segunda-feira, 13 de agosto de 2012

E agora, José?

Dilma ordenou que o governo ficasse longe do julgamento do mensalão. Atitude sensata de quem observa e respeita o mandamento constitucional de separação e independência de poderes. Afinal ela não é presidenta do PT, mas de toda a nação.
Não demorou muito veio a reação. Lula ficou fulo, o Zé ficou revoltado e o Partido começou a pressionar para que o governo se manifestasse (evidentemente a favor dos réus). Essa gente demonstra a todo instante que não está nem aí para as leis e instituições do país. O que lhes interessa é seu projeto de poder a todo custo, a qualquer custo.
Tanto fizeram que Dilma autorizou o amarra-cachorro lulista, Gilberto de Carvalho, a se pronunciar. Autorizou de leve, mas autorizou. E isso é mau. Isso demonstra que a presidenta não tem autonomia, que é refém do Partido, que é refém de Lula, que é refém do Zé. 
Lula é refém do Zé, porque o Zé sabe que Lula sabe; porque o Zé tem como provar que Lula sabe e já sabia desde antes de sua primeira eleição. O ovo da serpente havia sido chocado em Santo André. O laboratório tinha servido bem ao teste de "como ficar no poder para sempre", mesmo com alguns percalços inesperados, como o de Celso Daniel, que afinal tinha sido "resolvido" ao estilo Stalin.
Mas o Zé não quer ir pra forca sozinho. O Zé aceita ser quase tudo, só não aceita ser mártir. O Zé quer porque quer que haja um amplo, geral e irrestrito movimento em seu favor. O Zé quer os estudantes nas ruas, o funcionalismo gritando em passeatas, as centrais sindicais agitando bandeiras em frente ao Supremo, o governo engajado em público e  nos bastidores pressionando os ministros. Era isso que o Zé queria, mas está difícil de conseguir. Até quando vão segurar o Zé?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O show do Doutor e o ovo da serpente

O Doutor Márcio Thomaz Bastos ontem deu um show. Perante o plenário do Supremo, acusou (vejam bem, a-cu-sou) a Procuradoria Geral da República de ter "inventado" o mensalão. Disse que tudo não passa de uma "fantasia" e que a acusação é "desprovida do senso de realidade". Em outras palavras, só não chamou o Procurador de santo. Para o Doutor Márcio, o Procurador Geral é um fantasista, mentiroso, irresponsável, pois só um irresponsável poderia inventar um tipo de denúncia tão grave contra pessoas que ocuparam cargos tão importantes na República.
 Se não forem irresponsáveis, então (no raciocínio tortuoso do Dr. Márcio) o Ministério Público é constituído de perigosos golpistas. Não há outra conclusão.
É preciso muita coragem e costas muito largas para desacatar assim, publicamente,  um dos pilares do Poder Judiciário, que é o Ministério Público. Defender seu cliente é uma prerrogativa e dever seu, mas partir para o ataque com essa dureza, faz-nos pressupor que há mais coisa armada por aí. O Doutor Márcio e os réus estão mostrando que não temem o Supremo, não temem o julgamento, não temem o Ministério Público
Ao contrário, estão indignados de terem sido levados à barra dos tribunais. Como ousam questionar o que fazemos? parecem dizer. São inimputáveis, estão acima da lei por pertencerem ao Partido ou serem seus aliados. O Partido é inatacável, é o dono da verdade. O que o Partido manda, deve ser feito sem questionamentos.
O dinheiro, foi desviado, sim, para pagar dívidas e compromissos do Partido, como já admitem, mas isso está bem. É ilegal, sim, mas e daí? Se foi para o bem do Partido, está tudo bem. Quase falta dizer, é ilegal, mas a gente muda a Lei, e aí fica legal. Como a lei retroage para beneficiar o réu, não há crime.
De fato, estão mudando a Lei. No caso dos bônus por volume que as agências de publicidade deveriam ter devolvido ao Banco do Brasil, por exemplo, mudou-se a lei. Posteriormente ao crime. E já os advogados apelam pedindo a sua retroação para beneficiar os réus.
O Doutor Márcio admoesta os ministros do Supremo de que eles estão "julgando pessoas"! Só faltou completar: e não são pessoas comuns!
Realmente, se sua sapiência não o relembrasse aos ministros, eles não saberiam o quê estão julgando. Como se, em algum lugar do planeta, alguma corte julgasse coisas e animais, ao invés de julgar pessoas.
Tenha a santa paciência, Doutor Márcio! Se não quer poupar os ministros do Supremo, poupe-nos,  ao menos a nós, de seus silogismos e ataques vulgares. O Doutor Márcio Thomaz Bastos, que prestava seus serviços dando conselhos aos membros do governo Lula e ao próprio Apedeuta em relação ao Mensalão, enquanto ainda era ministro da Justiça, o que é ilegal e aético, devia ter um pouco de vergonha de fazer esse papelão. 
Mas o que é isso? Vergonha é uma palavra que está caindo em desuso! E a serpente, como diz a ministra Eliana Calmon, está nascendo à vista de todos!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Para a patuleia entender

O Doutor Márcio Thomaz Bastos até há bem pouco tempo era ministro da Justiça. Até há pouquíssmo tempo era advogado do contraventor Cachoeira. Ainda é advogado de um mensaleiro, o vice-presidente do Banco Rural. E dá conselhos e arma estratégias com todos os outros advogados dos mensaleiros. Tudo isso está muito bem, está muito certo do ponto de vista jurídico e legal. Ele pode fazer tudo isso, mesmo que agindo nos limites da lei.
Mas, francamente, para as pessoas comuns, leigas em Direito, que são obviamente a maioria nesse país, essa mistura de funções (mesmo que sejam consecutivas) soa estranho, muito estranho. Todo réu tem direito a um advogado, não se discute, mas tem que ser a mesma pessoa que ocupava uma função pública na qual era chefe da polícia que estava investigando esse mesmo réu? Não havia nem um outro advogado nesse país que pudesse aceitar a causa, por exemplo, de Carlos Cachoeira? ou de algum mensaleiro?
Cabe, licitamente a nós, patuleia ignorante, perguntar:  Qual será o motivo pelo qual o Doutor Márcio é o preferido de 9 entre 10 réus de processos que envolvem o Erário e maracutaias com o governo?  Seu notório saber não está em questão; longe de mim, um leigo, discutir a sapiência do Doutor Márcio. Sabemos que os serviços de sua banca estão entre os mais caros do país, mesmo assim continua sendo o preferido dos réus mais badalados da República. E, sobretudo, parece que o Brasil anda carente de sumidades do Direito, pois tudo vai parar na banca do Dr. Márcio.  Tudo, é modo de dizer, pois talvez só 1% de nossa população tenha condições de pagar por tal sapiência.
Para a maioria de nós, da patuleia, o que vale são os rigores da lei. Para eles, essa nata, a verdadeira "zelite", o que vale são as "tecnicalidades", nas quais, o Doutor Márcio é um "expert".

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

As medalhas do Cazaquistão

A posição do Mercosul no ranking das medalhas até agora é simplesmente ridícula. Juntando-se as medalhas da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, ainda assim o bloco inteiro fica atrás da  Coréia...do Norte!, que tem 4 medalhas de ouro. Nem se fale na Coréia do Sul, porque aí é covardia. Eles tem 10 medalhas de ouro até agora, em um total de 21.
Esquecendo os nossos "colegas" e considerando só o Brasil, estamos em vigésimo lugar, ostentando duas míseras medalhas de ouro, uma de prata e cinco de bronze. Era de se esperar que estivessem à nossa frente, (além da China, Rússia e USA) França, Itália, Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha.
Mas na nossa frente estão países tão pequenos como Belarus e Dinamarca. Tão pobres como África do Sul, Cuba, Cazaquistão e a já citada Coréia do Norte.
Será que o Cazaquistão tem uma política voltada para o esporte/educação melhor que a nossa? Eles estão em sétimo lugar com 6 medalhas de ouro. Devem ter, porque não se ganha medalha olímpica por sorte.
É importante essa análise porque esse quadro de medalhas fala muito de cada país. Demagogia e blá-blá-blá de governo podem até funcionar aqui, para a patuleia boba que vota neles, e acredita nos PAC's e se refestela com as bolsas-isso, bolsas-aquilo, mas na hora da verdade verdadeira, como essa em que disputamos em condições de igualdade, as coisas voltam para os seus devidos lugares e o ufanismo demagógico dá lugar à realidade nua e crua.
Não temos política educacional e por consequência não temos políticas públicas para o esporte (como parte, que é,  da educação). O que vemos imperar aqui, nessa área, é a proliferação de ONG's destinadas, a maioria delas, a fazerem o papel de ralos por onde se escoa o dinheiro público.

domingo, 5 de agosto de 2012

Menos latim e mais verdade


Nunca antes neste país estivemos tão próximos do fundo do poço, no que se refere ao funcionamento das instituições republicanas, quanto nesse malfadado governo petista. Historicamente, sempre fomos um país bagunçado. Nossa cultura do jeitinho, da malandragem e do desrespeito às regras, não foi inaugurada pelo PT, obviamente. Mas o lulo-petismo conseguiu oficializar isso, elevando essa bagunça à categoria de arte.  Vale tudo desde que seja para benefício do partido e dos "companheiros".
A atitude escandalosa foi tanta que passamos a considerar a roubalheira como um fato da natureza. Inevitável.
Nessa toada, assistimos à desfaçatez se insinuar também no julgamento do mensalão no STF. Manobras claramente procrastinadoras são plenamente aceitas pela corte e, quando rechaçadas,  como fez o ministro Joaquim Barbosa na primeira sessão, quem passa a ser cirticado é exatamente quem reagiu a isso.
O min. Marco Aurélio, hoje, declara que faltou urbanidade ao relator e que teme pelo momento em que o min. Barbosa se tornará presidente do STF. Como cidadão me pergunto, qual será o motivo desse temor?
Fico com a resposta do ministro relator: é com extrema urbanidade que muitas vezes se praticam as mais sórdidas ações contra o interesse público."
Pois o que falta nesse país não é propriamente urbanidade, nem civilidade. O que falta é civismo, honestidade, capacidade de se indignar e chamar as coisas pelo nome que tem: ladrão é ladrão; dinheiro não contabilizado é roubo, fraude, sonegação e desvio; chefe de quadrilha é chefe de quadrilha; cúmplice é cumplice; comparsa é comparsa.
Menos salamaleques e maneirismos, menos palavrório, enfim,  menos latim e mais verdade! 
O Supremo poderia começar dando essa lição e esse estímulo às novas gerações, que a atual já está perdida.



Nota: Afinal já se passaram sete anos. Quem quiser refrescar a memória sobre o mensalão é só clicar aqui


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A hora da verdade

Até que ponto esse julgamento do mensalão pelo STF será um julgamento sério e isento? Tenho grandes e sérias dúvidas. Primeiro por causa dos antecedentes. Esse tribunal absolveu um ex-presidente cassado por causa de uma simples tecnicalidade: não havia ato de ofício ligando ações de governo à dinheirama que PC Farias tinha amealhado. E o álibi de Collor foi aquele empréstimo do Uruguai, lembram-se? Pois o Supremo "engoliu" tudo isso e o absolveu. Isso dá a ele, Collor, todo o direito de dizer que sua cassação foi um golpe. Golpe de quem? Do PT, seu aliado de agora.
Agora temos a situação esdrúxula de um ministro (Dias Toffoli, aqui)  que foi advogado do PT, foi filiado ao partido, trabalhou no governo subordinado a ninguém menos que Zé Dirceu,  ter a possibilidade de participar desse julgamento. E ainda, sabendo-se que a sua namorada ou companheira advogou exatamente a causa de alguns desses mensaleiros!
Não é possível que tenhamos perdido tão completamente o senso das coisas que isso vá acontecer e todo mundo achar normal, inclusive seus pares do Tribunal.
Se o próprio min. Dias Toffoli não se declarar impedido, só resta esperarmos que o Procurador Gurgel levante a questão. Se não, vamos assistir a uma pantomima, com mais uma desmoralização para o poder Judiciário, que já tem tão pouco crédito perante a nação.
O pior perigo é que, quanto menos poder tiver o Judiciário, menos democracia haverá no país..

terça-feira, 31 de julho de 2012

Novela brasileira: A chantagem como método

Ministro do Supremo Tribunal vem a público dizer ter sofrido tentativa de chantagem por parte de um ex-presidente da República,  não lhe dá voz de prisão e é desmentido pelo pretenso chantagista. Apesar do escândalo da situação de um ministro da suprema corte do país ser passado por mentiroso, a nação solenemente ignora o fato e as coisas permanecem como se nada tivesse acontecido.
Poucos meses depois, um juiz federal vem a público dizer ter sofrido uma tentativa de chantagem por parte da companheira de um contraventor conhecido e reconhecido como protagonista de crimes continuados contra o erário e a administração pública. Também, à semelhança de seu colega de instância superior, não lhe dá voz de prisão e prefere acionar a Polícia Federal de posse de um pedaço de papel com três nomes escritos.
Isso não é novela radiofônica dos anos 50. São fatos reais, vindos a público nas nossas barbas.
Em mais uma cena teatral, o advogado do contraventor, até recentemente ocupando o cargo de ministro da Justiça (o advogado, não o contraventor), abre mão da defesa de seu cliente, obviamente, atirando-o à boca dos leões.
Assistam ao próximo capítulo. Não vai demorar muito. Basta começar o julgamento da Ação Penal 470, vulgo mensalão.


Marcio Thomaz Bastos não é mais advogado de Cachoeira | Radar on-line - Lauro Jardim - VEJA.com:

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segunda-feira, 30 de julho de 2012

E se...

São muitas as causas do nosso atraso. Sim, porque apesar de sermos a sexta economia do mundo, ainda somos e seremos por muito tempo um país atrasado. Como dizia, são muitas as causas, mas me chama à atenção um fato ocorrido há duas centenas de anos.
Nas vésperas da Revolução Industrial na Inglaterra, em 30 de julho de 1766,   a coroa portuguesa edita uma carta régia em que se proibia no Brasil as indústrias de tecidos de algodão e seda. As consequências disso são claras e óbvias, o ouro abundante, descoberto em Minas Gerais, já tinha um destino certo: financiar e promover a tal Revolução Industrial inglesa, já que Portugal também não tinha indústria e simplesmente iria repassar as manufaturas inglesas pra cá, e o nosso ouro pra lá, para a Inglaterra, país do qual Portugal foi aliado inconteste, enfrentando até Napoleão. Engraçado que dessa parceria luso-britânica só um dos lados foi beneficiado. Adivinhe qual?
Portugal, como um novo-rico perdulário, prosseguia gastando às pamparras, despreocupadamente sem investir em seu próprio futuro. Deu no que deu. A Inglaterra, sabiamente, como não tinha as benesses naturais e ainda não era um império cheio de colônias, teve que investir em seus próprios recursos, ou seja, no seu povo, preparando-o para deixar a vida rural e qualificar-se para o trabalho na indústria. Nem tudo foram flores, como sabemos, mas o resultado foi o que se viu nos dois séculos seguintes.
Nós, no Brasil, tivesse a administração portuguesa sido mais inteligente, poderíamos ter sido o motor dessa Revolução Industrial. É claro que isso iria mudar o eixo da relação e a matriz do império português se deslocaria ainda mais cedo para cá. Mas isso era de qualquer modo inevitável, dadas as proporções dos recursos de cada país e, de fato, cinquenta anos depois, tornamo-nos parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves com a capital no Rio de Janeiro. Só que, agora, sem as benesses de uma industrialização que já havia começado na Inglaterra e aqui, nem sombra havia.
Nosso povo, mantido na ignorância, dela não se livrou até hoje. Infelizmente parece que não vai sair dela tão cedo, considerando as circunstâncias  políticas deterioradas em que vivemos. Somos um país rico em extensão territorial, com um clima abençoado, a maior área agricultável e a maior reserva de água doce do mundo, recursos minerais abundantes (embora não inesgotáveis) e até petróleo.  Vamos deixar essa riqueza se escoar sem que retornem para nós os recursos, via investimento em nosso próprio desenvolvimento social? Vamos perder essa segunda chance, por causa de uma classe política despreparada, inoperante e vendida?
Antes, eram os portugueses que decidiam por nós. Agora, não haverá desculpas, somos nós mesmos.

domingo, 29 de julho de 2012

Jogos Olímpicos de Londres

Eu esperava mais. Achei a abertura dos jogos de Londres bem xoxa. O tom esteve sempre um pouco baixo. Faltou aquela vibração que nos acostumamos a associar ao esporte, faltou entusiasmo. Os pontos altos, em que houve vibração do público, foram a entrada da Rainha e da delegação britãnica, mas também se, nem assim, o publico se empolgasse seria de se desistir. 
Entregar o espetáculo de abertura a um cineasta não acredito que tenha sido uma boa idéia. Talvez tivesse sido melhor tê-la entregue a um diretor de ópera, a um regente de ballet, ou a um carnavalesco. É gente que entende de espetáculo ao vivo. Como seria difícil encontrar um carnavalesco em Londres (não digo impossível pois isso não é), que tivessem convidado um diretor de óperas como Andrew Lloyd Weber, por exemplo.
Na abertura de ontem, aquelas camas de hospital foram totalmente dispensáveis. Não sei que relação pode ter o sistema de saúde britânico com os jogos olímpicos, que pretendem celebrar o vigor , a saúde, a plenitude física do ser humano.
Os temas se sucediam sem continuidade, parecia uma colagem de idéias.
A rainha saltando de pára-quedas também, vamos e venhamos, foi um exagero. Enfim, tudo parecia uma montagem colegial de final de ano para exibir os talentos dos pimpolhos aos pais, tios, avós e demais sofredores parentes.
Se foi assim em Londres, o que será aqui em 2012? Espero que os cariocas, que sabem fazer uma boa festa, não se inspirem nesse mau exemplo inglês. Pelo menos, bons carnavalescos nós temos, pra dar e vender.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Decoro Conceitual (Com licença, Reinaldo Azevedo!)

Na próxima semana começará julgamento da Ação Penal 470, mais conhecida como Mensalão. A movimentação nos bastidores do PT demonstra que os réus estão com medo do resultado. Agora, além da tentativa de chantagem feita pelo ex-presidente contra um ministro do Supremo, alguns advogados do PT se movimentam enviando ao TSE uma petição de adiamento do julgamento para não haver a "judicialização da política", nem a "politização da justiça". É apenas um jogo de palavras, mas que pode confundir muita gente.  
Que seria a politização da justiça? Como diz Reinaldo Azevedo em seu blog: É exatamente o oposto daquilo que os rábulas estão querendo nos fazer crer. Adiar o julgamento por causa das eleições é que seria a politização da justiça, que não pode se mover ou ficar estática por conta do calendário eleitoral. A justiça (por ser cega) tem que andar por sua conta, respeitando seu rito e ignorando tudo o mais a seu redor. 
E a judicialização da política? Bom, isso compete aos políticos decidir. Se misturarem suas ações políticas com bandidagem será inevitável a judicialização da política, mas não será  a justiça que vai dar jeito nisso, senão os próprios políticos.
O povo brasileiro já está esperando por sete anos. Está claro que o que os réus e seus advogados (remunerados a peso de ouro) querem é a prescrição pois não acreditam na absolvição sabendo muito bem, como sabem,  o que é que está nos autos.
Não quero acreditar que o STF (ou mesmo o TSE) vá se comover com essa argumentação espúria. São pessoas suficientemente ilustradas para se deixarem levar por silogismos de quinta categoria. Isso apenas demonstra o estado vergonhoso a que chegamos: profissionais do Direito não tem vergonha de por no papel um texto que desafia a lógica mais comezinha. Defender um cliente é obrigação profissional, mas não se pode desafiar a lógica, nem apelar para qualquer tipo de argumento. Como diz o jornalista Reinaldo Azevedo: É preciso manter um certo decoro conceitual.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Vergonha brasileira

Uma das vergonhas de ser brasileiro nos dias que correm é a posição pusilânime do Itamarati com relação à matança do regime de Assad na Síria. A história diplomática do Brasil sempre foi, no passado,  a de repulsa à violência, ao conflito, e de apoio às populações carentes e ameaçadas com foi o caso de Timor-Leste e do Haiti.
O Brasil se posiciona também a favor do povo palestino quando Israel exorbita do seu direito de defesa, portanto nada justifica ou explica a nossa posição de indiferença quando um ditador sanguinário sacrifica seu povo para se manter mais umas semanas, ou meses, no poder. Não deveríamos confundir a  ideologia de um partido com política de Estado. Essa é permanente e deve ser focada no interesse da nação e nos valores perenes que deveríamos defender: liberdade, democracia, direitos humanos, autodeterminação dos povos, etc.
Mas não é isso que se passa na cabeça de nossos mentores da política externa. O triunvirato Patriota, Garcia e Amorim quer, porque quer, impor ao Estado um viés ideológico que não combina com a tradição brasileira e não nos proporciona nenhuma vantagem, ao contrário, ficaremos depois com essa mancha histórica de termos parte da responsabilidade  sobre a  morte de tantos cidadãos (na Síria até hoje são 17 mil mortos!) que só estavam lutando pela liberdade em seus países.
E, para completar nossa vergonha, hoje a Folha exibe uma foto de uma criança  portanto um cartucho de uma bomba de gás lacrimogêneo brasileira que foi atirada pela polícia turca contra os campos de refugiados sírios por protestarem contra a falta de água e alimentos.
Para quem preza tanto a democracia a ponto de suspender o Paraguai do Mercosul fica no mínimo paradoxal essa benevolência com o ditador Assad, não?







quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dilema Ético

O min. Dias Toffoli, antigo filiado e advogado do PT, diz que ainda não decidiu se se declarará impedido ou não em votar no processo do Mensalão. Uma coisa que a nós, leigos, parece tão fácil de resolver! Foi filiado ao partido em questão? foi advogado desse partido? Então não pode. Isso vale para todos nós em situações muito mais simples da nossa vida. A todo momento tomamos decisões éticas e não é preciso ser nenhuma sumidade do Direito para fazê-lo. Um advogado qualquer, mesmo um daqueles chinfrins de porta-de-cadeia, ao representar uma parte, não pode também  representar a parte contrária. Um cozinheiro que tenha acesso aos segredos culinários de um restaurante não pode trabalhar para um restaurante concorrente. Um funcionário de uma empresa qualquer não pode dar informações a uma empresa concorrente. E por aí vão vários exemplos.
Muito mais que os aspectos legais, são os aspectos éticos que condicionam a nossa vida civilizada.
Portanto era de se esperar que a essa altura o ministro já soubesse o que fazer. Se, em sete anos de espera para esse julgamento, faltando menos de um mês, ele ainda não tomou uma decisão, o que fará com que a tome nesse curto espaço de algumas semanas? Vai ter uma iluminação súbita? um estalo de Vieira, uma epifania?
O ministro diz que se considera isento, imparcial. Não duvidamos. Mas isso basta? Basta sua palavra dizendo "confiem em mim"?  Acho que é pedir demais à nação brasileira.
As declarações de impedimento não deveriam ser autoproclamadas, mas sim uma decisão colegiada. Senão cairemos no caso em que os maus sempre terão vantagens. Um juiz honesto e probo sempre se considerará impedido quando for o caso e um juiz desonesto jamais. Portanto as chances de absolvição dos maus é sempre maior que as dos bons.
Já diziam os romanos que não basta a mulher de César ser honesta, ela tem também que parecer honesta. Esse é um caso exemplar em que isso se aplica. Mesmo que o min. Tóffoli se sinta absolutamente isento e imparcial para julgar o mensalão, é melhor para o próprio ministro, para o STF, para o poder judiciário, para a classe política, enfim, para todo o país, que ele se declare impedido e deixe de participar desse julgamento.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O retrato da educação



Esse é o retrato (literal) da educação no Brasil. A foto é de uma escola do grande Estado Sarneysista do Maranhão. O estado, dominado há 50 anos pela oligarquia do coronel José Ribamar, vulgo Sarney, aliado inconteste do PT, revela como tem sido os "avanços" na área. Como disse a presidenta: o importante não é o PIB, o importante é a qualidade da educação e dos cuidados que temos com as crianças e os jovens desse país. Falou e disse!

domingo, 15 de julho de 2012

E viva o PIBinho (II)

Em 13/03 (aqui) já estava ficando claro para onde a política econômica desse governo, complementando a do anterior, iria nos levar. Infelizmente, as previsões daquele post vem se confirmando e mais rápido do que se poderia supor.
O empresário Warren Buffet tem uma frase genial: "quando a maré abaixa é que se vê quem é que estava nadando pelado". Em tempos de bonança todos são bons, tudo "dá certo", e os erros, por maiores que sejam, passam desapercebidos, como aconteceu durante os 8 anos do governo Lula. Na hora da crise, do "vamos ver", é que se separam as ações corretas da pirotecnia.
A Dilma, coitada, até que se esforça para parecer uma administradora séria, uma gestora firme e competente. Para quem não consegue falar duas frases até o fim sem embolar o raciocínio, até que faz muito. O ministro Mantega é uma esfinge. Fica com aquela cara de paisagem, concordando com tudo, e a gente não sabe se ele está só sendo cínico ou se não sabe é nada de economia também.

Lula teve sorte porque durante seu governo a maré estava alta e eles puderam nadar pelados à vontade. Engambelaram a classe média e os emergentes, fizeram assistencialismo populista e conseguiram a tal popularidade de 130%. Mas, como mais cedo ou mais tarde, a conta chega, baixando a maré, quem vai aparecer nadando pelado são os outros, no caso, o poste que ele conseguiu fazer sentar na cadeira de presidente. Dilma faz o que pode, mas não pode muito. Sai atirando a esmo, mas o problema é que não atira naquilo que deveria ser o alvo principal: os entraves ao nosso crescimento industrial. Esses entraves nada tem a ver com a crise européia, ou com a desaceleração da China.
Nossos entraves são estruturais: a baixa qualidade da mão-de-obra local, a elevada carga tributária, a sobreposiçãode impostos, taxas e "contribuições", o emaranhado de leis, decretos, regulamentos e instruções normativas, a insegurança jurídica, as constantes mudanças nas regras do jogo, os custos pesados da ineficiência burocrática, a falta de investimentos na infraestrutura, a roubalheira, a corrupção generalizada, o aparelhamento e o elevado custo do Estado. Tudo isso aliado a uma baixa poupança interna, o que exige a captação da poupança externa para que os investimentos no crescimento econômico sejam feitos, vem nos dizer que a nossa economia vai continuar "patinando".
Quando, recentemente, o mundo crescia a 3% ao ano e a China a 11%, não passamos dos pífios 5%, que foram cantados com louvor e glória pelo governo Lula como se fossem a oitava maravilha. Agora em que a economia chinesa caiu para 7% e a Europa e EUA tem crescimento zero, não conseguimos manter nem 2% e é bem provável que tenhamos, como na era Sarney, mais uma década perdida. Nem Copa, nem Olimpíadas, nem PAC podem nos salvar se insistirmos em desconhecer e atacar as verdadeiras causas dos nossos problemas. Infelizmente, essa equipe que aí está não nos ajuda nem um pouco. Não vai ser com discurso demagógico e medidas paliativas que vamos conseguir fazer a nossa economia avançar. Vamos ter que nos contentar com PIBinhos pelos próximos anos.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O golpe - Guerra do Paraguai III

Agora ficou claro! O que Dilma e seus asseclas queriam era forçar a entrada da Venezuela no Mercosul, por isso deram uma rasteira no Paraguai. Quem afirmou isso foi o ministro das Relações Exteriores do Uruguai. Disse que a aceitação da Venezuela no bloco foi decorrência da pressão brasileira e que a proposta teria partido de Dilma nessa última reunião, da qual o Paraguai (que não aceitava a Venezuela) foi impedido de participar.
Não se pode fazer política externa com golpes baixos como esse. Isso ainda vai custar caro ao Brasil em termos de credibilidade. 
Se, nos anos 60, De Gaulle disse (ou mesmo que não tenho dito, ficou valendo) que não somos um país sério, agora isso está mais que comprovado.
Com argumentos ridículos afastamos um parceiro, um país amigo, do bloco comercial, tentamos ingerir em seus assuntos internos desprezando a tão propalada política de não-intervenção, acusamo-lo de antidemocrático para depois abanarmos o rabo metafórico para ninguém menos que a ditadura bolivariana delirante de Hugo Chávez.
Isso depois de acompanharmos Cuba (também retirando nosso embaixador), "indignada" com a falta de democracia no Paraguai!
Seria cômico se não fosse triste. Nunca antes na história deste país a política externa foi tão rastaquera, tão mesquinha, tão parcial. Esse é mais um efeito colateral do governo petista. Até quando, Catilina...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ruptura com a democracia (Guerra do Paraguai II)

Anteontem o embaixador do Paraguai na OEA afirmou quase que exatamente o que se disse neste blog na postagem anterior: "Se querem [Brasil, Argentina e Uruguai] formar uma Tríplice Aliança, não será a primeira vez"
Disse mais: "Aqui há 500 mil brasileiros e, quando as terras dos brasileiros eram invadidas, a embaixada respondia que este é um país autônomo e que eles não podiam fazer nada."
Nada mais precisa ser dito. Até o próprio deposto já se resignou e prepara-se agora para concorrer ao Senado, nas próximas eleições. Veja bem: próximas eleições. É isso que D. Dilma chama de "ruptura com a democracia" esquecendo-se convenientemente de que eleições em Cuba, só quando o morto-vivo e seu irmão forem enterrados.


O governo brasileiro deveria é se envergonhar da "mancada", voltar atrás e pedir desculpas.
Mas não fará isso. A política externa do Brasil é ditada pela ideologia que está na cabeça do ministro da "Defesa", Celso Amorim e o ministro de Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia (aquele do top-top). Para eles, não importa o interesse da nação, importa sim o seu canhestro objetivo de fazer da nossa política externa uma extensão de sua subserviência aos ditames do partido.


A partidarização do Estado brasileiro foi um dos piores males que o governo petista trouxe para nós, sem falar na institucionalização da corrupção "do bem".  Pena que a classe política brasileira seja tão ruim, mas tão ruim, que nem oposição verdadeira temos. Assim fica difícil, pois não há o que contrapor a essa política deletéria de destruição progressiva das nossas instituições.
Vamos seguir assim até o caos ou mais uma "ruptura com a democracia".

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dilma vai começar uma outra guerra do Paraguai?

Argentina, Brasil e outros bocós do Mercosul estão aplicando sanções ao Paraguai por sua suposta "ruptura com a ordem democrática". Não imaginava que o Brasil pudesse adotar uma postura internacional tão ridícula, apesar de saber que da cabeça das "sumidades" Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia tudo se pode esperar. Desdenhando que a decisão do Congresso paraguaio fora tomada em absoluta concordância com a sua própria Constituição e por maioria quase unânime de votos (39 contra 4), ratificado pela Suprema Corte, e que o povo paraguaio apoiou majoritariamente, o Brasil e Argentina querem determinar o que é certo e o que é errado para a população do país vizinho. Ou seja, vamos legislar para o Paraguai, vamos reformar a Constituição deles e, se eles não nos obedecerem, tomem sanções. Nada mais imperialista do que essa atitude. Nada mais parecido com a política de Ronald Reagan quando invadiu o Panamá. 
E os mentores e conselheiros de tal atitude, os "gênios" Garcia e Amorim disseram à Dilma que havia risco de uma guerra civil no Paraguai! Só por isso deviam ser sumariamente demitidos dos seus cargos. A atitude do governo brasileiro, além de ridícula, além de imperialista, despropositada e desrespeitosa com a soberania do país vizinho, expõe os brasileiros que lá vivem e cultivam a terra, os brasiguaios, a um risco desnecessário. 
Ontem um grupo de 200 brasiguaios entregou no consulado brasileiro de Ciudad del Este um documento manifestando apoio ao novo presidente e pedindo que o Brasil também o apoie. "Essa decisão é sumamente necessária para dar tranquilidade ao povo paraguaio e a esta grande comunidade brasileira" diz o documento.
O governo Lugo era considerado pela comunidade brasileira como um fator de risco de instabilidade no campo porque incentivava invasões de terra e pressionava para mudanças na legislação dificultando a defesa judicial das propriedades. E foi por causa disso que caiu.


Nada, absolutamente nada, justifica essa atitude beligerante do governo brasileiro contra o Paraguai. Já temos uma dívida histórica com eles e não há razão de queremos começar uma outra guerra, mesmo que seja mediante sanções.
Eu, cá, na minha insignificância, começo é a ficar com muita inveja desse congresso paraguaio. Poderia  nos servir de exemplo.

sábado, 23 de junho de 2012

Democracia para todos!

O Brasil agora resolveu ser juiz da democracia dos outros. A República do Paraguai, conforme suas leis e sua Constituição, defenestrou um presidente inepto. Foram 39 votos de senadores a favor do impeachment e somente 4 votos contrários. E o Brasil, mediante declarações da "presidenta" e manifestações do Itamarati, protesta e ameaça "retaliar" o Paraguai com "sanções"!!! É um espanto!
Em primeiro lugar: o que temos nós com isso? Trata-se de um assunto político interno de um país soberano!
Segundo: recusamo-nos a protestar contra graves violações de direitos humanos no Irã e na Síria e vamos protestar porque o povo do Paraguai, por seus representantes, resolveu que o ex-bispo, mentiroso e demagogo, não deveria mais continuar no poder? 
Terceiro: o Itamarati diz que o processo contra Lugo foi anti-democrático, foi um golpe. Onde estão, porém, as manifestações contra os seguidos golpes e mudanças nas regras do jogo impostas por Chávez ao povo venezuelano? Sem falar na "democracia" cubana apoiada firmemente pelo Brasil.
Quarto: quando o governo paraguaio resolveu unilateralmente triplicar o preço da energia que vende ao Brasil em descumprimento de um contrato internacional assinado entre os dois países, recebeu aplausos de Lula! O mesmo aconteceu quando Evo Morales invadiu as instalações da Petrobrás na Bolívia. No momento em que deveríamos protestar, aplaudimos. No momento em que não temos nada com isso, protestamos.


Essa reação se explica como? O ex-bispo Lugo é uma peça importante na engrenagem esquerdista-demagógica que quer monopolizar a política na América do Sul? Só pode ser isso. Defesa de um correligionário. Ou medo de que isso também possa acontecer nas bandas de cá.


Fiquem tranquilos, com a qualidade da maioria dos políticos que temos por aqui, o máximo que pode acontecer é CPI's acabando em pizzas.
Vamos combinar D.Dilma? Defendamos a democracia no Paraguai, mas também na Venezuela, em Cuba, no Irã e na Síria. Todos esses povos são igualmente merecedores do nosso apoio.

terça-feira, 19 de junho de 2012

O PT não escolhe a clientela

Hoje, na primeira página da Folha, nos deparamos com uma foto emblemática. O desencarnado, guru dos cabeças ocas, cumprimenta em visita festiva a ninguém menos que Paulo Salim Maluf, o político com a maior folha corrida do Brasil! 

Seria um espanto se já não conhecêssemos o PT, se não soubéssemos que para essa gente o que vale é o poder pelo poder e que a realidade é torcida e distorcida para servir aos seus interesses, ou melhor, aos interesses da camarilha que controla o partido e as massas a ela subservientes.
Não sei como, diante dessa foto, os militantes ainda terão a cara e a coragem de elencar seus argumentos contra a burguesia, as oligarquias, enfim a "zelite". 
Nada mais representativo do pior que possa existir nessa "zelite" do que a figura execrável do Sr. Paulo Maluf. E dizem que ele exigiu que Lula fosse à sua casa para  pedir o apoio à candidatura de Haddad. Claro, quem está por cima da carne seca agora é ele. 
O PT, aquele partido que antes não fazia nem alianças, desceu todos os degraus da escala da moralidade pública e agora, bracejando na sarjeta da ética, não faz nada de mais em abaixar as calças para Paulo Salim Maluf, depois de já tê-lo feito para Sarney e Collor. Afinal, quem vive em bordel não escolhe freguês.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Nau sem rumo

Dilma há menos de 2 meses, visitando Obama, reclamou do "tsunami" de dólares que estariam invadindo nossa praia e supervalorizando nossa moeda. Não sei como ter uma moeda forte pode ser um problema! Se assim fosse, a Alemanha com o seu marco e agora com o euro, estaria na bancarrota há muito tempo. Mas o fato é que, tanto ela quanto seu ministro, começaram de fato o que, se tivesse partido do "mercado", seria chamado de ataque especulativo contra o real.
Tanto fizeram que o valor da moeda de fato caiu 25% em um mês, ou seja, para comprar a mesma coisa em dólares somos obrigados a gastar 25% a mais em reais. Como as coisas que importamos, entre elas o petróleo e fertilizantes, não são substituíveis assim da noite para o dia, o fato é que vários itens que são matérias primas para a nossa indústria ficaram subitamente 25% mais caros. 
É assim que se materializa a tal proteção da indústria nacional. Na verdade trata-se de uma proteção de setores da indústria nacional: aqueles que são amigos do rei, o resto que se dane. A indústria têxtil, que não se moderniza e não aumenta a produtividade, tem medo da concorrência chinesa? Proteção neles! A indústria automobilística está com medo dos carros coreanos, mas baratos e mais seguros? Proteção neles.


Mas, de repente, o governo passa a achar que agora está faltando dólar e tasca a despejar dólares no mercado e reduzir IOF em empréstimos do exterior para evitar mais desvalorização do real. Isso tudo acontece num período de 2 meses! 


Agora, alguém me diga, como é que alguma empresa pode fazer um planejamento de negócios nesse país? As coisas, mais ou menos andam por aqui, por causa do esforço do nosso povo, apesar dos governos.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Descaso das autoridades

Mais uma vez, no mesmo lugar, um acidente de proporções catastróficas se abate sobre Belo Horizonte. Para quem não sabe ou não é daqui, um motorista, desses tantos que circulam pelas nossas rodovias, muitas vezes dobrando serviço e tomando drogas para não dormir, quase sempre carregando excesso de peso, desrespeita a sinalização e desce por uma das principais vias de acesso aos bairros da zona sul da cidade. Resultado: mais uma catástrofe.
Mais uma porque, desde os anos 60, quando essa avenida foi construída como continuação de uma rodovia, acidentes ali se repetem rotineiramente. E mesmo após dúzias deles, as nossas "autoridades" não se mexem.
Podem dizer que recentemente o trânsito dessas carretas ficou proibido a partir do trevo do Belvedere. Isso resolve? Está provado, com o acidente de agora, que não. Os veículos pesados deveriam ser direcionados todos para o anel rodoviário (também outra porcaria, mas ao menos não teriam de entrar na região urbana).
Além disso, no trevo da mutuca, os veículos que descem a rodovia deveriam sofrer uma contenção de velocidade, quer para entrarem na região urbana com mais cuidado, quer para permitirem que os veículos, que saem do trevo para pegar a rodovia, possam fazê-lo com mais segurança.


Dona Dilma vem, a BH na próxima semana, fazer demagogia e nos conceder o "favor" de liberar verbas para revitalização do anel rodoviário, como se esse dinheiro já não tivesse saído do nosso bolso há muito tempo, via IPVA. Quem sabe alguma "autoridade" se lembre de dizer a ela que a BR-040 também está um caos no trecho Ouro Preto Congonhas, antes que outra catástrofe se abata sobre os mineiros.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Chantagem como método

Lula, com sua esperteza batráquia, depois de sair ileso do episódio do mensalão por inépcia absoluta da oposição política, pensava estar blindado perpetuamente. Foi aí que se enganou. Com o ego inflado pela bajulação permanente (estado compensatório de um complexo de inferioridade raivoso que o faz o tempo todo se comparar a Fernando Henrique) acreditou-se dono da República, cidadão acima das leis, um Luís XIV de tamancos, ou um Napoleão retinto - para usar a alegoria de Chico Buarque. Pois foi fazer chantagem com ninguém menos que o ministro Gilmar Mendes, com cujas posições nem sempre concordo, mas, devo admitir, é um homem de coragem e que não foge da briga. O ministro, ao meu ver, só errou por não ter dado voz de prisão ao chantagista imediatamente. O caso se configurou como um crime de lesa-pátria. A tentativa de chantagear um ministro da Suprema Corte, membro de um dos poderes da Republica, e ainda com o objetivo de adulterar o rito de um julgamento dessa Corte, é talvez o mais grave de todos os cometidos contra as instituições em períodos de democracia. Não há como escapar, a lógica é insofismável: ou o ministro Gilmar é um louco mentiroso, ou Lula tentou chantageá-lo. No primeiro caso, o ministro devia ser afastado por demência, no segundo, a única ação possível é enfiar o ex-presidente na cadeia.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Lista dos réus do mensalão

Para que não esqueçamos, aqui vai a lista dos 39 réus no processo do Mensalão e uma pequena ficha corri..., digo biografia, de cada um.

Primeiro Escalão: 
1) João Paulo Cunha (PT) - na época era o presidente da Câmara. 
2) José Dirceu (PT)- era o min. Chefe da Casa Civil do gov. Lula, com gabinete dentro do Palácio do Planalto. 
3) José Genoíno (PT) era o presidente do PT. 
4) Sílvio Pereira (PT) - era Secretário-Geral do PT. 
5) Luis Gushiken (PT) - Secretário de Comunicação do gov. Lula 
6) Delúbio Soares (PT) - era o Tesoureiro do PT. 
7) Kátia Rabello - era Pres. do Cons. de Admin. do Banco Rural, envolvido até o talo no processo. 
8) Duda Mendonça - marqueteiro que fez a campanha de Lula 
9) Marcos Valério - publicitário - era o responsável pela distribuição do dinheiro. 
10) Roberto Jefferson - era presidente do PTB e membro da quadrilha. Por motivos ainda desconhecidos denunciou todo mundo. 
11) Bispo Rodrigues - era membro fundador da Igreja Universal. 
12) Valdemar Costa Neto (PR) - era membro do PL (agora PR), partido da "base aliada".


Segundo Escalão: 
13) Emerson Palmieri (PTB) 14) Zilmar Fernandes - sócia de Duda Mendonça 15) Cristiano Paz - sócio de Marcos Valério 15) Ramon Hollerbach - sócio de Marcos Valério 17) Henrique Pizzolato - diretor da Previ e do Banco do Brasil 18) Romeu Queiroz (PSB)- era membro da "base aliada" 19) José Borba (PMDB) - era membro da "base aliada" 20) José Roberto Salgado - era diretor do Banco Rural. 21) Simone Vasconcelos -era diretora financeira da empresa de Marcos Valério 22) Vinícius Samarame - era diretor do Banco Rural 23) Ayanna Tenório - era diretora do Banco Rural 24) Anderson Adauto - era Ministro dos Transportes 25) Rogério Tolentino - advogado de Marcos Valério - já foi condenado a 7 anos de prisão, perda dos bens e multa de R$ 2 milhões. 26) Professor Luizinho (PT) - confessou ter recebido dinheiro de Marcos Valério 27) Anita Leocádia - era assessora do então Deputado Paulo Rocha (PT) 28) Paulo Rocha (PT) 29) José Luiz Alves - era chefe de gabinete do Min. Anderson Adauto 30) José Janene (PP) - era líder do PP, partido da "base aliada" Terceiro escalão: 31) Geiza Dias dos Santos -receptadora 32) Pedro Henry (PP) - era deputado da "base aliada" 33) Pedro Corrêa 34) João Cláudio Genu 35) Enivaldo Quadrado - sócio da corretora Bônus Banval 36) Breno Fischberg - sócio da corretora Bônus Banval 37) Carlos Albero Quaglia - doleiro 

Para terminar:  38) Antônio Jacinto Lamas e 39) seu irmão Jacinto Lamas - por ironia da sorte o nome desses senhores já antecipava o que agora sabemos: é um lamaçal sem fim!

E, outra coisa, sabem por quê são 39 réus e não 40, como convém às boas histórias de ladroagem?
 É que o principal deles, o chefão, por circunstâncias políticas está de fora do julgamento. Porém não escapará ao definitivo: o grande julgamento da História.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A virtude na política

Confúcio, que viveu 500 anos antes de Cristo, dizia que a maior qualidade de um líder é a virtude. Um líder virtuoso traz bem-estar, harmonia e prosperidade para o seu povo; ao contrário, o líder sem virtude inevitavelmente leva o povo à ruina. Nesses tempos cínicos em que vivemos, pregar a virtude como qualidade política parece até uma piada ingênua. Mas, basta ver o resultado de todo esse cinismo está aí aos nossos olhos para se concluir o que Confúcio já sabia há milênios. Como é que pode uma nação, sendo liderada por um bando de criminosos cujos objetivos nada tem a ver com o bem público, ser bem sucedida? Isso é uma proposição logicamente impossível. Por isso, cedo ou tarde, o povo pagará a conta dos desmandos. E, quanto mais pobre e desvalido for o cidadão, maior parte do encargo lhe cairá às costas. Deveríamos acordar para o fato de que decência e honradez são absolutamente necessárias para o exercício da vida pública. Se queremos uma Política decente, temos que eleger políticos decentes. Não há outra maneira. Quero dizer, há; mas essas não são maneiras democráticas.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Entranhas expostas

O que se esperava no caso Cachoeira está começando a acontecer. A cada dia, mais um fio do novelo aparece, expondo a quem quiser ver, e mesmo a quem não quiser, a podridão das entranhas da política brasileira. Pelo visto, o "organismo" está todo infectado. Não há órgão que escape.
Nesse submundo não se distingue mais quem é da oposição, quem é da situação. Aliás, nesse submundo, oposição e situação só tem sentido se se referirem a pertencer ou não pertencer à mafia. Estar ou não no governo é apenas um detalhe circunstancial.
O exercício da política nunca foi, em tempo e lugar algum, um exercício de santidade, mas o que nós, brasileiros, conseguimos produzir nessa matéria é certamente algo original, único, especial na história do mundo. Conseguimos abolir toda e qualquer ideologia! Como recentemente "profetizava" o prefeito Kassab: "o meu partido não é de direita, nem de esquerda, nem de centro". Realmente! Como já sabíamos, a ideologia - de qualquer cor, ou matiz -  há muito foi descartada e substituída pelos interesses pessoais dos mais mesquinhos e escusos. Cargos e funções nada mais são do que um grande balcão de negócios onde os políticos esfregam suas barrigas sebentas à procura de vantagens pessoais inconfessáveis.
Bem público? Isso é uma piada contada para trouxas como nós!
Entretanto esse nivelamento por baixo, essa equalização de mazelas, traz um enorme risco embutido. Foi em um caldo semelhante, embora até menos podre, que o nazismo floresceu na República de Weimar. Quando todos os agentes políticos estavam desacreditados, quando o sistema representativo não tinha mais nada a oferecer ao povo alemão, foi que os fanáticos nazistas viram sua grande oportunidade de chegar ao poder. Felizmente não temos no Brasil um grupo organizado à espreita de uma oportunidade, mesmo assim existe o risco e isso é demonstrado pela nossa história republicana de golpes e contragolpes nas constituições e na democracia. Não podemos brincar com fogo.
O que se espera agora, é que a população brasileira vá para as ruas e exija que se apure tudo e que os culpados sejam identificados, julgados e punidos. E banidos da vida pública. A começar pelo cadáver insepulto que já está se decompondo à vista da nação em pleno Supremo Tribunal Federal: o mensalão.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A CPI do Lula

Como nunca antes na história desse país, Lula, durante seu governo, fez de tudo para inviabilizar as CPI's. Inverteu situações acusando de golpistas todos os que se batiam pelo esclarecimento da verdade; chegou mesmo a declarar, e não apenas uma vez, que o mensalão jamais existiu, que foi tudo uma invenção da imprensa burguesa que o queria fora do poder. Não é que agora, subitamente, ele surge convertido no paladino da ética e da moralidade! Aliás, reconversão, porque quando o PT ainda não tinha chegado ao poder, seus militantes pregavam alucinados em praça pública, com os olhos saltando das órbitas, exatamente essa mesma ética e essa mesma moralidade que fizeram questão de esquecer nos anos "dourados" do desgoverno de sua excelência o molusco.

Não se argumenta aqui que não deva ter CPI. Ao contrário! Seja quem for, e de que partido for, que tiver enlameado as mãos com os recursos públicos, comete, em minha opinião, um crime de traição à pátria e deve ser investigado, julgado e punido, se for culpado. E a punição, nesse caso de roubo de dinheiro público, deveria incluir a proibição pela vida toda de exercer qualquer outro cargo público, eletivo ou não. Nesse caso não estaríamos na situação esdrúxula de ter um Collor julgando colegas por corrupção.

Mas, voltando ao Desencarnado, o quê explicaria essa súbita reconversão aos padrões morais do recente chefe do chefe da quadrilha? Sendo, no bom e no mau sentido, o animal político que é, com certeza farejou sangue... e a possibilidade de ressurgir na arena política, ditando novamente as cartas e jogando areia no governinho de sua cupincha. Já que ela consentiu em defenestrar vários de seus (dele) ministros e vendo que sua influência no Planalto e nos rumos do governo tende a diminuir, a arena que uma CPI, ainda mais contra um líder da oposição, lhe propicia é mais do que Lula poderia desejar nesse momento.
Não interessa a ele que uma CPI possa explodir o governo Dilma no contrapeso, ou pelo menos paralisá-lo. Qualquer que seja o resultado do governo Dilma será bom pro Lula: se for um bom governo, foi ele quem indicou, se for mau, foi mau, apesar da ajuda dele. Pois é assim que pensam e planejam os nossos políticos. Estão pouco se lixando para o bem público e o povo é só massa de manobra.
O problema com essa estratégia é que não existe CPI controlada. Os interesses são tantos e tão conflitantes, os tentáculos do contraventor Cachoeira são tão amplos e a base aliada é tão grande e tão pouco santa, que muito provavelmente será envolvida nos escândalos e suas impressões digitais vão aparecer aqui e ali nos diversos "malfeitos" que certamente virão à luz. Nesse caso, não vai dar para Lula conduzir a CPI como uma farsa como é seu desejo. Podemos então ter o desmascaramento da maior quadrilha jamais vista em toda a podre história política desse país, cobrindo todo o arco ideológico e envolvendo todos os partidos. Mensalão vai ser fichinha!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tsunami de besteiras

Bem xoxa essa viagem aos States, hein? Nada de declarações bombásticas, nem mesmo sobre Guantânamo, prisão de terroristas, que ela entretanto fez questão de criticar em sua recente passagem por Cuba, ao mesmo tempo em que ignorava as centenas de presos políticos que apodrecem nas masmorras cubanas sem uma palavra de solidariedade dessa ex-presa política.
De tudo o que colheu nessa visita ao "irmão do norte" parece que o mais importante foi a liberação da cachaça por lá. Agora os Estados Unidos reconhecem a cachaça como bebida brasileira e nós reconhecemos o bourbon como bebida americana. Que novidade! Ah, mas a cachaça agora vai ser importada sem tarifas por eles, ou seja, os bebuns de lá vão deitar e rolar. E viva a indústria nacional (da cachaça).
Ah, D. Dilma reclamou também do tsunami...de dólares que estão vindo para cá. Segundo ela, isso é que está desindustrializando o Brasil, não são os custos abusivos do país, a sua monstruosa carga tributária, o desperdício, a roubalheira, que fazem a indústria nacional perder competitividade no mercado internacional, não. A culpa é do Tio Sam que libera muitos dólares para reativar sua economia e esses dólares inundam o Brasil "estragando" a nossa. Coitado do Obama, tem que ouvir cada coisa e ainda fazer cara boa e dizer que é um sortudo.
Se não fosse pela diplomacia era para o Obama responder:
minha senhora, dólares sempre vão para onde são melhor remunerados. Como vocês no Brasil são ricos e podem pagar aos nossos investidores taxas de até 40% ao ano porque não migrar para lá? Se a senhora quisesse realmente ajudar a ecomomia de seu país deveria baixar os juros a quase zero de modo que os nossos dólares ficariam aqui e os seus reais é que iam querer vir para cá.
Fico sem saber se essa gente do governo faz essas coisas de caso pensado mesmo ou se realmente acreditam na seriedade disso que falam. Em qualquer dos casos é uma lástima porque, ou não conseguem enxergar a realidade, ou fingem que ela é outra coisa. Isso significa que a realidade ficará como está, com suas mazelas, seus problemas e nosso país ainda vai custar muito para sair da situação de pobreza e ignorância em que essa classe política o tem mantido.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Não me engana que eu não gosto

Agora o caso é sério. Joseph Blatter, presidente da Fifa, apesar de todos os diplomáticos dedos e todos os salamaleques que a liturgia do cargo requer, disse alto e bom som o que já deveria ter dito há muito tempo: queremos ação e não só palavras.
Caro Sr. Blatter, ou o senhor está sendo ingênuo ou está jogando pra torcida. Quem conhece - ou pelo menos deveria conhecer - a turma governante desse país de faz-de-conta, sabe, ou deveria saber, que não se trata de gente séria. Trata-se de gente acostumada a falar mentiras, de cima de um caminhão físico ou virtual, para um povo inerte e ignorante, que acredita ou finge que acredita. Trata-se de gente que quer usar a Copa como cabo eleitoral e como mais uma fonte de roubalheira e não está nem minimamente preocupada com o sucesso ou insucesso desse evento esportivo em si.
Obras em estádios, transportes, acomodações? Tudo isso vai ficar pra última hora para permitir contratos sem licitações ao quíntuplo do preço justo. Não adianta a Fifa gritar, nem espernear, nem xingar. Nada vai ser diferente, o script já está montado antes mesmo da escolha do Brasil como sede.
Sr. Blatter, sabe o que a Fifa deveria fazer enquanto é tempo? Cancele tudo e mude o evento com mala e cuia pra Inglaterra. Lá já estão preparados e a União Européia, em crise financeira, agradece.

quinta-feira, 29 de março de 2012

São Chico e São Millôr

Em uma semana lá se foram Chico Anísio e Millôr. E o Brasil ficou mais triste e mais burro. Talvez seja um (mau) sinal: dois humoristas partindo de uma só vez; isso deve nos levar a refletir em que nação estamos nos transformando.
O riso fácil, o bom humor, a gozação, a capacidade de achincalhar e expor as mazelas escondidas em pretensas coisas sérias, a carnavalização e o deboche (no bom sentido) sempre foram características essencialmente brasileiras, mais bem representadas pelo que se convencionou chamar de "alma carioca". Tudo isso foi muito bem sintetizado na arte desses dois monstros sagrados: o guru do Méier e o gênio dos caracteres.
Gênios de outro tempo, um tempo em que não éramos politicamente corretos, mas éramos mais sinceros em nossos sentimentos e palavras. Um tempo em que se podia rir de tudo e principalmente de si mesmo, sem culpa e sem precisar de explicações. Tempo em que dicionários não eram ameaçados de censura. Tempo em que os fundamentalismos e os fanatismos não encontravam terreno onde prosperar, pois éramos um povo que não acreditava fácil, que duvidava de tudo e que sempre conseguia perceber as intenções veladas por baixo das peles de cordeiro.
Estamos perdendo essa característica, estamos nos tornando um povo mal-humorado, correndo para lá e pra cá, esbaforidos no trânsito, estressados, com medo permanente de tudo e de todos, com medo do Outro. É por aí que proliferam os extremismos, o fanatismo e o fundamentalismo. Nessas áreas escuras da vida social, onde o riso é suprimido, é que vicejam os germes do totalitarismo e do fascismo. Que S.Francisco Anísio e S.Millôr orem por nós e nos protejam.

terça-feira, 27 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

E viva o PIBinho!

Como disse o Dep. Roberto Freire em seu blog, o ministro Guido Mantega passou o ano de 2011 exaltando o primeiro PIB do governo Dilma, que, segundo ele, ia ter 5% de crescimento. Agora, na hora da verdade, em que o crescimento do PIB foi um fiasco de 2,7%, o mesmo ministro Guido Mantega vêm eufórico à televisão dizer que o PIB foi excelente, que o governo errou por pouco, que a previsão anterior era de 3%, blá, blá, blá...
Pergunta-se: o ministro mentiu antes, quando já sabia que o crescimento do PIB não ia passar de 3% mas continuava dizendo que ia ser 5%, ou mente agora quando tenta fazer um número parecer o que não é?
O Dep. Freire desmonta toda a argumentação ufanista ao apresentar os números tais como são. Demonstra que mesmo o crescimento de 2,7% se deveu principalmente ao agro-negócio que cresceu 3,9% enquanto que a indústria em geral cresceu só 1,6% e a indústria de transformação (excluindo as commodities) cresceu somente 0,1% ou seja, nada! E os dados de janeiro de 2012 confirmam o pior, a desaceleração dessa atividade econômica.
A presidenta, em seguida, vai à Alemanha destemperar os europeus acusando-os de culpados pelo pífio desempenho brasileiro com o "tsunami" de moeda estrangeira invadindo o Brasil. A quem ela quer enganar? Aos europeus é que não é, mesmo porque eles estão suficientemente preocupados com seus próprios problemas e não estão nem aí para as bobagens que essa ex-militante terceiro-mundista fala ou deixa de falar.
Se não é incapacidade de entender a situação, é má fé mesmo. Todo e qualquer ser pensante sabe que a enxurrada de dólares ao Brasil decorre de um único motivo: a nossa belíssima taxa de juros. Enquanto lá fora o capital especulativo é remunerado de 0,5 a 2% AO ANO, aqui pagamos oficialmente 0,8% AO MÊS! E essa mesma belíssima taxa de juros é um dos entraves ao crescimento industrial. O outro ponto que explica o pífio crescimento é o que em tempos de globalização o custo Brasil fica cada vez mais escancarado. Nossa indústria (especialmente a de transformação que produz mais valor agregado e deveria ser incentivada) não é competitiva lá fora devido ao custo Brasil, representado pela imensa e escorchante carga tributária, pela baixa produtividade devido à mão-de-obra despreparada e de baixa escolaridade, pela ineficiência estatal e pela precariedade da infraestrutura. Enquanto não somos competitivos os chineses nos dão um banho.
A transferência de renda do governo Lula, utilizada como cabo eleitoral, já se completou, portanto a classe média emergente já emergiu o que tinha de emergir. O país entretanto continua sem mercado interno forte e por isso tem que exportar o seu excesso produtivo ou então parar de crescer. É o que estamos vendo. Isso nada tem a ver com tsunamis cambiais ou protecionismo europeu.
D.Dilma e Sr. Mantega, podem continuar a sobretaxar o capital estrangeiro que o PIBinho de vocês não vai nem mexer. Seria interessante voltarem seus esforços para reabilitar a nossa abandonada infraestrutura e para executar um plano de investimentos consistente, isso sim é que seria governar de fato. Mas, parece que nesse desgoverno isso é um sonho impossível. Vamos nos acostumando com Pibinhos.

sábado, 10 de março de 2012

Chute no traseiro do governo

Na semana passada a saia justa do governo Dilma foi a declaração do secretário da FIFA de que o Brasil deveria levar um chute no traseiro por causa do atraso nas obras da Copa. Faço apenas uma correção à frase do secretário: deveria ter dito, ao invés do Brasil, que o governo do Brasil merecia o chute na bunda.
Não vale argumentar sobre a prepotência da FIFA, soberania, etc. Uma vez que o governo brasileiro não só aceitou, mas patrocinou, deu aval e tudo fez, inclusive com o "lobby" ativo do Lula, para que a Copa de 2014 viesse para cá, esperando obviamente tirar vantagens políticas desse fato, as regras do jogo foram também aceitas por esse mesmo governo.
Esse mesmo governo Lula-Dilma se esqueceu que, no caso de uma instituição como a Fifa, palavras e promessas vazias, sem a ação correspondente, não seriam suficientes. A Fifa, ao contrário dos eleitores brasileiros, iria cobrar resultados pois há muito dinheiro e responsabilidade envolvidos. Um governo incompetente em um país avacalhado e corrupto, não deveria ter se comprometido em fazer o que já se sabia que não daria conta.
Foi uma temeridade ter aceito patrocinar a Copa. Não tínhamos, nao temos e nem teremos a infra-estrutura para 2014. Falta transporte urbano, faltam hotéis, falta segurança nas ruas, faltam portos e aeroportos. Em suma: falta tudo. Se a Fifa insistir nessa aventura essa Copa será um fiasco.
A grosseria do secretário pode ser explicada de duas maneiras: ou está procurando criar um motivo para o "rompimento" ou está realmente cansado das promessas não cumpridas e desculpas esfarrapadas. É interessante perceber que a população brasileira não se abalou com a frase do secretário. Quem ficou com os brios feridos, foi o governo Dilma, porque afinal não foi a pifia oposição brasileira quem fez o diagnostico da incompetencia, mas uma instituição internacional centenaria e mundialmente celebrada.
O secretário Valcke disse o que muitos brasileiros gostariam de dizer: esse governo deveria ganhar um belo chute no traseiro!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Conta-se que algumas mulheres operárias da indústria têxtil e de confecção, em Nova York, iniciaram um protesto no dia 8 de março de 1857 contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários. Houve uma forte e violenta repressão policial que acabou por trancar as mulheres dentro da fábrica e atearam fogo, o que provocou a morte de 130 delas.
Em 1907 celebrou-se o cinquentenário desse acontecimento e em 1909 o Dia Nacional da Mulher foi oficialmente introduzido como celebração anual nos Estados Unidos pelo Partido Socialista. Na União Soviética esse evento é celebrado oficialmente desde 1917 por decreto de Lênin. Na China a celebração começou em 1922; e em 1977 a ONU declarou o dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher.
De lá para cá, apesar de grandes mudanças ocorridas, há ainda milhares de mulheres vivendo sob o regime de semi-escravidão, submetidas à violência sem limites, humilhadas, impedidas de se desenvolver como pessoas, como se fossem criminosas desde o nascimento. Porque esse ódio? Porque os homens descarregam essa carga de raiva e ressentimento contra essa outra metade da humanidade?
As religiões tem uma grande parcela de culpa nesse preconceito, mas isso não explica tudo. É preciso uma análise psicanalítica para se entender a misoginia, pois afinal todos nascemos de uma mulher, que é a pessoa a quem amamos pela primeira vez. Essa mulher foi a responsável por nos alimentar, agasalhar e proteger e, sem ela, muitos teriam suas vidas terminadas bem cedo. O que leva então a parte masculina da sociedade a introjetar valores machistas que vêm resvalando em muitos casos para a psicopatia? Nas sociedades primitivas e tribais os estudiosos explicam o baixo valor da mulher por sua relativa incapacidade de guerrear, mas essa explicação carece de fundamento há alguns séculos no mundo "civilizado".
Para mim a persistência do machismo se dá por causa de dois fatores: o medo atávico masculino da figura feminina e o papel desempenhado pela própria mulher como propagadora desse machismo. Desenvolverei esses dois pontos em próximas postagens. Aguardem o próximo capítulo!
E, de qualquer modo, hoje como em todos os dias: Amor, saúde e muitas alegrias a todas as mulheres!

terça-feira, 6 de março de 2012

Mundo faz-de-conta

O recente incêndio na estação brasileira na Antártida expõe uma de nossas mais lamentáveis e profundas feridas: o descaso com a pesquisa e desenvolvimento científico, como parte do descaso com a Educação como um todo.
O desgoverno Dilma já tinha formalizado esse descaso via orçamento. Ano após ano, durante o desgoverno do seu antecessor, o orçamento do ProAntar vinha caindo e chegou a míseros 11 milhões de reais na peça orçamentária (outra ficção governamental) de 2012. Esse valor representa uma redução de 42% em relação ao ano de 2011!
Pois agora, o governo vai ter que gastar 100 mil só na recuperação da estrutura física da base, sem contar a contabilização da perda de 10 milhões em equipamentos e a perda inestimável e irreparável de horas, dias, meses e anos de pesquisas, além de duas vidas humanas.
Pergunta-se: para quê temos essa base na Antártida se negamos a ela qualquer atenção? Temos a base por uma questão de aparência? para sossegar os militares? só para fincar o pé e demonstrar nossa soberania ao mundo? Afinal se outras nações tem bases lá, nós também temos que ter... É um pouco o eterno complexo de vira-latas aliado à incompetência governamental dourada com ufanismo de quinta categoria e populismo sindicalista.
Só que não é fingindo que investimos em educação e desenvolvimento científico que chegaremos lá. Os ministros da Tecnologia, tanto o que sai quanto o que entra, demonstram entender menos do assunto que o bispo Crivella entende de anzol. E a única coisa que as autoridades palacianas fizeram até agora foi lamentar profundamente.
Quem lamenta somos nós, caras-pálidas, que pagamos os impostos!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Viva Momo!

"Dormia a velha pátria-mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
em tenebrosas transações"
"Palmas pra ala dos barões famintos
pro bloco dos napoleões retintos
pros pigmeus do bulevar"

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Faxineira de bloco carnavalesco

Recentemente a "Folha" trouxe uma reportagem sobre a tortura e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog e a farsa do suicídio que a ditadura militar tentou impingir à nação. Na mesma semana, a "presidenta" Dilma visitou Cuba e se recusou a falar sobre as violações aos direitos humanos pelo regime castrista, mas não se recusou a falar de Guantánamo.
Mesmo não esperando muito desse regime petista, eu esperava mais da "presidenta". Afinal, apesar de pertencer a um partido com viés stalinista e, portanto, deturpador da realidade histórica, ela própria sobreviveu a essa experiência durante o regime militar. Pelo que consta em seu histórico oficial, Dilma foi barbaramente torturada nos porões do regime. Se assim foi, e não há motivos para duvidarmos que assim tenha sido, a pessoa e cidadã Dilma Rousseff deveria demonstrar no mínimo um pouco de compaixão e solidariedade para com os dissidentes e opositores do regime cubano que estão apodrecendo nas masmorras da ilha. Não importa a ideologia, oposição política não é crime, é um direito; e desrespeito aos direitos fundamentais do ser humano, sim, esse é um crime que não pode ter prescrição e com o qual não se pode ter tolerância de nenhuma espécie. Mesmo que os opositores dos Castro sejam porventura criminosos não poderiam ser tratados assim e o Brasil tem a obrigação moral de elevar sua voz contra essas violações de direitos humanos onde quer que ocorram, inclusive em Guantánamo.
Só que, visitando uma ilha-prisão em que o direito de ir e vir não é respeitado e cujas celas estão abarrotadas de prisioneiros políticos sofrendo as piores degradações, não cabe à presidenta, ex-presa política, escolher falar de Guantánamo e sequer mencionar a situação dos próprios cubanos.
Quanto à Guantánamo, prisão altamente questionável, mas que, ao contrário de Cuba, pelo menos recebe visitas da ONU e das entidades de direitos humanos, o fórum adequado para se discutir os problemas dessa prisão não é bem a ilha castrista, mas o plenário da ONU e principalmente a Casa Branca, que brevemente será visitada pela "presidenta".
Qualquer coisa diferente disso é, além de bravata sem sentido, uma demonstração de imenso cinismo e desrespeito pelo sofrimento alheio. Se for esse o caminho escolhido pelo governo Dilma para lutar pelos direitos humanos, não terá havido mudança alguma em relação ao governo Lula e estaremos simplesmente consolidando nossa posição "esquerdista" no mundo, exatamente quando o "esquerdismo" deixou de ter sentido.
A grande questão, para mal do Brasil, é que o governo Dilma não é um governo de fato, é um governo de factóides; a começar pelo falso doutorado, passando pela foto da Dilma/Bengell e pelos dossiês falsificados de sua equipe de campanha. Tudo é falso, desde a imagem da gerentona eficaz, até a de faxineira de bloco carnavalesco. O governo Dilma se parece mesmo é com sua paródia, por Gustavo Mendes no Canal da Dilma.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Hoje pode se ler nos jornais duas notícias interessantes. A primeira refere-se à condenação a 105 anos de reclusão do ex-suplente de deputado que mandou assassinar a deputada ganhadora e sua família para assumir o cargo no lugar dela.
O exercício da função pública, ao invés de ser um dever a ser cumprido, virou uma coisa tão cobiçada, porque lucrativa, que máfias se organizam no sentido de abocanhar e ficar com fatias de poder. Deve ter até cotação no mercado negro: quanto vale um cargo de vereador, ou de deputado, ou de prefeito? Os valores subindo e descendo conforme o "retorno" do "ativo". O assassinato da deputada eleita é apenas uma ponta escura do iceberg, que deveria ter ficado oculta, mas que por acaso, veio à tona a confirmar mais uma vez a podridão da política praticada no Brasil.
Pois nesse cenário, vem uma boa notícia: a condenação do assassino, com sentença exemplar. Pena que pela lei brasileira o máximo que esse degenerado vai ficar na cadeia é 30 anos, se chegar a tanto. Não dá para entender o motivo dessa benevolência na legislação brasileira com criminosos. Nem vale a pena falar da tal progressão da pena (que é na verdade uma regressão à incivilidade). Se a lei penal estabelece um prazo para a reclusão do facínora, porque outra lei vem dizer depois que não pode, não é bem assim, etcétera e tal...?
Pelo menos houve a condenação, coisa que não é muito comum por aqui quando o réu não pertence ao grupo dos cidadãos de segunda classe.
A outra notícia interessante foi a de que o secretário de Recursos Humanos do ministério do Planejamento, que faleceu subitamente, teve sua admissão recusada em dois hospitais de Brasília porque nenhum deles tinha convênio com seu plano de saúde e ele não portava cheques para deixar uma caução. O que é interessante na notícia não é a morte, evidentemente, nem a falta de atendimento médico. É o fato de isso ter acontecido com uma "autoridade" da República. Casos como esse ocorrem todos os dias por todo o território nacional. E o que é pior, acontece até mesmo no SUS. Pessoas desvalidas, pertencentes à segunda ou terceira classe da cidadania, tem de procurar somente o SUS e aguardar nas filas, rezando para terem capacidade de aguentar vivas até serem atendidas. Isso sem falar nas filas para transplantes, para hemodiálise, para quimio e radioterapias. Não é à toa que o "nosso guia" não fez por menos; foi logo se tratar no Albert Einstein, a catedral da excelência médica no país, para quem pode pagar por ela, é claro! Voltando ao caso do secretário: foi um azar danado! O homem pertencente ao núcleo do poder, cogitado pela ministra Miriam Belchior para uma promoção, foi bater de madrugada em duas clínicas particulares sem talão de cheques no bolso. Foi um azar para as clínicas também. Se tivesse sido um joão-ninguém, um zé-das-couves, o assunto não renderia nem nota de rodapé. Mas por pertencer à classe privilegiada de primeiros-cidadãos dessa República de bananas, a "presidenta" já acionou até o ministro da Saúde para "cuidar do caso", ou seja, é provável que as duas clínicas estejam se preparando agora para tomar chumbo.
Pois bem, o que liga essas duas notícias é que a sina destinada aos desprivilegiados de vez em quando atinge também alguém das esferas superiores. Se foi só um acaso e uma coincidência é pena. Mas pode ser também um sinal de novos tempos, quem sabe? A esperança é sempre a última que morre e com talão de cheques na mão, porque o seguro, irmão dela, morreu de velho.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Feliz Ano Velho?

Todo mundo começou o ano com um pé atrás. Ressabiados, não projetamos para 2012 as esperanças radiosas com que costumamos saudar a passagem de ano. Ainda nos desejamos "Feliz Ano Novo", mas sem aquele ímpeto, aquela vibração que se originava da quase certeza que tudo iria melhorar. Não bastassem as ameaças esotéricas, a situação da economia europeia e americana se projeta sobre 2012 como uma sombra ainda mais forte e mais ameaçadora do que o calendário maia.
Alguns economistas simplesmente estão "pirando" e prevendo realmente o caos, o fim do mundo. Será que sempre foi assim na história de humanidade? Sabemos que crises sempre existiram e elas coincidem com o esgotamento de um ciclo econômico e, antes que um novo modelo seja implantado, vive-se uma espécie de caos, de vale-tudo. Portanto em alguns micro-universos o fim de um ciclo pode representar realmente o fim de um mundo particular.
O que está sendo novidade agora talvez, o que ainda não tínhamos visto, é esse caos generalizado, globalizado, afetando a economia mundial como um todo e em velocidade muito maior do que os acontecimentos anteriores. O fim da hegemonia européia, da qual a americana era apenas uma continuação deslocada geograficamente, é o fim de um mundo particular. Um mundo cheio de defeitos como qualquer outro, mas que trouxe pela primeira vez na história da humanidade, para o palco central, valores como a democracia, direitos humanos, respeito ao indivíduo, limitação ao poder do Estado, e, como cereja do bolo, o conceito de bem-estar social. Não se pode negar que nesse mesmo caldo de cultura proliferaram cânceres como o nazismo, o racismo, a intolerância e a xenofobia, mas pode-se dizer que tudo isso foram desvios e o que prevaleceu foram valores humanistas acima de tudo.
O eixo econômico se desloca agora para a Ásia, onde a tradição democrática é restrita, circunscrevendo-se ao Japão e à Índia, mas todos os dois com democracias recentes, de pouco mais de 50 anos, o que em termos históricos é muito pouco.
Os demais países da Ásia, destaque principalmente para a China, nunca tiveram tradição de democracia, participação popular, oposição política e liberdade de opinião. Sem esses valores a questão do desenvolvimento econômico fica também comprometida, pois sem a liberdade criativa e sem a liberdade de empreender, a economia vai girar apenas do modo que os governos autocráticos decidirem, o que não significa que irão escolher o melhor, o mais eficaz, ou o mais produtivo.
Se o capitalismo ocidental que era visto como um sistema selvagem e desumano que só obedecia às leis de mercado e procurava o lucro acima de tudo, conseguiu produzir esse valores que tanto prezamos, o que devemos esperar desse novo "capitalismo" oriental, estatal, dirigido, autocrático, fechado e antilibertário? Teremos saudade da prepotência americana? Tomara que não, mas só o saberemos em futuro breve. Enquanto isso: Feliz Ano Novo pra todos.

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