ou na Revolução Bolchevista de 1917. No nosso caso, não temos uma população apta a fazer revoluções. Apesar de todo o sofrimento, apesar da miséria e do abandono, nosso povo não se revolta. Ou porque não sabe como se revoltar, ou porque já está acostumado com o estado em que vive, ou porque é ignorante demais para compreender a realidade a que está sendo submetido, ou - pior - porque acredita nos discursos messiânicos de uma esquerda que lhes prometeu o paraíso e lhes entregou ao purgatório e ao inferno. 
O abuso, a que estamos submetidos, vem de longa data, mas agora escancarou-se de um modo que não pode ser escamoteado. Está, todos os dias, sendo esfregado na nossa cara. O que fazer então?
No próximo ano haverá eleições! Será que reconduziremos, à chefia do galinheiro, figuras escabrosas como Renan Calheiros (até rima), Fernando Collor, membros da família Sarney, Romeros Jucás, Geddéis Vieiras Limas, e outros iguais ou piores? Tudo é possível nesse país tropical, abandonado por Deus.

terça-feira, 28 de março de 2017

Malandragens

De vez em quando eu me pergunto: por que é que, nós brasileiros, somos tão incompetentes em estabelecer uma sociedade e um país digno, funcional e eficiente? Outros povos conseguiram.

Há mazelas que são universais, como o egoísmo, a corrupção, a sede desenfreada de poder, entretanto alguns povos conseguiram a façanha de confinar essas mazelas em limites civilizadamente aceitáveis. Outros, como o Brasil, parecem carecer de algo em sua constituição que faz com que essas mazelas não sejam somente toleradas, mas até mesmo estimuladas devido ao sucesso que certos indivíduos têm ao exercê-las em proveito próprio.

Ninguém, em lugar algum do mundo, conseguiu estancar a corrupção e a desonestidade, mas países como a Islândia ou Suécia ou a Finlândia, conseguem mantê-las em um nível que para nós seria considerado impossível. Lá, a probabilidade de alguém achar uma carteira com dinheiro em um Shopping e entregá-la intacta na seção de Achados e Perdidos é altíssima. Sendo assim, um cidadão comum, será assim também a classe política que o representa.

O que é que nos faz diferentes e em um nível tão baixo? Antropólogos, sociólogos, psicólogos e afins terão muitas respostas para isso. A Academia está cheia delas, mas nenhuma me convence, principalmente a que apela para a "exploração dos oprimidos" como uma justificativa para o "caráter" nacional. Para mim, essa é uma resposta religiosa, pois contém muito da culpa cristã embutida e disfarçada dentro dela. Essa mesma culpa, entretanto, é que mantém o "status quo", pois justifica e "perdoa" o erro, ao invés de corrigí-lo. Onde há culpa, acaba havendo uma desculpa. Em outras palavras, culpa e desculpa são as duas faces da mesma moeda.

A malandragem brasileira, tão cantada em verso e prosa, nos levou a essa sociedade desigual, injusta, desequilibrada e cruel. Essa malandragem chegou lá, ao poder, aos píncaros e só fez destruir o que havia ainda de bom e decente no país. Os malandros estão lá em Brasília, rindo da nossa cara. 

Está difícil tirá-los de lá. Agora, só nos resta uma esperança: no próximo ano haverá eleições. Será que os malandros bocós de cá, vão reeleger os mesmos malandros espertalhões de lá?



domingo, 19 de março de 2017

Sem luz no fim do túnel

Está difícil ser brasileiro por esses dias!...O que esses canalhas fizeram com o país só tem um nome: alta traição! Eles trairam a confiança da sociedade em todos os níveis. São representantes que não representam nada a não ser os próprios interesses mesquinhos e escusos; são fiscais que nada fiscalizam a não ser o próprio bolso recheado de propinas; são policiais que fazem vista grossa ao tráfico, em troca da "mesada" das bocas de fumo. E por aí vai a série escabrosa de ineficiência e venalidade dos agentes públicos.
Onde quer que haja a presença do Estado, há um agente desse mesmo Estado sendo pago para não cumprir a sua função. Então para quê precisamos deles? Para quê precisamos de fiscalização sanitária, para quê precisamos de senadores, deputados, ministros? Para quê precisamos das agências reguladoras?
E aí, vamos mais longe: para quê precisamos de uma justiça do trabalho? Para quê precisamos de uma justiça eleitoral? Para quê precisamos de um Supremo Tribunal?

A resposta a todas essas perguntas é uma só: precisamos desses órgãos e agentes para cumprirem a sua função legal. Se for só para nos enganar e encher os bolsos de propinas, agradecemos, mas vamos constituir um outro modelo de estado, de organização política e institucional. O que está aí, já demonstrou que não presta e que, longe de ser uma solução, é na verdade a causa dos nossos problemas.

Estamos chegando à beira da ruptura e do colapso. Irresponsavelmente, as maiores empresas do país em conluio com essa degradada classe política, estão levando o país ao caos. E ainda nem sabemos da caixa preta do BNDES, da Nossa Caixa, do Banco do Brasil, etc., etc. O que faremos no próximo ano? Quem vamos eleger para nos representar?

Quanto mais andamos nesse túnel, mais escuro ele fica, e não há sinal de nenhuma luz.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Segredo de Justiça

Se existe uma área em que a transparência deve ser total e absoluta é a área que compete à Justiça. Afinal, nessa área atuam meros cidadãos, aos quais a sociedade deu a autorização e a incumbência de julgar os demais e e o poder de definir, para o bem ou para o mal, como esses cidadãos, que porventura sentar-se-ão (desculpem a mesóclise) no banco dos réus, sua futura vida em sociedade.

Essa outorga investe o cidadão que se transforma em juiz, de uma responsabilidade ímpar e, portanto devedor permanente de prestação de contas à sociedade.

Nesse contexto, não se admitem segredos de Justiça, a não ser em casos particularíssimos, como, por exemplo, o direito de família, em que a disputa entre as partes não interessa a mais ninguém. Ou, quando a eficácia da investigação requer o sigilo, e esse deve ser aplicado tão somente na fase investigatória. Uma vez, concluída, a regra deve ser a da transparência.
Não se justifica portanto, de maneira alguma, que esses processos cuja abertura foi pedida pela PGR ao Supremo, sejam mantidos sob esse manto protetor aos acusados.

Quem se dispõe à vida pública, como o nome está dizendo, não pode ter vida privada. Ou uma, ou outra. Uma vez que escolheu a vida pública e foi escolhido pelos eleitores direta ou indiretamente, passa a ter um compromisso 24 horas por dia com esses eleitores. Quem não quer que assim seja, que se recolha à privada (a vida privada, "por supuesto"). Ninguém é obrigado a  candidatar-se a coisa alguma. Ninguém é obrigado a aceitar cargo algum.

Exercer uma atividade pública é (ou deveria ser) antes de tudo um serviço. Sei que estamos longe disso, nesse país semi-selvagem da América do Sul, mas a regra não muda conforme o estado de civilização em que um povo se encontra. Temos é que ir, aos trancos e barrancos, aprimorando nossas instituições até que um dia possamos nos chamar de civilizados.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Lulismo: o fim do petismo

Reproduzo, a seguir, trecho do editorial de hoje do Estadão (ver texto integral aqui):
No mesmo dia em que tomou conhecimento do escabroso volume de dinheiro sujo usado pela Odebrecht para, no dizer do ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “apropriar-se do poder público”, o País foi apresentado ao resultado negativo do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016. Poderiam ser dois dados estanques que apenas por uma infeliz coincidência vieram à luz ao mesmo tempo. Mas não são. Está-se diante do mais eloquente painel do desastre que representou o governo do ex-presidente Lula da Silva, um tétrico quadro dos males infligidos aos brasileiros pelo lulopetismo.É este o verdadeiro legado de Lula – a pior recessão econômica desde 1948, quando o PIB passou a ser calculado pelo IBGE, e uma rede de corrupção sem precedentes, cuja voracidade por dinheiro público parece não ter deixado incólume sequer uma fresta do Estado Democrático de Direito.
Nem os piores inimigos do petismo, em momento de extrema má-vontade, poderiam prever uma situação como essa. Seria considerado um exagero por conta da cegueira política. E, no entanto, agora parece normal uma coisa dessas. E digo mais, o lulismo acabou com o petismo. 

Qualquer coisa nobre, ou digna, ou interessante, do ponto de vista ideológico que ainda existisse sob a camada burocratizante da esquerda fanática e burra, foi tragado pelo lulismo, que, dentro de um ideário socialista, representa a forma de individualismo mais extrema, aquela do culto à personalidade.

O socialismo tem dessas contradições. Prioriza o coletivo a ponto de massacrar o indivíduo, mas, ao mesmo tempo - como a compensar a perda de identidade individual dos seguidores -   a individualidade de seus líderes é exacerbada ao ponto de serem elevados ao status de entidades divinas. Foi o caso de Stálin, de Fidel Castro, de Mao e mesmo de um idiota como Hugo Chávez.

O lulismo, representando apenas a sede de poder de um ignorante, restringiu o petismo à sua estatura nanica. E, ao final, ficou apenas a face corrupta escancarada para todos nós.

Imagino que alguns petistas, aqueles convictos, sinceros em sua escolha política - eles devem existir - estarão sem chão e sem ar. Como ainda poderão defender sua ideologia diante de tudo que fizeram com ela? Usaram a ideologia como um papel higiênico, para com ela tentar limpar os dejetos que a cupidez, a ganância e o escasso senso ético, produziram ao longo de seus intermináveis anos de poder. E agora devolvem o papel higiênico usado para esses militantes, dizendo: vamos limpar tudo e refundar o PT.
Ora, papel higiênico não se limpa. Papel higiênico se joga na privada e se dá descarga. É o que o Brasil fará com o petismo. Adeus!

domingo, 12 de março de 2017

Acabou pra Lula

Acabou pra ele. Não há outra possibilidade, Lula tem que ser preso! O que Marcelo Odebrecht revela sobre a planilha da propina não deixa mais margem a dúvidas. Lula era o "Amigo", o Capo, o Chefão da quadrilha que assaltou, durante mais de 10 anos, os cofres públicos!

A Odebrecht, por sua vez, pagou entre 2006 e 2014, cerca de 3,4 bilhões de dólares em propinas, equivalentes a mais de 10 BILHÕES de reais.
Para consentir em pagar mais de 10 BILHÕES em propinas, a empresa faturou indevidamente mais de 100 bilhões em obras daqui e dali que cobrou sem fazer, fez com medições infladas ou com preços superfaturados, etc, etc.

Isso explica tudo! Explica a eterna falta de dinheiro para melhorar a vida do cidadão, explica a falta de políticas públicas para a saúde, para a educação, para a segurança, explica a falta de investimento em infraestrutura, explica o atraso em que vivemos, nós, um dos países mais ricos do mundo.

E isso é só a Odebrecht. Ajunte-se a ela, a OAS, a Camargo Corrêa, a Mendes Júnior, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão, a UTC, a MRV Engenharia, as empresas do Eike Batista e outras menos ilustres, mas nem porisso menos corruptas, como a Galvão Engenharia, a Construcap, a Carioca, a Direcional, a WTorre e ainda muitas outras. São muitos bilhões, incalculáveis montanhas de dinheiro, que foram drenadas dos cofres públicos. Esse dinheiro é nosso, é o dinheiro de nossos impostos, que vem sendo sistematicamente roubado por essa quadrilha de políticos e empresas corruptos.

E, Lula, ainda quer se lançar candidato! Ainda fala em políticas sociais, sem ficar roxo de vergonha! Não dá mais! Já está passando da hora de o chefe se juntar aos outros membros da quadrilha. O Brasil precisa de uma confirmação urgente de que a Lei vale para todos, sem exceção. Só depois da prisão do Lula e seu julgamento é que vamos poder virar essa página.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Empresas que doam

No afã de defender, por antecipação, os seus amigos do PSDB, o ministro Gilmar Mendes acaba de fazer mais uma declaração desastrada e desairosa para o Supremo Tribunal, que já anda tão desacreditado.
Disse ele que "caixa 2 deve ser desmitificado" e que seria "uma opção da empresa que faz a doação".
Um ministro do tribunal mais elevado do país dizer que um ato ilícito e ilegal deva ser desmitificado, seria um absurdo inconcebível, fosse o Brasil um país decente e normal. Só não é absurdo e, talvez, ninguém se espante, porque o Brasil não é um país normal, nem decente.

Na semana passada, Roberto Pompeu de Toledo, relembrou um poema de Carlos Vogt, "Identidade Nacional", que repito abaixo: 
"Terra de contrastes, como sempre, tudo é igual a si e a seu contrário, o temporário segue permanente e o permanente permanece temporário".
É uma bela definição desse país estranho, virado de cabeça para baixo, no hemisfério sul. 

Quer dizer então, senhor ministro, que caixa 2 é "normal"? Então as empresas, não me refiro àquelas bafejadas com contratos milionários nas estatais, refiro-me às outras, as que pagam impostos, taxas, emolumentos, contribuições e outros quejandos; quer dizer então que essas podem também escolher? Se não quiserem pagar essas taxas, impostos, emolumentos, contribuições e que tais, elas podem optar pelo caixa 2 e deixar de contabilizar seus ganhos?
Que bela notícia seria, se fosse verdade; mas não é.

O ministro não está estendendo seu raciocínio a todo gerador de riqueza nesse país, não. Ele só se refere às empresas que doam, não às empresas que doem. As que doam são inocentes de qualquer coisa, por princípio. Elas podem optar, podem escolher se querem doar no caixa 1 ou caixa 2. Afinal, se doam para quem pode perder as eleições, melhor doar no caixa 2, escondido de tudo e de todos. E como a escolha é delas, o pobre coitado do humilde e inocente político que apenas recebe a doação, não pode ser responsabilizado pela escolha que o outro fez. Assim, está resolvido! Quem doou, doou e pronto! Doa a quem doer! Ou melhor, doe a quem doar.

sexta-feira, 3 de março de 2017

O ser humano

Há momentos em que se chega a concordar com os filósofos pessimistas, como Schopenhauer, que não acreditam no ser humano. Nossa espécie é dentre todas, a que mais males causa si mesma e às demais. Nós nos agredimos o tempo inteiro, impomos a nós mesmos e aos nossos semelhantes, sofrimentos absolutamente sem sentido e desnecessários e, basta o controle social afrouxar um pouco, transformamo-nos em bárbaros selvagens. 

Em nome de um deus qualquer, mutilamos, decapitamos, queimamos na fogueira, tal como fez a Igreja na Idade Média ou faz hoje o Estado Islâmico. Em nome de uma filosofia qualquer, mandamos milhares aos fornos crematórios, submetemos crianças a experimentos "científicos", segregamos famílias e amigos, como se fez e ainda se faz no tráfico de escravos, ou nos regimes salvacionistas do nazismo e do comunismo.

Em escala menor, mais próxima de nós, acontece um fenômeno assustador que confirma todo esse pessimismo:o ex-goleiro Bruno, condenado pelo assassinado brutal de sua amante, foi recebido como celebridade em Sete Lagoas, depois de sua libertação. Mulheres se aglomeraram na porta da delegacia, ansiosas por tirar "selfies" com ele! O que é isso? Que fenômeno é esse? Francamente, não consigo entender.

Outro absurdo é o massacre de macacos por populações assustadas com a febre amarela. Não só estão perseguindo e matando macacos perfeitamente sadios, como ainda os submetem a rituais de tortura! Isso é demais! A polícia militar está sendo obrigada a intervir para tentar impedir esses crimes hediondos. A invés de se revoltar contra os políticos que fizeram com que a saúde pública nesse país chegasse a esse ponto, essas populações atacam quem nada tem a ver com a história.

Meu pai, que era um outro pessimista, nunca acreditou na espécie humana, com exceção de um ou outro indivíduo. Dizia ele que o ser humano é um projeto fracassado; que, se Deus existisse (ele era ateu) devia ter muita vergonha de sua obra. Eu, que sou um incorrigível otimista, nessas horas chego a concordar com ele.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Juiz de merda

O ministro José Celso de Melo não falha. Como o ex-ministro da Justiça, Saulo Ramos, deixou bem claro em seu excelente livro "O Código da Vida", na hora em que o calo aperta, Melo pula para o lado dominante. Foi por causa da pusilanimidade de Celso de Melo, que Saulo Ramos o chamou, como cita nesse livro (páginas 205 a 207), de "juiz de merda".

Um exemplo: no caso Renan Calheiros, partiu dele a engenhosa solução "salomônica" de fatiar a decisão mantendo Renan no cargo, mas retirando-o da linha sucessória à presidência.
Agora, no caso Moreira Franco, ele conclui (contra o fatiamento) que Angorá deve ser mantido não só no cargo, mas também com o direito ao foro privilegiado. Em outras palavras, resolveu mantê-lo com o escudo protetor do próprio Supremo, que não julga ninguém, e muito menos condena.

Nunca tivemos uma Suprema Corte de tão baixo nível. É um tribunal que decide com vários pesos e várias medidas, dependendo da situação e "cui bono" (a quem beneficia).

A cada decisão, o Supremo desce mais um degrau no respeito da opinião pública. Com a nomeação, praticamente certa, de Alexandre de Moraes, o nível dessa Corte já está abaixo da linha da cintura. E, se existe algo, que por si só, contribua para a desestabilização do sistema é essa desmoralização do mais elevado tribunal do país. Na hora em que já não se confia na Justiça, acabou a democracia, acabou o Estado de Direito. E a autoridade da Justiça é baseada absolutamente na confiança. O poder Judiciário não comanda forças armadas, nem nomeia para cargos. Sua força e sua autoridade reside na aceitação tácita que as pessoas que o integram e que vão julgar e decidir, são pessoas isentas, imparciais e de conduta inatacável. Sem isso, acabou o sistema.

Os agentes públicos no Brasil estão dançando na beira do abismo! Ora são os parlamentares tentando atropelar a Lava Jato e querendo promover uma auto-anistia absolutamente imoral, e sendo estimulados e apoiados pelo poder executivo nesse intento. Ora, é o presidente da República nomeando suspeitos de corrupção para cargos blindados. E quando se recorre à Justiça é esse vexame, como se viu agora com a decisão infeliz do ministro Celso de Melo.

Definitivamente, o país não pode continuar a depender de juízes de merda. Merecemos coisa melhor.


domingo, 12 de fevereiro de 2017

Alá-lá-ô

Em ritmo de batucada, a classe política carnavalizou de vez! Debochadamente, como convém a foliões convictos, eles não estão nem aí para a opinião dos outros, ou seja, a nossa opinião. O que eles querem é simplesmente se safar dos crimes cometidos e aplainar o terreno para continuarem a cometê-los!

Aliás, se acontecer o que eles querem, nem crimes serão mais. São eles que fazem as leis, em consequência, pensam poder fazer e aprovar a leis que quiserem. O caixa 2 dos partidos deixa de ser crime, por exemplo. É essa a proposta daquele energúmeno, que hoje infecta a cadeira de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o canalha Edison Lobão!

Esse homem está na política há 150 anos e não se tem notícia de um projeto seu em favor da sociedade. Aliás, quando foi ministro das Minas e Energia no governo da Anta, o que ele fez foi dar continuidade às indicações "políticas" para a Petrobras e depois passou a dar cobertura aos acusados, nas primeiras fases da Lava Jato, ainda chamada de petrolão. Foi governador do segundo Estado mais pobre do país, o magnífico vice-reino da familia Sarney. E já ungiu seu filho, como suplente de Senador, para substituí-lo, quando for conduzido coercitivamente a abraçar o capeta!

Esse filho, já se mostrou à altura do pai. Desde 2002, o Banco do Nordeste tenta penhorar seus bens por conta de um empréstimo não pago de 5,5 milhões. E, mesmo sendo réu em um processo por sonegação de impostos de cerca de 28 milhões, conseguiu tomar posse em subsituição ao pai.

Lobão, o pai, é investigado pelo Supremo desde 2015. No episódio da cassação do mandato do Delcídio, ele se absteve de votar. Foi a única abstenção. Não teve a coragem de votar a favor, nem contra.
Para quê, - pergunta-se - o povo brasileiro precisa de uma figura dessa como seu representante? E agora, vai comandar a CCJ, que será quem vai sabatinar os futuros ministros indicados para o Supremo, incluindo o próximo, Alexandre de Moraes.

Não bastasse toda essa desfaçatez na nossa cara, a própria CCJ andou fazendo uma prévia, um ensaio de sabatina com o Alexandre de Moraes, em uma casa flutuante do lago Paranoá em Brasília, uma tal de Chalana Champagne, como nos informa Eliane Cantanhêde em sua coluna de hoje no Estadão. Desde quando, candidatos a ministro do Supremo fazem treino para serem sabatinados? Ainda mais nesse caso, quando a comissão já consta em sua maioria de investigados na Lava Jato!? O treino deve ter sido para os membros da comissão, para que não fizessem as perguntas erradas! Só pode ser.

Definitivamente, não há mais nem mesmo a tentativa de manter as aparências. A classe política jogou as etiquetas e os rapapés de lado e está disposta a continuar na folia, nem que a vaca tussa! Ainda mais que as vacas fardadas continuam cegas, surdas e mudas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Astrologia Política

Nesse fim de semana, os céus estarão convulsionados. Haverá um eclipse hoje e um cometa no sábado. Se isso for algum sinal para os políticos, podemos esperar chumbo grosso nos próximos dias.

De fato, o eclipse da ética já ocorreu há muito tempo e o cometa das lideranças políticas também eleva e derruba reputações uma atrás da outra. Para muita gente, o Armagedom já chegou. O desespero é tal que não se  tem mais pruridos, nem sequer se tenta manter as aparências, mas estão lutando, no tudo ou nada, para tão somente salvarem as próprias peles.

As entranhas estão escancaradas e não dá para despistar mais. O caos econômico e social vem mostrando sua face horrenda desde os episódios das carnificinas nos presídios e agora, com as greves das polícias, as carnificinas passam a acontecer nas ruas, à nossa vista.

Digo greve das polícias, porque vem mais. Policias militares de outros Estados, além do Espírito Santo, já se mobilizam. As "autoridades" protestam. Dizem que é chantagem, ameaçam os policiais com a Lei, etc., etc. A questão é que chegamos a essa situação, por culpa dessas mesmas "autoridades". Enquanto estavam roubando e dilapidando o patrimônio público, não achavam que deveriam ser confrontadas com a Lei. Dançavam com guardanapos nas cabeças, rindo de nós, os trouxas pagadores de impostos, e os serviços públicos foram simplesmente sucateados. Incluem-se, nesses serviços sucateados, as Polícias Militares, deixadas à míngua por anos a fio, assim como as escolas e os hospitais. 
A diferença entretanto é que ninguém se sente ameaçado com greves de professores. Com greves de agentes de saúde, já há um certo desconforto, mas como isso atinge principalmente os pobres, dá para aguentar sem maior desespero. Mas greve de polícia é diferente. Abrem-se os portões do inferno. A marginalidade, normalmente, já mal contida, avança em desabalada, como uma manada endoidecida, sobre tudo e todos. Aí, só quem é muito rico e possa ter segurança particular é que se sente a salvo. Mesmo assim, relativamente.
O campo de guerra das facções passa dos presídios para as ruas. É o Deus-nos-acuda em carne e osso.

Nada acontece por acaso. O caos que o Rio e o Espírito Santo estão vivendo é a consequência tardia do caos que a classe política estabeleceu nesse país. Seria bom se essa convulsão se desse em Brasília, se o povo ensandecido invadisse o Congresso Nacional e fizesse aqui uma Revolução à francesa que tanto nos faz falta. Cabeças já rolam por aí, mas são as cabeças erradas. As que deviam rolar mesmo estão naquele prédio duplo com duas abóbadas ao lado, uma delas premonitoriamente invertida.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O bonde errado

Gilmar Mendes está pegando o bonde errado. Em um país, cujo maior problema é a impunidade generalizada, onde máfias se estabeleceram para usurpar o poder do povo contando justamente com essa impunidade histórica, quando um grupo de jovens promotores e juizes, como Sérgio Moro e Marcelo Bretas, resolvem virar o jogo e fazer valer a Lei, vem um ministro do Supremo em público dizer que o problema são as prisões alongadas? Francamente!
Isso partindo da boca de um advogado de defesa é até compreensível. Ele está fazendo o seu papel! Mas um ministro de um Supremo Tribunal, já desmoralizado por seu papel canhestro na história recente, achar que as prisões são exageradas é simplesmente um absurdo! As prisões são ainda poucas. Precisamos é de mais prisões de bandidos de colarinho branco! Precisamos é de mais políticos (e também juízes) na cadeia!


O ministro Gilmar Mendes não engana ninguém. Estava dando todo apoio à Lava Jato quando parecia que era uma invetigação apenas do PT e de alguns peemedebistas. Desde o momento em que os nomes dos caciques tucanos começaram a aparecer nas delações, Gilmar Mendes mudou o discurso.  Começou a criticar a Lava Jato e chegou ao ponto de ir ao Congresso se contrapor ao relatório do deputado Lorenzoni sobre as Dez Medidas contra a Corrupção e combater o juiz Sérgio Moro.

É claro que para todo argumento há uma justificativa, uma razão publicável. O problema reside nas razões impublicáveis, que são essas as verdadeiras motivações dos agentes.

O ministro Gilmar faz o papel de testa de ferro do PSDB, mas ajuda por tabela o PMDB e o PT, acompanhado em silêncio por Lewandowski e Tóffoli, felizes por não terem de se expor. É um balé perfeitamente ensaiado. Gilmar Mendes esteve costurando e inclusive foi consultado por Temer sobre a indicação do novo ministro. Somente depois que ele "bateu o martelo" foi que Temer anunciou o nome de Alexandre de Moraes, um consenso entre seus futuros pares e um consenso no Senado, que o há de aprovar.

E, nós, a patuleia, vamos ficar assistindo a esses golpes atrás de golpes sem fazer nada? Onde está a força do povo que derrubou a Dilma e fez a Lava Jato avançar? Ela ainda precisa de nós, a fonte do poder legítimo, para fazer o bonde da história andar a nosso favor. Se não fizermos nada, seremos nós que teremos tomado o bonde errado.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os russos somos nós

Há muitas interrogações, nessa indicação do Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, para o Supremo Tribunal Federal. A principal delas se refere à isenção do futuro ministro, à imparcialidade qu tem de ser a marca de um juiz da mais elevada Corte do país. E, todos sabem, que Alexandre de Moraes tem vínculos fortes com o PSDB, o que lhe tiraria, de cara, a isenção.

Mas o Supremo anda tão desmoralizado que se esse for o único "senão", está até bom. Ninguém, nessa altura, espera um julgamento totalmente isento dessa Corte que aí está. Uma Corte que tem ministros como Lewandowski e Dias Tóffoli não pode ser levada a sério nesse quesito. Sem falar na pavonice do ministro Marco Aurélio, no destempero de Gilmar Mendes e na pusilanimidade que o ministro José Celso de Mello revela quando o calo aperta. É só lembrar que foi o decano quem apresentou a "brilhante solução" para o caso: manter Renan na presidência do Senado, mas tirá-lo da linha sucessória à presidência da República. Foi o mesmo tipo de decisão como que Lewandowski tomou com relação à Dilma. Com essas duas decisões, o Supremo se rebaixou ao nível de uma Corte subalterna aos poderes executivo e legislativo. Nada estranho, portanto, que o presidente nomeie um amigo e ministro seu para integrar essa turma.

Aliás, para os tempos vindouros, com as delações ainda no forno, nada melhor do que garantir mais um voto a seu favor. Um voto pode decidir tudo.  A turma do lado de cá, do lado dos que se sentarão no banco dos reús, pode respirar mais tranquila. No encontro de Lula e Temer no velório de Marisa Letícia já foi dada a senha: vamos parar de nos atacar uns aos outros, senão todos afundaremos juntos.

Querem saber se não está sendo costurado um grande acordo pizzaiolo? É só prestar atenção na votação do Senado para homologar o novo ministro do STF. Se o PT ficar bonzinho na votação, podemos ter a certeza que o acordo foi costurado. Só que resta combinar conosco, os russos.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Primeira dama de terceiro mundo

Eu não ia comentar nada sobre a morte de Marisa Letícia em respeito à dor alheia. Afinal, apesar de cúmplice do marido e também beneficiada pela roubalheira, nesse evento era apenas uma esposa e mãe que estaria sendo pranteada pelos seus. Até aí ponto final.

Acontece que o seu marido, agora viúvo, aproveitou-se da oportunidade para transformar o velório particular em um evento público e político a seu favor. Mais uma vez, Lula demonstra que não tem escrúpulo de espécie alguma. E, mais uma vez, diante da certeza que será preso, Lula se agarra ao que pode, para tentar salvar-se.

Seus ataques ao juiz Sérgio Moro e a ridícula tentativa de atribuir ao magistrado a culpa pela morte da mulhar, nada mais são que medo, pavor mesmo, que Lula tem de ir para a cadeia. Se até o Eike, o Marcelo Odebrecht, o Sérgio Cabral foram presos, por quê, ele, Lula, o chefe da gangue, não seria? Lula acha que tem um escudo de defesa, a militância petista, como se essa militância pudesse, de fato, se opor à Lei e à decisão da Justiça.

No dia em que Lula for preso, seus capangas sindicalistas e outros arruaceiros profissionais vão gritar, vão sair à ruas com paus e pedras, mas isso não impedirá, nem poderia impedir, que o seu chefe seja trancado atrás das grades.

E, já que a morte dessa senhora foi usada para atacar a Lava Jato, temos que dizer que ela não virou santa após a morte, não. Sua memória estará para sempre manchada pelo que fez e pelo que não fez. Sempre nos lembraremos do seu desrespeito com a coisa pública quando mandou plantar  um jardim em forma de estrela nos jardins do Alvorada. Também nos lembraremos que mandou os que protestavam contra o governo petistas "enfiar as panelas no cu".
Enquanto seu marido esteve no poder, uma mulher de origem simples, do povo, poderia ter feito muito por esse mesmo povo, mas, ao contrário de Dona Ruth Cardoso, preferiu se entupir de botox, ficar reformando sítios e apartamentos "que não lhes pertencem" e se deslumbrar com a vida de madame, primeira-dama de terceiro mundo.
Foi, no máximo, uma nulidade, e no pior caso, uma cúmplice.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Algoritmos

Ah, os algoritmos! Como são misteriosos os caminhos que levam aos algoritmos do mundo dos bits. Nessa Matrix qualquer coisa pode acontecer! A realidade é plasmada exatamente pelos bits e bytes. Basta um deles fora do lugar  e tudo muda. Para o bem ou para o mal.

Um algoritmo pode, por exemplo, inverter o resultado de uma eleição, e se os votos são também fumaça virtual, como se há de conferir? Fica valendo, para todo o sempre, o resultado proclamado pelo algoritmo. 
É mais ou menos como a eleição papal. Só que lá eles ainda votam no papel e os queimam ao final, tenha havido, ou não, um papa eleito. É a tal da fumacinha negra, fumacinha branca. Os nossos votos aqui,  já são fumaça no momento em que são "colocados" na urna, nem precisam ser queimados. 

Ontem a nação inteira ficou sabendo que o sorteio do relator da Lava Jato, não foi bem um sorteio. Diga-se de passagem que o resultado até que foi bom. Foi o melhor possível considerando a situação e as alternativas! Mas a questão, que se discute aqui não, é essa. O que se discute é que diabo de algoritmo é esse que "faz" o sorteio, pesando prós e contras, ponderando as chances e depois dispara em nossa direção o nome do "ganhador". 

Não dava para ser um sorteio mais tradicional, com algumas bolinhas numeradas por exemplo, rolando dentro de uma gaiola esférica e toda a nação acompanhando e torcendo? Cada ministro, por exemplo, receberia um número com 5 ou 8 dígitos, que iriam "saindo" um a um, da gaiola, para ficar mais emocionante! 
Ou então, as bolinhas teriam os nomes dos "candidatos" e o sorteio seria por eliminação. Quem ficasse por último seria o escolhido, bem ao estilo de "os últimos serão os primeiros"!

O que fica estranho é essa coisa toda de algoritmo, que ninguém sabe bem o que é, e quem sabe não confia. O processo é invisível, fica lá dentro da máquina, do computador, e temos que acreditar que tudo foi limpo e honesto e seguiu estritamente as regras da imparcialidade. Queria ver se esse tal algoritmo tivesse sorteado um Lewandowski para relator. O país estaria pegando fogo agora.


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Cármen Lúcia e o jogo de azar

Os jogos de azar são hipocritamente proibidos no Brasil, embora o Estado tupiniquim seja o maior patrocinador deles através da "Nossa" Caixa e milhares de brasileiros, pobres principalmente, arrisquem seus caraminguás todas as semanas em busca do Eldorado!

Pois, por ironia do destino e confirmação de nossa índole, o futuro da Lava Jato na Suprema Corte do país está dependendo simplesmente... da sorte ou do azar, dependendo do ponto de vista! O novo relator do processo jurídico mais importante da nossa história será escolhido por sorteio! É espantoso e é muito azar nosso, ou melhor, somos um país projetado para não dar certo.

Um sorteio! É isso que vai definir se o relatório cairá nas mãos de um Lewandowski, ou de um Dias Tóffoli, e não nas de um Celso de Mello ou de um Edson Facchin, ou até mesmo nas mãos de um Gilmar Mendes.


Mas é o regimento do Supremo, dirão alguns! Pois que se exploda o regimento! O que está em jogo é o interesse e o futuro da nação! Se até as Constituições são mudadas ao sabor de interesses, nem sempre confessáveis, por que não se pode mudar um regimento interno de uma instituição?

Somos o país da letra morta! O que está escrito só vale quando o poderoso de plantão quer que valha. Recentemente tivemos um belo exemplo disso quando o então presidente desse mesmo Supremo violentou a Constituição ao fatiar a pena da ex-presidente admitindo que ela retivesse os direitos políticos ao arrepio do texto constitucional.  E ficou por isso mesmo! Se alguns dos seus togados colegas teve pruridos, coçou-se em silêncio! 

O caso de Renan Calheiros, que também afrontou uma decisão de um ministro dessa mesma Corte, e os demais lhe deram cobertura, com o aval e a "costura" de um acordo vergonhoso, conduzido pela própria presidente da instituição! A mesma presidente que agora vem abanando esse Regimento em nossa direção para dizer que o nosso futuro será decidido por sorteio!

Pelamordedeus, Cármen Lúcia! Tome uma decisão corajosa ao menos uma vez na sua carreira e entre para a história designando um novo relator que seja um ministro sob o qual não pese nenhuma suspeita de parcialidade, a tal da reputação ilibada, lembra-se?

Se cair com Lewandowski, ou com Dias Tóffoli, será a desmoralização Suprema! Esse é o risco ao qual dona Cármen está querendo nos submeter. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eike e a teoria dos jogos

Não deve ser fácil um camarada ser bilionário, o mais rico do país, estar entre os mais ricos do mundo e, de repente, ver o mundo desabar a seus pés e ir parar em Bangu!
Eike Batista exibia, entretanto, tranquilidade ao embarcar em NY rumo à prisão no Brasil. Tranquilidade ou frieza, não se sabe. O fato é que disse enigmaticamente que "está na hora de passar as coisas a limpo". E está mesmo! Aliás, já passou da hora.

O país não quer mais, o país não aguenta mais, o país não aceita mais, como natural ou inevitável, essa roubalheira dos cofres públicos. Cansamo-nos. Mas parece que a classe política ainda não assimilou muito bem essa nova realidade. Eike, no entanto, como empresário e como apostador que é, já sabe que perdeu e que não adianta espernear. Faz parte. Uma hora se ganha, outra hora se perde. O que ele vai tentar agora é minimizar o prejuízo. Aplicar um programa de redução de danos. E isso passa pela delação, que não será uma delação renitente como a de Marcelo Odebrecht. Marcelo sempre foi rico, já nasceu bilionário, acostumou-se a mandar e ser obedecido. Por isso, cedeu com relutância, fazendo cara feia. Entregou o que tinha que entregar a conta-gotas e a contragosto.

Eike é diferente. Nunca foi pobre, mas também não era bilionário. Seu pai foi um grande executivo, diretor da Vale, mas, ainda assim, um empregado corporativo e,  mineiro de Nova Era, sempre teve um perfil matreiro, cauteloso e discreto. Da mãe, alemã, Eike deve ter herdado a disciplina e, talvez, a frieza (ou fleugma) com que joga as cartas que recebe. Para Eike tudo é um jogo, inclusive a delação. A PF mexe as peças de lá e ele mexe as peças de cá. Avalia os riscos, os prós e os contras e entrega, sem pestanejar, o que tiver que entregar para salvar a si e o que puder salvar de suas organizações. 

Portanto, podemos esperar lances emocionantes nessa fase da partida em que já se sabe que o Ministério Público  (e o povo brasileiro) sairão ganhando. É impossível ganhar da banca! Resta a cada um dos jogadores tentar diminuir seus próprios prejuízos, aumentando os dos demais, seus colegas (ou comparsas).


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Trumpalhão

Uma coisa é certa, Donald Trump vai dar trabalho. A sua eleição à presidência dos Estados Unidos foi, mas ou menos, como a do rinoceronte Cacareco que, em 59, foi o "candidato" a vereador mais votado do Rio de Janeiro. A única diferença é que a "eleição" do Cacareco não foi reconhecida pelo TRE.
Obviamente, quem votou no Cacareco não estava imaginando que o carismático rinoceronte iria sentar-se em uma das cadeiras da Câmara na subsequente legislatura.
Acho que, do mesmo modo, muitos eleitores americanos votaram no Trump, meio que de raiva e de provocação, imaginando que uma "coisa" daquelas jamais seria eleito. Mas foi!
Aí é que está o problema com o qual todos teremos que conviver durante pelo menos 4 anos.

Trump é um menino mimadinho que não gosta de ser contrariado. E faz biquinho! Mas tem ao alcance da mão os "botões" que podem disparar armas nucleares contra qualquer um que, em sua infantil e fértil imaginação, possa significar uma contestação aos seus desejos. O poder para Trump é um substituto do pênis!

Do outro lado do muro, há uma outra "criança" mimada e poderosa: trata-se do ditador King-Kong II (não sei e nem quero aprender como se escreve o seu nome) da Coréia do Norte. Nessa brincadeirinha de guerra entre eles, tudo pode acontecer, desde nada, até umas bombinhas estourando aqui e ali.

Agora, Trump confirma que vai construir o muro separando os dois Estados Unidos, os Estados Unidos da América e os Estados Unidos do México (são os nomes oficiais). E diz que vai fazer os mexicanos pagarem por ele, via "confisco" das rendas que os imigrantes, que vivem nos Estados Unidos do Norte enviam para suas famílias do Sul! Se isso será realmente implementado não se sabe, mas não custa levar em consideração que tudo é possível em se tratando de Donald Trump.

O que mais nos espera? O governo ainda nem começou. Se fosse no Brasil o presidente ainda estaria se degladiando com os partidos para formar o primeiro escalão. Claro, que ser ministro por aqui é muito melhor negócio do que ser secretário por lá. Até o nome que damos ao cargo é mais pomposo. Afinal, um secretário apenas auxilia o presidente. Um ministro, ministra (*)! É muito diferente! Um médico ministra um medicamento ao doente. Um professor ministra aulas. Um sacerdote ministra os sacramentos. Em nenhum desses exemplos o verbo pode ser substituído por secretariar. 

Mas, voltando ao Trump, o governo começou há uma semana e já está em pleno vapor. Ele demonstra que chegou com força e com vontade! Vai dar um trabalhão!

(*) Ministrar é sinônimo de: prestar, aplicar, fornecer, dar, administrar, servir e (vejam que interessante!) propinar!




quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Brasil de Mentira e Brasil de Fato

Tá difícil!A escolha do novo ministro do Supremo vai ser uma daquelas coisas que será criticada de qualquer maneira, não importa qual seja. Nessa hora todos ficam compungidos e querem que o Brasil finja ser um país de primeiro mundo e que se escolha um magistrado com idéias modernas, que seja inclusivista, a favor das minorias, que aprove o casamento gay, o aborto em quaisquer circunstâncias dependendo apenas da vontade da mulher, seja contra a superlotação dos presídios, contra o rebaixamento da maioridade penal, etc., etc.

Do outro lado do espectro fica a situação real, em que as mulheres, os gays e os héteros são vítimas da violência todos os dias, abortos são feitos na clandestinidade, escola para os pobres é apenas uma ficção, o esgoto percorre a céu aberto a periferia de grandes metrópoles, o tráfico de drogas domina uma parte do território nacional, as unidades de suposta ressocialização de menores infratores são apenas depósitos temporários de adolescentes que jamais sairão da carreira criminosa até porque não tem alternativa.

O ministro do Supremo terá duas férias por ano e um salário, bonificações, benesses, privilégios, auxiliares, auxílio-moradia, auxílio-terno, abonos, indenização e antecipação de férias, gratificação natalina (13.º salário) e pagamentos por serviços extraordinários, por exemplo. Enquanto isso o sistema prisional é essa outra ficção que o Estado, através do poder judiciário, finge que controla e os prisioneiros nem sequer fingem que obedecem.

Como conciliar a ação desse ministro atualizado com o que há de mais politicamente correto, com o estado medieval em que sobrevivem as criaturas sob a tutela do judiciário e mesmo as outras que vivem por aí ao deus-dará sem a tutela, mas também sem a proteção de ninguém? Esse novo ministro será apenas mais um que, tal como monges bizantinos, se deleitará na Corte a discutir o sexo dos anjos, enquanto a sujeira e o esgoto passam pela sua porta.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Era da Insegurança

A era da insegurança! Esse poderia ser o nome da era em que vivemos. Estamos em permanente sobressalto, sem saber o que vai acontecer nos próximos 20 minutos. E, nos próximos 20 minutos tudo pode mudar.
No Brasil, cada semana é uma maratona. O ano de 2017 já começou com a crise dos presídios, as lutas de facções, logo depois vem a bomba da morte de Teori Zavascki, desmanchando todas as certezas que tínhamos sobre o andamento da Lava Jato.

Nos Estados Unidos, a posse do pato Donald, oops, Donald Trump, traz um grande imponderável para o centro das grandes questões mundiais. O que vai acontecer ninguém sabe e nem se arrisca a especular. Uns pensam que Trump desencadeará a 3ª Guerra Mundial, o Apocalipse nuclear. Outros, que as atitudes dele são inconsequentes e que acabará para fazer um papel apenas ridículo no comando da nação mais poderosa do planeta. Talvez não seja nem uma coisa, nem outra, mas o certo é que sua assunção ao cargo de presidente dos Estados Unidos acaba por trazer mais incerteza e insegurança ao mundo.

Uma grande questão é: por que o Putin teria interesse na eleição de Trump? Por conhecê-lo bem e saber que não passa de um fanfarrão que pode ser manipulado? Talvez! O certo é que, se Putin, mexeu os pauzinhos para influenciar o resultado da eleição americana a favor de Trump, boa coisa não deve surgir daí.

Outro ponto: Trump quer enfraquecer a China, mas ao se retirar do cenário mundial e, especialmente, ao retirar seu país do Tratado de Comércio Transpacífico, o que ele faz é fortalecer a China, que não faz parte desse tratado e agora passa a ter domínio sobre o comércio na Ásia.

Talvez a insegurança que se espalha pelo globo seja apenas uma decorrência do fato de não termos mais as certezas do passado. O homem acha que pode prever o futuro, deduzindo-o das condições presentes. É um engano, mas esse engano nos dá uma sensação de segurança. Quando nos vemos na situação de imprevisibilidade, como agora, a insegurança fatalmente se instala, mas não há, objetivamente, nenhuma piora na nossa capacidade de prever o que vai acontecer. O futuro sempre foi e será uma incógnita. Nesse aspecto, nada mudou.

A bosta do Estado

Não há outra expressão - ou melhor, há mas as outras expressões cabíveis são ainda mais chulas, de calão ainda mais baixo - para descrever o Estado brasileiro. Esse Estado é uma porcaria: basta olhar para as rodovias, os postos de saúde, as escolas públicas!
Percorrer um trecho, por exemplo, da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade é se submeter a uma aventura de risco e assistir a um espetáculo de terror. Já em 2014 o jornal Estado de Minas trazia uma reportagem com a manchete: BR-381: trecho entre BH e Monlevade é o mais perigoso em Minas Gerais. De lá para cá, a situação piorou!

A rodovia tem a  mesma estrutura de 40 anos atrás. São súbitos estreitamentos de pista, de uma pista já estreita, ultrapassada e obsoleta. São pontes, ou melhor, pinguelas de 40 anos, que surgem na frente do motorista afunilando a via. No trechos próximos a Belo Horizonte, as favelas e animais invadem a pista.
Casebres estão a 2 metros da rodovia, ou até menos. Não se sabe como ainda não ocorreu um acidente grave, destruindo essas "casas" e provocando uma carnificina. É uma rodovia federal e o Dnit fecha os olhos a esse absurdo!

Para onde vai e foi toda a arrecadação anual dos IPVA's? E para onde etá indo o dinheiro dos pedágios dos trechos "concedidos" a empresas particulares? Cadê as duplicações prometidas? Aliás, duplicação dessas rodovias é até um luxo diante da situação atual. Uma simples manutenção do asfalto não é feita.
Não há sinalização horizontal, nem vertical em vários trechos. Em dias de chuva torna-se uma questão de sorte trafegar e chegar em segurança ao destino.

Tudo isso sem falar no aumento desnecessário do tempo das viagens (aumentando o cansaço dos motoristas e o risco) e do consumo de combustível. Para quê serve um Estado que não faz nada pela população? Temos que questionar isso. Estamos dispostos a abrir mão de parte da nosa renda pagando impostos (que já chegam a mais de 40% da produção nacional de riqueza) para qual objetivo? Para manter um pantagruélico monstro que suga tudo o que pode e jamais se satisfaz e não nos devolve nada?

Não nos devolve nada, pois temos que pagar tudo em dobro. Pagamos IPVA, mas se quisermos andar em uma estrada mais ou menos satisfatória, temos que pagar o pedágio.
Se quisermos dar uma educação melhorzinha para os filhos, temos que pagar para eles uma escola particular. Se quisermos ter uma assistência médica quebra-galho, temos que ter um plano de saúde privado.

Não dá. Não dá mais. O povo tem que dizer que, definitivamente, basta! Fizemos o papel de trouxas até agora, mas não está dando mais para continuarmos sob uma situação como esta.  Temos que zerar tudo e começar de novo, construindo um Estado que nos sirva, não o contrário. Em 2018 deveríamos eleger uma Constituinte e, na qual, ninguém que já tenha exercido qualquer cargo público de nível federal ou estadual poderia ser eleito. Se quisermor renovar o país temos que começar renovando os nossos representantes.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Pós-democracia: a era dos palhaços.

Hoje um "clown" tomou posse na (ainda) nação mais rica e poderosa do mundo. Os palhaços entretanto podem ser bem perigosos. A aristocracia alemã, nos anos 20, ria-se de Hitler e de seus seguidores de camisas pardas. Considerava-o, com todo aquele histrionismo, apenas um palhaço.
Mussolini, nos palanques fazendo caretas, também era considerado pelos bem-pensantes, apenas um jocoso jornalista que, por acaso, havia ascendido na política e que não iria longe.  Deu no que deu!

É obvio que a situação hoje é diferente. Por mais ridículo que seja, Trump não manipula uma estrutura partidária e as instituições americanas não estão fragilizadas como na República de Weimar ou na Itália dos anos 20. Mas não deixa de ser significativo que esse novo "clown" tenha sido eleito justamente em uma era em que se sobressaem líderes da extrema direita, como Marine Le Pen, na França, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán,  Norbert Hofer, do Partido da Liberdade, na Áustria, o próprio Nigel Farage do UKIP no Reino Unido. Em outros países europeus há um claro avanço desses partidos, que, de um modo ou de outro, desprezam a democracia representativa.

O processo começa com o desencanto. O eleitor está cansado de ser enganado pelos que deveriam ser seus representantes. Os votos então oscilam entre líderes populistas sem significado político (como o palhaço Tiririca no Brasil) e votos nulos, em branco e abstenções. Isso facilita o acesso ao poder desses partidos pós-democratas (digamos assim). Com 20 ou 25% de apoio na população eles conseguem a maioria dos votos válidos facilmente e, de imediato, estão encarapitados no poder, absolutamente dentro das regras democráticas.

No Brasil estamos sujeitos a viver uma situação semelhante. Ninguém acredita mais nos políticos tradicionais. Além de não representarem os interesses da população, os partidos e seus agentes demonstraram que o único interesse político que tinham era o do enriquecimento pessoal ilícito. É um ambiente de terra arrasada no qual chegaremos a 2018. A grande pergunta que se faz é: em quem vamos votar em 2018? Quem escapará da devassa da Lava Jato? É um momento histórico de inflexão: ou teremos a sorte de aparecer um grande líder político que levaria o país aos caminhos da recuperação moral e econômica, ou (o mais provável) vamos eleger um novo palhaço, um novo Jânio Quadros, um novo Collor ou coisa pior.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Realidade nua e crua

O governo diz que a crise nos presídios estava fugindo ao controle. Que eufemismo! Desde quando o governo (qualquer governo) teve algum controle dessas facções nos presídios?

Não tem controle sobre as facções porque elas são apenas a ponta mais baixa de uma cadeia criminosa que começa no próprio governo. As facções são uma consequência do crime organizado que atua nas grandes esferas do poder.
É assim na Itália, é assim na Colômbia, é assim no Brasil. Crime organizado e política suja estão sempre de mãos dadas. Só não vê, quem não quer.

A única maneira de a sociedade brasileira se ver livre dos caos, ou melhor, fazer o crime retroceder aos níveis civilizadamente aceitáveis é radicalizando na escolhas políticas. É eliminando da vida pública, um a um, esses bandidos que a infestam e deturpam e impedem até mesmo as ações dos poucos bem intencionados, que, por incrível que pareça, ainda existem.

Sou particularmente favorável à reinstauração da pena de morte para crimes hediondos e, obviamente classificaria esses grandes crimes de corrupção nesse grupo. 

Não há nada mais hediondo do que roubar uma nação inteira e provocar a morte de crianças por falta de assistência e de saneamento básico, a morte intelectual de toda uma geração por falta de educação, a morte milhares de cidadãos aptos ao trabalho por causa de epidemias perfeitamente evitáveis e a condenação à penúria financeira de outros milhões pelo desemprego. Enfim, a condenação ao atraso permanente de uma nação que não é capaz de se desenvolver tecnologicamente, muito menos inovar e se tornar competitiva em um mundo globalizado e cada vez mais exigente, travada que tem sido por esses traidores da pátria.

É óbvio que no país cordial, jamais vai se instaurar a pena de morte oficialmente, embora ela já esteja instaurada nas ruas, a critério do assaltante de plantão. Mas, gostamos de negar a realidade. Somos também o país dos eufemismos. Gostamos de apresentar uma face oficial, bonitinha, asséptica e esconder a realidade brutal debaixo do tapete. A questão é que a realidade escondida cresce debaixo do tapete, sai do controle e invade, nua e crua, as vidas assépticas na hora em que menos se espera. O que estamos vendo nos presídios é a realidade brasileira pondo a cabeça para fora. Até quando permaneceremos assim?



terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O Quarto Poder

Há um meme viralizando na internet que afirma que o quarto poder no Brasil não é a imprensa, como se diz das democracias ocidentais. Neste pobre país, temos um quarto poder diferente de todos os demais. Temos o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e agora o Poder Presidiário! De certo modo, isso é a mais pura verdade.

Esse quarto poder, no seu âmbito de ação, não tem nenhum poder que se lhe contraponha. É absoluto. Estamos vendo aí todos os dias, como eles mandam e desmandam nas prisões. 

Lá eles fazem o que querem. Recebem armas, celulares com os quais comandam o mundo de fora e o que mais queiram. Não há polícia, agente penitenciário, poder judiciário que tenha controle sobre esses grupos. O Estado brasileiro está fora dos presídios e assiste impotente à guerra que grupos rivais desse quarto poder travam entre si.

Ao Estado e seus agentes só compete fazer de conta que fazem alguma coisa.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Pura demagogia

"A gente está colhendo o que foi plantado há muito tempo. Vocês ficam revoltados porque um jovem de 25 anos foi preso? Quem é o culpado pelo jovem preso? O que deram de oportunidade quando ele tinha sete ou nove anos? Se eu não dou educação, oportunidade para trabalhar, essa pessoa vai fazer o que na vida?", questionou Lula em discurso recente.

Lula é um mistificador. Isso já sabemos. O problema é que ele ainda pode enganar uma parte do povo. Ninguém vai fazer as contas, pois se fizesse constataria que esse jovem de 25 anos, nasceu em 1992, tinha 11 anos em 2003, quando Lula era o presidente da República. Esse mesmo jovem tornou-se adolescente e jovem adulto, sem educação e sem oportunidade de trabalhar e foi cooptado pela criminalidade, em pleno "reinado" petista, que nada fez para mudar a realidade "desse jovem".

É revoltante que a mídia continue propalando as mentiras e os estratagemas desse notório ladrão de dinheiro público, sem questionar nada. Nem mesmo fazer uma continha de aritmética para demonstrar que esse chefe mafioso só pode estar falando mal de seu próprio governo.

Lula joga coisas assim ao ar. Acusa, sem dizer o nome dos acusados e muitas vezes "cola", como se ele fosse realmente um defensor dos desvalidos, entre as pessoas mais simples. Entre os domesticados pela ideologia do partido não se vai esperar uma atitude dessas. Quem pode esclarecer as coisas para o povão, ou é a imprensa independente, ou os partidos que se contrapõem ao populismo petista. Mas, ao que tudo indica, esses partidos estão ocupados demais com seus próprios problemas para "perder" tempo com essas coisas.

Depois, todos se espantam com a perda de representatividade da atividade política! Os partidos tradicionais não falam com o povo, portanto sobra lugar para os demagogos que falam qualquer coisa que o povo queira ouvir. Está aí o exemplo do Trump. Após o desastre não adianta chorar.

Felizmente, no caso de Lula, sua candidatura só pode ser uma brincadeira de mal gosto. Ele (e todo mundo) sabe que não escapa da cadeia em 2017. Essa pretensa candidatura é apenas mais uma tentativa de emprestar cores políticas inexistentes ao fato iminente de sua prisão. Mas não deixa de ser um motivo para reflexão dos líderes políticos ainda existentes: se Lula pudesse ser candidato em 2018, será que não faria um estrago?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A droga do poder

O Brasil, que trabalha e paga impostos, vive hoje espremido entre duas forças: o crime organizado do tráfico de drogas e o crime organizado do tráfico de poder. 
A droga do poder e o poder da droga são equivalentes. Um é a imagem especular do outro e se complementam, até mesmo se confundem em determinadas circunstâncias: lembremo-nos do helicóptero pertencente a um senador e que foi interceptado com 400 quilos de cocaína.

No meio, estamos nós, indefesos, submetidos ao medo e à insegurança todos os dias. Vivemos em Aleppos, em um país há muito conflagrado e que, cada vez mais, vai perdendo as condições de civilidade, submetidos a um Estado que se desmantela a olhos vistos e vai se tornando uma terra de ninguém, onde o que impera é a lei do mais forte. É a barbárie se aproximando de nós.

O psicanalista Carl Gustav Jung disse que a civilização é apenas um verniz em cima da barbárie e que, basta um pequeno relaxamento no controle, para que esse verniz se desfaça e a barbárie venha a tona com todo o seu horror. Hoje vivemos sob essa ameaça. Os bárbaros estão ali, do outro lado, espreitando. O muro que os detinha está se despedaçando e logo, logo, a seguir nesse passo, serão eles que ditarão as regras. Já o fazem nos territórios atuais de seu domínio, como nos morros e nos presídios. O Estado não tem condições de os enfrentar, mal dá conta de si mesmo, um Leviatã que só aumenta de tamanho e de voracidade para não fazer nada além de se alimentar do trabalho dos outros.

Onde vamos parar? Na verdade, tudo é urgente no Brasil. Tudo requer conserto imediato e o conserto de uma área depende do bom funcionamento de outra. Nunca se imaginou que pudéssemos chegar a uma situação dessa. Mas chegamos. Agora, como uma nação em guerra, não há outra possibilidade que não a de encontrar uma saída e começar a reconstrução do zero. Remendos não valem. Tem que ser reconstrução mesmo, do zero.

domingo, 8 de janeiro de 2017

A força das facções

Segundo a PF, com o tempo e a "experiência" de Carnaúba e Zé Roberto, a FDN desenvolveu um "modus operandi " próprio para transporte de grandes cargas de drogas, que inclui a utilização de embarcações, armas de grosso calibre e adoção de medidas de contra inteligência.  Esse é um trecho da decisão do STJ que suspendeu a desembargadora Encarnação das Graças de suas funções por suposta ligação com a facção criminosa FDN.

O que chama atenção nesse texto é a admissão de que uma organização criminosa, cujos membros tem escolaridade mínima e mal conseguem se expressar na língua pátria, é capaz de se organizar de uma forma tal que faz frente e supera, na maioria das vezes, a organização do Estado! Eles desenvolveram medidas de contra-inteligência! Espionam a própria Polícia Federal. Tem, como empregados, advogados atuantes e conexões, como se viu até agora, com juízes e ao menos uma desembargadora! 

Salve-se quem puder! A sensação é que estamos perdidos e de que não haja mais solução para esse país. Se a "coisa" chegou a esse ponto, o que podemos esperar? Por um milagre que, de repente, o aparato estatal comece a funcionar e consiga desbaratar essas quadrilhas que mandam e desmandam nas penitenciárias? Ou que o aparato estatal deixe, de repente, de servir a outras quadrilhas, as de cima, para se dedicar a combater as quadrilhas de baixo. São por esses milagres que esperamos?

Infelizmente o mais provável é que a força e a organização dessas facções cresça cada mais e passem a dominar outros setores, como, por exemplo, o poder legisltivo e o próprio judiciário. Nem é preciso mencionar a polícia, porque essa já não conta, já está cooptada e dominada. A infiltração no judiciário é um passo lógico na estratégia dessas organizações. O exemplo de como se dá essa infiltração é o caso da desembargadora Encarnação das Graças. Obviamente ninguém é ingênuo o bastante para acreditar que essa desembargadora seja a única pessoa cooptada no judiciário por uma facção criminosa.

O maior problema entretanto é que a corrupção generalizada produz um ambiente extremamente propício para o crescimento de outras organizações criminosas e consequentemente extremamente adverso ao seu combate. Como sempre, a corrupção é a mãe de todos os males. 

Solução sempre haverá, o que não sabemos é se ainda há solução dentro de um sistema democrático de direito.  

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

País sem noção

Não é preciso ser estudioso do assunto para saber que a carnificina do presídio em Manaus se deve à luta entre facções criminosas. É o PCC estendendo o seu domínio e - para ficar bem claro quem é que manda - exterminando os adversários das facções locais.
O PCC age como uma corporação bem gerida: planeja, executa e avalia antes de dar próximo passo. O PCC é velho conhecido das autoridades brasileiras e há anos vem estendendo o seu domínio, estado após estado, e as autoridades não fazem nada, fingem que não é com eles. Em alguns casos, o PCC atua até nas campanhas políticas, definindo candidatos, quem vai ganhar e quem sequer poderá disputar com eles. As inúmeras execuções na Baixada Fluminense nessas últimas eleições municipais demonstram cabalmente a realidade dessa tese.

O PCC domina os presídios, os "morros", o tráfico e as ruas de determinados territórios. Vai parar por aí? Não vai. Não há limite para o crescimento de organização criminosa alguma, se não for por duas razões: uma outra organização criminosa concorrente a enfrenta (o que não resolve o nosso problema), ou uma força maior, o braço da Lei executada por um Estado organizado e capaz, a detém. Esse é o tamanho do nosso problema: onde está o Estado forte e organizado para deter o PCC?

Esse Estado já foi assaltado antes, já pertence a uma outra organização criminosa, mais antiga e mais organizada. Devido aos interesses dessa outra Orcrim, os recursos do Estado não são para serem "desviados" para o controle da segurança dos cidadãos. Esses recursos estão nos caixas do Estado para serem devidamente apropriados por eles. As duas Orcrims não brigam entre si.
O mais patético é termos que ainda ouvir o discurso demagógico de organizações de "defesa dos direitos humanos" lamentando o massacre como se tivesse sido um genocídio de inocentes e não o resultado de uma guerra em que não há um lado virtuoso. Não defendo que organizações criminosas se matem. Elas deveriam estar sendo, se não desmanteladas, ao menos controladas pelo Estado e sequer existir dentro de uma edificação que pertence ao Estado, como é o caso de um presídio, mas enquanto a guerra é entre eles não há motivo para choro de nossa parte.

Uma outra sumidade diz que o problema é o crescimento da população carcerária, como se deixar esses criminosos na rua fosse uma solução. E ainda vem o governador dizer que vai indenizar as famílias das vítimas! Ou seja, criminoso mata criminoso e quem paga a a conta é o pobre do cidadão contribuinte! Realmente o Brasil virou um país sem noção!

PS- Para registro do país boquiaberto: segundo O Antagonista, os presidiários em Manaus tinham acesso a frigobar, sistema de som, armas, bebidas e celulares.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Cuba Livre!

O regime, que Chico Buarque e outros "artistas e intelectuais" da cena brasileira apoiam, revela mais uma vez a sua face hedionda.
O regime castrista prendeu, sem emitir sequer uma acusação formal, o artista cubano conhecido como El Sexto. Motivo da prisão: depois da morte de Fidel, ele pichou em alguns muros a frase "se fué".
Isso bastou  para a policia política invadir sua casa e o levar, sem mandado e sem acusação, para um complexo penitenciário onde está trancafiado sem a assistência de um advogado. 
Direitos humanos? Direito ao devido processo legal? Isso são firulas burguesas, que são necessárias nos regimes burgueses, injustos por natureza! No regime castrista, puro e perfeito, isso não é necessário, pois o regime está sempre certo no que faz.

O absurdo de um regime desses é que sequer ofensiva essa frase poderia ser considerada. Mas os regimes totalitários não podem deixar escapar nenhuma brecha na liberdade de expressão. O que um regime totalitário mais teme é a mente livre e a livre expressão do pensamento. Isso é um veneno para eles, veneno que mata o seu "modus operandi", pois eles só podem prosperar mediante a lavagem cerebral das massas. que oprimem.

É por isso que todos as ditaduras prezam tanto a doutrinação, a catequese, a uniformização do pensamento, que é o que eles fazem nos países onde conseguem impor um regime autoritário. E, mesmo nos países, onde são obrigados a aderir às regras democráticas, procuram criar uma casta de seguidores descerebrados. E usam todos os meios possíveis para essa catequese, especializando-se em conquistar os corações e mentes das classes formadoras de opinião: os professores, os intelectuais e os artistas.

No Brasil essa classe há muito está catequizada e já não tem pensamento ou opinião própria e é por isso que, diante de fatos como esse, eles se manifestam por um silêncio "ensudercedor".

Alguém terá escutado um pio da Marilena Chauí? Do ex-frei Leonardo Boff? De Chico Buarque,  Caetano, Gil e outros "artistas"? Será que George Duvivier vai fazer uma sátira no youtube com a polícia de Raul Castro? Vladimir Safatle e Jânio de Freitas vão protestar em suas colunas na Folha? Tal como Sartre e Simone de Beauvoir, que defenderam o stalinismo e o maoísmo, os chamados intelectuais daqui são partidários da liberdade de expressão condicional, ou seja, só pode ser livre para expressar o pensamento quem for a favor da sua ideologia. 

Para os crimes cometidos pelos ditadores de esquerda contra os direitos humanos eles são completamente cegos, surdos e mudos. A cegueira intelectual é proposital!  Seguem os passos de Sartre, o filósofo da canalhice intelectual,que  os ensinou: "Nós podemos ficar indignados ou horrorizados diante da existência desses campos [de concentração soviéticos]; nós podemos até ficar obcecados por eles, mas por que eles deveriam nos constranger?" E, referindo-se ao maoísmo: "Um regime revolucionário deve descartar um certo número de indivíduos que o ameaçam, e não vejo outro meio para isso, a não ser a morte. Sair de uma prisão sempre é possível."

É isso aí, Chico Buarque!

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